Aula4 REGIMES TOTALITÁRIOS. Valéria Maria Santana Oliveira

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Transcrição:

Aula4 REGIMES TOTALITÁRIOS META Apresentar as principais características dos regimes totalitários e seus exemplos mais emblemáticos na era contemporânea. OBJETIVOS Ao final da aula o(a) aluno(a) deverá: analisar o contexto em que ocorreram os principais regimes totalitários, cujas ascensões se deram entre as duas grandes guerras. PRERREQUISITOS Ter assimilado a aula 3. Valéria Maria Santana Oliveira

História Contemporânea II INTRODUÇÃO Caro aluno ou aluna, você já deve ter compreendido que a Europa atravessou um período de muitas incertezas após a Revolução Russa e a Primeira Grande Guerra. Um dos principais aspectos a serem considerados neste período é a chamada ascensão dos regimes totalitários. Nesta aula conheceremos mais sobre esses regimes, adotados por alguns países europeus, e entenderemos as semelhanças e diferenças existentes entre eles. Nem todos os regimes totalitários foram iguais. Temos na história contemporânea exemplos de regimes totalitaristas de direita e de esquerda, mas vejamos inicialmente, suas principais características do totalitarismo. A primeira delas é o unipartidarismo, partido único que governava o país. Entre as demais estão: uso de propaganda ideológica sistemática; culto ao líder; repressão contra qualquer forma de oposição; violação dos direitos humanos e uso de campos de trabalho forçado. Nos regimes totalitaristas de direita, o componente central da ideologia era o anticomunismo, com dura repressão aos seus adeptos. Como exemplo de regime de esquerda, temos o stalinismo na União Soviética. Vamos entender melhor cada um desses casos, a começar pelos regimes de direita, representados pelo fascismo na Itália e pelo nazismo na Alemanha. Benito Mussolini e Adolf Hitler (Fonte:http://picturahistoria.com/wp-content/uploads-ppichis1/2013/12/hitler-mussolini.jpg) 32

Regimes totalitários Aula 4 O totalitarismo de direita implantado na Itália recebeu a designação de fascismo. Esta nomenclatura está ligada ao fenômeno político ocorrido naquele país a partir da fundação do Partido Nacional Fascista, em 1921. No ano seguinte, aconteceu a Marcha sobre Roma, organizada pelos fascista, que proporcionou a ascensão ao poder de seu líder, Benito Mussolini. Mussolini (o duce), perseguiu e reprimiu duramente seus opositores, governando com mão de ferro. Na busca de convencer as massas acerca da legitimidade de seus atos, o discurso fascista associava os novos tempos à glória do antigo Império Romano. Além disso, foi implementada a legislação trabalhista baseada no corporativismo, a Carta del Lavoro, ou Carta do Trabalho, em 1927. Mussolini conquistou ainda o apoio da Igreja Católica, ao assinar o Tratado de Latrão, em 1929, criando o Estado do Vaticano e estabelecendo uma série de acordos entre a Santa Sé e a Itália. Representando ainda os regimes totalitaristas de direita, chegamos à Alemanha. Este país, depois da derrota na Primeira Guerra Mundial, adotou um regime republicano parlamentarista, chamado República de Weimar, que durou até 1933. A economia alemã sofria as consequências da Primeira Guerra, como também das imposições do Tratado de Versalhes. Este contexto conturbado propiciou a ascensão do Partido Nazista, originado do Partido Trabalhista Alemão e liderado por Adolf Hitler. Em 1923, os nazistas tentaram chegar ao poder por meio de um golpe, porém, fracassaram. Como consequência, Hitler foi preso, e escreveu na cadeia seu manifesto, Mein Kampf (Minha Luta), livro no qual ele descreve sua ideologia antissemita, racista e anticomunista e a teoria do espaço vital. Capa da obra Mein Kampf (Minha Luta), publicada em 1925 enquanto Hitler estava na cadeia. (Fonte:https://www.nieuws.nl/media/uig3wcnp6yphdlpyz0gk2obfs) 33

História Contemporânea II O direito ao solo e à terra pode se tornar um dever quando um grande povo, por falta de extensão, parece destinado à ruína. Ou a Alemanha será uma potência mundial ou então não será. Mas, para se tornar uma potência mundial, ela precisa dessa grandeza territorial que lhe dará na atualidade a importância necessária e que dará aos seus cidadãos os meios para existir. O próprio destino parece querer nos apontar o caminho. (HITLER, Adolf. Minha Luta, 1925. Adaptado de FERREIRA, Marieta de M. Et al. História em curso: da Antiguidade à globalização. São Paulo: Editora do Brasil; Rio de Janeiro: FGV, 2008.] Segundo esta teoria, desenvolvida pelo geógrafo alemão Friedrich Ratzel, e assimilada por Hitler, o espaço vital seria o espaço necessário para a expansão territorial do povo alemão. Este, para permanecer forte e unido, precisava de mais territórios para colonizar, justificando o direito dos alemães investirem em expandir seus domínios pela Europa. Temendo o perigo do comunismo, a burguesia e a classe média apoiavam o Partido Nazista, somado ao uso da propaganda, os nazistas conseguiram a maioria nas eleições parlamentares de 1932. No ano seguinte, Hitler chegou ao cargo de chanceler, o que equivale a primeiro-ministro. Acumulou ainda, o cargo de presidente, com a morte de seu antecessor, tornando-se o fürer (líder) do povo alemão e dando início ao chamado Terceiro Reich (Império), da Alemanha. O auge da institucionalização do antissemitismo ocorreu em 1935, com a aprovação das Leis de Nuremberg. Este documento estabeleceu a inferioridade dos judeus e a proibição de que estes casassem com pessoas não judias e que tivessem empregados alemães. Seguiu-se a segregação nos guetos e o envio dos judeus aos campos de concentração, onde mais de 6 milhões foram mortos, além de ciganos, comunistas, homossexuais e Testemunhas de Jeová. Caro aluno ou aluna, você deve estar percebendo que o nazismo alemão exerceu forte influência sobre outros regimes autoritários, a exemplo da Itália fascista de Mussolini. Vejamos agora, o caso espanhol. Uma aliança de partidos de esquerda venceu, em 1936, as eleições na Espanha, assumindo o poder. No entanto, o programa de reformas divulgado não agradou às elites, resultando numa rebelião que teve à frente, o General Francisco Franco, com o apoio de Hitler. A chamada Guerra Civil Espanhola se estendeu até 1939, por meio das chamadas brigadas nacionais, compostas pelos partidos de esquerda de diversos países. Com a vitória de Franco, o mesmo impôs uma ditadura fascista. 34

Regimes totalitários Aula 4 Vejamos agora um exemplo de regime totalitário de esquerda: o stalinismo na URSS. Após Joseph Stalin ser nomeado secretário-geral do Partido Comunista Soviético em 1922, passou a reprimir severamente seus opositores. Em meados de 1940, todos os líderes da Revolução de 1917 haviam sido executados sumariamente, acusados de alta traição. Nem mesmo Leon Trotsky que se refugiou no México, conseguiu escapar da morte, foi assassinado por ordem de Stalin em 1940. Joseph Stalin estabeleceu uma ditadura policial e burocrática, que fugia dos ideais de Marx e Engels. Foi instaurado, portanto, um Estado Totalitário. Em contrapartida, a propaganda soviética pregava a ideia de uma sociedade igualitária. Porém, o oposto ocorria na prática: enquanto a população camponesa e operária encontrava-se em condições precárias, os funcionários do Estado e do Partido recebiam altos salários. Joseph Stalin (Fonte:http://animalfarmproject-szepak.weebly.com/uploads/1/7/7/7/17774543/886928227_orig. jpg) 35

História Contemporânea II CONCLUSÃO Prezada aula ou aluno, vimos que os regimes totalitários possuíam especificidades, de acordo com o contexto em que se desenvolveram, mas também aspectos comuns. Segundo Hannah Arendt, o teor falacioso dos discursos dos líderes totalitários é característica fundante neste tipo de regime. Segundo ela: (...) o que distingue os líderes e ditadores totalitários é a obstinada e simplória determinação com que, entre as ideologias existentes, escolhem os elementos que mais se prestam como fundamentos para a criação de um mundo inteiramente fictício. (ARENDT, 1989, p. 411) Assim sendo, tanto nos regimes totalitários de direita, quanto de esquerda, o líder é exaltado ao extremo e toda forma de oposição é violentamente reprimida. É em torno do ditador que gira todo o regime RESUMO Aprendemos nesta aula que os regimes totalitários não foram iguais. Existindo regimes de direita e de esquerda. Vimos ainda que as principais características do totalitarismo são: o unipartidarismo, o uso de propaganda ideológica sistemática; culto ao líder; repressão contra qualquer forma de oposição; violação dos direitos humanos e uso de campos de trabalho forçado. ATIVIDADES Pesquise sobre o ataque à cidade de Guernica e busque uma imagem da pintura de Picasso. Em seguida, poste um comentário, associando a obra de arte ao fato histórico que motivou sua criação. 36

Regimes totalitários Aula 4 COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES No dia 26 de abril de 1937 os bombardeiros da Legião Condor reduziram a cinzas a cidade de Guernica, no norte da Espanha. O ataque aéreo, que durou apenas três horas, custou a vida de 1.645 pessoas durante a Guerra Civil Espanhola. O pintor espanhol Pablo Picasso captou o horror da tragédia em seu quadro Guernica, pintado logo após o massacre. Conta-se que um oficial da SS lhe perguntou, apontando para a pintura "Foi o senhor que fez isso?" Picasso respondeu: "Não, o senhor". AUTO-AVALIAÇÃO Após o estudo desta aula, reflita a partir do seguinte questionamento: - Consegui compreender o contexto em que ocorreram os regimes totalitários estudados nesta aula? PRÓXIMA AULA Na próxima aula estudaremos sobre a Segunda Guerra Mundial. REFERÊNCIAS FERREIRA, Marieta de M. Et al. História em curso: da Antiguidade à globalização. São Paulo: Editora do Brasil; Rio de Janeiro: FGV, 2008. HANNAH, Arendt. Origens do Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. HOBSBAWM, E. Nações e nacionalismo desde 1870: programa, mito e realidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. 37