INFORME À IMPRENSA Mercado de energia elétrica: consumo no NE

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Transcrição:

Consumo residencial de eletricidade do NE supera, pela primeira vez, o do Sul Taxa de atendimento na região praticamente se iguala à média brasileira Rio de Janeiro, 09/07/2008 A primeira metade de 2008 consolidou uma mudança estrutural no perfil da demanda por energia elétrica em parte expressiva da população brasileira: pela primeira vez, o consumo residencial de eletricidade da região Nordeste ultrapassou o da região Sul que historicamente sempre foi superior. O dado consta do estudo Consumo Residencial de Energia Elétrica na Região Nordeste, divulgado nesta quarta-feira (9/07) pela Empresa de Pesquisa Energética EPE. A região Nordeste apresentava, até pouco tempo, um consumo de energia elétrica inferior ao da região Sul, mesmo tendo quase o dobro de habitantes. De acordo com dados de 2004, o Nordeste, apesar de deter quase 28% da população brasileira, compreendia menos de 13% da renda nacional e menos de 16% do consumo residencial de eletricidade. Já a região Sul, com pouco menos de 15% da população nacional, representava mais de 17% da renda bruta do Brasil e quase 18% da demanda por energia elétrica nas residências (tabela 1). Tabela 1: Relação PIB/consumo residencial de eletricidade Brasil, 2004 Regiões PIB (2004) Consumo residencial de eletricidade População % mil GWh % 10 6 hab. % Norte 4,9 4,1 5,2 14,1 7,9 Nordeste 12,7 12,5 15,9 49,9 27,9 Sudeste 55,8 42,8 54,6 76,3 42,6 Sul 17,4 13,1 16,7 26,3 14,7 Centro-Oeste 9,1 6,0 7,6 12,5 7,0 TOTAL 100,0 78,5 100,0 179,1 100,0 Fontes: IBGE, IBGE apud Santana, J. A. (2007) e EPE (2007) 1

A mudança desse quadro, que começou a se configurar em dezembro de 2007, se consolidou este ano. Nos 12 meses findos em maio de 2008, o consumo residencial de eletricidade registrado no Nordeste foi de 15,4 mil GWh, enquanto na região Sul se fixou em 15,0 mil GWh (tabela 2). A diferença é pequena, porém sustentável. Há seis meses verifica-se tendência crescente na diferença entre o consumo dessas regiões, demonstrando que a ultrapassagem do Sul pelo Nordeste no consumo residencial de energia elétrica não é episódica. Tabela 2: Consumo residencial de eletricidade Nordeste / Sul, 2003-2008 Consumo residencial de eletricidade (mil GWh) Anos Sul Nordeste 2003 13,0 11,9 2004 13,2 12,4 2005 13,9 13,5 2006 14,1 14,0 2007 15,0 15,0 2008* 15,0 15,4 Fonte: EPE; (*) 12 meses findos em maio Igualmente importante é a constatação de que a taxa de atendimento do serviço de energia elétrica nas residências do Nordeste, pela primeira vez, praticamente se iguala à média brasileira. Enquanto a cobertura do fornecimento no Brasil passou de 92% para 96% entre 2003 e 2007, o crescimento observado na região foi de 86% para 95% no mesmo período. A alteração gradual no retrato do consumo residencial nordestino de energia elétrica, segundo o estudo da EPE, está alicerçada tanto na expansão do consumo médio por domicílios, em função do aumento da renda e os programas sociais de transferência de recursos do Governo Federal (em especial o Bolsa Família), quanto na evolução do número de domicílios atendidos, decorrente do programa de inclusão elétrica Luz Para Todos. Consumo médio por domicílios 2

No que tange ao aumento do consumo médio por domicílios no Nordeste, o crescimento da renda aparece como principal explicação. Especialmente porque a região concentra metade das famílias pobres do país, o que condiciona grande relevância dada à expansão da renda do trabalho e aos ganhos reais do salário mínimo. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada pelo IBGE em 2007, o ganho real do salário mínimo nacional foi de 35,7% desde 2003 (base INPC), o que equivale a aproximadamente 2/3 de todo o ganho real acumulado desde 1996. Por outro lado, a influência dos programas sociais de transferência de renda do governo está no bojo dos fatos geradores que motivaram o consumo médio de eletricidade por consumidor no Nordeste. A região recebeu mais de R$ 13 bilhões através do Programa Bolsa Família desde 2003 ano de criação do benefício (tabela 3). O volume de recursos equivale a cerca de 53% dos R$ 24,5 bilhões liberados para todo o país por este e por outros programas de inclusão social no mesmo período. Tabela 3: Valor de repasse dos programas federais de transferência de renda segundo grandes regiões Brasil, 2003-2006 (R$ milhões) Regiões 2003 2004 2005 2006 TOTAL % Norte 273,0 521,8 637,3 776,7 2.208,8 9,0 Nordeste 1.744,3 3.361,2 3.719,7 4.177,2 13.002,4 53,0 Sudeste 718,0 1.386,2 1.783,5 1.931,7 5.101,4 20,8 Sul 321,2 590,9 722,5 728,8 2.363,4 9,6 Centro-Oeste 150,3 262,2 330,5 377,4 1.120,4 4,6 TOTAL 3.206,8 6.122,3 7.193,5 7.991,8 24.514,4 100,0 Fonte: Santana, J. A. (2007) O crescimento da renda da população, motivado tanto pelos ganhos reais do salário mínimo quanto pela transferência de recursos advinda do Programa Bolsa Família, contribuiu efetivamente para a redução na desigualdade e, principalmente, para o avanço na renda na região Nordeste o que, aliado à expansão do crédito, explica o acesso crescente a equipamentos eletrodomésticos. 3

Por conseqüência, esta elevação na aquisição de aparelhos aumentou o consumo residencial de energia elétrica. A expansão da presença de refrigeradores e televisores nos lares nordestinos foi de mais de 6,5 p.p. entre 2002 e 2006, contra uma média nacional de 2,5 a 3 p.p. (tabela 4). Ambos os equipamentos respondem, em média, por cerca de 30% do consumo de energia elétrica em uma residência. Tabela 4: Proporção de domicílios equipados com televisão e geladeira Brasil, Sul e Nordeste, 2002-2006 Região/equipamento 2002 2006 Diferença Brasil Televisão 90,0% 93,0% 3,0 p.p. Geladeira 86,7% 89,2% 2,5 p.p. Nordeste Sul Televisão 80,0% 86,8% 6,8 p.p. Geladeira 67,6% 74,3% 6,7 p.p Televisão 93,3% 95,6% 2,3 p.p. Geladeira 94,5% 96,5% 2,0 p.p. (*) Fonte: censos demográficos (IBGE); (**) valores estimados a partir dos valores censitários Vale observar que, no acompanhamento histórico, o consumo médio per capita residencial de energia elétrica no Nordeste apresenta constante evolução, a exceção dos períodos de crise econômica ou racionamento. Desde 2003, o indicador tem crescido à taxa média de 1,4% ao ano, estando agora em 97 kwh/mês na região. Número de domicílios atendidos No que se refere ao número de domicílios atendidos na região Nordeste, o estudo aponta um crescimento impulsionado fundamentalmente pelo Programa Luz Para Todos, que tem como meta universalizar o acesso à eletricidade em todo o país. Concentrando 49,5% das famílias pobres do país, o Nordeste é o destino de quase metade das novas ligações à rede elétrica efetuadas através do programa desde o seu início, em 2004 (tabela 5). 4

Tabela 5: Estimativa do número de novos consumidores ligados à rede elétrica pelo Programa Luz Para Todos, nas grandes regiões Brasil, 2004-2008 Regiões Pessoas beneficiadas Número de ligações realizadas Norte 1.200.000 244.300 15,5% Nordeste 3.800.000 772.800 49,0% Sudeste 1.600.000 322.200 20,4% Sul 650.000 129.500 8,2% Centro-Oeste 550.000 108.900 6,9% TOTAL 7.800.000 1.577.700 100% Fonte: MME (2008) Valores acumulados até maio de 2008. Se desconsiderado o primeiro ano do programa (2004), quando foram concretizadas apenas 3,5% das ligações, a média mensal de ligações do programa no Nordeste é de 18,2 mil. No mesmo período, entre janeiro de 2005 e maio de 2008, o índice médio mensal do total de ligações residenciais na região foi de 48,1 mil. Isto significa que 37,8% das ligações de consumidores residenciais no Nordeste se fizeram, no período, à conta do Programa Luz Para Todos (tabela 6). Tabela 6: Média mensal das novas ligações Nordeste, janeiro 2005-maio 2008 Luz Para Todos NE Total NE (média mensal) (média mensal) % 18.200 48.100 37,8 Fonte: EPE A íntegra do estudo (sob a forma de nota técnica) Consumo Residencial de Energia Elétrica na Região Nordeste está disponível para consulta no website da EPE (www.epe.gov.br), na seção Estudos. Para mais informações: Oldon Machado Assessor de Comunicação e Imprensa Empresa de Pesquisa Energética EPE (21) 3512-3157 / (21) 9943-9394 oldon.machado@epe.gov.br www.epe.gov.br 5