ARQUIVO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA DA BAHIA OITOCENTISTA

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Transcrição:

ARQUIVO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA DA BAHIA OITOCENTISTA Adailton Ferreira dos Santos 1 RESUMO: Neste trabalho, discute-se sobre a formação do Arquivo de Saúde da População Negra, que será composto por documentação primária, inerentes as questões da saúde desse grupo de habitantes, na Província da Bahia, no século XIX. Este projeto compunha um dos arquivos temáticos do Centro Documentação Digital em História da Ciência (CDHC), espaço de pesquisa virtual em história das ciências, na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Trata-se de trabalho do Grupo de Pesquisa em História, Filosofia e Ensino de Ciência (GPHFCE), formado por professores de diferentes IES, e que apontou existência de trabalhos de alguns médicos na época, sobre as doenças que acometiam a população negra e os escravos, na Província da Bahia. Palavras-chave: Arquivo; Saúde; População Negra; Bahia. O Arquivo de Saúde da População Negra é um projeto onde se pretende reunir fontes primárias, referentes a história da saúde desta população, do período Brasil Imperial, na Província da Bahia. Essa documentação são registros e testemunhos de uma época do percurso do conhecimento científico e a investigação da mesma, alinhada a uma abordagem que focaliza ciência e sociedade possibilitará trazer á luz umas das faces desconhecida da produção do saber. Muitos estudos em história da ciência vêm mostrando que a: Historiografia da ciência modificou-se profundamente, considerando a existência de uma produção científica em regiões como a América Latina e dos países iberos. A ciência deixou de ser compreendida como uma entidade autônoma e regida por leis internas de

racionalidade, e passou a ser entendida como uma atividade social sujeita ao contexto em que era produzida 2. Nesse sentido, ainda, pesquisadores brasileiros em história das ciências como Fonseca vêm defendendo que não se deve adotar uma visão descontextualizada da atividade científica, ou centrar-se unicamente na dinâmica internalista deste processo, ou seja, no estudo da estrutura conceitual e lógica do conhecimento científico. O fazer ciência é aqui compreendido como inseparável das condições econômicas, sociais e políticas características do meio no qual os cientistas estão atuando 3. Por conseguinte, este tipo de abordagem para a história das ciências amplia o cenário das fontes de documentação para a história das ciências no século XIX, especialmente, para a história das ciências da saúde 4. Dessa maneira, são fontes documentais eletivas para essa pesquisa os: Arquivos, as coleções como os periódicos científicos e a legislação, bem como a produção científica desenvolvida nas instituições de ciências, os relatórios, as atas de reuniões, os trabalhos dos médicos e os estudos dos professores, e as teses doutorais da Faculdade de Medicina da Bahia do período oitocentista 5. Além, dos espaços de estudos e de trabalhos; os hospitais, os laboratórios, as clínicas e as galerias, e também as corporações e os serviços realizados por diversos atores e suas práticas relacionados com a saúde da população. Por outro lado, pretendese, com a ampliação dessa fonte documental, alargar o debate ciência e sociedade no âmbito do campo de história das ciências no Brasil. Corrobora com essa discussão os estudos de Canguilhem que procura mostrar a necessidade de se adotar uma epistemologia para o estudo da história das ciências da saúde do século XIX 6. O Arquivo de Saúde da População Negra é um dos projetos temáticos em história das ciências que compunha o seguinte o projeto: Centro Documentação Digital em História da Ciência (CDHC), sediado na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), instituição se ensino superior, multicampi, formada por 24 campis, distribuídos,

estrategicamente, em 24 municípios, ou seja, em todas as regiões da Bahia 7. O Centro de Documentação Digital em História da Ciência (CDHC) é um ambiente, especializado, em pesquisa virtual (em rede via internet) e também presencia, em história das ciências, que pretende integrar todos os campis/departamentos da Universidade do Estado da Bahia-UNEB 8. Além de ser um ambiente de pesquisas e de acervos temáticos, este espaço promoverá a preservação de fontes primarias no campo de história das ciências e suas interfaces, filosofia da ciência e ensino de ciências focalizando os diversos seguimentos da educação, ensino básico, superior e pós-graduação. Destina-se, ainda a divulgação desta documentação e a popularização da ciência. É importante apontar que ambientes como estes têm sido vistos pelo governo como uma: Política de desenvolvimento e de educação em ciência como espaços científicos e culturais tanto no exterior como no Brasil. Nesse sentido, órgãos governamentais no âmbito federal como CNPq, SECIS, MCT, CAPES e agências de fomento regionais como a FAPESB, na Bahia têm apoiado essas iniciativas através de editais de financiamentos 9. Desta maneira, os ambientes virtuais de pesquisa como os Centros de Documentação em História da Ciência, são instituições que reúnem tipos característicos de acervos sobre as ciências com finalidades específicas de preservação documental, de informação e de pesquisa 10. A definição de seu universo e de seu recorte temático em consonância com seus objetivos possibilitou a formação do Arquivo Saúde de População Negra na Bahia Oitocentista 11. Para a organização e formação dos acervos temáticos tomam-se como base os estudos sobre informatização de documentos antigos e de memória e também se observam as experiências de instituições brasileiras e estrangeiras na implantação desses ambientes de pesquisas, sobretudo, em história das ciências 12. A formação, especificamente, do acervo temático da saúde da população negra, na Bahia Imperial, no século XIX, tem sido realizada de acordo com os modelos mais

relevantes para estes espaços e de modo a compatibilizar os padrões normativos de organização de ambientes digitais e a sua gradativa informatização. As pesquisas de especialistas dessa área se alinham a essas preocupações e mostra-nos a necessidade desses tipos de arquivos adotarem uma concepção de unidades de informação virtuais para a preservação da memória (das ciências na Bahia Imperial), onde os documentos eletrônicos exercem a função primordial, pois estas fontes documentais ampliam a percepção da realidade científica tradicional exposta nos documentos 13. O Centro de Documentação Digital em História da Ciência surgiu das reuniões de professores para estudos no âmbito interdisciplinar de ensino de ciência, filosofia da ciência e história da ciência, nos cursos de licenciaturas de Pedagogia, Química e Enfermagem, no ano de 2005 na UNEB, no campus I, em Salvador. Destaca-se também nesse momento a preocupação desses professores com a própria qualificação profissional e com a realização de estudos de mestrados e de doutorados nesse campo do saber. Esses estudos de qualificação profissional trouxeram contribuições para o desenvolvimento destes projetos e para a formação, paulatina, dos arquivos em história das ciências, designadamente das ciências da saúde, na Bahia, no século XIX, no período Brasil Imperial. Também, criamos o Grupo de Pesquisa em História, Filosofia e Ensino de Ciência (GPHFCE), de caráter interdepartamental, como professores de diversas áreas do saber da Universidade do Estado da Bahia, e de diferentes instituições de ensino superior, que têm se dedicado ao trabalho e aos estudos em história das ciências. Dessa forma, se iniciou a formação dos acervos temáticos como pesquisas, em instituições de pesquisas nos âmbitos Federal, Estadual e Municipal, Filantrópicas, em Arquivos, Bibliotecas, Institutos Históricos Geográficos, Universidades, Faculdade de Medicina e Centros de Pesquisas em História das Ciências, que guardam em seus acervos fontes primárias de documentação e coleções, do século XIX, que diz respeito à Província da Bahia e encontram-se localizadas e várias partes do Brasil, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília-DF e Bahia, e também no exterior, Portugal e na França. Esta documentação é proveniente de apoios da CAPES, de convênios entre estas instituições de pesquisas e de doações ou custódia 14. É adquirida em forma e micro formas, fotografia digital, material iconográfico, CD-ROM, rede interna de consulta e internet e também comprada com recursos próprios em sebos e livrarias antigas.

O referido projeto encontra-se, na fase de organização dessa documentação, sendo uma pequena parte em papel, e a maioria em forma digital. Assim, estamos realizamos a sistematização, digitalização e formação dos acervos temáticos. Como o trabalho de investigação e formação do acervo temático - sobre a saúde da população negra - nós identificamos fontes documentais primárias que registram estudos realizados pelos médicos facultativos (chamados, posteriormente, de Escola Tropicalista Baiana) das doenças peculiares aos negros e escravos. A Faculdade de Medicina da Bahia também estuda casos de doenças característica do grupo da população negra nas Theses Doutorais. Muitas dessas doenças são motivos de discussões entre os médicos, órgãos de saúde, o governo e a população e levaram à óbitos milhares de escravos. Esta documentação primária como apontamos regista as doenças existentes, na época, entre a população negra. É uma fonte de grande importância para a história das ciências da saúde e o estudo da mesma poderá contribuir para trazer à luz uma das faces desconhecida da ciência médica, na Bahia, no período Brasil Imperial. 1 Adailton Ferreira dos Santos; UNEB, Doutorando em História da Ciência PUCSP, Mestre em História da Ciência; Livros mais importantes: Santos, A. F. & tal. O Estabelecimento das Ciências no Brasil: estudos de casos. In: Maria Helena Roxo Beltran; Fumikazu Saito. (Org.). História da Ciência: tópicos atuais. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2010; Santos, A. F. Conexões do Sanitaríssimo Moderno de Ricardo Jorge com o Brasil. In: Percursos da Saúde Pública nos séculos XIX e XX - a propósito de Ricardo Jorge. Lisboa-PT: CELOM, 2010 e Santos, A. F. Centro de Documentação Digital em História da Ciência (CDHC). In: LOPES M. M. e HEIZER A. (Orgs.). Colecionismos, Práticas de Campos e Representações. 1ª. ed. Campinas Grande: EDUEPB, 2011; Apoio: CAPES e PAC-UNEB; E-mail: aferro@ig.com.br. 2 Ver por exemplo os estudos da pesquisadora: FONSECA, Maria Rachel F. da. Fontes para a História das Ciências da Saúde no Brasil (1808-1930). Manguinhos, Rio de Janeiro: vol. 9 (suplemento), pp. 275-288, 2002. 3 Ibid. 4 Ibid. 5 SANTOS, Adailton F. As Teses Doutorais da Faculdade de Medicina da Bahia: Registros de Ciência da Escola Tropicalista Baiana (1850-1889). PPGHC da PUCSP, São Paulo, 2012, p.7. 6 CANGUILHEM, Georges. Ideologia e Racionalidade nas Ciências da Vida. Edições 70, Coleção Saber da Filosofia, Lisboa, 1977. 7 Para melhores informações ver artigo de nossa autoria: SANTOS, Adailton F. Centro de Documentação Digital em História da Ciência (CDDHC). In: Colecionismos, Práticas de Campo e Representações. Campinas Grades: Eduep, 2011, pp.157-168. 8 Ibid. p.57. 9 Ver BAHIA. Edital Nº. 064/2009, CNPq/SECIS/MCT, p.1. 10 Ver: TESSITORE, Viviane. Como Implantar Centros de Documentação. São Paulo: Arquivo do Estado, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2003. 11 Estudamos alguns dessas doenças em nosso mestrado embora não fosse este o nosso objeto principal. Ver SANTOS, Adailton F. Escola Tropicalista da Bahia: Registro de uma Nova Ciência na Gazeta Médica da Bahia (1866-1889). São Paulo, PPGHC-PUCSP, 2008. 12 Uma dessas instituições que realizamos pesquisas e observamos sua formação é o CESIMA Centro Simão Mathias em História da Ciência, sediado na PUCSP, em São Paulo.

13 Vide: BELLOTTO, Heloísa L. Arquivos Permanentes: Tratamento Documental. São Paulo: T.A. Queiroz, 1991. 14 Op cit., SANTOS, Centro de Documentação Digital em História da Ciência, p. 165.