CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE VAGAS DO CARGO DE PROFESSOR DE NÍVEL III ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO ÁREA LÍNGUA PORTUGUESA PROVA DISCURSIVA CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Só abra este caderno quando for autorizado pelo fiscal. Leia atentamente as instruções abaixo. 1. Este caderno de prova contém duas questões, que deverão ser respondidas com caneta esferográfica preta. 2. Verifique se o caderno está completo ou se há alguma imperfeição gráfica que possa gerar dúvidas. Se necessário, peça sua substituição antes de iniciar a prova. 3. Leia cuidadosamente cada questão da prova. 4. Não serão corrigidas as provas respondidas a lápis ou que contenham qualquer sinal que possibilite identificar o(a) candidato(a). 5. O candidato não poderá sair do local de realização do concurso portando este caderno de provas (Item 20.5 do Edital AGANP n. 07/2005, de 16 de dezembro de 2005). OBSERVAÇÃO: Os fiscais não estão autorizados a fornecer informações acerca desta prova. Nota Identificação do candidato
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2 LÍNGUA PORTUGUESA QUESTÃO 1 Leia a seguinte reflexão: Toda vez que explico a alguém especialmente a um leigo que o interesse central de minhas investigações lingüísticas é a gramática, tenho de fazer um parêntese e explicar o que é isso, porque até aí se terá entendido que eu passo os dias procurando o sujeito e o objeto direto das orações, ou grifando substantivos e adjetivos, isto é, que eu fico fazendo aquilo que o tempo todo se faz nas salas de aula do ensino médio e fundamental. Isso, se não se acrescentar ao conceito a agora charmosa idéia que a televisão está vendendo de que estudar e ensinar gramática é estudar e ensinar como se fala corretamente, para fazer bonito por aí. NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática: conhecimento e ensino. In: AZEREDO, José Carlos (Org.). Língua portuguesa em debate. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. p. 52. Considerando a reflexão acima e sua experiência pessoal e/ou profissional, discuta o que significa, em termos operacionais, gramática e, a partir daí, o ensino de gramática em sala de aula.
3 QUESTÃO 2 Leia os textos abaixo: TEXTO A Na verdade, desde as origens, a Literatura aparece ligada a essa função essencial: atuar sobre as mentes, onde se decidem as vontades ou as ações; e sobre os espíritos, onde se expandem as emoções, paixões, desejos, sentimentos de toda ordem... No encontro com a Literatura (ou com a Arte em geral) os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida, em um grau de intensidade não igualada por nenhuma atividade. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Ática, 1991. p. 25. TEXTO B Várias são as lamentações de escritores, vários são os depoimentos de professores, várias são as denúncias de pareceristas do programa de avaliação de livros didáticos, quando se aborda o tratamento que se dá à leitura literária na escola. Como escritor, Manoel de Barros fez um amargo comentário, em um de seus poemas, sobre as desastrosas intromissões categóricas e normativas de leitura de outro poema de sua autoria, seja na assimetria adulto/criança-jovem, seja na assimetria professor/aluno. São circunstâncias como essas que fazem o professor Hélder Pinheiro chamar de desencontros ou de desencantos a lamentável abordagem dada a um conhecido poema em um dos livros didáticos de língua portuguesa muito usado entre nós. Como exemplo de utilização de poemas para estudo gramatical, O operário em construção, de Vinicius de Moraes, comparece no livro [...], acompanhado de um questionário do qual transcrevemos a seguir algumas questões: a) Destaque uma passagem da poesia em que fica clara a definição de substantivo como palavra que nomeia os seres. b) Aponte todos os substantivos presentes no texto. c) Aponte um substantivo concreto presente no texto. d) Aponte um substantivo abstrato presente no texto. e) Qual é o único substantivo presente no texto que admite uma forma para o masculino e outra para o feminino? PAIVA, Aparecida et all.(org.). Literatura e letramento. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. p. 148-150. [Adaptado].
4 TEXTO C O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO Vinicius de Moraes Mas o que via o operário O patrão nunca veria O operário via as casas E dentro das estruturas Via coisas, objetos Produtos, manufaturas. Via tudo o que fazia O lucro de seu patrão E em cada coisa que via Misteriosamente havia A marca de sua mão. E o operário disse: Não! Loucura! gritou o patrão Não vês o que te dou? Mentira disse o operário Não podes dar-me o que é meu. E um grande silêncio fez -se Dentro do seu coração Um silêncio de martírios Um silêncio de prisão Um silêncio povoado De pedidos de perdão Um silêncio apavorado com o medo da solidão Um silêncio de torturas E gritos de maldição Um silêncio de fraturas A se arrastarem no chão. E o operário ouviu a voz De todos os seus irmãos que morreram Por outros que viverão. Uma esperança sincera Cresceu no seu coração E dentro da tarde mansa Agigantou-se a razão De um homem pobre e esquecido, Razão porém que fizera Em operário construído O operário em construção. OBRA POÉTICA. Rio de Janeiro: Aguillar, 1987, p. 293
5 Sobre a relação entre o ensino e literatura, responda ao que se pede: a) Com base na leitura dos textos A e B, comente a abordagem de ensino de Literatura exposta no texto B. b) Desenvolva uma abordagem de leitura do texto C conforme os parâmetros atuais de ensino e prática de Literatura.