IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010

Documentos relacionados
Inquérito às Condições de Vida e Rendimento das Famílias: indicadores de risco de pobreza e de desigualdade na distribuição do rendimento

O risco de pobreza reduziu-se para 18,3%

O risco de pobreza reduziu-se, em 2015, para 19,0%

O risco de pobreza manteve-se em 19,5% em 2014

Emprego e mais educação significam mais rendimento

O risco de pobreza reduziu-se para 17,3%

Sobre a Pobreza, as desigualdades e a privação material em Portugal

Dia Internacional da Família 15 de maio

2,6 milhões de residentes em risco de pobreza ou exclusão social em 2016

O risco de pobreza continuou a aumentar em 2013

Taxa de risco de pobreza foi de 18%

Rendimento e Condições de Vida 2008 (Dados Provisórios)

Em 2009, mantinha-se o risco de pobreza e a tendência de redução da desigualdade

Desigualdade e Pobreza em Portugal: Evolução Recente. Carlos Farinha Rodrigues

O Risco de Pobreza e a Privação Material das Pessoas Idosas « O Risco de Pobreza e a Privação Material das Pessoas Idosas

Reduziu-se a população que vive com sobrecarga de despesas em habitação

18% DOS RESIDENTES EM RISCO DE POBREZA.

Fenómenos de pobreza e exclusão social no contexto atual Palmela, 6 de dezembro de 2013

A desigualdade das despesas de consumo das famílias em Portugal (Tema em Destaque Boletim Económico Junho 2018)

Taxas de pobreza ancoradas no tempo

A riqueza e o rendimento das famílias em Portugal

O que nos dizem os resultados do Inquérito ao Emprego sobre o Mercado de Trabalho em Portugal nos últimos anos?

Seminário> Família: realidades e desafios. Instituto de Defesa Nacional / Lisboa - Dias 18 e 19 de Novembro de 2004

Dia Internacional da Erradicação da Pobreza

Aprendizagem ao Longo da Vida Inquérito à Educação e Formação de Adultos 2007

Observatório Pedagógico. Carlos Farinha Rodrigues

MEIOS DE ACESSO AO SINAL DE TV

diminui para 17,9% e desigualdade continua a reduzir-se

O papel do QREN na promoção da inclusão social

TRANSMISSÃO INTERGERACIONAL DA POBREZA Carla Teixeira INE DES/CV ( )

uadro de referência para as políticas europeias e nacionais

A Economia Portuguesa Dados Estatísticos Páginas DADOS ESTATÍSTICOS

POBREZA, EXCLUSÃO E DESIGUALDADES EM PORTUGAL. Professor Catedrático de Economia Vice Presidente do ISEG, Universidade Técnica de Lisboa

figura prestações sociais por indivíduo em ppc, 2011

30% DAS FAMÍLIAS TINHAM DÍVIDAS COM GARANTIA DA RESIDÊNCIA PRINCIPAL

O COMBATE À POBREZA E ÀS DESIGUALDADES É UM DESAFIO IMEDIATO PARA PORTUGAL

FAZER MAIS E MELHOR CONVENÇÃO TEMÁTICA: DESIGUALDADES

Pessoas sós: múltiplas realidades

DOCUMENTO DE TRABALHO DOS SERVIÇOS DA COMISSÃO. Painel de Indicadores Sociais. que acompanha o documento

Lisboa, 19 de Setembro de A Fundação Francisco Manuel dos Santos apresenta hoje o projecto digital Portugal Desigual.

SERVIÇOS OVER-THE-TOP (OTT):

Inquérito à Situação Financeira das Famílias 2010

ESTATÍSTICAS COMUNITÁRIAS SOBRE CONDIÇÕES DE VIDA E RENDIMENTO: INFORMAÇÕES, CONCEITOS E METODOLOGIA OBSERVATÓRIO NACIONAL DE LUTA CONTRA A POBREZA

figura 7.7. evolução das remunerações dotrabalho, (1995=100)

ATUALIDADE. Pobreza e Exclusão social em Portugal. Carlos Farinha Rodrigues* Introdução

POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL EM PORTUGAL EU-SILC 2017

INQUÉRITO AOS MEIOS DE ACESSO AO SINAL DE TV

CIP - Europa Laboral em Síntese

Dia Internacional da Erradicação da Pobreza

MAIORIA EMPOBRECE; MINORIA ENRIQUECE!

O EMPREGO JOVEM E A SUA CONTEXTUALIZAÇÃO ESTATÍSTICA EM 2011

Contributo do QREN para a redução do abandono escolar precoce

Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Agenda 2030

Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias 2011

Residentes em Portugal realizaram 15,2 milhões de viagens turísticas

3. Teoria carteira e os modelos de avaliação de ativos financeiros: CAPM e APT. 5. Avaliação de ativos contingentes: avaliação de opções reais.

POBREZA INFANTIL PROPOSTAS PARA ERRADICAR A POBREZA DAS CRIANÇAS E DOS JOVENS

Introdução. Introdução. Instituto Superior de Economia e Gestão. As questões centrais da nossa investigação são:

A taxa de desemprego estimada foi de 16,4%

20 de março: Dia Internacional da Felicidade

Portugal : Retrato Económico e Social em gráficos

Dinâmica e caracterização dos jovens não empregados que não estão em educação ou formação (NEEF) em Portugal

O Valor da Informação no Turismo

SERVIÇOS OVER-THE-TOP (OTT):

Estatísticas sobre conciliação da vida profissional com a vida familiar em Portugal

Evento Anual Centro de Congressos de Lisboa

AS DESIGUALDADES ENTRE HOMENS E MULHERES NÃO ESTÃO A DIMINUIR EM PORTUGAL

Conselho da União Europeia Bruxelas, 3 de outubro de 2017 (OR. en)

Mato Grosso. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Mato Grosso (1991, 2000 e 2010)

51 anos com Sócrates para atingir o nível de escolaridade da U.E, quando antes eram 29 anos Pág. 1

Situação financeira das famílias em Portugal: uma análise com base nos dados do ISFF Sónia Costa* 21 de fevereiro de 2017

Exportações de turismo: desenvolvimentos recentes e perspetivas futuras. (Tema em Destaque Boletim Económico Dezembro 2018)

Goiás. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Goiás (1991, 2000 e 2010)

Mato Grosso do Sul. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Mato Grosso do Sul (1991, 2000 e 2010)

PAPEL DO ENSINO PROFISSIONAL NA QUALIFICAÇÃO DO PAÍS BALANÇO E PERSPETIVAS DO

3. O sobreendividamento dos consumidores: um estudo de caso

Poupança e financiamento da economia portuguesa

SERVIÇOS OVER-THE-TOP (OTT):

V Congresso Português de Demografia A Crise Demográfica: Um País em Extinção?

Diagnóstico da Evolução dos Indicadores Sociais em Curitiba

Algarve Plano de Ação Regional. Os Desafios Regionais de uma Estratégia Europeia

Minas Gerais. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Minas Gerais (1991, 2000 e 2010)

A taxa de desemprego estimada foi de 15,6%

IGUALDADE DE GÉNERO EM PORTUGAL INDICADORES-CHAVE 2017

Secção Permanente de Estatísticas de Base Territorial (SPEBT)

Sergipe. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Sergipe (1991, 2000 e 2010)

Taxa de desemprego de 17,7%

A crise económica e os padrões de mobilidade geográfica da população imigrante em Portugal

Definição da Classe Média no Brasil. São Paulo, junho de 2012.

A taxa de desemprego estimada para o 1º trimestre de 2014 foi 15,1%

Estatísticas do Emprego 1º trimestre de 2011

16 de fevereiro de 2012 Estatísticas do Emprego 4º Trimestre de Taxa de desemprego de 14,0%

Rio Grande do Norte. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado do Rio Grande do Norte (1991, 2000 e 2010)

Taxa de variação homóloga do índice de preços da habitação foi 4,0% no primeiro trimestre de 2014

Análise de Informação Económica e Empresarial Resolução Prova Época Normal 15 de Junho de 2015 Duração: 2h30m (150 minutos)

Indicadores sobre a pobreza

Em 2015, o Algarve foi a região com maior crescimento, impulsionado pelo setor do turismo

Pobreza e Percepções sobre o Progresso no Bem-Estar nas Comunidades Rurais em Moçambique (2008/9-2014/15)

Desafios da desigualdade em Moçambique? O que sabemos da desigualdade em Moçambique

Transcrição:

DISSERTAÇÃO MESTRADO EM ECONOMIA E POLÍTICAS PÚBLICAS IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010 Por: SUSANA PAULA P. F. NEVES INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA 5 de Abril de 2013 1

ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E POBREZA: CANAIS DE TRANSMISSÃO RETORNOS DA EDUCAÇÃO CONTEXTO FAMILIAR E MOBILIDADE INTERGERACIONAL POBREZA ENQUANTO FENÓMENO MULTIDIMENSIONAL PERFIS EDUCATIVOS DA POPULAÇÃO PORTUGUESA IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010 METODOLOGIA DE ESTUDO PRINCIPAIS RESULTADOS CONCLUSÕES E VIAS DE APROFUNDAMENTO FUTURO 2

RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E POBREZA: CANAIS DE TRANSMISSÃO META DA UNIÃO EUROPEIA REDUZIR EM PELO MENOS 20 MILHÕES O Nº DE PESSOAS EM RISCO DE POBREZA E DE EXCLUSÃO SOCIAL ATÉ 2020 EDUCAÇÃO (o que nos diz a literatura): Fator de diferenciação dos fenómenos de pobreza, desigualdade e exclusão social; Estreita relação (e correlação) entre nível de escolaridade e risco de pobreza; Determinante na manutenção (e na superação) das situações de risco de pobreza. QUESTÕES DE PARTIDA QUAIS OS IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL? QUAIS OS CANAIS DE TRANSMISSÃO ATRAVÉS DOS QUAIS ESSES IMPACTOS SE PRODUZEM? 3

RETORNOS DA EDUCAÇÃO MONETÁRIOS Impactos económicos (individuais e sociais); Valorização da educação no mercado de trabalho: retornos salariais da escolaridade superior. RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E POBREZA: CANAIS DE TRANSMISSÃO POBREZA ENQUANTO FENÓMENO MULTIDIMENSIONAL Abordagem unidimensional Abordagem multidimensional NÃO MONETÁRIOS Impactos no comportamento e decisões dos indivíduos; Concretização das necessidades básicas. CONTEXTO FAMILIAR E MOBILIDADE INTERGERACIONAL Papel central da educação na mobilidade social transmissão intergeracional da educação com reflexos na transmissão intergeracional da pobreza. TAXA DE RISCO DE POBREZA TAXA DE RISCO DE POBREZA OU EXCLUSÃO SOCIAL RISCO DE POBREZA OU EXCLUSÃO SOCIAL: proporção de indivíduos que se encontram numa das três situações seguintes: em risco de pobreza; ou pertencem a agregados domésticos com intensidade laboral per capita muito reduzida; ou estão em situação de privação material severa. 4

RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E POBREZA: CANAIS DE TRANSMISSÃO TAXA DE RISCO DE POBREZA PRIVAÇÃO MATERIAL SEVERA INTENSIDADE LABORAL PER CAPITA MUITO REDUZIDA Proporção da população cujo rendimento equivalente se encontra abaixo da linha de pobreza (60% do rendimento mediano por adulto equivalente). Indicadores de privação: Proporção da população em que se verifica a ausência de pelo menos 4 dos 9 indicadores de privação. Proporção da população com menos de 60 anos que pertencia a agregados domésticos em que os adultos dos 18 aos 59 anos (sem estudantes) trabalharam menos de 20% do tempo de trabalho possível, em média. 5 1) capacidade para superar despesas inesperadas; 2) capacidade para pagar uma semana de férias por ano fora de casa a todo o agregado; 3) cumprimento no pagamento de rendas, crédito à habitação, despesas correntes com o alojamento, empréstimos ou prestações; 4) capacidade para ter uma refeição de carne ou de peixe, pelo menos de dois em dois dias; 5) capacidade financeira para ter a casa aquecida de forma adequada; 6) disponibilidade de máquina de lavar roupa; 7) disponibilidade de TV a cores; 8) disponibilidade de telefone fixo ou móvel; 9) disponibilidade de veículo ligeiro de passageiros ou misto.

A conjugação da pobreza monetária relativa com a privação material reflete mais fielmente o bemestar considerado socialmente aceitável, PORÉM: NÃO É INÓCUA NA DIMENSÃO E NA MEDIÇÃO DO FENÓMENO DA POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL FRAGILIDADES IDENTIFICADAS: Identificação de um indivíduo pobre (apenas) porque está em situação de intensidade laboral reduzida (sem estar abaixo do limiar de pobreza nem em situação de privação); RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E POBREZA: CANAIS DE TRANSMISSÃO EFEITOS LIMITADOS NA IDENTIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO ALVO IMPLICAÇÕES NAS POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS DE COMBATE À POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL Utilização de 4 itens de privação e não 3 diminui variabilidade entre os países. 6

PERFIS EDUCATIVOS DA POPULAÇÃO PORTUGUESA PERFIS EDUCATIVOS DA POPULAÇÃO PORTUGUESA EVOLUÇÃO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS TRANSIÇÃO EDUCATIVA CONSIDERÁVEL: AUMENTO DO NÍVEL MÉDIO DE ESCOLARIDADE DISPERSÃO NA DISTRIBUIÇÃO DA ESCOLARIDADE NÍVEL EDUCATIVO MÉDIO AQUÉM DOS PAÍSES MAIS DESENVOLVIDOS: BAIXA PROPORÇÃO DE POPULAÇÃO COM ENSINO SECUNDÁRIO GAP DE ESCOLARIDADE SUPERIOR A UMA GERAÇÃO POSIÇÃO ESTRUTURALMENTE DÉBIL EM MATÉRIA DE ESCOLARIDADE: ELEVADA TAXA DE ABANDONO PRECOCE DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO BAIXA TAXA DE ESCOLARIDADE DE ENSINO SUPERIOR 7

PERFIS EDUCATIVOS DA POPULAÇÃO PORTUGUESA PERFIS EDUCATIVOS DA POPULAÇÃO PORTUGUESA EVOLUÇÃO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS Entre 1992 e 2011 (pop. 15-64 anos): Sem escolaridade completa: 12,7% para 3,6% Até ao 2º ciclo: 53,2% para 35,4% Ensino superior: 5,4% para 15,5% Fonte: INE, Inquérito ao Emprego População com ensino secundário (2010): 25-34 anos: 52% (OCDE: 83%) 55-64 anos: 16% (OCDE: 63%) Fonte: OCDE, Education at a Glance, 2012 Indicadores da Estratégia Europa 2020 (2011): Abandono precoce de educação e formação: 23,2% (UE: 13,5%) Taxa de escolaridade do ensino superior: 26,1% (UE: 34,6%) Fonte: Eurostat 8

IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010 IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL METODOLOGIA: DADOS DO INQUÉRITO ÀS CONDIÇÕES DE VIDA E RENDIMENTO (ICOR) DO INE, PARA O ANO DE 2010 ICOR fonte oficial de estatísticas sobre a distribuição do rendimento e condições de vida e para o desenvolvimento e a monitorização dos indicadores de pobreza e exclusão social. 9 OBJETIVO: ANÁLISE DA DINÂMICA ENTRE EDUCAÇÃO E POBREZA EM PORTUGAL, EVIDENCIANDO OS SEUS PRINCIPAIS CANAIS DE TRANSMISSÃO AMOSTRA FINAL ICOR 2010: 5182 AGREGADOS DOMÉSTICOS; 13368 INDIVÍDUOS (dos quais 11380 com 16 ou mais anos). ANÁLISE DE 3 INDICADORES RELEVANTES: Risco de pobreza Privação material Pobreza consistente (indivíduos que se encontram simultaneamente em situação de risco de pobreza e de privação material). ESTATÍSTICA DESCRITIVA / ANÁLISE MULTIVARIADA: Regressão de quantis Regressão probit.

POBREZA, PRIVAÇÃO MATERIAL E EDUCAÇÃO 10 RISCO DE POBREZA: 17,9%; PRIVAÇÃO MATERIAL: 22,5% POBREZA CONSISTENTE: 8,4% DÉBIL ESTRUTURA EDUCATIVA DA POPULAÇÃO EM RISCO (DUPLAMENTE EVIDENCIADA): a) Maior concentração nos níveis de escolaridade mais baixos; b) Menor representação nos mais altos. IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010 PRINCIPAIS RESULTADOS: População Total População com 16 e + anos Indicadores de pobreza e exclusão social Taxa de risco de pobreza 17,9 17,3 Taxa de privação material 22,5 21,5 Pobreza consistente 8,4 7,9 Fonte: INE, ICOR 2010. Nível de escolaridade INDICADORES DE POBREZA E DE PRIVAÇÃO MATERIAL, 2010 (%) População por nível de escolaridade Risco de pobreza Privação material Pobreza consistente Sim Não Sim Não Sim Não TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Nenhum 10,1 18,9 8,2 18,2 7,9 22,1 9,0 1º Ciclo 30,4 40,2 28,4 37,3 28,6 40,7 29,5 2º Ciclo 13,3 16,6 12,6 15,1 12,8 14,7 13,2 3º Ciclo 19,4 13,8 20,6 16,6 20,2 13,9 19,9 Ens. sec./pós-sec. 15,8 8,5 17,3 9,7 17,4 7,1 16,5 Ensino superior 11,0 2,0 12,9 3,0 13,2 1,5 11,8 Fonte: INE, ICOR 2010. Nota: população com 16 e mais anos.

IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA DIMINUIÇÃO DA INCIDÊNCIA DA POBREZA E PRIVAÇÃO MATERIAL COM AUMENTO DA ESCOLARIDADE; IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010 RISCO DE POBREZA E DE PRIVAÇÃO MATERIAL POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE, 2010 (%) Fonte: INE, ICOR 2010. Nota: população com 16 e mais anos. 11

IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010 DIMINUIÇÃO DA INCIDÊNCIA DA POBREZA E PRIVAÇÃO MATERIAL COM AUMENTO DA ESCOLARIDADE; FORTE CORRELAÇÃO ENTRE A ESCOLARIDADE DOS INDIVÍDUOS E A ESCOLARIDADE MÉDIA DO AGREGADO; NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS INDIVÍDUOS POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE DO AGREGADO, 2010 (%) Nível de escolaridade Baixa Tipo de escolaridade do agregado Média Média alta superior Total Nenhum 84,3 15,3 0,3 0,1 100,0 1º Ciclo 49,8 44,8 5,3 0,2 100,0 2º Ciclo 7,6 84,6 7,2 0,6 100,0 3º Ciclo 0,6 67,9 22,5 0,9 100,0 Ens. secund./pós-sec. 0,4 31,1 49,6 18,9 100,0 Ensino superior 0 6,2 20,1 73,7 100,0 Fonte: INE, ICOR 2010. Nota: população com 16 e mais anos; para a tipologia de escolaridade do agregado é considerado o número médio de anos de escolaridade completos dos membros do agregado com 16 e mais anos. 12

IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010 DIMINUIÇÃO DA INCIDÊNCIA DA POBREZA E PRIVAÇÃO MATERIAL COM AUMENTO DA ESCOLARIDADE; FORTE CORRELAÇÃO ENTRE A ESCOLARIDADE DOS INDIVÍDUOS E A ESCOLARIDADE MÉDIA DO AGREGADO; NÍVEIS DE ESCOLARIDADE SIMILARES ENTRE OS MEMBROS DO CASAL NOS AGREGADOS. 13 Confirma-se hipótese: ENDOGAMIA ESCOLAR NOS AGREGADOS SUGERE TRANSMISSÃO INTERGERACIONAL DA EDUCAÇÃO (ENDOGAMIA HORIZONTAL E VERTICAL) NÍVEL DE ESCOLARIDADE DO INDIVÍDUO DE REFERÊNCIA POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE DO CÔNJUGE, 2010 (%) Nível de escolaridade do indiv. referência Nenhum 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo Ens. sec./ pós-secundário Ensino superior Fonte: INE, ICOR 2010. Nota: população com 16 e mais anos; são considerados apenas os casos em que o indivíduo de referência e o respetivo cônjuge residem no mesmo alojamento. Total Nenhum 58,4 37,6 2,3 1,7 0,0 0,0 100,0 1º Ciclo 16,3 61,1 12,2 7,6 2,7 0,1 100,0 2º Ciclo 2,7 26,4 40,3 20,7 7,6 2,3 100,0 3º Ciclo 0,8 18,3 18,7 36,2 19,4 6,6 100,0 Ens. sec./ pós-secundário Nível de escolaridade do cônjuge 0,0 10,3 9,9 30,7 35,8 13,3 100,0 Ensino superior 0,0 3,9 5,8 19,9 25 45,3 100,0

IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA CONTRIBUTOS DA EDUCAÇÃO PARA A GERAÇÃO DE RENDIMENTO: RENDIMENTO MÉDIO ANUAL (A.E): 10 536 (total) 6 977 (sem escolaridade) 20 167 (ensino superior) INDIVÍDUOS COM ENSINO SUPERIOR: 65,2% ENCONTRAVAM-SE NOS 20% DA POPULAÇÃO COM MAIOR RENDIMENTO. IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010 DISTRIBUIÇÃO DO RENDIMENTO (DECIS) POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE, 2010 (%) Nível de escolaridade Decis Fonte: INE, ICOR 2010. Nota: população com 16 e mais anos. Nenhum 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo Ens. secundário/ pós-secundário Ensino superior TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 1º decil 15,7 12,7 13,5 6,3 5,2 1,8 2º decil 21,4 13,0 10,4 7,8 5,3 2,1 3º decil 15,5 12,6 11,8 8,3 5,8 2,3 4º decil 14,1 12,7 10,8 9,1 7,3 2,5 5º decil 11,2 10,8 12,1 11,6 8,6 2,6 6º decil 7,5 10,0 12,9 11,9 10,5 4,8 7º decil 7,0 10,2 10,0 12,2 11,9 7,6 8º decil 4,1 8,9 8,5 13,0 13,8 11,0 9º decil 2,3 6,5 6,6 10,9 17,6 20,0 10º decil 1,1 2,6 3,4 9,1 14,0 45,2 14

IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA QUAL O IMPACTO DO Nº DE ANOS DE ESCOLARIDADE NO RENDIMENTO? IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010 REGRESSÃO DE QUANTIS EFEITOS MARGINAIS DO NÍVEL DE ESCOLARIDADE NA DISTRIBUIÇÃO DO RENDIMENTO POR ADULTO EQUIVALENTE, 2010 (%) ELEVADOS RETORNOS DA EDUCAÇÃO: AUMENTO DE 4,7% NO RENDIMENTO POR CADA ANO ADICIONAL DE ESCOLARIDADE; EFEITO POSITIVO MAIS EVIDENTE NOS PERCENTIS MAIS BAIXOS DA DISTRIBUIÇÃO (10º E 25º). Confirma a hipótese: 15 DE EFEITOS MONETÁRIOS DISTINTOS DA EDUCAÇÃO NOS DIFERENTES PERCENTIS DA DISTRIBUIÇÃO DO RENDIMENTO Fonte: INE, ICOR 2010. Nota: dados obtidos pelo autor a partir dos microdados anonimizados. População com 16 e mais anos.

IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA 16 EFEITOS MARGINAIS DA EDUCAÇÃO NA PROBABILIDADE DE RISCO DE POBREZA NÍVEL DE ESCOLARIDADE É A VARIÁVEL QUE REVELA MAIOR IMPACTO NO RISCO DE POBREZA (controlando os efeitos de todas as outras); EFEITO NEGATIVO E CRESCENTE NA PROBABILIDADE DE SER POBRE AUMENTA COM A ESCOLARIDADE. Confirma a hipótese: DE O RISCO DE POBREZA ESTAR NEGATIVAMENTE RELACIONADO COM A ESCOLARIDADE IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010 REGRESSÃO PROBIT ESTIMAÇÃO DA PROBABILIDADE DE RISCO DE POBREZA, 2010 (P.P.) Agregado doméstico Indivíduo de referência Variáveis Grau de urbanização Efeitos marginais Erro padrão Nível de significância Zonas intermédias -0,040 0,013 0,002 Zonas urbanas -0,086 0,013 0,000 Crianças dependentes Sim 0,085 0,018 0,000 Parceiro Sim -0,036 0,015 0,019 Empregados adultos Número médio -0,197 0,030 0,000 Escolaridade média do agregado Nível de escolaridade mais elevado completo Média -0,022 0,018 0,225 Média-alta -0,073 0,031 0,019 Superior -0,141 0,051 0,005 1º Ciclo do ensino básico -0,062 0,016 0,000 2º Ciclo do ensino básico -0,129 0,026 0,000 3º Ciclo do ensino básico -0,204 0,028 0,000 Ensino sec./pós-secundário -0,215 0,035 0,000 Ensino superior -0,293 0,055 0,000 Idade (em anos) Anos -0,001 0,001 0,258 Sexo Homens -0,058 0,014 0,000 Condição perante o trabalho Nº de observações: 5174 Prob > chi2: 0,0000 Pseudo R2: 0,1876 Fonte: INE, ICOR 2010. Nota: dados obtidos pelo autor a partir dos microdados anonimizados. População com 16 e mais anos. Observações ponderadas com pesos amostrais Empregado -0,068 0,034 0,047 Desempregado 0,013 0,036 0,711 Reformado -0,166 0,028 0,000

IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA PRIVAÇÃO MATERIAL 17 EFEITOS MARGINAIS DA EDUCAÇÃO NA PROBABILIDADE DE PRIVAÇÃO MATERIAL NÍVEL DE ESCOLARIDADE É A VARIÁVEL COM IMPACTO MAIS DETERMINANTE NA PROBABILIDADE DE PRIVAÇÃO MATERIAL; EFEITO NEGATIVO E CRESCENTE NA PROBABILIDADE DE SE ENCONTRAR EM PRIVAÇÃO MATERIAL AUMENTA COM A ESCOLARIDADE. Confirma a hipótese: DE A PRIVAÇÃO MATERIAL ESTAR NEGATIVAMENTE RELACIONADA COM A ESCOLARIDADE Agregado doméstico Indivíduo de referência IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010 REGRESSÃO PROBIT ESTIMAÇÃO DA PROBABILIDADE DE PRIVAÇÃO MATERIAL, 2010 (P.P.) Nº de observações: 5174 Prob > chi2: 0,0000 Pseudo R2: 0,1390 Variáveis Grau de urbanização Efeitos Zonas intermédias Erro 0,028 Nível de 0,016 0,090 marginais Zonas urbanas padrão 0,075 significância 0,016 0,000 Crianças dependentes Sim 0,071 0,018 0,000 Parceiro Sim -0,085 0,017 0,000 Empregados adultos Número médio -0,179 0,033 0,000 Escolaridade média do agregado Nível de escolaridade mais elevado completo Média -0,056 0,022 0,012 Média-alta -0,023 0,035 0,505 Superior -0,069 0,050 0,170 1º Ciclo do ensino básico -0,121 0,019 0,000 2º Ciclo do ensino básico -0,240 0,031 0,000 3º Ciclo do ensino básico -0,272 0,033 0,000 Ensino sec./pós-secundário -0,356 0,039 0,000 Ensino superior -0,464 0,052 0,000 Idade (em anos) Anos -0,005 0,001 0,000 Sexo Homens -0,035 0,016 0,034 Condição perante o trabalho Fonte: INE, ICOR 2010. Nota: dados obtidos pelo autor a partir dos microdados anonimizados. População com 16 e mais anos. Observações ponderadas com pesos amostrais Empregado -0,023 0,038 0,546 Desempregado 0,051 0,042 0,217 Reformado -0,067 0,030 0,027

IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA, PRIVAÇÃO MATERIAL E POBREZA CONSISTENTE IMPACTOS DA EDUCAÇÃO NA POBREZA E NA PRIVAÇÃO MATERIAL DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL, 2010 REGRESSÃO PROBIT EFEITOS MARGINAIS DO NÍVEL DE ESCOLARIDADE NA PROBABILIDADE DE RISCO DE POBREZA, PRIVAÇÃO MATERIAL, E POBREZA CONSISTENTE, 2010 (P.P.) EM SÍNTESE: CONTROLANDO OS EFEITOS DE OUTRAS VARIÁVEIS, A EDUCAÇÃO REVELA-SE CRUCIAL NA COMPREENSÃO DA POBREZA E DA PRIVAÇÃO MATERIAL EM PORTUGAL; OS IMPACTOS DA EDUCAÇÃO SÃO AINDA MAIS NOTÓRIOS NA PRIVAÇÃO MATERIAL. 18

CONCLUSÕES A educação produz efeitos/benefícios para além da mera obtenção de mais rendimento: Nomeadamente, menor propensão para a escassez de bens necessários para assegurar um nível de bem-estar socialmente aceitável. A evidência estatística de que a pobreza e a privação material diminuem com a escolaridade é confirmada pela análise da probabilidade de ser pobre e/ou de se encontrar em situação de privação material (controlando efeitos conjugados de outras variáveis). Os impactos da educação são particularmente expressivos na privação material. Mecanismos de transmissão da educação na pobreza (e na privação material) em Portugal: Elevados retornos da educação no mercado de trabalho; Conjugados com os efeitos da transmissão intergeracional da educação e; Prevalência de homogeneidade escolar nos agregados domésticos. 19

CONCLUSÕES NECESSIDADE DE AS MEDIDAS DE POLÍTICA CONJUGAREM UMA ORIENTAÇÃO PARA A REDUÇÃO DA POBREZA COM A PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO VIAS DE DESENVOLVIMENTO FUTURO: APROFUNDAR OS EFEITOS NÃO MONETÁRIOS DA EDUCAÇÃO NOUTRAS DIMENSÕES DA VIDA DOS INDIVÍDUOS (EX. HABITAÇÃO E SAÚDE). PERSPETIVA LONGITUDINAL PARA ANÁLISE DO EFEITO DA EDUCAÇÃO NA SAÍDA DE SITUAÇÕES DE RISCO DE POBREZA E DE PRIVAÇÃO MATERIAL. 20

MUITO OBRIGADA! Susana Neves INE/DES/TR susana.neves@ine.pt 21