ESTUDOS DE CASO Análise de Consumo de Água: Condomínio nio Residencial em Florianópolis Marina Vasconcelos Santana Orientação: Enedir Ghisi
Introdução Uso irracional dos recursos naturais Preocupação mundial aproveitar e reutilizar a água disponibilizando recurso para outros fins como crescimento populacional, industrial e a preservação do ambiente Redução do consumo Uso de bacias sanitárias de baixo consumo; Torneiras e chuveiros mais eficientes quanto à economia da água; Reúso da água, reaproveitamento de águas servidas residenciais; Captação de água de chuva (poupa de 30% a 40% da água tratada).
Objetivo O objetivo do presente trabalho é analisar os usos finais de água tratada e apresentar a vantagem do aproveitamento de água de chuva para usos não potáveis, colocando como modelo, um condomínio residencial em Florianópolis.
Normalização São Paulo, Lei 12.638, 06/05/1998 1 - Nos prédios públicos e privados destinados a uso não residencial será obrigatória à instalação de dispositivos hidráulicos para controle do consumo de água 2 - Os dispositivos hidráulicos obrigatórios para o controle do consumo de água, de que trata o parágrafo anterior, são: I - torneiras para pias, registros para chuveiros e válvulas para mictório acionadas manualmente e com ciclo de fechamento automático ou acionadas por sensor de proximidade; li - torneiras com acionamento restrito para áreas externas e de serviços; III - bacias sanitárias com volume de descargas reduzidos (VDR). 3 - Somente será concedido o habite-se do prédio se verificado o cumprimento do disposto neste artigo.
Normalização Rio de Janeiro, Decreto No. 23940/2004 de 30/0/2004 1º Fica obrigatória, nos empreendimentos que tenham área superior a 500 m², a construção de reservatórios que retardem o escoamento das águas pluviais para a rede de drenagem. A água contida pelo reservatório deverá,..., após uma hora de uso ser conduzida para outro reservatório para ser usada para finalidades não potáveis... 3º No caso de novas edificações residenciais multifamiliares, industriais, comerciais ou mistas que apresentem área do pavimento de telhado superior a quinhentos metros quadrados e, no caso de residências multifamiliares, cinqüenta ou mais unidades, será obrigatória a existência do reservatório objetivando o reuso da água pluvial para finalidades não potáveis e, pelo menos, um ponto de água destinado a esses reuso, sendo a capacidade mínima do reservatório de reuso somente em relação às águas captadas do telhado.
Normalização Guarulhos, a Lei n nº4650, 28/04/1994 A instalação de medidores e submedidores em edifícios multi-familiares dotados de apartamento com área útil de até 100m² 1º - Os edifícios multi-familiares dotados de apartamentos com área útil de 100m² deverão possuir medidor de entrada principal e submedidores individuais. 2º - Os submedidores individuais deverão ser instalados em cada apartamento segundo a forma específica nesta lei. 6º - Fica terminantemente proibida a instalação de válvulas de descarga, devendo ser usadas caixas de descarga acopladas ou não. 7º - Fica isento das taxas de ligação de água os apartamentos dotados de submedidores, ficando por conta do usuário somente a despesa referente ao custo do hidrômetro.
Normalização Estado de Santa Catarina, projeto de Lei Estadual nº 012/2003 Instalação de Dispositivos de Redução do consumo de água em novos edifícios públicos: Torneiras e registros acionados manualmente com ciclo de fechamento automático ou sensor de presença; Torneiras com acionamento restrito para áreas externas; Bacias com volume e descarga reduzido.
Usos Finais de Água em Residências São Paulo
Metodologia Descrição do Local Condomínio Residencial 17 apartamentos - localizado na cidade de Florianópolis O prédio é composto por 5 pavimentos, 4 apartamentos por andar até o 4º piso, sendo que no último tem somente um apartamento e o salão de festas. No condomínio residem 41 moradores, média de 2,4 pessoa/apartamento. A garagem foi construída no subsolo Telhas de fibrocimento A água da chuva da chuva escoa por calhas e é lançada no coletor público de água pluvial.
Metodologia Levantamento de Dados 16,5m 13,5 Área = 222,75m² Cobertura
Metodologia O consumo de água do condomínio foi obtido de três formas: CASAN Levantamento de Dados p Mês de Medição m³/mês 03/04 170 mín 04/04 181 05/04 170 mín 06/04 170 mín 07/04 170 mín 08/04 170 mín HIDRÔMETRO Mês de Medição m³ 28/08 16913 29/08 16919 30/08 16925 31/08 16932
Levantamento de Dados Metodologia NOME: Uso de Água Condomínio Edifício Scarlett Av. Des. Vitor Lima, 594 Carvoeira Florianópolis - SC APTO: COZINHA 1. Número de vezes por dia que a louça é lavada: 2. Tempo (min) de torneira aberta para louças: Dias úteis 1 2 3 1. 5 10 15 Outro Final de semana 1 2 3 QUESTIONÁRIO 3. Freqüência que a comida é feita em casa: Toda a semana Dias úteis Final de semana Outro 4. Quantos litros de água por dia (em média) se gasta para cozinhar? (macarrão, arroz, etc) 1 litro 2 litros 5 litros Outro LIMPEZA 5. Especifique a forma se lava a roupa: Tanque Máquina de lavar Tempo de torneira aberta: (min) Capacidade da máquina: (litros) Quantidade de ciclos: Lavanderia 6. Freqüência que se lava roupa: 1 vez por semana 2 vezes por semana Outra 7. De que forma é realizada a limpeza do apartamento? Quantas vezes por semana? Balde (ex: 2 baldes com 4 litros) Torneira Quantidade de água por balde: (unid) (litros) Tempo de torneira aberta: (min) HIGIENE 8. Quantidade de banhos por dia: 9. Duração do banho (min): 1 2 3 10 15 20 Outro 10. Número de vezes por dia e tempo em 11. Número de vezes por dia e tempo de torneira (segundos) que se dá descarga: aberta para lavar as mãos: Dias úteis Quant. Tempo (seg) Dias úteis Quant. Tempo (seg) Final de semana Quant. Tempo (seg) Final de semana Quant. Tempo (seg) 12. Número de vezes por dia e tempo de torneira 13. Número de vezes por dia e tempo de torneira aberta para escovar os dentes: aberta para lavar o rosto: Dias úteis Quant. Tempo (seg) Dias úteis Quant. Tempo (seg) Final de semana Quant. Tempo (seg) Final de semana Quant. Tempo (seg) 13. Número de vezes por semana e tempo de torneira aberta para fazer a barba: Quantidade: Tempo: (seg)
Estimativa do Volume da Água da Chuva Metodologia Cidade de Florianópolis Mês Precipitação (mm) Janeiro 176,2 Fevereiro 197,2 Março 186,3 Abril 96,6 Maio 96,9 Junho 75,2 Julho 94,6 Agosto 92,5 Setembro 126,8 Outubro 126 Novembro 129,1 Dezembro 146,2 Anual 1543,9
Metodologia Vazões NBR5626/98 Vaso Sanitário 1,7 Torneira de Lavatório 0,15 Torneira de Pia de Cozinha 0,25 Torneira de Tanque 0,25 Torneira de Serviço 0,25 Ducha 0,2 Chuveiro 0,2 Consumo de Água Vazões l/s IPT Vaso Sanitário 1,5 Torneira de Lavatório 0,06 Torneira de Pia de Cozinha 0,12 Torneira de Tanque 0,19 Torneira de Serviço 0,07 Ducha 0,13 Chuveiro 0,1 Vazões l/s medido Vaso Sanitário 1,5 Torneira de Lavatório 0,031 Torneira de Pia de Cozinha 0,053 Torneira de Tanque 0,07 Torneira de Serviço 0,05 Ducha 0,13 Chuveiro 0,1
Resultados Dados Gerais Total de Consumo Diário com Vazões Medidas Apartamentos Nºmoradores Consumo Total Diário(l) Cosumo l/pessoa/dia l/pessoa/dia + limpeza 101 2 412,1 206,05 206,58 102 6 364,45 60,74 61,28 103 2 355,21 177,61 178,14 104 3 405,27 135,09 135,62 201 3 414 138,00 138,53 202 3 323,37 107,79 108,32 204 2 399,44 199,72 200,25 301 3 414 138,00 138,53 302 3 528,79 176,26 176,80 303 2 341,23 170,62 171,15 304 3 508,24 169,41 169,95 401 1 168,81 168,81 169,34 402 1 147,63 147,63 148,16 403 1 263,89 263,89 264,42 404 3 627,57 209,19 209,72 501 3 468,24 156,08 156,61
Resultados Dados Gerais litros/dia 700 650 600 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 2 6 2 3 3 3 2 3 3 2 3 1 1 1 3 3 101 102 103 104 201 202 204 301 302 303 304 401 402 403 404 501 nº de moradores/apto Consumo Total Diário(l) Cosumo l/pessoa/dia l/pessoa/dia + limpeza
Resultados Dados Gerais Consumo Condomínio l/dia l/dia/pessoa Vazões IPT 6.671,98 162,7 Vazões Medidas 6.142,24 149,8 Leitura CASAN (mín) 5.666,66 138,2 Leitura hidrometro 6.000 146,3% Erro Medido X Hidrômetro 2,37% Erro Medido x CASAN 8,39 litros/dia/condomínio 6.900 6.700 6.500 6.300 6.100 5.900 5.700 6.671,98 6.142,24 5.666,66 6.000 5.500 Vazões IPT Vazões Medidas Leitura CASAN (mín) Leitura hidrometro
Resultados Dados Gerais 150 litros/dia/pessoa 125 100 75 50 25 0 1 2 3 4 5 6 moradores 102 Cozinha Roupa e Limpeza Banho Vaso Sanitário Lavatório Total
Resultados Dados Gerais 350 300 250 200 150 10 0 50 0 1 2 3 moradores 404 Cozinha Roupa e Limpeza Banho Vaso Sanitário Lavatório Total
Resultados Dados Gerais 200 175 litrso/dia/pessoa 150 125 100 75 50 25 0 1 2 3 moradores 501 Cozinha Roupa e Limpeza Banho Vaso Sanitário Lavatório Total
Consumo de água para fins não potáveis Resultados 68% 5% 14% 10% 3% Cozinha Roupa e Limpeza Banho Vaso Sanitário Lavatório 4500 4000 4080,00 3500 3000 litros 2500 2000 1500 1000 500 614,85 284,94 844,94 210,39 0 Cozinha Roupa e Limpeza Banho Vaso Sanitário Lavatório
Resultados Aproveitamento de Água de Chuva Área de cobertura do condomínio - 222,75m² Aproveitamento de 80% Período de chuva um ano -1543,9mm 266,4m 3 Este valor representa 11,9% do consumo médio anual do condomínio, que é de 2241,8 m 3. Com este mesmo volume de água de chuva com destino para fins não potáveis, seria possível suprir 64,6% do consumo com vasos sanitários, tanques e máquina de lavar roupas, que é de 412,4 m 3 anual. A economia de consumo de água tratada chegaria a valores entre 6,2% e 11,9%, dependendo do volume do reservatório, adotando respectivamente valores de 2000 a 20000 litros. Um volume maior de reservatório, neste caso, também não atenderia a demanda, devido à pequena área de cobertura para coleta de água pluvial.
Conclusões Neste trabalho, através dos questionários, foi possível fazer uma análise dos usos finais e do consumo por pessoa do condomínio. Sendo assim, um dado interessante que se pode constatar é o valor de 19% do aproveitamento de água pluvial, um resultado não esperado pelo fato de apresentar na literatura valores entre 40% e 50%. O maior consumo de água tratada do condomínio é de banho, somando com o uso de água em lavatórios, chega a 70% do consumo total de água. Justificando assim, além de uma possível instalação de sistema de coleta de água pluvial, a instalação de um sistema de coleta de águas residuais. Como a água pluvial atende a demanda de 64,6% de usos finais não potáveis, provavelmente, com o acréscimo de águas servidas compensaria o restante. De acordo com Tomaz (2003), as águas servidas, isto é, as de pias, torneiras e máquinas de lavar, com exceção de bacias sanitárias e de pias de cozinha, são reaproveitadas e juntadas à água de chuva. Pode-se notar que é o consumo varia consideravelmente por apartamento, o que seria interessante adotar o sistema de hidrômetro separado, que permite a cobrança individual.
Conclusões Outro aspecto importante é que a CASAN estipula um consumo mínimo, neste caso do condomínio, 170m 3. Na cobrança de praticamente seis meses, a leitura foi deste consumo, o que não estimula os moradores a conservarem a água por este aspecto. Independente se diminuírem o uso de água, o valor da conta não altera. Mas por outro aspecto, o da conservação de um recurso natural, o uso da água é função dos hábitos e educação da população. A água de chuva apresenta uma boa relação entre volume captado e potencial de aproveitamento. A utilização da água pluvial para fins não potáveis é facilitada por não necessitar de tratamentos complexos de purificação. A água de chuva é uma fonte de suprimento valiosa. A utilização deste recurso deveria sempre ser levada em consideração em projetos de edificações.
Referências CASAN. Regulamento. Disponível em < www.casan.com.br>. Acessado em agosto de 2004. CÓDIGO DE OBRAS DE FLORIANÓPOLIS. Disponível em <www.pmf.sc.gov.br>. Acessado em agosto de 2004. DECA. Uso racional da água. 2003. Disponível em <www.deca.com.br>. Acessado em agosto de 2004. MARINOSKI, D.L.; GHISI, E.; GÓMEZ, L. A. Aproveitamento de água pluvial e dimensionamento de reservatório para fins não potáveis: estudo decaso em um conjunto residencial localizado em Florianópolis-sc. Anais do UNTAC 2004. São Paulo, 2004. MONTIBELLER, A.; SCHMIDT, R.W. Análise do potencial de economia de água tratada através da utilização de água pluvial em Santa Catarina. Trabalho de Conclusão de Curso. UFSC. 2004. SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. Uso racional. Dados de Consumo. Disponível em <www.sabesp.com.br>. Acessado em agosto de 2004. TOMAZ, Plínio. Previsão de Consumo de Água Interfaces das instalações prediais de água e esgoto com os serviços públicos. Navegar Editora. São Paulo, 2000. TOMAZ, Plínio. Aproveitamento de Água de Chuva - Aproveitamento de água de chuva para áreas urbanas e fins não potáveis. Navegar Editora. São Paulo, 2003.