6. CAPÍTULO 6 CASO DE ESTUDO



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Transcrição:

Análise do Comportamento Térmico de Construções não Convencionais através de Simulação em VisualDOE 6. CAPÍTULO 6 CASO DE ESTUDO 6.1. INTRODUÇÃO AO CASO DE ESTUDO O Caso de Estudo proposto é a análise da performance térmica das Células de Teste construídas na Universidade do Minho, Escola de Engenharia, em Guimarães na Figura 6.1 é possível identificar as Células de Teste no Pólo de Azurém. Uma Célula de Teste pode ser definida como um protótipo à escala real, construído com o intuito de aplicar elementos ou sistemas construtivos de edifícios, submetendo-os a condições reais e testando assim a sua performance. As Células de Teste (CT) em questão foram projectadas pelo Arquitecto Paulo Mendonça, com o apoio do Laboratório de Física e Tecnologia das Construções. O pressuposto para a construção das CT foi a possibilidade de comparar a performance de uma solução executada a partir de soluções convencionais da construção Portuguesa, Célula de Teste Convencional, com uma solução não-convencional construída com base em princípios bioclimáticos. Adicionalmente, foi construída uma terceira CT com a possibilidade de integrar diferentes componentes de diversos tipos para serem submetidos a diferentes estratégias de ensaio em função das características PÁGINA 162 Dissertação de Mestrado de Pedro Correia Pereira da Silva

CAPÍTULO 6 Caso de Estudo que se pretendem avaliar. Para tal, foi utilizada a metodologia seguida no Projecto Europeu Passys para a construção desta terceira CT Célula de Teste tipo Passys (Maldonado e Afonso, 1994). Figura 6.1 Localização das Células de Teste na Escola de Engenharia, Universidade do Minho. Fonte: Google Earth De forma a comparar a performance energética das Células de Teste, foram utilizadas três metodologias: medição da performance in-situ ; aplicação da metodologia de cálculo do RCCTE de forma a estimar as necessidades de aquecimento e arrefecimento; e utilização da ferramenta de simulação da performance energética VisualDOE. 6.1.1. CÉLULAS DE TESTE Como já foi referido previamente, as Células de Teste são divididas em três Células independentes: Célula de Teste Convencional (CTC) esta é a célula com uma construção semelhante à convencional Portuguesa, sendo as paredes exteriores duplas constituídas por (do exterior para o interior) tijolo furado de 11 cm, caixa de ar de 4 cm, isolamento de poliestireno extrudido (PXS) de 4 cm e tijolo furado de 15 cm, além de uma camada de 2 cm de reboco em ambas as faces. As paredes interiores são simples e constituídas por um pano de tijolo furado de 11 cm e com uma camada de 2 cm de reboco em ambas as faces. O pavimento é Universidade do Minho Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Civil PÁGINA 163

Análise do Comportamento Térmico de Construções não Convencionais através de Simulação em VisualDOE constituído por uma laje de betão aligeirada de 25 cm, uma camada de regularização de 4 cm e o revestimento em placas de lamparquet. A cobertura é composta por uma laje de betão aligeirada de 25 cm. A CTC é composta por três divisões, a primeira pretende simular um quarto de dormir, a segunda uma casa de banho e a terceira um hall, como é possível observar na Figura 6.2. 3 2 Norte 1 Figura 6.2 Planta, alçado e foto da fachada sul da Célula de Teste Convencional. Célula de Teste não Convencional (CTnC) esta Célula é dividida em dois compartimentos, como é possível observar na Figura 6.3. O compartimento 1 possui uma massa térmica elevada e pretende simular um quarto de dormir, enquanto que o compartimento 2 tem baixa massa térmica e pretende simular um escritório. A CTnC foi construída segundo princípios bioclimáticos, ou seja, o compartimento 1 tem elevada massa de forma a aproveitar o efeito da inércia térmica; possui uma fachada a sul com envidraçado de forma a tirar proveito da energia solar passiva, mas com a aplicação de sombreadores horizontais e verticais, de forma a não provocar sobreaquecimento durante o Verão; é utilizado um material disponível localmente a terra, de forma a construir a parede sul e oeste do compartimento 1; foi construída uma estufa como uma estratégia de ganho indirecto; para o compartimento 2 foi utilizado um envidraçado de grandes dimensões de forma a aproveitar a iluminação natural que este proporciona. Os PÁGINA 164 Dissertação de Mestrado de Pedro Correia Pereira da Silva

CAPÍTULO 6 Caso de Estudo elementos construtivos da CTnC podem ser observados na Tabela 6.1, atentando para o facto de estarem identificados do exterior para o interior. Tabela 6.1 Elementos construtivos da CTnC Compartimento 1 Compartimento 2 Paredes Pavimento Oeste - parede dupla com uma placa de aglomerado madeira / cimento de 12 mm, espaço de ar de 4 cm, isolamento de aglomerado negro de cortiça com 5 cm, parede de terra compactada (adobe) com 15 cm, caiada pelo interior Sul - parede simples de terra compactada (adobe) com 15 cm de espessura e caiada de ambos os lados Oeste - parede tripla com uma placa de aglomerado madeira / cimento de 12 mm, espaço de ar de 6 cm, uma placa de aglomerado madeira/ cimento com 19 mm, isolamento de aglomerado negro de cortiça com 8 cm, isolamento de fibras de côco com 2 cm, uma placa de gesso cartonado com 13 mm Norte - parede simples constituída por uma placa de policarbonato alveolar com 10 mm Divisória - Placa de contraplacado com 1 cm Laje de betão alveolar com 20 cm, camada de regularização com 4 cm, revestimento em placas de lamparquet Cobertura Isolamento de aglomerado negro de cortiça com 8 cm, placa de aglomerado madeira / cimento com 12 mm, espaço de ar de 15 cm, laje de betão alveolar com 20 cm. Placa de aglomerado madeira / cimento com 12 mm, isolamento de aglomerado negro de cortiça com 8 cm, espaço de ar de 10 cm, isolamento de fibras de côco com 2 cm, placa de aglomerado madeira / cimento com 19 mm, revestimento em placas de lamparquet Placa de aglomerado madeira / cimento com 12 mm, isolamento de aglomerado negro de cortiça com 8 cm, isolamento de fibra de côco de 2 cm, placa de aglomerado madeira / cimento com 19 mm. Norte 2 1 Figura 6.3 Planta, alçado e foto da fachada sul da Célula de Teste não Convencional. Universidade do Minho Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Civil PÁGINA 165

Análise do Comportamento Térmico de Construções não Convencionais através de Simulação em VisualDOE Célula de Teste tipo Passys (CTP) esta célula é dividida em dois compartimentos, como se pode observar na Figura 6.4, onde o compartimento 1 é o espaço de teste a elementos construtivos, enquanto que o compartimento 2, também chamado de zona de serviço, tem como função alojar equipamentos do sistema de medição, como o computador, data-logger, etc. Os elementos construtivos da CTP podem ser observados na Tabela 6.2, atentando para o facto de estarem identificados do exterior para o interior. Tabela 6.2 Elementos construtivos da CTP Compartimento 1 Compartimento 2 Paredes Sul - parede simples constituída por uma placa de policarbonato alveolar com 10 mm Este (divisória com CTC) - parede simples com camada de reboco de 2 cm, tijolo furado com 11 cm, camada de reboco de 2 cm, isolamento de poliestireno extrudido (PXS) com 20 cm. Oeste 1 (divisória com compartimento 1 da CTnC) - parede simples com camada de terra compactada (adobe), isolamento de poliestireno extrudido (PXS) com 20 cm. Oeste 2 (divisória com compartimento 2 da CTnC) - parede dupla com placa de gesso cartonado com 13 mm, espaço de ar com 5 cm, placa de aglomerado madeira / cimento de 12 mm, isolamento de poliestireno extrudido (PXS) com 20 cm. Norte - parede simples com uma placa de aglomerado madeira / cimento de 19 mm. Este (divisória com CTC) - parede simples com camada de reboco de 2 cm, tijolo furado com 110 cm, placa de aglomerado madeira / cimento de 12 mm. Oeste (divisória com compartimento 2 da CTnC) - parede dupla com placa de gesso cartonado com 13 mm, espaço de ar com 5 cm, placa de aglomerado madeira / cimento de 12 mm. Divisória - parede simples com uma placa de aglomerado madeira / cimento de 12 mm, isolamento de poliestireno extrudido (PXS) com 10 cm. Pavimento Cobertura Placa de aglomerado madeira / cimento com 12 mm, espaço de ar de 10 cm, placa de aglomerado madeira / cimento com 19 mm, isolamento de poliestireno extrudido (PXS) com 25 cm, camada de óleo de côco com 5 cm, revestimento em lamparquet. Placa de contraplacado com 5 cm, placa de aglomerado madeira / cimento com 12 mm, isolamento de poliestireno extrudido (PXS) com 30 cm. Placa de aglomerado madeira / cimento com 12 mm, espaço de ar de 10 cm, placa de aglomerado madeira / cimento com 19 mm Placa de contraplacado com 5 cm, placa de aglomerado madeira / cimento com 12 mm. PÁGINA 166 Dissertação de Mestrado de Pedro Correia Pereira da Silva

CAPÍTULO 6 Caso de Estudo 2 1 Norte Figura 6.4 Planta, alçado e foto da fachada sul da Célula de Teste tipo Passys. 6.1.2. INSTRUMENTAÇÃO DAS CÉLULAS DE TESTE De forma a avaliar a performance in-situ das Células de Teste, assim como proceder à comparação entre as soluções escolhidas, foi necessário instalar um sistema de medição nas Células de Teste. O sistema de medição pode ser dividido em três componentes base: Estação meteorológica este componente alberga todos os sensores configurados para medir parâmetros climáticos considerados relevantes. Assim, a estação meteorológica (Figura 6.5) é composta por 1 sensor de temperatura e humidade relativa; 1 sensor de velocidade e direcção do vento; 1 sensor de luminosidade; 1 sensor de precipitação. Sistema de medição das Células de Teste - este Figura 6.5 Estação componente alberga todos os sensores meteorológica. configurados para medir parâmetros interiores considerados relevantes. Assim, este sistema é composto por 7 sensores de temperatura interior, um por cada compartimento, onde para os casos do compartimento 1 da CTC e da CTP e os dois compartimentos da CTnC, estes sensores também possuem a capacidade de medir a humidade relativa; 33 Universidade do Minho Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Civil PÁGINA 167

Análise do Comportamento Térmico de Construções não Convencionais através de Simulação em VisualDOE sensores de temperatura superficial, distribuídos pela 3 Células de Teste, como se pode ver na Figura 6.6; 4 sensores de fluxo de calor, parede oeste do compartimento 1 da CTnC, parede sul do compartimento 1 da CTnC, parede oeste do compartimento 2 da CTnC e parede este do compartimento 1 da CTC; 2 sensores de luminosidade, compartimento 1 da CTC e compartimento 2 da CTnC; 2 sensores de fluxo de ar, compartimento 1 da CTC e compartimento 1 da CTnC. Sistema de armazenamento de dados este componente alberga o data-logger (Figura 6.7) com dois multiplexadores (de forma a obter todas as entradas necessárias) e um computador de apoio. Figura 6.6 Planta com a disposição dos sensores de temperatura superficial. Figura 6.7 Data-Logger das Células de Teste. PÁGINA 168 Dissertação de Mestrado de Pedro Correia Pereira da Silva

CAPÍTULO 6 Caso de Estudo Com o sistema de instrumentação em funcionamento foi possível obter os dados necessários de forma a possibilitar a comparação da performance das Células de Teste (estes valores serão apresentados e comentados no Capítulo 7), a obtenção de um ficheiro climático e o cálculo do coeficiente de condutibilidade térmica in-situ de várias paredes, entre outros. 6.2. APLICAÇÃO DO RCCTE AO CASO DE ESTUDO Uma das metodologias utilizadas para proceder à avaliação da performance da Células de Teste foi, como referido anteriormente, o novo Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE). Assim, foi seguida a metodologia apresentada no Capítulo 5, de forma a obter o valor das Necessidades de Aquecimento e as Necessidades de Arrefecimento para a CTC, CTnC e CTP antes e depois da aplicação da estufa na fachada Sul (Figura 6.8). Em termos gerais, para a aplicação do RCCTE a este caso, é necessário identificar o concelho onde foram construídas as Células de Teste Guimarães de forma a conhecer a sua zona climática I2, V2. Figura 6.8 Células de Teste com estufa (foto da esquerda) e sem estufa (foto da direita). Por outro lado, no caso dos parâmetros - Graus-Dia (GD), Energia solar média mensal incidente numa superfície vertical orientada a sul (Gsul) e Temperatura média na estação de Verão (Tm) o valor utilizado não foi o apresentado no Anexo III do RCCTE. Foram utilizado os valores obtidos in-situ, de forma a calcular os parâmetros necessários, de modo a obter como que uma Universidade do Minho Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Civil PÁGINA 169

Análise do Comportamento Térmico de Construções não Convencionais através de Simulação em VisualDOE calibração do modelo, aumentando a precisão da metodologia ao caso de estudo. Adicionalmente, para os casos das paredes instrumentadas com sensores de fluxo de calor, o coeficiente de transmissão térmica foi calculado a partir dos valores de fluxo de calor e temperatura superficial (interior e exterior) das paredes, medidos in-situ, o que irá resultar na utilização dos valores reais do valor U, em vez de valores tabelados. Este procedimento foi baseado na NORMA ASTM C1155 95 (no Anexo II é apresentado o método de cálculo para obtenção do coeficiente de transmissão térmica a partir de valores medidos in-situ ). Com o intuito de tornar o processo de cálculo do coeficiente de transmissão térmica (U) das parede mais célere, foi criada uma folha de cálculo em Excel (Figura 6.9), onde apenas é necessário seleccionar os materiais que compõem as várias camadas da parede, de forma a obter o valor de U, peso específico (útil no cálculo da inércia térmica) e custo energético. Figura 6.9 Folha de cálculo de Excel para obtenção do coeficiente de condutibilidade térmica. PÁGINA 170 Dissertação de Mestrado de Pedro Correia Pereira da Silva

CAPÍTULO 6 Caso de Estudo 6.2.1. CÁLCULO DAS NECESSIDADES DE AQUECIMENTO Para o cálculo das Necessidades de Aquecimento anuais das Células de Teste, o primeiro passo realizado foi a medição do pé-direito e da área útil do pavimento de todas as Células, valores esses apresentados na Tabela 6.3: Tabela 6.3 Área útil e pé-direito das Células de Teste CTC CTnC Área útil de Pavimento [m 2 ] 14.3 18.3 Pé Direito [m] 3.2 2.8 Seguidamente foi necessário obter as perdas térmicas das Células de Teste, através da envolvente exterior, pontes térmicas, pavimento, cobertura, paredes em contacto com áreas não-úteis, envidraçados e renovação do ar, utilizando para tal os valores calculados de U, medindo as áreas das paredes, pavimento, coberturas e envidraçados e medindo o perímetro das pontes térmicas lineares. Os valores das perdas térmicos para cada Célula de Teste são apresentados na Tabela 6.4: Tabela 6.4 Perdas térmicas das Células de Teste no Inverno PERDAS TÉRMICAS (W/ºC) Com Estufa Sem Estufa Com Estufa Sem Estufa Paredes Exteriores 25.1 45.5 14.4 17.6 Pontes Térmicas 0.84 0.96 Pavimento 18.6 21.63 Cobertura 8 20.8 Paredes em contacto com zonas não úteis 25.2 8.91 10.37 7.86 Envidraçados 20.1 22.95 10.3 22.79 Renovação do ar 10.5 9.3 CTnC CTC Posteriormente foi necessário calcular a inércia térmica das Células de Teste a partir dos pesos específicos dos elementos construtivos e obedecendo a regras referidas no Capítulo 5. Para o RCCTE, a inércia térmica do compartimento é utilizada de forma a obter o factor de utilização dos ganhos solares. Assim temos a CTnC e CTC com inércia forte. Universidade do Minho Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Civil PÁGINA 171

Análise do Comportamento Térmico de Construções não Convencionais através de Simulação em VisualDOE Para o cálculo dos ganhos térmicos apenas temos os ganhos solares, pois as Células de Teste não estão apetrechadas com equipamentos eléctricos ou iluminação. Assim, a partir dos valores tabelados apresentados no RCCTE e calculando o factor de sombreamento das várias palas existentes obtiveramse os valores apresentados na Tabela 6.5: Tabela 6.5 Ganhos térmicos das Células de Teste no Inverno Ganhos Solares brutos Factor de utilização Ganhos úteis CTnC S/ Estufa 0.99 1126.1 1137.5 C/ Estufa 0.97 1103.4 CTC S/ Estufa 0.98 1384.0 1412.3 C/ Estufa 0.97 1369.6 Obtendo os valores dos ganhos e perdas térmicas das Células de Teste, foi possível calcular as Necessidades de Aquecimento para cada caso estes valores serão apresentados e comentados no Capítulo 7. 6.2.2. CÁLCULO DAS NECESSIDADES DE ARREFECIMENTO O cálculo das necessidades de arrefecimento é executado de forma semelhante ao das necessidades de aquecimento, ou seja, realizando um balanço entre as perdas e os ganhos térmicos, sendo que neste caso os ganhos aumentam as necessidades. De forma a calcular as perdas térmicas, o procedimento é muito simples, uma vez que os valores das perdas pela envolvente exterior, envidraçados e renovação de ar, foram já previamente calculados aquando das necessidades de aquecimento. A única diferença será a utilização da diferença entre a temperatura de conforto para o Verão (25 ºC) e a temperatura média, ao invés do valor de Graus-Dia. Os valores obtidos são apresentados na Tabela 6.6: Tabela 6.6 Perdas térmicas das Células de Teste no Verão PERDAS TÉRMICAS (kwh) CTnC CTC Com Estufa 773 856 Sem Estufa 1056 1055 PÁGINA 172 Dissertação de Mestrado de Pedro Correia Pereira da Silva

CAPÍTULO 6 Caso de Estudo O passo seguinte será o cálculo dos ganhos térmicos. Nas Células de Teste os ganhos térmicos presentes são os ganhos solares pelos envidraçados (calculados de forma semelhante ao caso de Inverno mas com as tabelas a utilizar adaptadas para o Verão) e os ganhos solares pela envolvente opaca (este caso também é calculado de forma semelhante ao Inverno mas é utilizado um factor de absorção da parede e a radiação solar incidente ao invés de utilizar os Graus-Dia). Aplicando a metodologia apresentada no Capítulo 5, atingiu-se os valores apresentados na Tabela 6.7: Tabela 6.7 Perdas térmicas das Células de Teste no Verão GANHOS TÉRMICOS (kwh) CTnC CTC Ganhos solares Com Sem Com Sem através de: Estufa Estufa Estufa Estufa Envidraçados 786 807 450 582 Envolvente opaca 877 1151 596 638 TOTAIS 1663 1958 1046 1220 Obtendo os valores dos ganhos e perdas térmicas das Células de Teste foi possível calcular as Necessidades de Arrefecimento para cada caso > estes valores serão apresentados e comentados no Capítulo 7. 6.3. APLICAÇÃO DO VISUALDOE AO CASO DE ESTUDO De forma a estudar a performance energética das Células de Teste no VisualDOE, o primeiro passo executado foi a obtenção de um ficheiro climático apropriado ao caso em estudo. Em situações correntes e para as principais cidades de Portugal, existem já vários ficheiros disponíveis na página de Internet do Departamento de Energia dos Estados Unidos (U.S. Department of Energy, 2005), mas para situações experimentais é habitual obter um ficheiro climático com base em parâmetros medidos in-situ. Assim, para este caso de estudo, a partir dos parâmetros medidos pela estação meteorológica das Células de Teste, calcularam-se os parâmetros necessários para obter um ficheiro climático compatível com o VisualDOE, como se pode observar na Tabela 6.8. Mas, atentando para o facto de o ficheiro climático necessário para o VisualDOE ter os parâmetros em unidades IP, enquanto que o sistema Universidade do Minho Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Civil PÁGINA 173

Análise do Comportamento Térmico de Construções não Convencionais através de Simulação em VisualDOE de medição utilizado nas Células de Teste apresenta os parâmetros em unidades SI, foi necessário converter as unidades de todos os parâmetros. A metodologia seguida para obtenção do ficheiro climático está descrita detalhadamente no Anexo I. Tabela 6.8 Parâmetros do ficheiro climático para o VisualDOE. Parâmetros Medidos Calculados a Parâmetros Necessários "In-Situ" partir de: 1) Temperatura Temperatura de bolbo seco 1) 2) Humidade Relativa Temperatura de bolbo húmido 1); 2) 3) Precipitação Razão de humidade 1; 2) 4) Direcção do Vento Entalpia 1); 2) 5) Velocidade do Vento Precipitação 3) 6) Radiação solar total horizontal Direcção do Vento 4) Velocidade do vento 5) Radiação solar total horizontal 6) Radiação solar directa 6) 6.3.1. INTRODUÇÃO DOS DADOS DAS CÉLULAS DE TESTE De forma a possibilitar uma introdução de dados sistemática no VisualDOE, foi necessário inserir nas bases de dados desta ferramenta os elementos existentes nas Células de Teste: Envidraçados vidro simples, vidros duplo e policarbonato; Vãos CTC (1 vão na fachada sul e 2 vãos na fachada norte), CTP (1 vão na fachada sul), CTnC (1 vão na fachada sul e 2 vãos na fachada norte); Materiais de Construção tijolo, aglomerado madeira / cimento, gesso cartonado, fibra de côco, etc; Paredes exteriores parede dupla de tijolo, parede simples de adobe, parede dupla de adobe e aglomerado madeira / cimento com isolamento, etc; Paredes interiores parede simples de tijolo, parede simples de adobe com isolamento, etc; PÁGINA 174 Dissertação de Mestrado de Pedro Correia Pereira da Silva

CAPÍTULO 6 Caso de Estudo Pavimentos CTC, CTP (compartimento 1 e 2), CTnC (compartimento 1 e 2); Coberturas CTC, CTP (compartimento 1 e 2), CTnC (compartimento 1 e 2). Com todas as bases de dados definidas, foi criado um novo projecto no VisualDOE e iniciada a introdução dos dados de forma semelhante à referida no Capítulo 5, preenchendo as várias pastas constituintes da ferramenta: Pasta Projecto aqui foi definido o nome do projecto Células de Teste, e introduzido o ficheiro climático adequado Guimarães04_UM, entre outros aspectos; Pasta blocos nesta pasta foi utilizado o editor de blocos do VisualDOE para definir a planta das Células de Teste e seguidamente foram escolhidos os elementos construtivos para o pavimento, cobertura e paredes interiores, já introduzidos na base de dados. Como os elementos construtivos do pavimento e cobertura das Células de Teste diferem entre os vários compartimentos e o VisualDOE apenas permite escolher 1 cobertura, 1 pavimento e 1 parede interior por bloco, foi necessário editar o ficheiro de Input criado posteriormente pelo VisualDOE (este procedimento é desenvolvido no ponto 6.3.2); Pasta Compartimentos aqui foi definido que os compartimentos 2 e 3 da CTC, o compartimento 2 da CTP e as estufas, são espaços não-úteis. Também foi definido que não existem pessoas, equipamentos e iluminação em nenhum dos compartimentos; Pasta Envolvente nesta pasta foram introduzidos todos os vãos, previamente definidos nas bases de dados do VisualDOE, nas fachadas correspondentes, como se pode observar na Figura 6.10. Seguidamente foi seleccionado o elemento construtivo de cada fachada. Pasta Sistemas de Climatização aqui foi escolhido um sistema de climatização com aquecimento e arrefecimento com capacidade de manter a temperatura nos espaços úteis em 20 ºC, para a estação de aquecimento e 25 ºC, para a estação de arrefecimento; Universidade do Minho Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Civil PÁGINA 175

Análise do Comportamento Térmico de Construções não Convencionais através de Simulação em VisualDOE Pasta Zonas nesta pasta apenas foi necessário escolher a sensibilidade do termóstato 2 ºC. Norte Figura 6.10 Definição da envolvente das Células de Teste. 6.3.2. EXECUÇÃO DA SIMULAÇÃO DAS CÉLULAS DE TESTE Com todos os dados das Células de Teste introduzidos foi executada uma primeira simulação, onde o único intento era a geração de um ficheiro de Input caracterizando as Células de Teste. Assim, para uma maior aproximação do modelo criado à situação real, foram necessárias algumas alterações no ficheiro de Input inicial: Introdução de todos os materiais e elementos construtivos em falta no ficheiro Input. Para se realizar esta tarefa de forma rápida e utilizar as potencialidades do VisualDOE, pode ser executada a simulação várias vezes, alterando os elementos utilizados e copiando os materiais e elementos adicionais para o ficheiro de input, como se pode observar na Figura 6.11; PÁGINA 176 Dissertação de Mestrado de Pedro Correia Pereira da Silva

CAPÍTULO 6 Caso de Estudo Figura 6.11 Adição de materiais no ficheiro de Input do VisualDOE. Alteração dos elementos construtivos das paredes interiores, coberturas e pavimentos. Para tal pode ser utilizado o editor próprio do VisualDOE e alterar directamente o nome da construção utilizado numa primeira instância pelo VisualDOE, pelo elemento realmente utilizado nas Célula de Teste, como se pode observar na Figura 6.12; Figura 6.12 Alteração de elementos construtivos no ficheiro de Input do VisualDOE. Definição de espaços como estufas (este procedimento foi exemplificado no Capítulo 5.2.2); Universidade do Minho Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Civil PÁGINA 177

Análise do Comportamento Térmico de Construções não Convencionais através de Simulação em VisualDOE Alteração da inércia térmica dos compartimentos. Este procedimento pode ser necessário se identificado na calibração algo que possa indicar um problema na inércia térmica calculada automaticamente pelo VisualDOE. Assim, para mudar a inércia térmica do compartimento é necessário modificar o valor apresentado na linha de comandos do ficheiro de Input FLOOR-WEIGHT, do valor zero (neste caso o VisualDOE calcula automaticamente o valor da inércia térmica), para o valor calculado analiticamente, como se pode observar na Figura 6.13. Figura 6.13 Definição da inércia térmica dos compartimentos. 6.3.3. CALIBRAÇÃO DO MODELO DAS CÉLULAS DE TESTE Em qualquer modelo a utilizar nas ferramentas computacionais é necessário proceder sempre à sua calibração, de forma a ajustar, com a maior precisão possível, o modelo à realidade e assim diminuir o erro sistemático do modelo. Como tal, neste caso de estudo também foi executada a calibração do modelo a utilizar nas simulações, a partir de: Utilização de um ficheiro climático que represente as condições climáticas a que as Células de Teste estiveram realmente expostas (apresentado no Anexo II); PÁGINA 178 Dissertação de Mestrado de Pedro Correia Pereira da Silva

CAPÍTULO 6 Caso de Estudo Cálculo do coeficiente de condutibilidade térmica real de algumas paredes exteriores, a partir da medição do fluxo de calor e temperatura superficial das paredes em questão (apresentado no Anexo II); Comparação da temperatura interior dos compartimentos medida in-situ. Com a temperatura calculada pela ferramenta de cálculo e execução dos devidos ajustes, através por exemplo da inércia térmica. A utilização de um ficheiro climático obtido a partir do sistema de medição existente nas Células de Teste vai garantir que a ferramenta de simulação utilize, nos seus cálculos, temperaturas exteriores e intensidades de radiação iguais às que as CT foram expostas. Este facto é muito importante para o aumento da aproximação da simulação ao caso real. A obtenção do coeficiente de condutibilidade térmico in-situ das paredes exteriores também é bastante importante, pois é através destas que se processam uma grande percentagem das trocas de calor entre o interior e o exterior. Como tal, introduzindo no VisualDOE os valores reais de U das paredes exteriores, faz com que a precisão da simulação também aumente significativamente. Por último, o recurso à comparação das temperaturas interiores medidas in-situ com as calculadas pelo VisualDOE, através do modelo realizado, é importante para executar os ajustes finais do modelo e impedir erros significativos. Por exemplo, no caso de estudo, a partir desta comparação foi detectado um problema no cálculo automático da inércia térmica realizado pelo VisualDOE, assim como erros na caracterização geométrica de sombreadores. Estes problemas podem ser observados na Figura 6.14, pois as oscilações de temperatura são amortecidas na simulação do VisualDOE (problemas devido à inércia térmica), assim como a temperatura máxima é bastante inferior na simulação do VisualDOE (problemas na definição dos sombreadores e valor da inércia térmica). Detectados estes problemas, foram sucessivamente corrigidos até se obter uma versão do modelo que, Universidade do Minho Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Civil PÁGINA 179

Análise do Comportamento Térmico de Construções não Convencionais através de Simulação em VisualDOE provavelmente, não possui nenhum erro, como se pode observar na Figura 6.15. Temperatura (ºC) Temperatura (ºC) 24 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 1 4 7 10 13 16 19 22 1 4 7 10 13 16 19 22 1 4 7 10 13 16 19 22 1 4 7 10 Célula Convencional Janeiro "in-situ" VisualDOE_ver1 Figura 6.14 Gráfico comparando a temperatura interior medida in-situ e a obtida pelo VisualDOE na 1ª versão da simulação. 24 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 1 4 7 10 13 16 19 22 1 4 7 10 13 16 19 22 1 4 7 10 13 16 19 22 1 4 7 10 Célula Convencional Janeiro "in-situ" VisualDOE_ver26 Figura 6.15 Gráfico comparando a temperatura interior medida in-situ e a obtida pelo VisualDOE na 26ª versão da simulação. Em qualquer caso, o perfeito ajuste do modelo à realidade será sempre algo intangível, pois as Células de Teste foram utilizadas para várias experiências e sofreram várias obras, que mesmo com a máxima cautela em todas as intervenções, têm alguma repercussão nas temperaturas medidas in-situ. Como não é possível representar estes eventos no modelo, tal resulta em pequenos desvios entre os dados obtidos por simulação e os obtidos in-situ. PÁGINA 180 Dissertação de Mestrado de Pedro Correia Pereira da Silva

CAPÍTULO 6 Caso de Estudo Com o modelo calibrado foram executadas várias simulações, com o intuito de: Calcular o erro com que é possível simular o caso de estudo no VisualDOE; Testar a performance das Células de Teste, com maior ênfase na comparação entre a Célula de Teste Convencional e a Célula de Teste não Convencional; Comparar os resultados atingidos pela metodologia do Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios com os resultados atingidos pelo VisualDOE; Verificar o aumento de eficiência energética que pode ser atingindo com a aplicação de estufas; Os resultados obtidos com as simulações referidos e seus respectivos comentários serão apresentados no Capítulo 7. Universidade do Minho Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Civil PÁGINA 181