UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO. Disciplina: Gestão Econômica e Obras Públicas Versão: 2011



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Transcrição:

UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO Curso: Engenharia Civil Campus: Osasco Disciplina: Gestão Econômica e Obras Públicas Versão: 2011 Sustentabilidade Notas de Aula 1 do Prof. Samir Tanios Hamzo 2 Definição genérica: É um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Propõe-se a ser um meio de configurar a civilização e atividade humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais. A sustentabilidade abrange vários níveis de organização social e política, desde a vizinhança local até o planeta inteiro. Para um empreendimento humano ser considerado sustentável, deve atender quatro requisitos básicos: 1. Ser ecologicamente correto; 2. Ser economicamente viável; 3. Ser socialmente justo e 4. Ser culturalmente aceito. Numa abordagem um pouco mais abrangente, o conceito de Sustentabilidade comporta sete aspectos principais, que se caracterizam por: 1 Este material é orientativo para aula expositiva, sendo o conteúdo meramente conceitual. A simples leitura não dispensa a necessidade de pesquisas e buscas em outras fontes de consulta relacionadas, assim como a presença e a discussão orientada em sala de aula. 2 Engenheiro Civil e Tecnólogo. Especialista em Perícias de Engenharia e Avaliações. Mestre em Habitação 1

Sustentabilidade Social: Resultados na melhoria da qualidade de vida da população, eqüidade na distribuição de renda e de diminuição das diferenças sociais, com participação e organização popular; Sustentabilidade Econômica: Regularização do fluxo de investimentos públicos e privados, compatibilidade entre padrões de produção e consumo, equilíbrio de balanço de pagamento e acesso à ciência e à tecnologia; Sustentabilidade Ecológica: O uso dos recursos naturais deve minimizar danos aos sistemas de sustentação da vida: redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para uma adequada proteção ambiental; Sustentabilidade Cultural: Respeito aos diferentes valores entre os povos e incentivo a processos de mudança que acolham as especificidades locais; Sustentabilidade Espacial: Equilíbrio entre o rural e o urbano, equilíbrio de migrações, desconcentração das metrópoles, adoção de práticas agrícolas mais inteligentes e não agressivas à saúde e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e industrialização descentralizada; Sustentabilidade Política: Evolução da democracia representativa para sistemas descentralizados e participativos, construção de espaços públicos comunitários, maior autonomia dos governos locais e descentralização da gestão de recursos; Sustentabilidade Ambiental: Conservação geográfica, equilíbrio de ecossistemas, erradicação da pobreza e da exclusão, respeito aos direitos humanos e integração social. Esta pode conter todas as dimensões anteriores através de processos complexos. Desenvolvimento Sustentável Deve ser um modelo econômico, político, social, cultural e ambiental equilibrado, que satisfaça as necessidades das gerações atuais, 2

sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades. Esta concepção começou a se formar e rapidamente se difundir conjuntamente ao questionamento do estilo de desenvolvimento adotado, a partir da percepção que este foi e tem sido ecologicamente predatório na utilização dos recursos naturais, socialmente perverso ao favorecer a geração de pobreza e desigualdade social, politicamente injusto com concentração e abuso de poder, culturalmente alienado em relação aos seus próprios valores e eticamente censurável no respeito aos direitos humanos e das demais espécies vivas. O grande marco para o desenvolvimento sustentável mundial foi a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992 (a Rio 92), onde se aprovaram uma série de documentos importantes, dentre os quais a Agenda 21, que consiste num plano de ação mundial para orientar a transformação desenvolvimentista, identificando mais de 115 áreas de ação prioritária. A Agenda 21 se firmou como um dos principais fundamentos da sustentabilidade, fomentando o fortalecimento da democracia e da cidadania, através da participação dos indivíduos no processo de desenvolvimento, combinando ideais de ética, justiça, participação e satisfação de necessidades. O processo iniciado no Rio em 1992 reforça ainda que antes de se reduzir a questão ambiental a argumentos técnicos, deve-se consolidar alianças entre os diversos grupos sociais responsáveis pela catalisação das transformações necessárias. A Engenharia e o Meio Ambiente O desenvolvimento tecnológico é essencial ao conforto e ao bem estar da humanidade. A evolução tecnológica constitui a própria evolução do homem, que, desde que habitava as cavernas, buscava suprir suas deficiências biológicas em suportar diversas circunstâncias, como as variações de clima e do próprio meio ambiente. 3

Não seria exagerado afirmar-se que a essencialidade da tecnologia atinge até a sobrevivência da espécie humana. Não se trata aqui, obviamente, de inovações tecnológicas voltadas ao comodismo e ao luxo, confundidas com aspectos de conforto que podem levar ao prejuízo fisiológico, psíquico ou social. Na verdade são sofisticações dispensáveis, que são inovação simplesmente pela inovação, sem a preocupação das conseqüências secundárias nocivas, que não foram previstas ou foram desprezadas. Ou seja, as inovações não podem criar problemas em outros setores. A Engenharia é a mais criativa das aplicações da ciência, em todas as áreas do conhecimento. Não se resume a edificar, mas completar a natureza de tudo que for necessário para adaptar o homem ao meio ambiente. Por isso existe o íntimo relacionamento das Engenharias com as diversas áreas do conhecimento, como Química, Medicina, Direito e Biologia. Segundo o Institution of Civil Engineers London, fundado em 1818, a Engenharia é A arte de dirigir as grandes fontes de energia da natureza para o uso e conveniência do homem.... Se o entendimento acerca de grandes fontes de energia for recursos naturais, o conceito está plenamente atual e adequado. Porém, o conhecimento técnico não elimina a necessidade de desenvolvimento da habilidade, por parte dos Engenheiros, de tratar dos problemas das relações humanas, compatibilizando a evolução tecnológica com os aspectos ambientais essenciais à sobrevivência e ao bem estar da humanidade. E se a Engenharia não pode, sozinha, resolver as questões humanas e ambientais e o Desenvolvimento Sustentável não depende unicamente da Tecnologia, cada vez mais se torna urgente a mudança cultural e ética, para que a utilização dos recursos naturais e das matérias primas seja a garantia de um futuro de longo prazo. 4

Exercícios: Como o Desenvolvimento Sustentável pode ser fomentado no cenário Brasileiro? A interferência do Estado é necessária? Fontes Bibliográficas: Mantovani, W. Sustentabilidade: Conceitos e aplicações. EACH-USP. Apresentação em Encontro de Gestão. 2010 Branco, S.M.Ecologia :Educação ambiental. CETESB. São Paulo. 1984 Sítios consultados Wikipédia: en.wikipedia.org ICE - Institution of Civil Engineers. www.ice.org.uk Rede de Catalisação da Sustentabilidade: www.catalisa.org.br 5