Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão Secretaria de Gestão Pública Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal Coordenação-Geral de Elaboração, Orientação e Consolidação das Normas NOTA INFORMATIVA Nº 668 /2012/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP Assunto: Auxilio-Reclusão SUMÁRIO EXECUTIVO 1. Provenientes da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas da XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, vem a esta Coordenação-Geral de Elaboração, Orientação e Consolidação das Normas o processo supracitado, para exame acerca do cabimento de pagamento de auxílio-reclusão, bem como a possibilidade de concessão dos benefícios previstos no art. 185 da Lei n.º 8.112, de 1990 à servidora XXXXXXXXXXX Analista XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX. INFORMAÇÕES 2. Inicialmente, cumpre-nos informar que a COGEP/RFB/MF solicitou manifestação da Advocacia-Geral da União 1 sobre a força executória de sentença de condenação criminal, por homicídio qualificado, com pena de XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, da servidora em questão, principalmente no que diz respeito à perda do cargo público, ao cabimento de pagamento de eventual auxílio-reclusão, bem como à possibilidade de concessão de algum tipo de licença à servidora, na hipótese de a opinião da Procuradoria se dar no sentido de manutenção da servidora no cargo. 3. O assunto foi submetido à Consultoria-Jurídica da União no Estado do Rio de Janeiro - CJU-RJ/CGU/AGU 2 para manifestação sobre a exequibilidade da decisão e orientação quanto os efeitos administrativos da sentença criminal proferida nos autos processo oriundo da 2ª Vara Criminal de XXXXXX. 1
4. A CJU-RJ/CGU/AGU manifestou-se a respeito do assunto 3 entendendo que o expediente em questão deveria ser remetido ao competente órgão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão para o exame da matéria, que lhe é afeta. 5. É o relatório. 6. Cabe esclarecer que o auxílio-reclusão está previsto no art. 229 da Lei nº 8.112, de 1990, in verbis: Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão, nos seguintes valores: I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão; II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena que não determine a perda de cargo. 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá direito à integralização da remuneração, desde que absolvido. 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda que condicional. 7. Da leitura do aludido preceito legal, depreende-se que o auxílio-reclusão será devido à família do servidor, a partir do dia em que se der o recolhimento do servidor em estabelecimento prisional, de acordo com a documentação expedida pela autoridade policial, sendo, todavia, necessária a requisição do benefício pelos interessados (dependentes do servidor). 8. Em que pese este entendimento, o artigo 13 da Emenda Constitucional nº 20, de 1998, determinou a edição de lei para disciplinar a concessão do salário-família e auxílio-reclusão para os servidores, segurados e seus dependentes. Assim, até que lei discipline o assunto, o auxílio-reclusão somente poderá ser concedido àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), sendo corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social. Atualmente este valor corresponde à R$ 915,05 (novecentos e quinze reais e cinco centavos), conforme Portaria Interministerial MPS/MF nº 02, de 06 de janeiro de 2012 - D.O.U de 09/01/2012. 3
9. Assim sendo, ocorreram dúvidas quanto à concepção da expressão renda bruta mensal de que trata o supracitado preceito constitucional, em face de divergências de entendimentos constatados na Instrução Normativa SEAP Nº 05, de 28/04/99, que atribui como referencial a renda do servidor, e aquele firmado pelo PARECER/MP/CONJUR/SMM/Nº 0390-3.21/2008, que defende como parâmetro, a renda de seus dependentes. 10. Sobre o assunto, em 25 de março de 2009, o Supremo Tribunal Federal conheceu e deu provimento ao Recurso Extraordinário nº 587.365-0 - Santa Catarina, interposto pelo Instituto Nacional de Previdência Social INSS contra Acórdão proferido pela Segunda Turma Recursal da Seção Judiciária daquele Estado, que defendia a premissa de utilização da renda bruta auferida pelos dependentes, para efeitos de concessão do benefício. 11. Por conseguinte, o Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais, da então Secretaria de Recursos Humanos exarou a Nota Técnica nº 430/2009/COGES/DENOP/SRH/MP, disponível no sítio https://conlegis.planejamento.gov.br sinalizando no sentido de se utilizar como parâmetro para o pagamento do beneficio, a renda bruta do servidor, conforme se observa na transcrição abaixo: 8. Finalmente a matéria foi pacificada pelo Supremo Tribunal Federal que em 25 de março de 2009, reconheceu e deu provimento ao Recurso Extraordinário nº 587.365-0 - Santa Catarina, interposto pelo Instituto Nacional de Previdência Social INSS contra Acórdão proferido pela Segunda Turma Recursal da Seção Judiciária daquele Estado, que defendia a premissa de utilização da renda bruta auferida pelos dependentes para efeitos de concessão do benefício. 9. Desta forma, considerando tratar-se de interpretação de matéria constitucional, competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, qualquer outro entendimento divergente daquele defendido por aquela Suprema Corte torna-se insubsistente, incluindo-se o citado Parecer CONJUR/MP nº 0390/2008, prevalecendo para efeitos de mensuração de renda bruta previsto no art. 13 da EC nº 20, a remuneração do servidor preso e não a dos seus dependentes. 12. Instada a se manifestar, a Consultoria Jurídica deste Ministério, mediante o PARECER/MP/CONJUR/ICN/Nº 0556-3.21/2010, pronunciou-se pela aplicação da decisão proferida pelo Superior Tribunal Federal, devendo-se considerar a renda do servidor como parâmetro para efeitos de concessão do auxílio-reclusão.
13. No tocante à possibilidade de concessão de alguma licença à servidora em apreço, oportuno transcrever o disposto na Lei n.º 8.112, de 1990: Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes finalidades: I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e reclusão; (...) Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor compreendem: I - quanto ao servidor: a) aposentadoria; b) auxílio-natalidade; c) salário-família; d) licença para tratamento de saúde; e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; f) licença por acidente em serviço; g) assistência à saúde; h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias; 14. Registre-se que em face da servidora encontrar-se reclusa, o vínculo com o Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos - RPPS foi suspenso, uma vez que a interessada não contribui para o Plano de Seguridade Social do Servidor Público - PSS, razão pela qual encontra-se temporariamente impedida de fazer jus aos benefícios elencados no art. 185 da Lei n.º 8.112, de 1990. Esse entendimento pode ser colhido do teor da Nota Técnica n.º 5/2012/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP, disponível no sítio https://conlegis.planejamento.gov.br. 15. Diante do exposto, sugere-se que os autos sejam encaminhados à Coordenação- Geral de Gestão de Pessoas da XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, para que, de posse das informações postas se manifeste acerca da matéria em foco. À consideração superior. Brasília, 04 de Setembro de 2012. RAIMUNDO BELARMINO COSTA Matrícula SIAPE n.º 1052423 De acordo. à consideração superior. TEOMAIR CORREIA DE OLIVEIRA Chefe da DIPVS Brasília, 04 de Setembro de 2012.
ANA CRISTINA SÁ TELES D ÁVILA Coordenadora-Geral de Elaboração, Orientação e Consolidação das Normas Aprovo. Encaminhe-se os autos à Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas da XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, com cópia à COGEP/SPOA/MF, conforme proposto. Brasília, 05 de Setembro de 2012. ROGÉRIO XAVIER ROCHA Diretor do Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal - Substituto