DECRETO Nº 6277, DE 01º DE DEZEMBRO DE 2009. REGULAMENTA O PLANO INTEGRADO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DO MUNICÍPIO DE SÃO LEOPOLDO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. O PREFEITO MUNICIPAL DE SÃO LEOPOLDO, no uso das atribuições que lhe confere o art. 152, da Lei Orgânica do Município, DECRETA: CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1º Este Decreto regulamenta os arts. 303, 304 e 305, da Lei Municipal nº 6.463, de 17 de Dezembro de 2007, sendo o art. 304 alterado pela Lei Municipal nº 6.879 de 05 de maio de 2009. Art. 2º Para efeitos deste Decreto ficam estabelecidos os seguintes conceitos: I - áreas ou unidades de recebimento, tratamento e destinação de resíduos: como áreas destinadas ao recebimento, beneficiamento ou à disposição final de resíduos; II - beneficiamento ou tratamento: como o ato de submeter um resíduo a operações e/ou processos que objetivem dotá-los de condições que permitam seu reaproveitamento como matéria-prima ou produto; III - cadastramento de resíduos: como o sistema de registro, controle e organização cadastral de entrada e recebimento dos resíduos nas unidades de recebimento tratamento de resíduos da construção, demolição e extradomiciliares, bem como controle da destinação final destes resíduos, integrante do cadastro da Prefeitura Municipal de São Leopoldo para a gestão dos resíduos sólidos e do Programa Interno de Gerenciamento de Resíduos Sólidos - PROGIRS; IV - contaminantes: como as substâncias e materiais pertencentes às Classes C e D, segundo a classificação contida na Resolução CONAMA nº 307 de 5 de julho de 2002, e da Resolução CONAMA nº 348 de 16 de agosto de 2004, ou quaisquer outros resíduos perigosos Classe I, ou resíduos não inertes Classe II-A, segundo norma NBR 10.004, 2ª ed., de 31 de maio de 2004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. V - geradores: como as pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos definidos segundo a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002 e da Resolução CONAMA nº 348 de 16 de agosto de 2004; VI - grandes geradores: como os geradores de Resíduos da Construção, Demolição e Extradomiciliares que gerem quantidade superior a 1m³ (hum metro cúbico), deste tipo de resíduos, por mês; VII - gerenciamento de resíduos: como o sistema de gestão que visa a reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos que sobre eles versem; VIII - obras de infraestrutura: como aquelas relativas às obras de estruturação das redes viárias, redes de água, energia elétrica, saneamento, telefonia, sistemas de informação e transmissão de dados e transporte de combustíveis; IX - pequenos geradores: como os geradores de Resíduos da Construção, Demolição e Extradomiciliares que gerem quantidade igual ou inferior a 1m³ (hum metro cúbico), deste tipo de resíduos, por mês; X - resíduo de construção e demolição: como os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições
de obras de construção civil, além dos resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha; XI - reciclagem: como o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação; XII - reutilização: como o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo; XII - transportadores: como as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação; CAPÍTULO II DAS DIRETRIZES E PROCEDIMENTOS Art. 3º O Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil é composto do Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e dos Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. Art. 5º Visando à gestão, o correto tratamento e a correta destinação final dos resíduos, ficam criadas as unidades de recebimento, tratamento e destinação de resíduos da construção, demolição e extradomiciliares, que passam a integrar o sistema público de gestão de resíduos e limpeza urbana, com a seguinte organização: I - centrais de recebimento e tratamento de resíduos: como as áreas destinadas ao recebimento de resíduos da construção civil, resíduos volumosos e extradomiciliares, para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados, eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente; II - entreposto de recebimento e tratamento de resíduos: como a área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos, destinada a entrega voluntária de pequenas quantidades, possibilitando eventual para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados, devendo haver posterior remoção para destinação adequada, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente; III - áreas ou ponto de entrega de pequenos volumes: como a área de transbordo e triagem de pequeno porte, destinada a entrega voluntária de pequenas quantidades de resíduos de construção civil, resíduos volumosos, extradomiciliares e outros; IV - aterro de resíduos da construção civil e demolição: como a área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo, visando à reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente; CAPÍTULO III DAS TARIFAS DE GERENCIAMENTO E DA DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS Art. 6º A tarifa, de que trata o art. 304 da Lei Municipal nº 6.463, de 17 de dezembro de 2007 com redação dada pela Lei Municipal nº 6.879 de 05 de maio de 2009, será depositada na conta do Fundo Municipal de Defesa do Meio Ambiente do município de São Leopoldo - FUNDEMA, será cobrada de quem acessar o sistema ora implantado e, assim, é estabelecida:
I - 15 (quinze) Unidades Padrão Municipal (UPM`s) por caçamba metálica padrão, utilizada pelos transportadores de resíduos, nos veículos tipo poliguindaste, ou por carga equivalente a 5m3 (cinco metros cúbicos) entregue em uma das unidades indicadas pela Prefeitura Municipal. II - 3 (três) Unidades Padrão Municipal (UPM`s) por m³ (metro cúbico) que ultrapassar o volume estabelecido no inciso I e parágrafo único deste artigo. Parágrafo Único - Estarão isentas da tarifa as cargas com volume inferior ou igual a 1m³ (um metro cúbico), entregues em um prazo não inferior a um mês, desde que o transporte dos resíduos seja realizado pelo gerador ou designado responsável, entregues nas unidades indicadas pela municipalidade. Art. 7º As cargas referidas, no artigo anterior, deverão ser entregues segregadas, de acordo com as tipologias de resíduos constantes na Resolução CONAMA nº 307 de 5 de julho de 2002 e Resolução CONAMA nº 348 de 16 de agosto de 2004. Parágrafo Único - Não serão aceitas as cargas que contiverem contaminantes e resíduos classificados como perigosos ou para os quais não exista tecnologia adequada, visando ao seu reaproveitamento ou reciclagem, sendo aceitas somente as classificadas como Classes A e B, segundo as referidas Resoluções do CONAMA. Art. 8º A destinação final dos resíduos, dispostos nas unidades de tratamento e nos entrepostos de resíduos, ocorrerá de maneira ambientalmente adequada e seguindo os preceitos deste Decreto e da legislação ambiental vigente e será de responsabilidade do Município de São Leopoldo. Art. 9º Os resíduos da construção civil e demolição, bem como os resíduos extradomiciliares deverão ser classificados e destinados conforme a Resolução CONAMA nº 307 de 5 de julho de 2002 e Resolução CONAMA nº 348 de 16 de agosto de 2004 das seguintes formas: I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou direto como sub-base em obras de infra-estrutura, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura; II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura; III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas especificas; IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas especificas. CAPÍTULO IV DO PROGRAMA INTEGRADO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Art. 10 Estão sujeitos ao Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil todos que gerarem ou descartarem qualquer quantidade de resíduos da construção civil, Classes A, B, C e D, segundo a Resolução CONAMA nº 307 de 5 de julho de 2002 e da Resolução CONAMA nº 348 de 16 de agosto de 2004. Art. 11 O recolhimento da tarifa, para os grandes volumes, será feito mediante a emissão de Documento de Arrecadação Municipal (DARM), a ser emitida pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente SEMMAM. Art. 12 Após o recolhimento do valor constante no Documento de Arrecadação Municipal (DARM), o gerador ou transportador estará apto a depositar nas unidades indicadas pela Prefeitura Municipal, mediante apresentação do comprovante de pagamento.
Art. 13 A entrega dos resíduos será feita mediante o cadastramento do gerador, onde será identificado o nome e o endereço do gerador, a procedência, a quantidade e tipologia do resíduo. CAPÍTULO V DO PROJETO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Art. 14 Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil serão elaborados e implementados pelos geradores, enquadrados da seguinte forma: I - os novos empreendimentos ou obras residenciais e comerciais, públicos ou privados, iguais ou superiores a 300m2 (trezentos metros quadrados) de área construída; II - os novos empreendimentos ou obras industriais, públicas ou privadas, iguais ou superiores a 500m2 (quinhentos metros quadrados) de área construída; III - os empreendimentos ou obras de reformas residenciais comerciais e industriais, públicos ou privados, iguais ou superiores a 200m2 (duzentos metros quadrados) de área construída; IV - todos os empreendimentos de loteamentos habitacionais ou industriais, públicas ou privadas; V - todas de obras de infraestrutura, públicas ou privadas; VI - todas as atividades de demolições, públicas ou privadas. Art. 15 O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de atividades e empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, deverá ser analisado dentro do processo de licenciamento, junto ao órgão ambiental municipal competente. Parágrafo Único - O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de atividades não enquadradas como objeto de licenciamento ambiental, segundo a legislação ambiental, vigente deve ser encaminhado a Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMAM e pode ser entregue, em protocolo único, juntamente com a documentação apresentada para obtenção da aprovação do projeto arquitetônico das obras ou empreendimentos. Art. 16 O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil será realizado conforme Termo de Referência, modelo ou formulário elaborado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMMAM), formalizado através de Portaria ou Ordem de Serviço, devendo contemplar, no mínimo, as seguintes etapas: I - identificação: dados de identificação, tamanho, localização e responsabilidade do empreendimento ou atividade; II - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos; III - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos estabelecidas na Resolução CONAMA nº 307 de 5 de julho de 2002; IV - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que sejam possíveis, as condições de reutilização e de reciclagem; V - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;
VI - destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido na Resolução CONAMA nº 307 de 5 de julho de 2002. Art. 17 Fica estabelecido o prazo de seis (6) meses, a contar da data da publicação do presente Decreto, para que os geradores incluam os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil nos projetos de obras a serem submetidos à aprovação. Art. 18 Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Art. 19 Revogam-se as disposições em contrário. Prefeitura Municipal de São Leopoldo, 1º de dezembro de 2009. ARY JOSÉ VANAZZI PREFEITO ANEXO