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Transcrição:

DESPACHO Vistos etc. Considerando que o crédito discutido nos presentes autos decorre de execução trabalhista; Considerando que a finalidade precípua do processo de execução é a satisfação do título judicial, cabendo a este Juízo velar pela rápida solução do litígio, atendendo ainda aos princípios da celeridade e economia processual (CLT, art. 125,II); Considerando que a executada não foi encontrada e a penhora on line do crédito não surtiu efeito desejado e que na sentença restou incontroverso o direito do autor ao recebimento de suas verbas de natureza alimentar; Considerando que no caso em vertente, após o início do procedimento executório, o oficial de Justiça certificou que ao se dirigir ao endereço da executada J. VIEIRA DE FREITAS ME na "AV. TARUMÃ, 946, PRAÇA 14 DE JANEIRO, MANAUS" foi informado que há quatro meses, contados da diligência, a executada mudou-se e que atualmente se encontrava estabelecida naquele endereço a empresa HOME- VILIGÂNCIA E SEGURANÇA LTDA"; Considerando por fim a existência de novos convênios para busca de bens e localização do devedor, realizei novas diligências. Das diligências realizadas por este Juízo junto ao BACEN CSS - Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional foram constatas diversas relações financeiras com as empresas HOME-VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA - ME e K.C. MARTINS DE SOUZA SERVIÇOS - ME.

E mais, consta no Cadastro de Pessoa Jurídica - CNPJ dentre as atividades econômicas das empresas mencionadas a "atividades de monitoramento de sistemas de segurança eletrônica", ou seja, possuem a mesma atividade econômica da realizada pela executada e por "coincidência" estão localizadas no mesmo endereço comercial;

Há em todas as empresas a participação do Sr. JEFFERSON VIEIRA DE FREITAS, proprietário da executada, como um dos gestores financeiros, o que revela se tratar de fraude para induzir a erro o Juízo, como efetivamente ocorreu quando da diligência realizada pelo Sr. Oficial de Justiça. As imagens abaixo traduzem a fraude intentada pela executada, senão vejamos: Pela empresa J. Vieira são gestores financeiros atuando por procuração as pessoas, conforme demonstram as imagens abaixo:

procuração: Pela Home Vigilância e Segurança são gestores financeiros atuando por

Pela empresa K.C. Martins de Souza Serviços ME são gestores financeiros atuando por procuração: Tal situação se amolda ao conceito doutrinário de despersonalização da pessoa jurídica, em que, nos termos do art. 9, 10, 448 e 468 da CLT, a mudança de sócio, alteração da estrutura jurídica societária ou do tipo de sociedade, a transferência do fundo de comércio e qualquer outro ato neste sentido, não trarão prejuízos aos contratos de trabalho. Assim todas as empresas acima mencionadas, mesmo cada uma delas tendo personalidade jurídica própria, tornam-se responsáveis, e serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis, o que autoriza a inclusão das empresas HOME-VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA - ME e K.C. MARTINS DE SOUZA SERVIÇOS - ME no polo passivo da presente execução. Ainda considerando as informações oriundas do BACEN CSS, toda vez que a pessoa jurídica for utilizada como meio de obtenção de vantagens indevidas, em detrimento do direito de terceiros, neste caso o empregado, e não tiver patrimônio suficiente para responder pelos prejuízos causados, a pessoa jurídica não poderá mas servir-se da proteção e segurança da separação patrimonial entre a pessoa jurídica e a de seus sócios. Privilégio até então resguardado por lei. Nessa senda, a situação especial do ocorrido neste processo e a fim de se entregar a completa prestação jurisdicional se torna imprescindível a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, por entender que não será uma simples ficção jurídica ou formalidade, razão bastante e suficiente para permitir que haja descumprimento dessas obrigações, com o advento do Código de Defesa do Consumidor, em 1990, como pode ser visto em seu art. 28 Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder,

infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. (...) 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. No mesmo sentido o artigo 50 do Código Civil, in verbis: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócio da pessoa jurídica. O abuso da personalidade jurídica das empresas e seus sócios ficou evidente, caracterizado, assim, o desvio de finalidade, o que viabiliza a inclusão no polo passivo da presente execução também dos sócios e os demais gestores financeiros que atuam por meio de procurações, culminando na responsabilidade solidária pelo pagamento do débito trabalhista, nos termos do artigo 942 do Código Civil, quais sejam: JEFFERSON VIEIRA DE FREITAS; RAIMUNDO LIMA DOS REIS, RONNE ELSON DA SILVA SOUZA, FABIO REZENDE DE CAVALHO, ALTAMIRO MEDEIROS BOTELHO, ERVERLAN ORAN BARROS DE MENEZES. Diante do exposto, determino a inclusão no polo passivo da presente execução as empresas J. VIEIRA DE FREITAS - ME, HOME-VIGILÂNCIA E SEGURANÇA LTDA - ME e K.C. MARTINS DE SOUZA SERVIÇOS - ME, juntamente com os seus sócios JEFFERSON VIEIRA DE FREITAS, RAIMUNDO LIMA DOS REIS, RONNE ELSON DA SILVA SOUZA, FABIO REZENDE DE CAVALHO, ALTAMIRO MEDEIROS BOTELHO, ERVERLAN ORAN BARROS DE MENEZES, todos responsáveis solidariamente pelos créditos trabalhistas devidos neste autos do processo. Por fim, com a finalidade de assegurar a efetividade da determinação supra e constatada a insuficiência de patrimônio da empresa, com fulcro no art. 765, da CLT

(especialmente: ampla liberdade na condução do processo, quaisquer medidas e velar pela rápida duração das causas, sendo que rapidez ainda não ocorreu), no art. 878, da CLT (impulso de ofício da execução), no art. 889, da CLT (cobrança dos executivos fiscais), art. 30, da Lei 6.830/80, no art. 185-A, do Código Tributário Nacional e ESPECIALMENTE com 798 do CPC (constrição cautelar de ofício), determino a constrição cautelar do patrimônio das executadas, sucessivamente, (evitando-se excesso de execução), inclusive por meio do convênio com o BACENJUD e RENAJUD, antes da citação dos sócios a serem incluídos no polo passivo. Após, conclusos. Manaus, 16 de outubro de 2015 EDNA MARIA FERNANDES BARBOSA Juíza Titular da 7ª VTM