MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM S I G I L O S O



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Transcrição:

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM S I G I L O S O EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE Carta de Sentença n. ----/---- O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Procurador da República que esta subscreve, por delegação da PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA, na qualidade de Instituição Intermediária, no interesse da pessoa de na qualidade de Instituição Intermediária, no interesse da pessoa de NOME, nacionalidade, profissão, estado civil, data de nascimento, vem, muito respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS (EXECUÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA), por força do disposto no artigo VI, da Convenção de Nova Iorque sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro, promulgada pelo Decreto nº 56.826/65, c.c. a Lei nº 5.478, de 25.07.68, em face de NOME, nacionalidade, profissão, estado civil, data de nascimento, endereço pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

I- DA CONVENÇÃO DE NOVA YORK A Convenção Sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro (denominada Convenção de Nova York CNY) foi celebrada em Nova York, em 20 de junho de 1956, tendo o Brasil manifestado sua adesão em 31 de dezembro daquele ano. A referida Convenção foi aprovada, em solo pátrio, pelo Decreto Legislativo n.º 10, de 13 de novembro de 1958, e promulgada pelo Decreto n.º 56.826, de 2 de setembro de 1965. O Governo brasileiro designou, à época, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal, em Brasília, para exercer as funções de autoridade remetente e de instituição intermediária, previstas no artigo II da referida Convenção. Posteriormente, a Lei n.º 5.478/68, em seu art. 26, fixou a competência do juízo federal da capital da Unidade Federativa Brasileira em que reside o devedor para as ações de alimentos decorrentes da aplicação do Decreto Legislativo n.º 10/58 e Decreto n.º 56.826/65, designando também nesse mesmo dispositivo legal, como instituição intermediária, a Procuradoria-Geral da República (PGR), com sede em Brasília/DF. Como é cediço, na hipótese de prestação de alimentos decorrente de sentença estrangeira, torna-se necessária a homologação da decisão que obrigou ao pagamento de prestações alimentares, sendo a Procuradoria-Geral da República, nesse caso, denominada instituição remetente. Eis que, no presente caso, em razão de o devedor de alimentos se encontrar domiciliado no Brasil e o credor se encontrar domiciliado em PAÍS, cumpre à Procuradoria-Geral da República (como instituição intermediária), com base na documentação recebida do exterior, propor a ação de execução perante o Juízo Federal de residência do devedor (à luz do artigo 26 da Lei n.º 5.478/1968). Imperioso destacar que, no caso em exame, a Procuradoria-Geral da República, por meio do Ofício n (digitalização em anexo) delegou a esta Procuradoria da República no Estado de (PR/ ) os poderes de instituição intermediária, razão pela qual encontra-se esta PR/ devidamente autorizada para a propositura da presente ação de execução de alimentos. 2

Nesse diapasão, uma vez explicitado o contexto de inserção da Convenção de Nova York no ordenamento jurídico pátrio e a legitimidade desta Procuradoria da República no Estado de para a propositura da presente ação de execução, cumpre destacar o objeto do referido instrumento normativo internacional, o qual se encontra delineado no artigo I, item 1, da CNY, no verbo: Artigo I Objeto de Convenção 1. A presente Convenção tem como objeto facilitar a uma pessoa, doravante designada como demandante, que se encontra no território de uma das Partes Contratantes, a obtenção de alimentos aos quais pretende ter direito por parte de outra pessoa, doravante designada como demandado, que se encontra sob a jurisdição de outra Parte Contratante. Os organismos utilizados para este fim são doravante designados como Autoridades Remetentes e Instituições Intermediárias. Daí que, sendo a demandante domiciliada em PAÍS e o demandado domiciliado no Brasil, com base na Convenção de Nova York (CNY), cabe a esta PR/ exercer os poderes de instituição intermediária, dando início à ação de execução alimentar, conforme preceitua o artigo VI, item 1, da CNY: Artigo VI Funções da Instituição Intermediária 1. A Instituição Intermediária, atuando dentro dos limites dos poderes conferidos pelo demandante, tomará, em nome deste, quaisquer medidas apropriadas para assegurar a prestação de alimentos. Ela poderá, igualmente, transigir e, quando necessário, iniciar e prosseguir uma ação alimentar e fazer executar qualquer sentença, decisão ou outro ato judiciário' (grifou-se). Destarte, diante da incorporação da Convenção de Nova York ao ordenamento jurídico brasileiro, e, considerando, na espécie, o exercício dos poderes/deveres de instituição intermediária, esta Procuradoria da República propõe a presente ação de execução de alimentos em razão da situação fática mais adiante aduzida. 3

II DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA (SE COUBER) Considerando o fato de que a demandante não possui condições de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio e o de sua família, conforme devidamente assentado em fls. dos autos originários, atestando-se que a requerente não trabalha e não recebe qualquer subsídio da Segurança Social (por exemplo), requer-se, em favor da demandante, o benefício da gratuidade da justiça, nos termos do art. 1º, 2º e 3º, da Lei n.º 5.478/68 e do art. 4º da Lei n.º 1.060/50 c/c o art. IX da Convenção de Nova York. III DA SITUAÇÃO FÁTICA O JUÍZO ESTRANGEIRO, por intermédio da decisão de fls. / (Certidão de fls. ), homologou o acordo realizado entre as partes, sendo que, quanto à prestação de alimentos, pelo demandado em favor da demandante, estabeleceu-se o pagamento mensal de (valor e moeda), da seguinte forma: a) mediante o envio da quantia de (valor e moeda) que corresponde a (fonte de renda do demandado); e b) mediante o envio mensal de (valor e moeda), por transferência bancária para conta corrente específica identificada nos autos. A questão é que a pensão mensal de (valor e moeda) não vem sendo paga, cabendo destacar que a quantia foi fixada para garantir os pagamentos necessários com a moradia da demandante (de acordo com disposição constante da sentença/do acordo). A Procuradoria-Geral da República requereu, então, a homologação da decisão do JUÍZO ESTRANGEIRO, competência essa atribuída no Brasil, pela Constituição da República (art. 105, inciso I, alínea i ), ao Colendo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que foi deferido (fls. ), com o trânsito em julgado devidamente certificado nos autos respectivos (fls. ). 4

Via de consequência, a fim de se evitar prejuízo ao sustento da demandante NOME, visto que o demandado está em franca inadimplência, o Ministério Público Federal propõe a presente ação visando ao recebimento das prestações alimentares devidas pelo cônjuge homem. Com efeito, deve o requerido NOME fornecer à demandante os meios de que necessita para viver de modo compatível com a sua condição social, mediante o pagamento mensal de quantia equivalente a (valor e moeda), a título de alimentos 1, valor esse que foi fixado pelo JUÍZO ESTRANGEIRO. IV - DAS DISPOSIÇÕES LEGAIS PERTINENTES À EXECUÇÃO DA SENTENÇA ESTRANGEIRA Outrossim, acerca da sentença proferida em país estrangeiro a ser executada no Brasil, dispõe o artigo 484 do Código de Processo Civil: Art. 484 - A execução far-se-á por carta de sentença extraída dos autos da homologação e obedecerá às regras estabelecidas para a execução da sentença nacional da mesma natureza. (grifos não originais) A execução de prestação alimentícia é espécie de execução contra devedor solvente sujeita ao regime especial estabelecido pelos arts. 732 a 735 do Código de Processo Civil. Com efeito, determina o artigo 732 do Código de Processo Civil: Art. 732. A execução de sentença, que condena ao pagamento da prestação alimentícia, far-se-á conforme disposto no Capítulo IV deste Título. O referido dispositivo faz menção à execução por quantia certa contra devedor solvente. Dessa forma, o executado deverá ser citado para pagar ou oferecer bens à penhora. Caso não seja encontrado, determina o CPC que ocorra a penhora de tantos bens quanto bastem para satisfazer o crédito em exame. 1 A vedação de pagamento de obrigações em moeda estrangeira, prevista no Decreto-lei n.º 857/69, é ressalvada quando o credor é pessoa residente e domiciliada no exterior (art. 2, IV), como é o caso presente. 5

Por sua vez, o artigo 733 do mesmo diploma legal, estabelece que: Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em três dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. 1º Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de um a três meses. Considerando que esse procedimento pode ser observado para a execução de prestações vencidas nos últimos três meses, bem como que existem prestações que se venceram em períodos anteriores aos mencionados, entende o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL que é admissível a cumulação dos procedimentos de execução, haja vista que se afiguram compatíveis. Outro não é o entendimento da doutrina: O procedimento determinado por esse artigo apenas poderá ser obedecido para a execução das prestações alimentícias vencidas nos últimos três meses. Caso o exequente proponha execução com pedido de prisão para as obrigações vencidas há mais de três meses, poderá o juiz determinar o aditamento da petição inicial para que a exequente esclareça qual o procedimento que pretende adotar (art. 732 ou art. 733) ou mesmo cindir os procedimentos, determinando a citação (I) para no prazo de três dias efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo em relação às prestações vencidas nos últimos três meses e (II) para pagamento em 24 horas sob pena de penhora para as prestações vencidas e não pagas 2. (grifos não originais) Em linha de princípio, doutrina e jurisprudência admitem a incidência do procedimento previsto no art. 733, CPC, quando se trata de execução referente às últimas três prestações, com cobrança da 'dívida pretérita' pelo rito do art. 732, CPC (execução por quantia certa)... (RSTJ 138/200). No mesmo sentido: STJ-RJTJERGS 143/122, JTJ 259/25 3 2 MARCATO, Antonio Carlos. Código de Processo Civil Interpretado, São Paulo: Atlas, 2004, p. 2063. 3 NEGRÃO, Theotonio. Código de Processo Civil e legislação processual em vigor, São Paulo: Saraiva, 2007, p.885 6

Logo, requer-se a execução das prestações alimentares, referente à decisão judicial homologada pelo Superior Tribunal de Justiça STJ, no valor mensal de (valor e moeda), referente ao período de, nos termos dos cálculos apresentados pelo setor competente deste MPF (Parecer Técnico n.º digitalização em anexo), totalizando R$ valor (valor por extenso), equivalente a (valor em moeda estrangeira), descontando-se os valores porventura já pagos. Outrossim, pugna-se pela execução, dos valores referentes ao período de a, no importe de R$ valor (valor por extenso) equivalente a (valor em moeda estrangeira), no rito do artigo 732 do CPC; e a execução da pensão alimentícia, referente às parcelas relativas ao período de, num total de R$ valor (valor por extenso) equivalente a (valor em moeda estrangeira), no rito do artigo 733, 1, do CPC. V - DO PEDIDO Ante o exposto, o Ministério Público Federal requer: 1) A citação de NOME DO DEVEDOR para que, no prazo de três dias, efetue o pagamento das prestações vincendas, bem como para que efetue o pagamento das prestações relativas aos meses de, num total de R$ (valor) (valor por extenso); em caso de não provar que fez o pagamento ou justificar o inadimplemento, no prazo de três dias, seja decretada a sua prisão, nos termos do artigo 733, 1º, do CPC; 2) A citação de NOME DO DEVEDOR para que, no prazo de três dias, efetue o pagamento das prestações devidas de, no importe de R$ valor (valor por extenso), prove que o fez ou nomeie bens à penhora, sendo que, em caso de descumprimento, seja expedido ofício ao BACEN, determinando-se a penhora on line do valor devido para satisfação do crédito alimentar (art. 659 e 655, I, ambos do CPC), nos exatos termos do artigo 732, do CPC; 3) que o depósito do montante devido seja efetuado na conta (REFERÊNCIAS BANCÁRIAS INTERNACIONAIS: IBAN E BIC/CÓDIGO SWIFT); custas e honorários advocatícios; 4) A condenação de NOME DO DEVEDOR no pagamento das 7

5) Requer, ainda, que Vossa Excelência autorize o DD. Oficial de Justiça a proceder, se necessário, na forma do art. 172, 2º, do CPC; 6) Requer, também, oficie-se (por intermédio de correspondência eletrônica) ao NOME DO JUÍZO ESTRANGEIRO, via autoridade diplomática, a fim de que informem todos os eventuais pagamentos efetuados pelo executado a título de pensão alimentícia. Dá-se a causa o valor de R$ valor (valor por extenso). Local e data. NOME CARGO 8