REGISTRO DE LEUCISMO EM CARDEAL Paroaria coronata (MILLER, 1776) NO SUL DO BRASIL

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Transcrição:

REGISTRO DE LEUCISMO EM CARDEAL Paroaria coronata (MILLER, 1776) NO SUL DO BRASIL Luiz Liberato Costa Corrêa 1,2 Darliane Evangelho Silva 1,2 Noeli Juarez Ferla 1 André Luís da Rosa Seixas 2,3 Stefan Vilges de Oliveira 2,4 RESUMO O estudo apresenta um caso de leucismo em Cardeal Paroaria coronata (Miller, 1776) (Passeriformes: Thraupidae), no Município de São Sepé, região central do estado do Rio Grande do Sul. O espécime apresentou íris, penas, plumas, bico e tarsos despigmentados, enquanto que o topete tinha cor vermelho-vivo, semelhante à coloração original da espécie. Palavras-chave: Paroaria coronata, passeriformes, plumagem, Rio Grande do Sul, Thraupidae ABSTRACT Record of a leucism on red-crested cardinal Paroaria coronata (Passeriformes: Thraupidae) in southern Brazil. This study reports a leucism case on Cardinal Paroaria coronata (Miller, 1776) (Passeriformes: Thraupidae) in municipality of São Sepé, Central Region of Rio Grande do Sul state, Brazil. The specimen had depigmentediris, feathers, beak andtarsi, while bright-red tuft like to original color of the species. Key words: Paroaria coronata, passeriformes, plumage, Rio Grande do Sul, Thraupidae 1 PPG em Ambiente e Desenvolvimento, Centro Universitário UNIVATES, Lajeado RS, Brasil. E-mail para correspondência: lc_correa@yahoo.com.br 2 Organização Não Governamental Interação de Trabalhos Ambientais Caçapava do Sul RS, Brasil. 3 PPG em Ciências Fisiológicas, Universidade Federal do Rio Grande, Campus Carreiros, Rio Grande RS, Brasil. 4 PPG em Medicina Tropical, Epidemiologia das Doenças Infecciosas e Parasitárias Núcleo de Medicina Tropical, Universidade de Brasília, Brasília DF, Brasil.

74 Corrêa, Luiz Liberato Costa et al. INTRODUÇÃO O leucismo é uma anomalia genética atribuída a alelos mutantes (Bensch et al., 2000). Em aves, é caracterizado pela ausência de melanina, seja esta parcial ou em todas as penas (Bensch et al., 2000; Tizón et al., 2008). Em algumas aves com essa mutação, há diminuição da pigmentação do bico, pernas e partes dos olhos (Van Grouw, 2006). Diferentemente do leucismo, o albinismo é caracterizado pela ausência total da melanina nas penas, olhos e pele (Grilli et al., 2006; Van Grouw, 2006). Os registros de leucismo são escassos, dificultando a identificação de padrões e a investigação das causas e efeitos (Ribeiro e Gogliath, 2012). Estudos que relatam e apresentam registros de variações em plumagens de passeriformes nas respectivas espécies foram feitos por Nemésio (2001) em Oryzoborus maximiliani, O. angolensis, Sporophila caerulescens, S. nigricollis, Sporophila sp., Sicalis flaveola, Zonotrichia capensis, Passerina brissonii, por Piacentini (2001) em O. angolensis, Z. capensis, Turdus rufiventris, por Acosta (2005) em Tiaris olivácea, por Grilli et al.(2006) em Saltator aurantiirostris, por Junior et al. (2008) em T. rufiventris, por Pereira et al. (2008) em Passer domesticus, por Tizón et al. (2008) em Sturnella loyca, por Ortega e Ramirez (2010) em Pipilo fuscus, por Corrêa et al. (2011) em P. domesticus, por Gaiotti et al. (2011) em Volatinia jacarina, e por Ribeiro e Gogliath (2012) em P. domesticus. Sendo o leucismo mais comum que o albinismo em aves adultas (Van Grouw, 2006). O cardeal Paroaria coronata ocorre no Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. No Brasil, sua distribuição estende-se do Rio Grande do Sul ao Sudoeste do Mato Grosso (Sick, 1985). Vivem principalmente em terrenos abertos com árvores ou arbustos em beiras de banhados ou rios, podendo formar bandos com até 25 indivíduos no inverno (Sick, 1985; Belton, 1994). É uma espécie inconfundível, apresentando topete vermelho vivo no macho e pálido na fêmea. Nas partes superiores do corpo, possui coloração cinza-claro uniforme, tarso preto, maxila marrom a cinza-escura, algumas vezes com borda branca, mandíbula varia de cinza-claro a branca, e íris de cor marrom-claro a vermelho muito pálido. Nos indivíduos jovens, algumas características podem variar como cabeça e topete Laranja-Amarronzado ou pardacento (Sick, 1985; Belton, 1994). Este trabalho descreve um indivíduo de Paroaria coronata com leucismo encontrado no Rio Grande do Sul, Brasil, e fornece informações sobre o comportamento em vida livre.

REGISTRO DE LEUCISMO EM CARDEAL PAROARIA CORONATA (MILLER, 1776) NO SUL DO BRASIL 75 DESCRIÇÃO DA OCORRÊNCIA Um espécime com leucismo de P. coronata foi observado em uma área rural (S 30 07 42,5 W 053 31 00,6 ) da localidade de Figueirinha, município de São Sepé, região central do Rio Grande do Sul. O município é caracterizado por relevo levemente ondulado com predomínio de formações campestres e matas ciliares (IBGE, 2004) e em zona de transição entre as florestas estacionais ao norte e os campos abertos ao sul (IBGE, 1986). Apresenta clima Cfa2 de Köeppen, com temperatura média anual de 18,7 C e precipitação média anual de 1.648 mm (Brasil, 1973). O indivíduo observado apresentou penas, plumas, bico e tarsos totalmente despigmentados e manteve o topete com a coloração característica da espécie (Figura 1). Figura 1. Indivíduo de Paroaria coronata com despigmentação das penas, exceto peito e topete, registrado no município de São Sepé, Rio Grande do Sul (Foto de André Seixas). A íris está despigmentada, diferente da coloração marrom-claro a vermelho pálido, normalmente observado para a espécie (Belton, 1994) (Figura 2).

76 Corrêa, Luiz Liberato Costa et al. Figura 2. Indivíduo de Paroaria coronata, detalhe da íris despigmentada (Foto de André Seixas). Registros anteriores de cardeais com leucismo e albinos parciais são conhecidos para a Argentina (Chebez, 1987). O indivíduo registrado por Chebez (1987) foi visualizado no Departamento Belmejo, na província Del Chaco e se diferencia do exemplar registrado por ser predominantemente branco com algumas penas de coloração amarelada, avermelhadas e cinza. Também na Argentina, Zapatta e Novatti (1979) relatam outros espécimes com coloração diferente de indivíduos normais da espécie. Sick (1985) relata casos de melanismo em P. coronata no Brasil; porém, indivíduos leucísticos ou albinos não haviam sido registrados no país. Quanto ao comportamento, foi observado que o indivíduo não interagia socialmente com os demais cardeais de coloração padrão que habitavam o local, exceto um dos integrantes do bando de nove cardeais (Figura 3). Quando empregada a técnica de atração por vocalização (playback), o indivíduo de coloração padrão que acompanhava o leucístico, respondia ao chamado e vocalizava, enquanto o mutante replicava com breves chamados.

REGISTRO DE LEUCISMO EM CARDEAL PAROARIA CORONATA (MILLER, 1776) NO SUL DO BRASIL 77 Figura 3: Indivíduo de Paroaria coronata com coloração despigmentada acompanhado de espécime normal, no município de São Sepé, Rio Grande do Sul (Foto de Luiz Corrêa). O espécime leucístico demonstrou comportamento arredio em relação à presença humana no local. Quando pousava em vegetação arbórea sempre permanecia escondido entre galhos e folhas. Comportamento semelhante em Pereira et al. (2008) foi registrado para P. domesticus leucístico com plumagens canela e albina. De acordo com Santos (1981) e Collins (2003), o tempo de vida de aves com leucismo e albinismo na natureza é relativamente reduzido se comparado às aves de coloração normal, pois são avistadas com maior facilidade pelos predadores devido a sua coloração distinta. Segundo Nascimento e Alves (2007), P. coronata é uma ave muito cobiçada para criação em cativeiro no estado. O exemplar com leucismo é mais vulnerável à captura por criadores clandestinos, devido a sua coloração diferenciada. Por fim, seria importante o monitoramento do espécime leucístico, visando obter informações adicionais sobre seu comportamento e longevidade. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a: Cássio André Corrêa Ferreira, Marlise G. Ferreira e Amélia Brito Costa, pelo relato da espécie mutante e, em especial, a Everton Rodolfo Behr, Lize Helena Cappellari e Maria H. Pires, pelas sugestões ao manuscrito;por fim,à Luciane Rosa da Silva Mohr.

78 Corrêa, Luiz Liberato Costa et al. REFERÊNCIAS Acosta, L. 2005. Primer caso conocido de leucismo parcial en Tiaris olivacea en Cuba. Huitzil Revista de Ornitologia Mexicana, 6(1):4-15. Belton W. 1994. Aves do Rio Grande do Sul: distribuição e biologia. São Leopoldo: Unisinos, 584 p. Bensch, S. et al. 2000. Partial albinism in a semi-isolated population of Great Reed Warblers. Hereditas, 133:167-170. BRASIL. 1973. Levantamento de reconhecimento dos solos do Estado do Rio Grande do Sul. Boletim técnicon. 30. Recife: MA/DPP-SA/DRNR/ INCRA/RS- MA/DPP-AS/DRNR, 429 p. CORRÊA, L.L.C. et al. 2011. Registro de leucismo em Pardal (Passer domesticus), (Linnaeus,1758) para o sul do Brasil. Biodiversidade Pampeana, 9(1):12-15. Chebez, J. C. 1987. Un caso de albinismo em Paroaria coronata (Passeriformes: Emberizidae). Nuestras Aves, 14:13-14. Collins, C. T. A. 2003. Leucistic Willet in California.Western Birds, 34:118-119. Gaiotti, M. G.et al. 2011.New record of aberrant plumage in Blue-black Grassquit (Volatinia jacarina Linnaeus, 1766, aves: Emberizidae). Brazilian Journal of Biology, 71(2):567. Grilli, P. G.et al. 2006. Leucismo parcial en pepitero de collar Saltator aurantiirostris en Santa Bárbara, Jujuy, Argentina. Cotinga, 25:89-90. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1986. Folha SH 22 Porto Alegre e parte das Folhas SH 21 Uruguaiana e SI 22 Lagoa Mirim: geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, uso potencial da terra. Rio de Janeiro: IBGE, 809 p.. 2004. Mapa de biomas do Brasil. Primeira aproximação. Brasília: IBGE e Ministério do Meio Ambiente, 1 p. Junior, C. G. et al. 2008. Record of a leucisticrufous-bellied Thrush Turdus rufiventris (Passeriformes, Turdidae) in São Paulo city, Southeastern Brazil. Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):72-75. NASCIMENTO. M.; ALVES, E. 2007. Aves do Rio Grande do Sul: a problemática do tráfico: educação e conscientização ambiental. Santa Maria: Palloti, 56p. Nemésio, A. 2001. Plumagens aberrantes em Emberizidae neotropicais. Tangara, 1(1):39-47. Ortega, G.L.; Ramirez, P.C. 2010. Primer caso de leucismo em um ave de La Familia Emberizidae (Pipilo fuscus) para La Ciudad de México. Vertebrata Mexicana, 23:9-12.

REGISTRO DE LEUCISMO EM CARDEAL PAROARIA CORONATA (MILLER, 1776) NO SUL DO BRASIL 79 Pereira, G. A. et al. 2008. Registros de algumas mutações em pardais (Passer domesticus) no Brasil. Atualidades Ornitológicas, 146:45-47. Piacentini, V.Q. 2001. Novos registros de plumagens aberrantes em Muscicapidae e Emberizidae neotropicais. Tangara, 1(1):183-188. Ribeiro, L. D. B.; Gogliath, M. 2012. Um caso de leucismo em pardal, Passer domesticus (Linnaeus, 1758) em uma ilha do rio São Francisco, nordeste do Brasil. Biotemas, 25(1):187-190. Santos, T.1981. Variantes de plumajes y malformaciones en Turdus spp. Ardeola, 28:133-138. Sick, H. 1985. Ornitologia Brasileira, uma introdução. v. II. Brasília: Universidade de Brasília, 862 p. Tizón, F. R. et al. 2008. Registro de albinismo imperfecto del Colorado Grande (Sturnella loyca). BioScriba, 1 (1):27-29. Van Grouw, H. 2006. Not every white bird is an albino: sense and nonsense about color aberrations in birds. Dutch Birding, 28:79-89. Zapatta, A. R. P.; Novatti, R. 1979. Aves albinas en la colección del Museo de La Plata. Passeriformes, El Hornero, 12:1-10.