&203$5$7,9$ )ORULDQySROLV1RYHPEURGH



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Transcrição:

81,9(56,'$'()('(5$/'(6$17$&$7$5,1$ &(17527(&12/Ï*,&2 &8562'(3Ï6*5$'8$d 2(0(1*(1+$5,$'(352'8d 2,1',&$'25(6'(6867(17$%,/,'$'(80$$1È/,6( &203$5$7,9$ +$160,&+$(/9$1%(//(1 )ORULDQySROLV1RYHPEURGH

+DQV0LFKDHOYDQ%HOOHQ,1',&$'25(6'(6867(17$%,/,'$'(80$$1È/,6( &203$5$7,9$ 7HVH DSUHVHQWDGD DR&XUVR GH 3yV*UDGXDomR HP (QJHQKDULD GH 3URGXomR GD 8QLYHUVLGDGH )HGHUDO GH 6DQWD &DWDULQD ± 8)6& FRPR UHTXLVLWR SDUFLDO SDUD REWHQomR GR 7tWXOR GH 'RXWRUHP(QJHQKDULDGH3URGXomR 2ULHQWDGRUD6DQGUD6XODPLWD1DKDV%DDVFK'UD )ORULDQySROLV1RYHPEURGH ii

,1',&$'25(6'(6867(17$%,/,'$'(80$$1È/,6(&203$5$7,9$ +$160,&+$(/9$1%(//(1 (VWD7HVHIRLMXOJDGDDGHTXDGDSDUDDREWHQomRGRWtWXORGH'RXWRUHP (QJHQKDULDGH3URGXomRHDSURYDGDHPVXDIRUPDILQDOSHOR&XUVRGH 3yV*UDGXDomRHP(QJHQKDULDGH3URGXomRGD8QLYHUVLGDGH)HGHUDOGH 6DQWD&DWDULQD 3URI(GVRQ3DFKHFR3DODGLQL'U &RRUGHQDGRUGR&XUVR $SUHVHQWDGDj&RPLVVmR([DPLQDGRUDLQWHJUDGDSHORVSURIHVVRUHV 3URI 6DQGUD6XODPLWD1DKDV%DDVFK'UD 2ULHQWDGRUD±8)6& 3URI$OH[DQGUHGHÈYLOD/HUtSLR'U 0RGHUDGRU±8)6& 3URI %HDWH)UDQN'UD 0HPEUR([WHUQR±)85% 3URI /XFLOD0DULDGH6RX]D&DPSRV'UD 0HPEUR([WHUQR±81,9$/, 3URI(GXDUGR-XDQ6RULDQR6LHUUD'U 0HPEUR±8)6& iii

)LFKD&DWDORJUiILFD VAN BELLEN, Hans Michael. Indicadores de Sustentabilidade: Uma análise comparativa. Santa Catarina, 2002. XVII, 235p. 29,7cm. Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, 2002. I.Indicadores de Sustentabilidade II.Título (série) iv

7KHUHLVQRZHDOWKEXWOLIH -RKQ5XVNLQ v

$*5$'(&,0(1726 O autor agradece, em particular, às instituições e pessoas que colaboraram, de alguma maneira, para a realização desta pesquisa: - ao CNPq e ao DAAD, pela assistência financeira concedida através de bolsa de estudos para realização do Doutorado-6DQGZLFK na Alemanha; - ao Escritório de Assuntos Internacionais da UFSC, especialmente na pessoa do Prof. Louis Westphal, incentivador e intermediário junto à Universidade de Dortmund; - à Universidade de Dortmund e à Lehrstühl für Thermische und Verfahrenstechnik, pelo apoio irrestrito ao projeto; - ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da UFSC que, através de seus professores e funcionários, permitiu a realização deste trabalho; - à Prof a. Sandra Sulamita Nahas Baasch, pelo importante papel de orientadora; - ao Prof. Arthur Steiff, pela preciosa colaboração durante minha estada na Universidade de Dortmund; - à Prof a. Eloíse Dellagnelo, pelo constante apoio; - a alguns amigos em particular, especialmente os colegas Markus, Peter, Thomas, Tonu, Fabio, Cate, Florencia, Chiharu, Alex, Malik, Ercan, Veronica, Willy, Kristin, Seema, que me ajudaram a conhecer melhor o mundo através das suas pessoas, e aos meus companheiros no Brasil Roberto, Eduardo, Aldomar, Sílvia, Rodrigo, José Renato e Harry que representam, para mim, uma série de virtudes; - a uma série interminável de amigos em geral que, de alguma maneira, colaboram para tornar minha vida e meu trabalho mais felizes; - à minha família, Guta, Christian e Bruno, pelo afeto, compreensão e apoio. vi

5(6802 VAN BELLEN, Hans Michael.,QGLFDGRUHV GH 6XVWHQWDELOLGDGH 8PD DQiOLVH FRPSDUDWLYD 2002. 250f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) Curso de Pós- Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, 2002. 2ULHQWDGRUD Sandra Sulamita Nahas Baasch, Dra. O final do século XX presenciou o crescimento da consciência da sociedade em relação à degradação do meio ambiente decorrente do processo de desenvolvimento. O aprofundamento da crise ambiental, juntamente com a reflexão sistemática sobre a influencia da sociedade neste processo, conduziu a um novo conceito o de desenvolvimento sustentável. Este conceito alcançou um destaque inusitado a partir da década de 1990, tornando-se um dos termos mais utilizados para se definir um novo modelo de desenvolvimento. Esta crescente legitimidade do conceito não veio acompanhada, entretanto, de uma discussão crítica consistente a respeito do seu significado efetivo e das medidas necessárias para alcançá-lo. Na medida em que não existe consenso relativo sobre o conceito, observa-se uma disparidade conceitual considerável nas discussões referentes à avaliação da sustentabilidade do desenvolvimento. Existe uma série de ferramentas ou sistemas que procuram avaliar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento, porém não se conhecem adequadamente as características teóricas e práticas destas ferramentas. Este trabalho procura colaborar na tarefa de aprofundar a discussão sobre a sustentabilidade e sua avaliação. O objetivo geral desta pesquisa foi analisar comparativamente as principais ferramentas que pretendem mensurar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento. Para alcançar este objetivo elaborou-se, primeiramente, a partir de pesquisa documental e bibliográfica, uma lista com os principais sistemas indicadores de sustentabilidade que vêm sendo desenvolvidos e utilizados atualmente. Esta lista de sistemas de indicadores, juntamente com um questionário, foi enviada a uma amostra intencional de especialistas da área de desenvolvimento cuja tarefa principal era selecionar, dentre as ferramentas, quais as mais relevantes no contexto internacional contemporâneo. Os resultados deste questionário conduziram à escolha das três principais ferramentas de avaliação de sustentabilidade, na percepção dos especialistas da área. Inicialmente, os métodos selecionados foram analisados individualmente considerando seu histórico, seus pressupostos teóricos, suas principais características, com ênfase especial no conceito de desenvolvimento sustentável implícito, e através de sua aplicação prática. Na segunda e última etapa do trabalho, as ferramentas de avaliação selecionadas foram comparadas a partir de categorias de análise previamente definidas. Foram utilizadas cinco dimensões de análise, derivadas da fundamentação teórica do trabalho, que auxiliaram no processo de comparação destacando as características, as semelhanças e as principais diferenças entre os métodos. Os resultados da análise comparativa atenderam plenamente aos objetivos propostos pelo projeto de pesquisa e reforçaram a necessidade de se conhecer melhor as ferramentas de avaliação. O conhecimento mais aprofundado destes métodos permite que sejam aplicados considerando suas principais características, vantagens e limitações, conduzindo a resultados mais legítimos e confiáveis. 3DODYUDVFKDYH Desenvolvimento e Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável, Indicadores de Sustentabilidade. vii

$%675$&7 VAN BELLEN, Hans Michael.,QGLFDWRUVRI6XVWDLQDELOLW\$FRPSDUDWLYHDQDOLV\V 2002. 250s. Thesis (Doctorate in Production Engineering) Post Graduation Course in Production Engineering, Federal University of Santa Catarina, 2002. $GYLVRU Sandra Sulamita Nahas Baasch, Dra. The end of the twentieth century saw the growth of the society s consciousness related to the enviroment degradation due to the development process. The deepness of enviromental crisis, together with the systematic reflexion about the influence of the society in this process, has led to a new concept, the sustainable development. This concept has reached an unexpected conspicuosness since 1990 decade, becoming one of the more used terms to define a new model of development. This increasing legitimacy of the concept, however, has not been followed by a consistent and critical discussion concerned to its effective meaning and by the needed actions to reach such concept. As long as there is not any consensus about the concept, it is possible to see a considerable conceptual disparity in the discussions related to an evaluation of sustainability of development. There are several tools or systems which try to evaluate the degree of sustainability of the development, although it is not adequately known the theorical and pratical characteristics of those tools. This work tries to colaborate in the task of deepening the discussion about sustainability and its evaluation. The general aim of this research was to analize comparatively the main tools which aim to measure the degree of sustainability of the development. It was elaborated firstly, to reach such aim, from a bibliographic and documental research, a list with the principal indicators systems of sustainability which have nowadays been developed and used. This list of indicators systems, with a questionnaire were sent to an intentional sample of specialists in the area of development, which main task was to select, among the tools, the more relevant ones in the international contemporaneous context. The results of this questionnaire led to a choice of the three main tools of sustainability evaluation, in the perception of those specialists. Initially the selected methods were analized individually considering their historic, their theorical presuppotions, their main characteristics, with a special emphasis in the concept of implied sustainable development, and through their pratical application. In the second and last part of this work, the selected tools of evaluation were compared originated in categories of analisis previously defined. It was utilized five dimensions of analysis, derived from the theorical fundamentals of the work, which helped in the process of comparison, distinguishing the characteristics, the likeness and the main differences among the methods. The results of this comparative analysis fulfilled the proposed aims by this research project and reinforced a necessity of better knowing the tools of evaluation. The knowledge in depth of those methods allow themselves to be applied considering their main characteristics, advantages and limitations, leading to more legitimate and reliable results..h\zrugv: Environment and Development, Sustainable Development, Indicators of Sustainability. viii

Ë1',&( Lista de Ilustrações xi Lista de Tabelas xiii Lista de Abreviaturas xiv 1. Introdução 01 2. Fundamentação Teórico-Empírica 05 2.1. Crise Ecológica: reflexões acerca da relação sociedade e meio ambiente 05 2.2. A Tomada de Consciência: dos limites do crescimento até o conceito de desenvolvimento sustentável 08 2.3. Desenvolvimento Sustentável: diferentes abordagens conceituais e práticas 10 2.3.1. Sustentabilidade da Perspectiva Econômica 22 2.3.2. Sustentabilidade da Perspectiva Social 25 2.3.3. Sustentabilidade da Perspectiva Ambiental 26 2.3.4. Sustentabilidade da Perspectiva Geográfica e Cultural 26 2.4. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 28 2.4.1. Indicadores: principais aspectos 28 2.4.2. Componentes e Características de Indicadores de Sustentabilidade 32 2.4.3. Vantagens e Necessidade da Formulação e Aplicação de Indicadores de Sustentabilidade 40 2.4.4. Limitações dos Indicadores de Sustentabilidade 49 2.5. Sistemas de Indicadores Relacionados ao Desenvolvimento Sustentável 52 2.6. Aspectos Relevantes na Formulação de Sistemas de Indicadores para a Avaliação de Sustentabilidade 63 3. Metodologia 70 3.1. Especificação do Problema 70 3.2. Objetivos da Pesquisa 71 3.3. Delineamento da Pesquisa 73 3.4. Dados 74 3.5. Técnica de Coleta de Dados 74 3.6. Técnica de Análise de Dados 75 ix

3.7. Justificativa da Pesquisa 80 3.8. Limitações da Pesquisa 80 4. Seleção dos Sistemas de Indicadores Análise dos Resultados 82 4.1. Seleção dos Sistemas de Indicadores 82 4.2. Análise dos Resultados do Levantamento 85 4.3. Classificação das Ferramentas de Avaliação 89 5.Análise Comparativa dos Sistemas de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 94 5.1. Ecological Footprint Method 95 5.1.1. Histórico 95 5.1.2. Fundamentação Teórica 95 5.1.3. Fundamentação Empírica 103 5.1.4. Conceito de Desenvolvimento Sustentável 108 5.2. Dashboard of Sustainability 121 5.2.1. Histórico 121 5.2.2. Fundamentação Teórica 123 5.2.3. Fundamentação Empírica 128 5.2.4. Conceito de Desenvolvimento Sustentável 133 5.3. Barometer of Sustainability 137 5.3.1. Histórico 137 5.3.2. Fundamentação Teórica 138 5.3.3. Fundamentação Empírica 148 5.3.4. Conceito de Desenvolvimento Sustentável 151 6.Indicadores de Sustentabilidade: uma análise comparativa 159 6.1. Escopo 159 6.2. Esfera 163 6.3. Dados 165 6.3.1 Tipologia 166 6.3.2 Agregação 168 6.4. Participação 170 6.5. Interface 173 6.5.1 Complexidade 174 6.5.2 Apresentação 176 6.5.3 Abertura 179 6.5.4 Potencial Educativo 181 x

7.Considerações Finais 185 8.Referências Bibliográficas 192 9. Anexos 200 /,67$'(,/8675$d (6 Lista de Figuras ),*85$(VSDoRSDUDR'HVHQYROYLPHQWR ),*85$3LUkPLGHGH,QIRUPDo}HV ),*85$&LFORGH7RPDGDGH'HFLVmR ),*85$±$OJXQV6LVWHPDVGH,QGLFDGRUHV ),*85$±$5HODomR(FRVIHUDH$QWURSRVIHUDQD9LVmRGR(FRORJLFDO)RRWSULQW0HWKRG ),*85$±2'DVKERDUGRI6XVWDLQDELOLW\ ),*85$±2%DURPHWHURI6XVWDLQDELOLW\ ),*85$±'LDJUDPDGRV3URFHGLPHQWRVGR%DURPHWHURI6XVWDLQDELOLW\ ),*85$±6LVWHPD&RPXPGH'LPHQV}HVSDUDD&RQVWUXomRGR%DURPHWHURI 6XVWDLQDELOLW\ Lista de Quadros 48$'529DORUHV6HUYLoRVH%HQV2IHUHFLGRVSHOD*HRVIHUD 48$'523ULQFLSDLV(OHPHQWRVGD'HJUDGDomR$PELHQWDO 48$'52'LPHQV}HVGR$PELHQWDOLVPR 48$'52&RQGLo}HVGR6LVWHPDSDUD$OFDQoDUD6XVWHQWDELOLGDGH 48$'52$V3ULQFLSDLV)XQo}HVGRV,QGLFDGRUHV 48$'52(OHPHQWRVGR3URJUDPDGD&RPLVVmRGH'HVHQYROYLPHQWR6XVWHQWiYHO SDUDR'HVHQYROYLPHQWRGH,QGLFDGRUHVGH6XVWHQWDELOLGDGH 48$'52&DUDFWHUtVWLFDV1HFHVViULDVSDUDD&RQVWUXomRGH6LVWHPDVGH,QGLFDGRUHV $GHTXDGRV 48$'523ULQFtSLRV%HOODJLR 48$'52±'LDJUDPDGDV(WDSDVGH3HVTXLVD 48$'52±3ULQFLSDLV3URMHWRVHP,QGLFDGRUHVGH'HVHQYROYLPHQWR6XVWHQWiYHO 48$'52±(FRORJLFDO)RRWSULQWGDV1Do}HV 48$'52±&DSDFLGDGH(FROyJLFDH&RPSHWLWLYLGDGH 48$'52±,QGLFDGRUHVGH)OX[RH(VWRTXHGR'DVKERDUGRI6XVWDLQDELOLW\ xi

48$'52(VFDODGR%DURPHWHURI6XVWDLQDELOLW\ 48$'52±&RQWLQHQWHVH5HJL}HVGR(VWXGR7KH:HOOEHLQJRI1DWLRQV 48$'52±&ODVVLILFDomRGDV)HUUDPHQWDV4XDQWRDR(VFRSR 48$'52±&ODVVLILFDomRGDV)HUUDPHQWDV4XDQWRj(VIHUD±0RGHOR7HyULFR 48$'52±&ODVVLILFDomRGDV)HUUDPHQWDV4XDQWRDRV'DGRV±$JUHJDJDomR 48$'52±&ODVVLILFDomRGDV)HUUDPHQWDV4XDQWRj3DUWLFLSDomR 48$'52&ODVVLILFDomRGDV)HUUDPHQWDV4XDQWRj,QWHUIDFH±&RPSOH[LGDGH 48$'52&ODVVLILFDomRGDV)HUUDPHQWDV4XDQWRj,QWHUIDFH±$SUHVHQWDomR 48$'52&ODVVLILFDomRGDV)HUUDPHQWDV4XDQWRj,QWHUIDFH±$EHUWXUD 48$'52&ODVVLILFDomRGDV)HUUDPHQWDV4XDQWRj,QWHUIDFH±3RWHQFLDO(GXFDWLYR 48$'52$QiOLVH&RPSDUDWLYD&RQMXQWDGRV,QGLFDGRUHVGH6XVWHQWDELOLGDGH Lista de Gráficos *5È),&2±3HUFHQWXDOGH5HWRUQRGRV4XHVWLRQiULRV *5È),&2±'LVWULEXLomR3HUFHQWXDOGRV5HVSRQGHQWHV *5È),&2'LVWULEXLomRGDV,QGLFDo}HVHQWUHDV)HUUDPHQWDVGH$YDOLDomRGH 6XVWHQWDELOLGDGH xii

/,67$'(7$%(/$6 7$%(/$±5HWRUQRGRV4XHVWLRQiULRV 7$%(/$±'LVWULEXLomRGRV5HVSRQGHQWHV 7$%(/$'LVWULEXLomRGRV5HVSRQGHQWHVHP)XQomRGD&DWHJRULD,QVWLWXFLRQDOH *UDXGH5HWRUQRGRV4XHVWLRQiULRV 7$%(/$'LVWULEXLomRGRV5HVSRQGHQWHVHP)XQomRGD&DWHJRULDGH5HVSRVWDH &DWHJRULD,QVWLWXFLRQDO 7$%(/$ 1~PHUR GH,QGLFDo}HV 2EWLGDV SHORV 'LIHUHQWHV 0pWRGRV GH $YDOLDomR GH 6XVWHQWDELOLGDGH 7$%(/$3HUFHQWXDOGH,QGLFDo}HVGDV)HUUDPHQWDVGH$YDOLDomRGH 6XVWHQWDELOLGDGH 7$%(/$±&DWHJRULDVGH7HUULWyULR 7$%(/$±ÈUHD$SURSULDGD(TXLYDOHQWHGDV1Do}HV 7$%(/$±ËQGLFHGH6XVWHQWDELOLGDGHGR'DVKERDUGRI6XVWDLQDELOLW\ 7$%(/$±ËQGLFHGH%HPHVWDUGR%DURPHWHURI6XVWDLQDELOLW\ xiii

/,67$'($%5(9,$785$6 BS Barometer of Sustainability CPM Capability Poverty Measure CS Compass of Sustainability CSD Comission on Sustainable Development DPSIR Driving Force Pressure State Impact Response DS Dashboard of Sustainability DSR Driving Force State Response Ecco Evaluation of Capital Creation Options EDP Environmentaly adjusted net Domestic Product EE Eco Efficiency EFM Ecological Footprint Method EIP European Indices Project EnSp Environmental Space ESI Environmental Sustainability Index FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations GNI Green net National Income GPI Genuine Progress Indicator GRI Global Reportin Initiative HDI Human Development Index HEI Human Environment Index IIASA International Institute for Applied Systems Analisys IISD International Institute for Sustainable Development ISEW Index of Sustainable Economic Welfare IUCN International Unionfor the Conservation of nature and Natural Resources IWGSD Interagency Working Group on Sustainable Development Indicators MEP Monitoring Environmental Progress MIPS Material Input Per Service NRTEE National Round Table on the Environment and the Economy OCDE Organization for Economic Cooperation and Development ONU Organização das Nações Unidas PIB Produto Interno Bruto PPI Policy Performance Indicator xiv

PSIR Pressure State Impact Response PSR Pressure State Response SBO System of Basic Orientors SEEA System of Integrated Environmental and Economic Account SM Swedish Model SPI Sustainable Process Index TMC Total Material Comsumption TMI Total Material Input UN United Nations UNDP United Nations Development Program UNEP United Nations Environment Program UNFPA United Nations Fund for Populations Activities UNSD United Nations Statistics Division WBGU - German Advisory Council on Global Change WCED World Comission on Environment and Development WRI Worl Resource Institute WWF World Wildlife Fund xv

,1752'8d 2 O breve século XX, como afirma Hobsbawm (1996), foi testemunha de transformações significativas em todas as dimensões da existência humana. Ao lado do exponencial desenvolvimento tecnológico, que aumenta a expectativa de vida dos seres humanos ao mesmo tempo em que aumenta sua capacidade de autodestruição, ocorreu um crescimento significativo da utilização de matéria e de energia para atender às necessidades da sociedade. Esta demanda por bens e serviços ocorre em toda a superfície do globo terrestre, mas seu preenchimento não é uniforme. Observa-se uma grande disparidade dos padrões de vida e de consumo das populações de diferentes países, juntamente com índices de desigualdade crescentes dentro desses próprios países. A reflexão sobre o tema desenvolvimento, juntamente com o aumento da pressão exercida pela antroposfera sobre a ecosfera, levou ao crescimento da consciência acerca dos problemas ambientais gerados por padrões de vida incompatíveis com o processo de regeneração do meio ambiente. Esta reflexão, que começa a surgir a partir da década de 1970, vai levar ao aparecimento do conceito de desenvolvimento sustentável. Este conceito preconiza um tipo de desenvolvimento que garanta qualidade de vida para as gerações atuais e futuras sem a destruição da sua base de sustentação, que é o meio ambiente. O surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável, que se tornou rapidamente uma unanimidade em todos os segmentos da sociedade, ocasionou o aprofundamento da discussão acerca do seu real significado teórico e prático. A questão que se estabelece a partir deste aprofundamento é: como o desenvolvimento sustentável pode ser definido e operacionalizado para que seja utilizado como ferramenta para ajustar os rumos que a sociedade vem tomando em relação a sua interação com o meio ambiente natural? A principal resposta a este questionamento tem sido o desenvolvimento e a aplicação de sistemas de indicadores ou ferramentas de avaliação que procuram mensurar a sustentabilidade. Entretanto, a complexidade do conceito de desenvolvimento sustentável, com suas múltiplas dimensões e abordagens, tem dificultado a utilização mais consciente e adequada destas ferramentas. Este trabalho procura preencher esta lacuna. Procura melhorar a compreensão acerca deste tema complexo que é o desenvolvimento sustentável, através da comparação das principais ferramentas que buscam mensurar a sustentabilidade. Neste sentido o objetivo geral 1

desta pesquisa consiste em realizar XPD DQiOLVH FRPSDUDWLYD HQWUH DV IHUUDPHQWDV GH DYDOLDomR GH VXVWHQWDELOLGDGH PDLV UHFRQKHFLGDV LQWHUQDFLRQDOPHQWH. E para alcançar este objetivo geral foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos para o trabalho: 1. Contextualizar o conceito de desenvolvimento sustentável. 2. Analisar os fundamentos teóricos e empíricos que caracterizam as ferramentas de avaliação de sustentabilidade. 3. Levantar, através de pesquisa bibliográfica, as mais importantes ferramentas de avaliação de sustentabilidade no contexto internacional. 4. Selecionar, através de um questionário enviado a especialistas da área, dentre as ferramentas levantadas na etapa anterior, quais os três sistemas de avaliação de sustentabilidade mais importantes atualmente no contexto internacional. 5. Descrever os pressupostos teóricos que fundamentam as três ferramentas selecionadas; 6. Descrever o funcionamento de cada uma das ferramentas selecionadas. 7. Comparar as ferramentas selecionadas a partir de categorias analíticas previamente elaboradas. Para abordar o tema apresentado, este trabalho foi estruturado da seguinte forma. O presente capítulo aborda de forma geral o tema selecionado para a pesquisa. O segundo capítulo do projeto trata do referencial teórico que fundamenta todo o trabalho. A primeira parte deste capítulo procura discutir a crise ecológica a partir de seus fundamentos históricos mostrando os principais problemas ambientais contemporâneos e sua influência na relação existente entre sociedade e meio ambiente. A segunda parte aborda a mudança que ocorre na sociedade a partir da tomada de consciência sobre a crise ambiental. Nesta parte discutem-se as mudanças que ocorrem na percepção por parte da sociedade civil e dos especialistas da área no que se refere à gestão ambiental. Este aspecto pode ser claramente percebido quando se observam as mudanças na concepção de desenvolvimento até chegar ao conceito de desenvolvimento sustentável. O surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável traz uma nova percepção sobre a crise ambiental mas traz consigo, também, uma séria de questões conceituais. É disto que trata a terceira parte da fundamentação teórica deste trabalho. Ela aborda as principais 2

dificuldades encontradas na operacionalização deste novo elemento a partir das diferenças conceituais e práticas que existem sobre o tema. A partir da discussão do conceito de sustentabilidade, desde as suas origens até a percepção atual, a quarta parte da fundamentação teórica aborda especificamente a questão dos sistemas de indicadores relacionados à sustentabilidade. O trabalho procura apresentar nesta etapa alguns elementos que caracterizam os sistemas de indicadores, de maneira geral, e como estes sistemas são aplicados na avaliação do desenvolvimento sustentável. As vantagens e limitações decorrentes da utilização de sistemas de indicadores são abordadas para constatar a necessidade de desenvolver sistemas mais adequados para os problemas atuais. A quinta parte do referencial teórico trata de alguns sistemas mais conhecidos em termos de avaliação de sustentabilidade. É a partir da observação destes sistemas, e da discussão teórica acerca dos sistemas de indicadores de sustentabilidade realizada anteriormente, que a sexta seção do capítulo aborda alguns aspectos que devem ser considerados na análise deste tipo de ferramenta. São estes elementos, descritos na parte final da fundamentação teórica, que foram utilizados na construção das categorias de análise empregadas neste estudo comparativo. O terceiro capítulo deste projeto descreve a metodologia empregada no trabalho. Neste capítulo são definidos o delineamento da pesquisa, os dados utilizados e as técnicas empregadas para obtenção e análise destes dados. O problema de pesquisa e seus objetivos, gerais e específicos, são novamente destacados, sendo que, neste capítulo, são operacionalizadas as categorias de análise que foram utilizadas para a comparação entre as ferramentas selecionadas. A última parte do capítulo apresenta a justificativa do trabalho, bem como suas limitações. A partir do quarto capítulo são descritos os resultados desta pesquisa. Inicialmente este capítulo descreve o processo pelo qual foram selecionadas as principais ferramentas de avaliação de sustentabilidade existentes. O resultado desta pesquisa preliminar foi uma lista inicial de sistemas de indicadores de sustentabilidade. Esta lista foi utilizada num questionário enviado a uma amostra intencional de especialistas da área de desenvolvimento, cuja principal tarefa era de escolher, dentre estas ferramentas, quais as mais relevantes no contexto internacional atualmente. A parte final do capítulo analisa os resultados deste levantamento inicial que procurou encontrar as principais ferramentas de avaliação de sustentabilidade para realização do estudo. Os resultados obtidos com o questionário são expostos e analisados, juntamente com as três 3

ferramentas escolhidas pelos especialistas. Estas ferramentas foram utilizadas na posterior análise comparativa. O quinto capítulo procura descrever, individualmente, cada um dos métodos de avaliação, considerando quatro aspectos principais: o histórico da ferramenta, sua fundamentação teórica, alguns aspectos empíricos da aplicação do sistema e o conceito de sustentabilidade subjacente ao sistema de avaliação. A partir das considerações derivadas da análise individual das ferramentas, juntamente com as dimensões de análise propostas pela metodologia deste projeto, o sexto capítulo realiza um exame comparativo dos três sistemas selecionados. Esta análise comparativa foi realizada considerando inicialmente cada uma das categorias analíticas, sendo que, no final, foi traçado um quadro geral no intento de apresentar os resultados do trabalho de comparação num espectro mais amplo. O sétimo capítulo procura discutir algumas considerações importantes que surgiram no decorrer do trabalho de pesquisa bibliográfica e análise comparativa das ferramentas de avaliação. Estas considerações dizem respeito a uma série de elementos fundamentais relacionados ao conceito de desenvolvimento sustentável e ao problema de sua mensuração. Estas considerações críticas levantam uma série de questões que devem ser atentamente observadas a partir da realização de novos estudos, teóricos ou práticos, que são sugeridos no final deste trabalho. A realização deste trabalho foi plenamente justificada na medida em que existe um vácuo conceitual acerca da mensuração do grau de sustentabilidade do desenvolvimento. Neste sentido, esta pesquisa procurou incrementar os conhecimentos relacionados às ferramentas de avaliação de sustentabilidade e suas principais características. Supõe-se que à medida que se conheçam melhor estas ferramenas, estas possam ser melhor avaliadas e aplicadas. Entretanto, por se tratar de um estudo exploratório que procura traçar um quadro preliminar sobre o estado-da-arte da mensuração do desenvolvimento, o grau de profundidade alcançado a respeito das ferramentas de avaliação foi reduzido. O foco do trabalho foi o de reconhecer o quadro geral e não as características específicas de uma ou outra ferramenta. Esta é uma das principais limitações deste estudo, uma vez que as ferramentas selecionadas foram observadas e comparadas a partir de um modelo de análise previamente definido. 4

)81'$0(17$d 27(Ï5,&$ &ULVH(FROyJLFDUHIOH[}HVDFHUFDGDUHODomRVRFLHGDGHHPHLRDPELHQWH As crescentes dúvidas em relação ao futuro do meio ambiente são uma das conseqüências das várias transformações que marcaram a segunda metade do breve século XX. Entre os anos de 1960 e 1980 vários desastres ambientais como o da Baía de Minamata, no Japão, o acidente de Bhopal, na Índia, e o acidente na usina nuclear de Chernobyl, na extinta União Soviética, provocaram na Europa um impressionante crescimento da conscientização sobre os problemas ambientais. O vazamento de petróleo da Exxon Valdez teve o mesmo impacto na América do Norte, provocando imensa irritação popular nos Estados Unidos. Deve-se observar que esses danos esporádicos e localizados são proporcionalmente menores que os danos que vêm sendo causados cumulativamente ao meio ambiente. Embora não exista ainda suficiente material referente a balanços ecológicos, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (Organization for Economic Cooperation and Development OCDE) estimou os danos ambientais acumulados para a Europa em 4% do produto nacional bruto médio de cada país (Callenbach HWDO, 1993). Desde o início da tomada de consciência sobre os problemas ambientais até o momento presente a discussão sobre a temática ambiental evoluiu muito. A relação sociedade e meio ambiente, tema pouco abordado nas discussões iniciais sobre a problemática ambiental, começou a ser observada de maneira mais crítica e a própria concepção do problema passa para uma forma mais globalizada e menos localizada. Esta reflexão sobre a crise ecológica moderna no nível mundial leva ao surgimento de novas alternativas de relacionamento da sociedade contemporânea com seu ambiente, procurando reduzir os impactos que a mesma produz sobre o meio que a cerca. Aparentemente, nos últimos séculos, a dependência das sociedades humanas em relação aos recursos naturais vem diminuindo. Este fato pode ser confirmado pela diminuição da produção e do consumo de recursos energético-intensivos, pelo aumento de consumo de produtos energéticos não intensivos e pelo crescimento do setor de serviços. Utilizando uma base relativamente baixa na entrada de recursos naturais, os sistemas tecnológicos atuais, mais eficientes, são capazes de criar e operar complexas estruturas com alta produtividade (Weizsäcker HWDO, 1995). 5

Moldan (Moldan e Billharz, 1997), entretanto, utiliza um exemplo da ecologia para ressaltar a importância que o produtor primário tem no funcionamento do sistema como um todo. O autor mostra a dependência que diferentes sistemas ecológicos têm da biomassa. De maneira similar, todo o supersistema da atual tecnosfera é criticamente dependente da base de recursos naturais da mesma maneira que a mais primitiva civilização da Idade da Pedra. E esta base de recursos pode ser definida pela série de serviços oferecidos pela geosfera, como é mostrado no Quadro 1. 4XDGUR Valores, Serviços e Bens Fornecidos pela Geosfera Manutenção de uma interface de proteção contra a interação cósmica Manutenção de uma temperatura adequada (média, distribuição no tempo, proteção contra ocorrência de extremos) Manutenção relativamente estável de condições geofísicas (estabilidade da crosta da terra, atividade geológica) Manutenção da qualidade do ar Múltiplos serviços de água e ciclos da água, incluindo oceanos Ciclo de nutrientes Reciclagem dos resíduos e desintoxicação de substâncias Provimento de espaço na superfície terrestre Provimento de fontes de energia, nas mais diversas formas Fornecimento de materiais (elementos químicos, minerais, biomassa, substâncias específicas Provimento de solo fértil Bases para a construção Base para ocorrência da biodiversidade e seus múltiplos serviços Manutenção de condições microbiais sustentáveis (nível de micróbios: patogênicos, alergênicos etc.) Fonte: Adaptado de Moldan (Moldan e Bilharz, 1997). A geosfera, segundo Moldan, tem capacidade de manter seus serviços dentro de um nível apropriado e suficiente. Esta capacidade é limitada por características específicas da terra. Este aspecto pode ser considerado a base da definição de capacidade de carga (Arrow et al, 1995). No momento em que esta capacidade de carga é ultrapassada provoca-se uma 6