EFEITOS DA CALAGEM NAS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DO SOLO E NA NUTRIÇÃO DE SOJA EM LATOSSOLO ROXO DISTRÓFICO DE CERRADO ( 1 )

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Transcrição:

EFEITOS DA CALAGEM NAS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DO SOLO E NA NUTRIÇÃO DE SOJA EM LATOSSOLO ROXO DISTRÓFICO DE CERRADO ( 1 ) HIPÓLITO A. A. MASCARENHAS. Seção de Leguminosas, J. ROMANO GALLO, Seção de Química Analítica, BERNARDO VAN RAU, Seção de Fertilidade de Solo, TOSHIO IGUE, Seção de Técnica Experimental e Cálculo e ONDINO C. BATA- GLIA ( 2 ) Seção de Química Analítica, Instituto Agronômico SINOPSE Em três experimentos conduzidos em latossolo roxo distrófico recém-desmatado, foram aplicados 2.500 kg de calcário dolomítico por hectare, cerca de cinco meses de antecedência ao plantio, num estudo de adubação com cinco níveis de fósforo e potássio, visando avaliar a produção de soja nesse solo. Os dados de análise química da terra coletada antes da aplicação do corretivo e antes da aplicação de fertilizante na época de plantio da soja, mostraram que houve modificações nas características químicas do solo. Verificaram-se aumentos da disponibilidade de fósforo, potássio, cálcio, magnésio e uma diminuição do teor de alumínio livre no solo. Não houve diferença nos níveis depek determinados nas folhas, entre os tratamentos com calagem e os que receberam calagem e adubação. Também não houve aumento significativo na produção de soja. 1 INTRODUÇÃO No Estado de São Paulo foi observado por Mikkelsen e outros (8), que há um efeito marcante de calcário na produção de soja em latossolo roxo de cerrado. Miyasaka e outros (9), e Mascarenhas e outros (6), em P) Pesquisa realizada com auxílio da FAPESP, Projeto 73/1170., Recebida para publicação em 12 de fevereiro de 1976. Os autores agradecem ao Eng. Agr. João Contei, da Sociedade Agrícola Santa Clara S.A., e ao Sr. Massamore Kage, da Fazenda Vera Cruz, pela colaboração prestada. ( 2 ) Com bolsas de suplementtação do C.N.Pq.

latossolo roxo distrófico também constataram efeito positivo da calagem na produção de soja. Entretanto, não houve diferença na produção, quando o calcário foi aplicado de uma só vez ou parceladamente durante dois ou três anos, em presença de adubação mineral. Volweiss e Ludwick (13), no Rio Grande do Sul, recomendam que a aplicação de calcário para leguminosas deve ser efetuada cerca de seis meses antes do plantio para se obter a melhor reação, por ser o calcário um material pouco solúvel. No entanto Santos (11), trabalhando em Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul, não obteve diferença significativa na produção de soja quando o calcário foi aplicado a intervalos variáveis de um a sete meses de antecedência ao plantio, usando o cultivar santa-rosa como planta indicadora. Este trabalho mostra que somente a calagem efetuada em latossolo roxo de cerrado recém-desmatado foi suficiente para aumentar a produção de soja, em quantidades equivalentes à calagem mais adubação. 2 MATERIAL E MÉTODOS Os três experimentos foram conduzidos em duas localidades do município de Guaíra e uma de Bento Quirino, Estado de São Paulo, situadas em áreas de latossolo roxo distrófico de cerrado recém-desmatado. Em 5-6-73, foram aplicados 2.500 kg de calcário dolomítico por hectare, a lanço, e incorporado com enxada rotativa numa profundidade de 25 cm. As principais características dos calcários utilizados se acham no quadro 1. Cinco meses depois instalaram-se os experimentos de adubação mineral com P e K, em esquema fatorial 5x5, com cinco níveis de fósforo (0, 40, 80, 120 e 160 kg/ha de P 2 0 5 ) e potássio (0, 20, 40, 60 e 80 kg/ha de K 2 0), na forma de superfosfato triplo e de cloreto de potássio, respectivamente. Estas aplicações foram efetuadas no sulco, na época de plantio. Cada

parcela consistiu de seis linhas de cinco metros espaçadas de 0,60 m. Para o cálculo de produção de grãos consideraram-se como área útil somente as duas linhas centrajs, eliminando-se 0,50 m de cada extremidade. Por metro de sulco empregaram-se 25 sementes de soja cultivar santa-rosa pré-inoculadas em 3-11-73. Na época do florescimento foram coletadas amostras das 3. a s folhas a partir do ápice das hastes principais das plantas, para serem submetidas às análises químicas. Os dados pluviométricos se acham na figura 1. Os dados das análises químicas do solo coletado em duas épocas, uma antes da aplicação do corretivo e outra antes da aplicação de fertilizante na época do plantio da soja encontram-se no quadro 2. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO No quadro 1 são mostradas as características químicas e físicas do calcário dolomítico. Nota-se que o calcário utilizado em Guaíra era de granulometria mais fina, em comparação ao de Bento Quirino, no entanto, os teores de oxido de cálcio e magnésio dos dois corretivos pouco diferiram. Pela figura 1 observa-se que de junho a agosto, nas duas localidades, as precipitações pluviais foram praticamente as mesmas, mas de setembro a novembro foram maiores em Guaíra. Os dados do quadro 2 mostram que a aplicação do corretivo aumentou o teor de fósforo pelo menos em uma das localidades (4). Pearson (10), numa revisão bibliográfica sobre potássio, observou que a aplicação do

corretivo diminuiu o teor de potássio trocável do solo, aumentando a fixação e, conseqüentemente, diminuindo as perdas por lixiviação. No quadro 2 nota-se que houve um aumento acentuado na disponibilidade de potássio o que coincide, entretanto, com os dados de Jaworski e Barber (3), Thorp e Hobbs (12) e Buckman e Brady (1). Nos dois experimentos de Guaíra, o teor de cálcio no solo aumentou, mas em Bento Quirino não ocorreu esse aumento pelo uso de corretivo. O teor de magnésio nas três localidades também aumentou. Em Guaíra I e II houve uma redução considerável do alumínio no solo, pela aplicação de calcário. No quadro 3 são apresentadas as médias dos teores de fósforo e potássio nas folhas e também as produções de soja nas três localidades. Os teores de fósforo e potássio nas folhas das parcelas sem ou com adubação estão situados na faixa adequada de 0,26 a 0,50% (5) e 1,71 a 2,50% (5, 6), respectivamente. As aplicações de níveis de fósforo e potássio não aumentaram significativamente seus teores nas folhas, que não ultrapassaram o limite superior da faixa adequada. Não houve aumento significativo na produção de soja pela aplicação de níveis de adubo fosfatado ou potássico. Esses resultados encontram apoio no que foi obtido para latossolo roxo de cerrado por Freitas (2), que observou que pelo aumento de produção determinado somente pela calagem pode-se reduzir ou dispensar as adubações no primeiro ano de cultivo da soja. Entretanto, pode-se notar que em relação à dose de adubo fosfatado, o maior aumento de produção de 263 kg/ha foi provocado pela aplicação de 80 kg/ha de P 2 0 5. Para o potássio, o maior aumento de 11 kg/ha ocorreu na dose de 40 kg/ha de K 2 0. Em face dos preços unitários do adubo e do produto da colheita (grãos de soja) o valor econômico do aumento de produção provocado por essas doses de adubo não paga o custo dessa operação.

EFFECT OF LIMING ON THE AVAILABILITY OF NUTRIENTS AND ITS SUBSEQUENT RESULTS ON SOYBEAN YIELD IN LATOSSOLIC DISTROPHIC CERRADO SOIL SUMMARY Three experiments were conducted to study five levels of phosphorus and potassium on the yield of soybeans in recently cleared land, where dolomitic lime was applied at the rate of 2,500 kg/ha. Soil samples were taken before the application of lime and before the application of the fertilizer at the time of planting soybeans. The soil analysis data showed that with the application of lime there was an increase in soil phosphorus, potassium, calcium and magnesium, and a decrease in aluminum. The application of levels of fertilizer phosphorus and potassium increased the percentage of leaf phosphorus and potassium, but did not surpass the level of adequacy. There was no significant increase in the yield of soybeans by the application of levels of phosphorus and potassium. LITERATURA CITADA 1. BUCKMAN, H. O. & BRADY, N. C. Natureza e propriedades dos solos. São Paulo, Freitas Bastos S.A., 1968. 443p. 2. FREITAS, L. M. M. Calagem e adubação de soja em solos de campo cerrado Simpósio Brasileiro de Soja I. Campinas, CATI, 1970. 44p. 3. JAWORSKI, C. A. & BARBER, S.A. Soil properties as related to potassium uptake by alfalta. Soil Sci. 86:37-41, 1957. 4. MALA VOLT A, E.; CROCOMO, O. J.; ANDRADE, R. G.; ALVIZURI, C; VENCOVSKY, R. & FREITAS, L. M. M. Estudos sobre a fertilidade dos solos do cerrado. I Efeito da calagem na disponibilidade do fósforo. An. Esc. Agric. Queiroz 22:131-138, 1965. 5. ; HAAG, H. P.; MELLO, F. A. F. & BRASIL SOBR., M. O. C. Nutrição mineral e adubação de plantas cultivadas. São Paulo, Livraria Pioneira Editora, 1974. 558-577p. 6. MASCARENHAS, H. A. A. Acúmulo de matéria seca, absorção e distribuição de elementos na soja, durante o seu ciclo vegetativo. Piracicaba, ESALQ, 1972. l00p. (Tese de Doutoramento) 7. ; KIIHL, R. A. S.; MIYASAKA, S. & DE SORDI, G. Efeito da calagem aplicada de uma só vez ou parcelada, na produção da soja. Bragantia 33:LVII-LXI 1974. (Nota 12) 8. MIKKELSEN, D. S.; FREITAS, L. M. M. & McCLUNG, A. C. Efeito de calagem e adubação na produção de algodão, milho e soja em três solos de campo cerrado. São Paulo, Instituto de Pesquisas IRI, 1963, 49p. (Boletim 29) 9. MIYASAKA, S.; FREIRE, E. S. & ABRAMIDES, E. Adubação de soja. IV Estudo preliminar sobre maneiras de efetuar a calagem com calcário dolomítico e cal extinta. Bragantia 25:223-231, 1965. 10. PEARSON, R. W. Liming and fertilizer efficiency. Agron. J. 50:356-362, 1958. 11. SANTOS, O. S. Reação de variedades de soja à antecipação na aplicação de calcário na unidade de mapeamento de solo Santa Maria. Anais Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 1974. XIV. p. 506-510. 12. THORP, F. C. & HOBBS, J. A. Effect of lime application on nutrient uptake by alfalfa. Am. Proc. Soil Sci. Soc. 20:544-547, 1956. 13. VOLKWEISS, S. J. & LUDWICK, A. E. O melhoramento do solo pela calagem. Secundo Impresso. Porto Alegre, Univ. Fed. Rio Grande do Sul, 1971. 30p. (Boletim Técnico N. 1)