INSTRUÇÃO CONJUNTA Nº. 2, DE XXX DE XXXXXXXXXX DE 2016. Estabelece as regras a serem observadas pelas sociedades seguradoras e entidades fechadas de previdência complementar para transferência de riscos de seus planos de benefícios por meio da contratação de seguros, e dá outras providências. A SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS SUSEP e SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR PREVIC, considerando o disposto na Resolução CNSP n.º 119, de 22 de dezembro de 2004 e na Resolução n.º 17, de 30 de março de 2015, do Conselho Nacional de Previdência Complementar - CNPC, no uso das atribuições que lhes confere o artigo 36, alínea b, do Decreto-Lei n.º 73, de 21 de novembro de 1966, os artigos 5º, 29 e 74 da Lei Complementar n.º 109, de 29 de maio de 2001, o art. 34, inciso XI, do Decreto nº. 60.459, de 13 de março de 1967 e o art. 2º, inciso III, do Anexo I do Decreto nº. 7.075, de 26 de janeiro de 2010, resolvem: CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES COMUNS Art. 1º Esta Instrução estabelece as regras a serem observadas pelas sociedades seguradoras e entidades fechadas de previdência complementar EFPC para transferência de riscos de seus planos de benefícios por meio da contratação de seguros, objetivando a garantia dos seguintes riscos: I - II - III - IV - invalidez de participante; morte de participante ou assistido; sobrevivência de assistido; e desvio das hipóteses biométricas. Seção I Das Definições Art. 2º Para fins desta Instrução, considera-se: I Assistido: o participante ou seu beneficiário em gozo de benefício de prestação continuada no âmbito de plano de benefícios operado por EFPC; Página 1 de 6
II Contrato: conjunto de disposições que regem a contratação das coberturas objeto desta Instrução, firmado entre a EFPC e a sociedade seguradora, observado o regulamento; III Indenização: é o pagamento ou conjunto de pagamentos a ser efetuado pela sociedade seguradora à EFPC contratante das coberturas previstas nesta Instrução no momento ou a partir da ocorrência do evento coberto, na forma acordada entre as partes; IV Participante: é a pessoa física que adere a um plano de benefícios de natureza previdenciária, operado por EFPC; V - Plano de Benefícios: conjunto de direitos e obrigações reunidos em um regulamento, com o objetivo de assegurar o pagamento de benefícios previdenciais aos seus participantes e beneficiários, operado por EFPC; VI Prêmio: é a importância paga pela EFPC à sociedade seguradora para a contratação das coberturas objeto desta Instrução; VII - Regulamento: conjunto de dispositivos que definem as condições, direitos e obrigações do participante, do patrocinador ou instituidor do plano de benefícios operado por EFPC; e VIII - Saldo de Conta Total: total dos recursos alocados individualmente em nome do participante com o objetivo de pagamento de benefícios, conforme previsto no regulamento do plano. Seção II Da Contratação Art. 3º As coberturas de que trata esta Instrução serão contratadas por meio de contrato firmado entre a EFPC e a sociedade seguradora relativamente a cada plano de benefícios, mediante aceite da proposta de seguro, nos termos da legislação em vigor. Parágrafo único. No caso das coberturas descritas nos incisos I a III do art. 1º, as condições de admissão e exclusão dos participantes e assistidos, as fontes de custeio, os requisitos de elegibilidade, a base e forma de cálculo, de pagamento e de atualização dos benefícios serão definidas no regulamento do plano de benefícios. Art. 4º Na contratação de que trata esta Instrução, a sociedade seguradora deverá se relacionar única e exclusivamente com a EFPC contratante, para todos os fins necessários à plena execução do contrato firmado entre elas, devendo a EFPC ser designada como única Página 2 de 6
beneficiária das coberturas contratadas, observadas as normas estabelecidas em legislação específica. 1º Nenhum recurso financeiro, seja o prêmio ou a indenização, poderá transitar diretamente entre os participantes e assistidos e a sociedade seguradora. 2º No caso das coberturas descritas nos incisos I a III do art. 1º, a indenização poderá ser paga pela seguradora diretamente aos assistidos em gozo de renda vitalícia quando da retirada de patrocínio ou liquidação do plano de benefícios. 3º A EFPC se manterá na qualidade de responsável pela guarda e manutenção das informações e documentos dos participantes e assistidos, de modo a fornecê-los às autoridades competentes e à sociedade seguradora sempre que solicitado. 4º O contrato deverá prever, na hipótese de transferência de gestão do plano de benefícios para outra EFPC, a emissão de endosso alterando o segurado ou estipulante, conforme o caso, da EFPC de origem para a EFPC de destino, sem solução de continuidade das coberturas e condições contratadas, observada a legislação aplicável. Art. 5º Quaisquer pagamentos da seguradora para a EFPC que não sejam a título de indenização deverão ter previsão contratual e ser destinados a fundo previdencial e/ou administrativo do plano de benefícios. 1º Os valores destinados ao fundo previdencial deverão ter por finalidade o pagamento de prêmios futuros, na forma definida em Nota Técnica Atuarial do plano de benefícios, no Parecer Atuarial da Demonstração Atuarial e nas Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis do plano de benefícios. 2º Os valores destinados ao fundo administrativo deverão ter por finalidade o custeio das despesas inerentes à administração do contrato pela EFPC, na forma definida no regulamento do Plano de Gestão Administrativa. Seção III Do Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira e Atuarial Art. 6º O estudo de viabilidade econômico-financeira e atuarial deverá ser elaborado pela EFPC e assinado por atuário legalmente habilitado, previamente à celebração do contrato, devendo conter, no mínimo: I descrição das bases e fórmulas de cálculo, de pagamento e de atualização das coberturas previstas no regulamento e passíveis de transferência do risco para seguradora; Página 3 de 6
II avaliação do custo e do risco relativo à manutenção de cada cobertura; e III parecer conclusivo, contendo a fundamentação do ponto de vista econômico-financeiro e atuarial da análise comparativa entre a manutenção das coberturas na EFPC e cotações de seguros. Seção IV Do Custeio Art. 7º O regulamento e a nota técnica atuarial do plano de benefícios operado pela EFPC, deverão prever a forma e o critério de custeio das coberturas objeto desta Instrução. Parágrafo único. O valor, a forma e a periodicidade de pagamento do prêmio serão pactuados entre a EFPC e a sociedade seguradora no contrato, observado o estudo de viabilidade econômico-financeira e atuarial. CAPÍTULO II DAS COBERTURAS DO SEGURO Seção I Das Coberturas de Invalidez do Participante e de Morte do Participante ou do Assistido Art. 8º As coberturas de invalidez do participante e de morte do participante ou do assistido deverão ser estruturadas na forma de pagamento único ou renda, de acordo com o regulamento do plano de benefícios. 1º Deverão ser especificados no regulamento e no contrato os riscos cobertos e excluídos de cada cobertura. 2º O plano de benefícios poderá prever fonte de custeio para cobertura específica de eventuais riscos excluídos pela sociedade seguradora. 3º As contribuições destinadas ao custeio das coberturas previstas neste artigo deverão ser classificadas como extraordinárias para finalidade específica. Seção II Da Cobertura de Sobrevivência do Assistido Art. 9º A cobertura de sobrevivência do assistido deverá ser estruturada na forma de renda vitalícia imediata e ser paga aos assistidos vinculados ao plano de benefícios que permaneçam vivos ao fim do pagamento do benefício de renda pela EFPC. Página 4 de 6
Art. 10. O custeio para a cobertura será destinado para constituição de fundo previdencial, controlado individualmente, a ser utilizado para pagamento do prêmio, podendo se dar das seguintes formas: I contribuição extraordinária para finalidade específica de participante ou assistido e/ou patrocinador; e/ou II segregação de parcela do saldo de conta total do participante, no momento da concessão da renda pela EFPC, no percentual máximo de 50%. Parágrafo único. O prêmio será efetuado na forma de pagamento único, coincidente com o início do pagamento da renda pela seguradora. Art. 11. O valor inicial da renda vitalícia a ser paga pela seguradora será calculado em função do montante acumulado no fundo previdencial definido no artigo anterior. 1º Nas hipóteses de rescisão ou não renovação do contrato ou da perda do objeto da cobertura para participantes e assistidos, a parcela do fundo previdencial correspondente será considerada, para todos os fins, direito acumulado do participante ou do assistido. 2º Para os fins do parágrafo anterior, considera-se perda do objeto da cobertura qualquer evento que inviabilize o pagamento da renda vitalícia, conforme descrito no art. 10. Seção III Da Cobertura por Desvio das Hipóteses Biométricas Art. 12. A cobertura por desvio das hipóteses biométricas deverá ser estruturada na forma de seguro de limitação de perdas (Stop Loss), considerando os seguintes eventos, podendo ser contratados isoladamente ou em conjunto: I - entrada em invalidez; II - mortalidade de inválidos; III - mortalidade geral; IV - sobrevivência de inválidos; V - sobrevivência geral; e VI - morbidez. Art. 13. O seguro de limitação de perdas (Stop Loss) consiste na assunção pela seguradora da diferença positiva entre o fluxo de pagamento de benefícios ocorrido e o projetado, decorrente exclusivamente da aplicação da tábua biométrica correspondente aos eventos cobertos, no período de vigência do contrato. Página 5 de 6
Parágrafo único. Considera-se franquia o fluxo de pagamento de benefícios projetado calculado pela seguradora a partir da aplicação da tábua biométrica livremente pactuada no contrato. CAPÍTULO III DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 14. No contrato deverá estar previsto prazo de vigência determinado. Parágrafo único. A renovação do contrato será permitida mediante elaboração de novo estudo de viabilidade econômico-financeira e atuarial de que trata o art. 6º. Art. 15. Estão habilitadas a operar as coberturas de que trata a presente Instrução as sociedades seguradoras autorizadas pela SUSEP, na forma da legislação vigente. Art. 16. Aos casos não previstos nesta Instrução aplicam-se as disposições normativas em vigor. Art. 17. Esta Instrução entra em vigor na data da sua publicação. Rio de Janeiro, [dia] de [mês] de 2016. Página 6 de 6