NEOTECTÔNICA, SISMICIDADE NA BACIA DO PANTANAL E SUAS MUDANÇAS AMBIENTAIS EDNA MARIA FACINCANI CPAq-UFMS Maio 2010
1. INTRODUÇÃO A Bacia do Pantanal é a maior bacia sedimentar interior ativa do Brasil, localizada no oeste do Brasil. Corresponde a uma bacia sedimentar quaternária embutida em uma grande feição geomorfológica denominada Bacia do Alto Paraguai (BAP). (Figuras 1, 2 e 3). Sua origem está relacionada pelo evento da orogênia andina e pelo reativacão do lineamento transbrasiliano (Descontinuidade Crustal de dois Brasis), com influência na sedimentaçao, geomorfologia, tectônica e sismicidade. O preenchimento da bacia é feito por um trato de sistemas aluviais, sendo o rio Paraguai como rio-tronco coletor das águas de diversos leques fluviais.
BACIA DO PANTANAL: UMA BACIA SEDIMENTAR CENOZOICA ATIVA
Esboço da Tectônica Cenozóica da Plataforma Brasileira
Figura 3. Modelo digital de elevação da região onde se encontra o Pantanal. Em destaque as Planícies do Chaco e Pantanal (Alto Paraguai) e os planaltos em seu entorno (Zani, 2008).
CONCEITO DE LEQUE FLUVIAL O termo leque aluvial foi aplicado pela primeira vez por Drew em 1873 apud.denni (1967) É utilizado para definir sistemas aluviais em que o padrão de drenagem é mais distributário que contributário, em forma de leque aberto Miall (1990). Leques aluviais são sistemas deposicionais em forma de leque aberto ou de segmento de cone, caracterizados por canais distributários de grande mobilidade lateral, devido ao desconfinamento de fluxo provenientes de relevos altos adjacentes
SUPERIOR: Cinturões de meandramento ativos Planícies de inundação pantanosas Diques marginais com vegetação MÉDIO: Rios anastomosados Baixa sinuosidade dos canais Diques marginais com vegetação INFERIOR: Rios anastomosados Baixa sinuosidade dos canais Canais pouco confinados
An alluvial fan in Death Valley Coarse, channelized debris Sediments become finergrained
Os mesmos fenômenos de avulsão e mudança de curso são comuns em outros leques aluviais como é o caso do megaleque do rio Kosi na India
Mudanças no rio Kosi na India Paisagem mutante Processos autocíclicos e alocíclicos Interferência antrópica Tendências futuras
O delta do Okavango, cobre uma superfície de entre 15.000km² e 22.000 km² durante as cheias, encontrase no norte de Botsuana, na região de Ngamiland, a 942 m de altitude. Recebe água do rio Okavango; e atravessa a faixa de Caprivi (Namíbia) para chegar a este delta onde se dispersa no deserto do Kalahari. OKAVANGO FAN N D. R. C. TANZANIA ANGOLA MOZABIQUE ZAMBIA ZIMBABWE MALAWI Mean Média Annual anual Precipitação Rainfall (mm) (mm) 0 250 500 km NAMIBIA BOTSWANA SOUTH AFRICA LESOTHO SWAZILAND 2500 2000 1500 1250 1250 1000 900 900 800 800 700 700 600 600 500 500 400 400 300 300 200 200 100 100
MODELO DIGITAL DA ÁREA
Megaleques fluviais que compõe o trato deposicional do Pantanal: 1 Corixo Grande; 2 Cuiabá; 3 São Lourenço; 4 Taquari; 5 Taboco; 6-Aquidauana e 7 Nabileque (Zani, 2008)
Os Pantanais
Área sismogênica do Brasil Branner,1912
Esboço da Tectônica Cenozóica da Plataforma Brasileira
Descontinuidade Crustal de Dois Brasis Caracteristicas: 1. Lineamento Transbrasiliano (feixes de descontinuidades de movimentação transcorrente (Sul da Argentina-África); 2. Várias épocas de reativação: Paleozóico- Grabén Água Bonita-Devoniano), Mesozóico Intrusões Alcalinas e Kimberlitos (Maranhão); Cenozóico: Neotectônica- 1- Sismogenica- Extensão: Sul da Argentina até o Nordeste Brasileiro-Reativação de Falhas; 2- Sedimentação da Bacias do Pantanal e Ilha do Bananal; 3- Rearranjo da Rede de Drenagem;
Sismicidade no Brasil-1767-2009/mag>3.0
Registro do sismo da estação sismográfica de Aquidauana-MS (AQDA), 28/10/2003. Sismograma do tremor de mag 3,5 no Pantanal
O sismo do Pantanal de 15/06/2009 m b =4.8.
Área epicentral: 400m de sedimentos Formação Pantanal (Vp ~2.3 km/s?) Assine, 2004
Área epicentral: 400m de Formação Pantanal (Vp ~2.3 km/s?) falha transpressiva? Hipocentro a 6 km de prof. Assine, 2004
Intensidades Io = V MM Coxim, MS: USGS: II MM IAG: IV MM USGS Internet Intensitiy Map
Megaleque do rio Taqurari no Pantanal
Arrombado Zé da Costa Lobo distributário atual
Avulsão Agradação Mudanças de curso Reocupação Arrombado Zé da Costa
Rompimento de diques marginais e avulsão
Conclusões 1. NEOTECTÔNICA E SEDIMENTAÇÃO O pantanal é uma bacia sedimentar tectonicamente ativa, caracterizada por uma dinâmica sedimentar que produz mudanças constantes na paisagem. Muitas das feições morfológicas existentes são formas reliquiares de uma evolução paleogeográfica condicionada por mudanças climáticas e tectônicas que vêm ocorrendo desde o final do Pleistoceno.
2. Sismo do Pantanal Histórico sismo no Pantanal: 1919 (CORUMBA mag=~5 sentido de Corumbá a Cuiabá); 1964 (mag=5.4 falha inversa, prof. de 5 km) Profundidade do foco ~6km, na crosta superior, bem abaixo dos sedimentos rasos da bacia. Falhamento predominantemente inverso, com pequena componente de transcorrência. Bem determinado com as ondas P de estações distantes.
A sismicidade do Pantanal faz parte de uma faixa sísmica que se estende do W do Paraguai até Goiás/Tocantins; Na parte W do Brasil (do Pantanal até norte de Mato Grosso) a crosta está sujeita a compressão horizontal +- na direção E-W. Este campo de esforços é esultado de VÁRIOS fatores: colisão entre América do Sul e placa de Nazca, impurrão da cadeia meso-atlântica, e talvez até movimentação da própria placa sul-americana.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL Departamento de Geociências Unidade II Campus de Aquidauana-MS REFERÊNCIAS ASSINE, M. L., 2003. Sedimentação na Bacia do Pantanal Mato-grossense, Centro Oeste do Brasil. Tese de Livre Docência. Instituto de Geociências e Exatas, Departamento de Geologia Sedimentar. UNESP. Rio Claro. p. 106. ASSINE, M. L., SOARES, P. C. 2004. Quaternary of the Pantanal, west-central Brazil. Quaternary International 144, p. 23-34. ASSINE, M. L. 2005.River avulsions on the Taquari megafan, Pantanal wetland, Brazil. Geomorphology, 70 p. 257-371. FACINCANI, E. M. et al. 2002. Aspectos geológicos e morfotectônicos da folha de Aquidauana-MS, escala 1:100.000. Revista Pantaneira, Campus de Aquidauana, UFMS. v.4, n1, p.37-40. FACINCANI, E.M. et al. 2006. Geomorfologia fluvial do leque do rio Aquidauana, borda sudeste do Pantanal, MS. Anais do 1o. Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, Campo Grande, Brasil. p. 175-181. FACINCANI, E. M., 2007. Geomorfologia e Geologia do Cenozóico do Médio Vale do Rio Aquidauana, Borda Sudeste da Bacia do Pantanal, MS. Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista - Unesp, Rio Claro, Tese de Pós-Doutorado, p. 100. FACINCANI, E. M. et al. 2007. Leques Fluviais do Aquidauana e Taboco, borda sudeste do Pantanal, MS. In: Dinâmica Econômica, Território e Meio Ambiente em Mato Grosso do Sul, 2007, Aquidauana. Semana da Geografia CPAQ 2007. Zyl, J. J. The Shuttle Radar Topography Mission (SRTM): A breakthrough in a remote sensing of topography. Acta Astronáutica, v. 48, p. 559-565, 2001
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL Departamento de Geociências Unidade II Campus de Aquidauana-MS Edna Maria Facincani edna_facincani@hotmail.com