LIGNINA Disciplina Química da Madeira



Documentos relacionados
LIGNINA Disciplina Química da Madeira

POLIOSES (Hemiceluloses)

POLIOSES (Hemiceluloses)

Ultraestrutura da Parede Celular. Prof. Umberto Klock

INTRODUÇÃO - MADEIRA. Mestranda Daniele Potulski Disciplina Química da madeira I

QUÍMICA DA MADEIRA UFPR - DETF. Prof. Umberto Klock

Características gerais da Madeira Prof. Dr. Umberto Klock.

Heterogeneidade, composição química e propriedades físico-químicas da biomassa

Ultraestrutura da Parede Celular. Prof. Umberto Klock

Características da biomassa

Morfologia da Fibra x Propriedades do Papel

POLPAÇÃO SEMI-QUÍMICA e QUÍMICA

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PAREDE CELULAR

Citrus. Cana. Parede celular. Dra. Maria Izabel Gallão

CÉLULAS E TECIDOS VEGETAIS. Profa. Ana Paula Biologia III

Aspectos da conversão de biomassas vegetais em Etanol 2G. Prof. Dr. Bruno Chaboli Gambarato

Universidade Federal do Paraná Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal. Disciplina Química da Madeira CELULOSE. Prof. Dr.

Capítulo 3 Celulose Propriedades da Celulose Conceito da Celulose Grau de Polimerização da Celulose (GP)...

Reações dos componentes de materiais lignocelulósicos em meio alcalino

Questão 1. Questão 2. Resposta

POLPAÇÃO SEMI-QUÍMICA e QUÍMICA

Característica principal: tratamento químico seguido de desfibramento/refino em um refinador de disco

Celuloses de Eucalipto para Fabricação de Papel e de Derivados de Celulose

Biorrefinaria é conceito aplicável ao setor florestal

Parede Celular. Dra. Maria Izabel Gallão

Processo de Produção de Papel

Sumário do tópico Breve revisão sobre celulose e matéria prima para produção de derivados de celulose

CONTROLE AMBIENTAL NA INDÚSTRIA DE CELULOSE E PAPEL. Contextualização. tratamento com solução química. dissociação de 50% de seus componentes

Química Aplicada. QAP0001 Licenciatura em Química Prof a. Dr a. Carla Dalmolin

Valorização de subprodutos do processamento da Cana-de-açúcar

Como as células são estudadas? Métodos de Estudo da Célula Biomoléculas:Estrutura e Função 28/03/2017. Microscópio. Robert Hooke (1665): Termo Célula

Reações em meio ácido Sumário e objetivo da aula (2 aulas)

Reações dos componentes de materiais lignocelulósicos em meio alcalino

AVALIAÇÃO DA POLPAÇÃO SODA DE PINUS TAEDA COM ADIÇÃO DE ANTRAQUINONA

História Definição de papel Caraterísticas do papel Processo de fabricação Tipos de papel CONTEÚDO

Monique de Moura Gurgel 1, Heber dos Santos Abreu 2, Gisely Lima Oliveira 3, Bruno Couto da Silva 4, Daniele Paes da Rocha 5, Carlos Henrique Rocha

INTRODUÇÃO À OBTENÇÃO DE CELULOSE E PAPEL UFPR - SCA - DETF. Polpa e Papel Tecnologia de produção de polpa celulósica e papel. Prof.

ÓLEOS E GORDURAS (LIPÍDEOS) - TRIGLICERÍDEOS

Influência da Geometria do Cavaco na Polpação Kraft

Disciplina: Resíduos Sólidos. 10 Reciclagem de Papel. Professor: Sandro Donnini Mancini. Sorocaba, Abril de 2018.

Disciplina: Tratamento de Resíduos Sólidos e Efluentes Gasosos. 12 Reciclagem de Papel. Professor: Sandro Donnini Mancini. Sorocaba, Maio de 2017.

Biorrefinaria da Cana-de-açúcar: Matéria-prima e produtos definindo o Processo

Química da Madeira. MADEIRA - Material heterogêneo

1 o Workshop sobre o Estado da Arte da Tecnologia de Produção de Etanol: de Olho na Segunda Geração

Centro Universitário Anchieta

É a parte da Botânica que estuda os tecidos

Disciplina: Tratamento de Resíduos Sólidos e Efluentes Gasosos. 10 Reciclagem de Papel. Professor: Sandro Donnini Mancini. Sorocaba, Maio de 2015.

Produção de monossacarídeos por hidrólise

INTRODUÇÃO CITOLOGIA IA VEGETAL

Controle da população microbiana

Composição e Estrutura Molecular dos Sistemas Biológicos

a) Incorreta. O aumento da temperatura desloca o equilíbrio para o lado direito, no sentido da formação do vapor (transformação endotérmica).

Valorizando a Madeira para a Produção de Celulose e Papel

ESTUDO DO COMPORTAMENTO TÉRMICO DE DIFERENTES VARIEDADES DE CANA DE AÇÚCAR. Airton Juliano Damaceno

Maria Teresa Borges Pimenta. UTILIZAÇÃO DE FLUIDOS NO ESTADO SUB/SUPERCRÍTICO NA POLPAÇÃO DE Eucalyptus grandis E Pinus taeda

Sistema Vascular. Gregório Ceccantini. BIB 140 Forma e Função em plantas vasculares. USP Universidade de São Paulo

Processo de Produção de Pasta

CARBOIDRATOS. INTRODUÇÃO -Biomoléculas mais abundantes -Base da nutrição animal

Membrana plasmática. Membrana plasmática e parede celular ESTRUTURA DA MEMBRANA ESTRUTURA DA MEMBRANA ESTRUTURA DA MEMBRANA ESTRUTURA DA MEMBRANA

UFPR - SCA - DETF. Polpa e Papel Tecnologia de produção de polpa celulósica e papel. Prof. Umberto Klock

QUÍMICA (2ºBimestre 1ºano)

Monossacarídeos. Solução aquosa. Cadeia carbonica 3 a 7 C Grupamento carbonila (Aldose ou cetose) e hidroxilas Isomeria D e L (2 n )

CPV seu pé direito também na Medicina

Parede primária e secundária. Lomandraceae, Monocotiledônea

POLPAÇÃO ALCALINA Principais processos: Soda e Sulfato (ou kraft)

Sistema Vascular. Gregório C eccantini. BIB 140 Forma e Função em plantas vasculares. USP Universidade de São Paulo

ESTRUTURAS DE MADEIRA

Propriedades da madeira para fins de energia. Poder Calorífico

QUÍMICA ORGÂNICA I. Professora: Matildes Blanco 2011 QUÍMICA ORGÂNICA

ESTRUTURAS DE MADEIRA

II FÓRUM NACIONAL DE CARVÃO VEGETAL QUALIDADE DA MADEIRA PARA

Vilma Fernandes Carvalho

Av. Dr. Léo de Affonseca Netto n 750 Jd. Novo Horizonte Lorena / SP CEP: Fone/Fax: (12) rm@rm-gpc.com.

Análise Estrutural. José Carlos Marques Departamento de Química Universidade da Madeira

Digestão anaeróbia. Prof. Dr. Peterson B. Moraes. Departamento de Tecnologia em Saneamento Ambiental Centro Superior de Educação Tecnológica

Com base nessas informações e nos conhecimentos sobre cinética química, pode-se afirmar:

Melhoramento de espécies florestais

UEAP ENG. AMB.CARBOIDRATOS / PROFESSORA ANA JULIA SILVEIRA

Sinopse das funções orgânicas

Química Orgânica. Química orgânica: Estrutura das moléculas. Grupos funcionais. Estereoquímica. Reatividade..

Exercícios de Propriedades Físicas dos Compostos Orgânicos

Soluções usadas em escala industrial ou escala ampliada

CÉLULA VEGETAL - PAREDE CELULAR

Tecnologia de Conversão de Biomassa Vegetal. Prof. André Ferraz

Caracterização de polpas celulósicas

Bio:D. Angela Cristina

1º Questão: Escreva a distribuição eletrônica dos elementos abaixo e determine o número de valência de cada elemento: a) Fe (26):.

CABOIDRATOS, FIBRAS, LIPÍDEOS, PROTEÍNAS E ÁGUA

Cadex Pré-vestibular Química Volume I Série 4 Geometria molecular; polaridade; forças intermoleculares

RAIZ ANATOMIA INTERNA

PREVENÇÃO DE REAÇÕES OXIDATIVAS: ANTIOXIDANTES NOS VEGETAIS DE CONSUMO HUMANO.

BIOLOGIA 1º ANO EVOLUÇÃO DO MICROSCÓPIO

CONHEÇA AS PRINCIPAIS ETAPAS QUÍMICAS NA INDÚSTRIA DE CELULOSE. Processos Químicos Industriais II

A Mandioca na Alimentação Animal

Aula: 16 Temática: Estrutura dos aminoácidos e proteínas parte I. Iremos iniciar o estudo da estrutura dos aminoácidos e proteínas.

Bioquímica: Componentes orgânicos e inorgânicos necessários à vida. Leandro Pereira Canuto

Diagrama simplificado do processo kraft

Transcrição:

UFPR/DETF QUÍMICA DA MADEIRA LIGNINA Disciplina Química da Madeira UFPR/DETF Prof. Dr. Umberto Klock

QUÍMICA DA MADEIRA LIGNINA Introdução A lignina é o terceiro componente fundamental da madeira, ocorrendo entre 15 e 35% de seu peso. 2

Madeira Ligninas 3

Lignina na Parede Celular Camada Espessura, µm LM 0,2-1,0 lignina, pectinas Composição P 0,1-0,2 celulose, polioses, lignina, pectinas, proteínas S1 0,2-0,3 celulose, polioses, lignina S2 1,0-5,0 celulose, polioses, lignina S3 0,1 celulose, polioses, lignina 4

Camadas da Parede Celular Camada Espessura, µm LM 0,2-1,0 lignina, pectinas Composição (%) Celulose Hemiceluloses Lignina P 0,1-0,2 celulose, hemiceluloses, pectinas, proteínas, lignina S1 0,2-0,3 celulose, hemiceluloses, lignina S2 1,0-5,0 celulose, hemiceluloses, lignina S3 0,1 celulose, hemiceluloses, lignina 5

Molélula de celulose, com a indicação da unidade básica celobiose. Arranjo da celulose na fibrila elementar (36 moléculas). Cristalitos de celulose Lignina Corte transversal de uma microfibrila, mostrando feixes de celulose embebidas em uma matrix de hemiceluloses e lignina. 6

Por que tanto interesse? Simplesmente.a lignina é a substância que os produtores de celulose e papel querem fora da Madeira; a manipulação genética de árvores para produzirem menos lignina ou um tipo de lignina diferente, que poderia ser mais facilmente retirada são de tremendo interesse econômico. 7

LIGNINA 8

LIGNINA 9

LIGNINA Lignina Kraft lavada. http://www.lignoworks.ca/

LIGNINA : GENERALIDADES Descoberta por Anselme Payen em 1838. Klason em 1897, propos que a lignina estava relacionada a unidades de álcool coniferílico, Em 1907: substância macromolecular, Em 1917: unidades de álcool coniferílico com ligações éter, Em 1940: concluiu que a lignina é constituída por unidades de fenilpropano com ligações tridimensionais. A lignina difere da celulose porque: - é uma macromolécula aromática, - altamente irregular em sua constituição e por ser amorfa. Payen Klason Composição elementar: carbono, hidrogênio e oxigênio. 11

LIGNINA Localiza-se principalmente na lamela média onde é depositada durante a lignificação do tecido vegetal. Quando o processo de lignificação é completado, geralmente coincide com a morte da célula formando o que se denomina tecido de resistência. Daí concluir-se que a lignina é um produto final do metabolismo da planta. 12

Localização da lignina 13

Localização da lignina Lamela media 14

LIGNINA Distribuição na parede celular de um traqueóide Madeira Região morfológica Volume do tecido (%) Lignina (% do total) Concentração da lignina (%) S 87 72 23 LI ML 9 16 50 CC 4 12 85 S 94 82 22 LT ML 4 10 60 CC 2 9 100 LI - lenho de início de estação; LT - lenho de fim estação; S - parede secundária ; ML - lamela média composta e CC - canto das células 15

Imagem química da lignina em células de tecido vegetal de xilema de Populus trichocarpa por microscopia confocal Raman. Os sinais mais fortes de Lignina é em CC, seguido pela lamela média composta (CML). Lignina também é distribuída na parede secundária, S1, S2 e S3 com mior concentração nas camadas mais externas (sentido CML). (Schmidt et al. 2009. Planta, 230:589-597).

LIGNINA A lignina como a celulose, também é um polímero mas difere desta porque é predominantemente um composto aromático, e porque é altamente irregular em sua constituição e estrutura molecular. As ligninas presentes nas paredes celulares das plantas estão sempre associadas com as polioses, não só através da interação física como também de ligações covalentes. 17

LIGNINA É bem aceito o fato da lignina ter sua origem a partir da polimerização dehidrogenativa (iniciada por enzimas) dos seguintes precursores primários: álcool trans-coniferílico, álcool trans-sinapílico e, álcool para-trans-cumárico. É constituída de unidades de fenil-propano unidas por ligações C-O-C e C-C e com diferentes teores de grupos alcóolicos e metoxílicos dependendo da madeira. 18

LIGNINA A lignina é encontrada nas plantas do reino vegetal, porém, sua constituição não é a mesma em todas elas. Portanto a lignina não deve ser considerada como uma substância química única, mas sim como uma classe de materiais correlatos. 19

LIGNINA O termo lignina, em um senso mais amplo, referese à lignina componente de várias plantas, que diferem uma da outra de acordo com a espécie e localização na planta. O termo protolignina ou lignina in situ refere-se à lignina associada ao tecido da planta, uma vez que para separar a lignina da sua associação natural na parede celular há, pelo menos, ruptura das ligações lignina-polissacarídeos e uma redução no peso molecular 20

LIGNINA - Conceito A lignina é um polímero de natureza aromática com alto peso molecular que tem como base estrutural unidades de fenil-propano e provavelmente está ligada aos polissacarídeos (polioses) da madeira. 21

LIGNINA : fenilpropano A unidade básica de fenilpropano consiste de um anel aromático e de uma parte alifática (cadeia lateral) de 3 átomos de carbono, denominados α, β e γ; (C 6 -C 3 ou C 9, unidas por ligações éter e C-C). Composição distinta dependendo da espécie vegetal. 22

Estrutura da Lignina A Figura mostra a estrutura tridimensional de um fragmento do polímero de lignina de Picea spp. composto de 4 unidades repetidas, vistas de um ângulo ao eixo axial do polímero. São vísiveis as 4 cadeias de xilanas (amarelo) estão ligadas a cada unidade repetida. Fonte, Kaj G. Forss, 2006 23

LIGNINA - Precursores

LIGNINA: BIOSSÍNTESE Proveniente do metabolismo secundário da planta Derivada de 3 precursores primários: Álcool p-cumarílico Álcool coniferílico Álcool sinapílico Os precursores primários são gerados a partir de: Rota metabólica do ácido chiquímico Rota metabólica do ácido cinâmico 25

Lignificação Precursores Majoritários da Lignina 26

LIGNINA - Rota do Ácido Chiquímico H CHO C OH HO OH H C C H OH HO COOH H C OH CH 2 OH HO Glicose Ácido chiquímico NH 2 HO CH 2 CHCOOH HO CH 2 COCOOH COOH Tirosina NH 2 Ácido prefênico CH 2 CHCOOH Fenilalanina 27

LIGNINA - Rota do ácido cinâmico NH 2 CH 2 CHCOOH FENILALANINA FENILALANINA AMÔNIA LIASE CH CHCOOH ÁCIDO CINÂMICO FENOLASES HO NH 2 CH 2 CHCOOH TIROSINA AMÔNIA LIASE HO CH CHCOOH TIROSINA ÁCIDO p-cumarílico 28

LIGNINA - Biossíntese dos precursores COOH COOH COOH 1- C3-Fenolases 2- C3-Metiltransferases OH Ácido p-cumarílico OH OCH 3 Ácido ferúlico 1- C5-Fenolases 2- C5-Metiltransferases H 3 CO OCH 3 OH Ácido sinápico 1- Ligase CoA 2- Redutase 3- Desidrogenase CH 2 OH 1- Ligase CoA 2- Redutase 3- Desidrogenase CH 2 OH 1- Ligase CoA 2- Redutase 3- Desidrogenase CH 2 OH OH Álcool p-cumarílico OH OCH 3 Álcool coniferílico H 3 CO OCH 3 OH Álcool sinapílico 29

Álcoois precursores das ligninas CH 2 OH CH 2 OH CH 2 OH OCH 3 H 3 CO OCH 3 OH OH OH Álcool p-cumarílico Álcool coniferílico Álcool sinapílico Lignina p-hidroxifenila Lignina Guaiacila Lignina Siringila 30

Ligações presentes na estrutura molecular das Ligninas Ligação a-a Ligação b-b Ligação b-o-4 Ligação b-5 Ligação 3-5 31

A LIGNINA E SUA INTERAÇÃO COM A CELULOSE E POLIOSES 32

O Processo de Lignificação Geração dos álcoois p-hidroxi-cinamílicos nas vesículas de Golgi; Armazenamento dos precursores no câmbio na forma de um glicosídeo (estável); Transporte dos precursores através da membrana até sítios de lignificação na parede celular; Liberação do precursor no sítio de lignificação pela enzima b-glicosidase : A b-glicosidase existe somente na parede celular das células em fase de lignificação. 33

Estabilização dos precursores contra polimerização: glicosídeos CH 2 OH O HO HO O CH CH CH 2 OH OH CH 3 O Coniferina = glicosídeo do álcool coniferílico 34

Liberação do álcool coniferílico na região de lignificação pela b-glicosidase CH 2 OH CH 2 OH CH CH CH CH HO HO CH 2 OH O OH O OCH 3 b-d-glicosidase - glicose OH OCH 3 Coniferina Álcool coniferílico 35

Modelo de Lignina OH OH CH 3 O HO HO CH 3 O HO 1 OCH 3 HO 2 O OH CH 3 O O OCH 3 CH 3 O OH O O 3 4 OH CH 3 O OCH 3 OCH 3 O HO HO O 6 5 OCH 3 OH OH OCH 3 OH OH O 9 10 OH HO HO CH 3 O OCH 3 HO OH O 11 12 OH O HO HO O 20 OCH 3 CH 3 O OCH 3 OCH 3 CH 3 O OCH 3 13 O 19 14 CH 3 O O OH O OCH 3 18 OCH 3 OH O O O CH 3 O OCH 3 O 15 OCH 3 17 O 16 OCH OH 3 OH OH OH CH 3 O OCH 3 7 OH OH OCH 3 HO HO O 8 OH 36

Classificação geral das Ligninas 1. Lignina guaiacila (G):coníferas - polimerização do álcool coniferílico. 2. Lignina guaiacila-siringila (G-S): folhosas - co-polimerização do álcool coniferílico + álcool sinapílico. 3. Lignina 4-hidroxifenil-guaiacila-siringila (H-G-S): gramíneas - co-polimerização do álcool coniferílico + álcool sinapílico + álcool p-coumarílico 4.Lignina 4-hidroxifenila-guaiacila (H-G): mad. de compressão - polimerização do álcool coniferílico + álcool p-coumarílico 37

Conteúdo de Ligninas Guaiacila, Siringila e p- hidroxifenila em várias madeiras folhosas Mole % (Proporção molar de unidades estruturais ( 13 C NMR) de lignina dioxano da madeira) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 E. globulus E. urograndis S G H E. grandis B. pendula A. mangium 38

LIGNINA Estrutura química A estrutura química da lignina não é totalmente conhecida principalmente pelo fato das alterações que sofre durante as práticas bastante drásticas de seu isolamento da madeira. 39

LIGNINA Composição elementar É fato comprovado que na composição química elementar da lignina ocorrem única e exclusivamente carbono, hidrogênio e oxigênio. A composição elementar percentual varia principalmente se a lignina for obtida de coníferas ou de folhosas e com o método de isolamento da mesma. 40

LIGNINA Elementos Coníferas (%) Folhosas (%) C 63-67 59-60 H 5-6 6-8 O 27-32 33-34 41

Ex.: Composição elementar de ligninas Espécie % C % H % O % OCH 3 CONÍFERAS: Picea abies 63,8 6,0 29,7 15,8 Araucaria angustifolia 59,1 5,6 35,3 17,8 Pinus taeda 61,6 5,9 32,5 14,0 FOLHOSAS: Eucalyptus regnans 59,2 6,3 33,6 22,9 Populus tremuloides 60,0 6,1 33,9 21,5 Gmelina arborea 58,7 5,8 35,5 19,3 Eucalyptus grandis 60,6 6,0 32,4 22,0 42

LIGNINA Base estrutural A base estrutural da lignina é o fenilpropano, tendo ligado ao anel benzenico um número váriavel de grupos hidroxílicos e metoxílicos. Esses grupos fazem com que o fenilpropano tome a forma de radicais químicos bem definidos. 43

LIGNINA Assim é que na lignina que ocorre nas madeiras das gimnospermas predominam radicais de: guaiacil-propano (metoxi--3-hidroxi-4-fenilpropano) nas angiospermas predominam radicais de: siringil-propano (dimetoxi-3-5-hidroxi-4- fenil-propano). 44

LIGNINA - Grupos funcionais a. Grupos metoxílicos (OCH 3 ) É o grupo funcional mais característico da lignina, e apesar de aparecer também nas polioses, cerca de 90% dos grupos metoxílicos da madeira são da lignina. De maneira geral, a lignina das coníferas apresenta em torno de 16% de OCH 3 (0,95/unidade de fenil-propano) e das folhosas cerca de 22% (1,40/unidade de fenil-propano). 45

LIGNINA b. Grupos hidroxílicos (OH) Os grupos hidroxílicos que ocorrem na lignina representam cerca de 10% de seu peso (1,1/unidade de fenil-propano) tanto para coníferas como para folhosas. Estes grupos em geral são de natureza fenólica ou alcoólica (álcoois primários, secundários e terciários) 46

LIGNINA c. Outros grupos funcionais Na lignina ocorrem outros grupos funcionais entre os quais se destacam os grupos carboxílicos (COOH) em torno de 0,05/unidade de fenil-propano e grupos carbonilos (CO), 0,1 a 0,2/unidade de fenil propano. 47

LIGNINA - Propriedades Massa molecular As massas moleculares dos derivados solúveis de lignina situam-se numa faixa bastante ampla. Na literatura há desde valores inferiores a 10³ até valores acima de 10 6, tanto para lignosulfonatos como para ligninas alcalinas. De um certo modo a molécula de lignina pode ser reduzida a um tamanho suficientemente pequeno, para ser considerado um composto químico que exibe comportamento dos compostos solúveis ou suficientemente grande, para ter o comportamento de um alto polímero ou de um colóide. 48

LIGNINA A maioria dos valores de massa molecular para ligninas isoladas está na faixa de 1.000 a 1.200, dependendo da intensidade da degradação química e/ou da condensação ocorrida durante o isolamento. Considerando a massa molecular do fenilpropano (unidade formadora) como 184, o grau de polimerização das ligninas isoladas encontra-se na faixa de 5 a 60. 49

LIGNINA Transição vítrea A temperatura de fusão cristalina é a temperatura na qual um polímero cristalino se funde, enquanto que a temperatura de transição vítrea é a temperatura na qual um polímero amorfo começa a amolecer. Abaixo da temperatura o polímero apresenta as características de um vidro (rigidez, etc.). 50

Transição Vítrea Polímeros amorfos Temperatura de amolecimento Lignina = 135 a 190 C Influenciada pelo teor de umidade > TU = < T C Maior a massa molecular = maior a temperatura de amolecimento Torna-se pegajoso adesivo (varia T ) Importante: fabricação de papel/papelão não-branqueados e nas confecção de chapas de fibras. 51

LIGNINA A lignina sendo um polímero amorfo possui um ponto de transição vítrea (ou de amolecimento), que varia consideravelmente conforme a origem e o método utilizado para o seu isolamento, geralmente variando entre as temperaturas de 135 ~ 190ºC, sendo influenciada pela umidade 52

LIGNINA Uma das causas da variação é a massa molecular, quanto maior for esta, mais alta é a temperatura de amolecimento. A água também possui um efeito significativo na temperatura de amolecimento da lignina, esta decresce com o aumento do teor de umidade. 53

LIGNINA - Funções da lignina na planta Aumenta a rigidez da parede celular. Une (cimenta) as células umas as outras. Reduz a permeabilidade da parede celular à água. Protege a madeira contra microorganismos (sendo essencialmente fenólica, a lignina age como um fungicida). 54

LIGNINA Fórmula elementar da lignina A análise elementar e determinação da lignina Bjorkman a partir da madeira de Abeto Norueguês sugerem a seguinte fórmula elementar baseada no C 9 (fenilpropano): C 9 H 7,92 O 2,40 (OCH 3 ) 0,92 55

LIGNINA 56

LIGNINA REAÇÕES químicas... As reações químicas da lignina tem sido estudadas a fim de elucidar sua estrutura química e explicar os fenômenos que ocorrem no cozimento da madeira para a produção de celulose, branqueamento da celulose, etc. 57

Reações Químicas Sulfonação Hidrólise ácida Hidrólise alcalina Condensação e mercaptação Halogenação Oxidação 58

LIGNINA a. Sulfonação Quando a madeira ou a própria lignina é tratada com sulfitos ou bissulfitos metálicos e ácido sulfuroso são formados produtos denominados ácidos lignossulfônicos ou lignosulfonatos, os quais ficam na solução enquanto os polissacarídeos permanecem insolúveis. 59

LIGNINA b. Hidrólise ácida A lignina é bastante resistente à hidrólise ácida, porém quando aquecida em meio ácido sob condições específicas, pode ocorrer hidrólise, principalmente nas ligações éter. 60

LIGNINA c. Hidrólise alcalina Quando a lignina é tratada com soluções alcalinas a temperaturas elevadas podem ocorrer rupturas nas ligações de éter entre as unidades de fenilpropano, formando grupos fenólicos, responsáveis por sua solubilização. 61

A hidrólise alcalina ocorre principalmente durante os cozimentos soda de obtenção de celulose industrial. O processo soda usado para a produção de celulose utiliza solução de NaOH e temperaturas de cerca de 160ºC. 62

LIGNINA d. Condensação e mercaptação Condensação é a reação que os componentes hidrolizados da lignina podem sofrer entre si ou com outros componentes químicos. Pode levar a formação de compostos de elevado peso molecular e reverter a hidrólise e solubilização da lignina. Em alguns casos os produtos da condensação podem apresentar peso molecular superior ao da lignina original. 63

LIGNINA Mercaptação vem a ser o resultado da reação de certos grupos da lignina com os íons hidrossulfeto ou sulfeto. O nome mercaptação vem do fato de que entre os produtos da reação ocorrem mercaptanas. Esta reação é bastante importante sob o aspecto da ocorrência de reações de condensação. 64

LIGNINA e. Halogenação Do ponto de vista prático a reação mais importante é a cloração. A cloração da lignina seguida de extração alcalina é utilizada comercialmente como estágios do processo de branqueamento de celulose a partir de palhas, bagaço de cana-de-açúcar, madeiras, etc. 65

CLORAÇÃO 66

LIGNINA f. Oxidação Uma série de agentes oxidantes atuam sobre a lignina e o emprego dos mesmos é sobretudo importante nos processos de produção de celulose. Os principais são os seguintes: hipocloritos de sódio e cálcio, clorito de sódio, dióxido de cloro, peróxido de hidrogênio e sódio. De uma maneira geral são empregados como agentes de branqueamento da celulose. 67

Produção de Vanila (baunilha) a partir de licor negro processo Sulfite. A lignina é tratada com álcali e oxidada para quebrar a estrutura; a mistura restante contem vanilina, que é separada dos outros produtos com extração por solventes e purificada, se o uso é para alimentação a purificação é essencial. 68

Analise Química Tabela 1: Resultados das determinações químicas, em percentual, de algumas madeiras de eucalipto, espécies nativas e carvalho (Quercus sp). Espécies Análise Química (%) Holocelulose Lignina Extrativos Cinzas Quercus sp 65,22 25,90 10,47 0,52 E. grandis 69,18 25,88 4,66 0,07 E. dunnii 66,14 24,97 6,85 0,74 E. tereticornis 56,37 32,22 10,73 0,09 E. saligna 64,45 26,08 9,43 0,09 E. urophylla 63,62 26,70 9,15 0,16 E. robusta 61,04 29,85 11,28 0,21 Angelim 67,54 26,01 8,88 0,05 Jatobá 59,78 28,70 13,32 0,48 Sucupira 68,25 24,83 8,24 0,20 Cerejeira 59,13 27,37 17,91 0,59 Angico Vermelho 62,02 24,31 15,31 1,26 Fonte: MORI et al., 2003. 69

A LIGNINA NA PAREDE CELULAR 70

USOS DA LIGNINA: GENERALIDADES Comercialmente produzida como um coproduto da indústria de celulose e papel; Liberada durante o processo de polpação química da madeira; Utilizada industrialmente desde 1880 em curtimento de couro e corantes; Atualmente utilizada em vários segmentos industriais. 71

LIGNINA DE PROCESSO KRAFT Lignina sódica sulfonato 72

Briquete de lignina Comercialização da lignina sulfonato 73

PRODUÇÃO INDUSTRIAL DE LIGNINAS Lignina Kraft e a Biorefinaria : Processo LignoBoost 74

PRODUÇÃO INDUSTRIAL DE LIGNINAS Lignina Kraft e a Biorefinaria : Processo LignoBoost Composição Elementar da Lignina Isolada do Licor Negro: C= 64,6% O= 26,4% H= 5,7% Cl= 0,005% Na= 0,03% S= 1,5-2,5% 75

LIGNINA 76