Sistemas de classificação
A Ciência da classificação!!! Se não conhecerem o nome das coisas, perde-se também o conhecimento da sua existência. (Lineu, Philosophia Botanica) Os animais dividem-se em a) pertencentes ao imperador, b) embalsamados, c) amestrados, d) leões, e) sereias, f) fabulosos, g) cães soltos, h) incluídos nesta lista, i) que se agitam como loucos, j) inumeráveis, k) desenhados com um pincel finíssimo de pêlo de camelo, l) etc, m) que acabam de partir o jarrão, n) que de longe parecem moscas Jorge Luís Borges, O idioma analítico de John Wilkins ; Prosa completa; Volume 3; pg. 111
TAXONOMIA Ramo da Sistemática que agrupa os seres vivos em grupos taxonómicos - taxa (singular: taxon) NOMENCLATURA Ramo da Sistemática que dá nome aos grupos formados.
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO: SISTEMÁTICA Face à biodiversidade existente no nosso planeta torna-se importante organizar os seres vivos em grupos e classificá-los de acordo com as suas características. Ao longo dos tempos foram surgindo diferentes propostas de organização taxonómica dos organismos a fim de tornar mais acessível o estudo da enorme diversidade do mundo vivo. A evolução destes sistemas estará sempre dependente do aparecimento de novos dados científicotecnológicos que exijam a sua revisão. Pré - Lineanos Pré - Darwinianos Pós - Darwinianos
Classificar com base em quê? Quais os critérios? Número de critérios utilizados Tem em conta a evolução dos seres vivos?
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO PRÁTICOS (Homem primitivo, (St Agostinho) RACIONAIS (Aristóteles, Lineu, Teofrasto) Utilizam critérios de utilidade humana Utilizam características intrínsecas dos seres vivos Exemplo: Cogumelos venenosos/cogumelos comestíveis Exemplo: Animais sangue vermelho/animais sem sangue vermelho Ora espreita os slides seguintes
Aristóteles (384-322 a.c) Eram conhecidas cerca de 1000 espécies, das quais 450 eram animais. Aristóteles dividiu os seres conhecidos em dois Reinos: O Reino dos Animais (móveis) e o das Plantas (imóveis); este pressuposto foi aceite até ao século XVII. Dividiu os animais em dois grupos: animais de sangue vermelho (Enaima) e animais sem sangue vermelho (Anaima).
Teofrasto (372-287 a.c) Discípulo de Aristóteles, classificou as plantas em ervas, arbustos e árvores, segundo o critério do tamanho. Cada grupo foi ainda dividido em subgrupos com base na forma das folhas, no tipo de vida e no local onde a planta crescia. Este sistemas incluía a descrição de cerca de 480 plantas.
(Lineu 1707-1778)
LINEU O PAI DA SISTEMÁTICA Naturalista sueco, realizou várias viagens, tendo como fim a inventariação de recursos naturais. Admitiu, como Aristóteles, a divisão do mundo vivo em dois grandes grupos: Reino Animal e Reino das Plantas. Estudou as caraterísticas de inúmeros organismos, tendo criado um sistema de classificação e de nomenclatura dos seres vivos, publicado no livro Systema Naturae (10ª edição, 1758), onde admitia a existência de seis classes de animais: Mammalia (mamíferos), Aves (aves), Amphibia (anfíbios e répteis), Pisces (peixes), Insecta (insectos) e Vermes (todos os invertebrados). Lineu incluiu na classificação dos mamíferos algumas alterações importantes. Utilizou, por exemplo, o tipo de dentes como critério de classificação, tendo sido o primeiro naturalista a incluir as baleias e os morcegos nos mamíferos. Em 1735, na primeira edição de Systema Naturae, Lineu apresentou o seu sistema sexual para a classificação das plantas, no qual os grupos eram formados com base no número e no arranjo dos estames e dos carpelos.
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO ARTIFICIAIS (Homem primitivo, (St Agostinho, Aristóteles, Treofasto e Lineu ) NATURAIS Utilizam reduzido número de critérios de classificação Utilizam elevado número de critérios de classificação Exemplo: Tipo de sangue ou tipo de habitat Exemplo: caraterísticas morfológicas, anatómicas e fisiológicas Ora espreita os slides seguintes
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO ARTIFICIAIS
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO NATURAIS
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO HORIZONTAIS (Pré-Darwinianos) Não consideram o fator tempo. São fixistas. Os sistemas não refletem a história evolutiva dos seres vivos. Verticais, Filogenéticos ou Evolutivos (Pós-Darwinianos) Nestas classificações utiliza-se a análise cladística, como veremos adiante Consideram o fator tempo, procurando relações de parentesco entre os indivíduos com o objetivo de descrever a sua história evolutiva Ora espreita os slides seguintes
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO VERTICAIS
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO VERTICAIS
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO VERTICAIS ÁRVORES FILOGENÉTICAS Da aplicação de sistemas de classificação vertical resultam esquemas (ÁRVORE FILOGENÉTICA), de leitura vertical, que relacionam os indivíduos entre si e com um ancestral, expressando os momentos de divergência. Apresentam, portanto, uma perspectiva filogenética de evolução a partir de um ancestral comum. As primeiras árvores filogenéticas foram elaboradas com base no estudo anatómico, comparando as diferentes espécies. No entanto, este estudo apresentava algumas limitações: 1. A falta de um registo fóssil completo, ou mesmo inexistência de fósseis, dificulta o reconhecimento do ancestral e a construção de árvores e séries filogenéticas. 2. A ocorrência de evoluções convergentes e o aparecimento de estruturas análogas, faz com que, espécies que não estão evolutivamente relacionadas, possuam anatomias semelhantes, podendo levar ao estabelecimento de relações filogenéticas erradas. 3. A ocorrência de evoluções divergentes, em que a ocupação de habitats diferentes pode conduzir a alterações morfológicas nos organismos, e, consequentemente, a relação evolutiva pode não ser detetada pela análise da anatomia. No século XX, a Sistemática passou a dispor de novos dados (genética, citologia e bioquímica). Os conceitos de fundo genético e de população passaram igualmente a ser considerados como elementos importantes na classificação dos seres vivos. Na década de 60, do século XX; começaram a utilizar-se métodos de estudo relacionados com biomoléculas e programas informáticos para fazer a análise dos dados obtidos.
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO VERTICAIS ÁRVORES FILOGENÉTICAS
FENÉTICA Tem por base as semelhanças morfológicas dos indivíduos Exemplo: os crocodilos são agrupados com as tartarugas, cobras e lagartos FILOGENÉTICA, CLADÍSTICA OU EVOLUTIVA Baseia-se na relação evolutiva entre os seres vivos. Recorre a diversos argumentos (paleontológicos, anatómicos, embriológicos, bioquímicos, etc) Exemplo: os crocodilos seriam agrupados com as aves
Não nega a evolução, mas não a considera na sua classificação dos seres vivos. Baseia-se nas semelhanças morfológicas que os vários organismos apresentam. As características devem ser objetivas e facilmente qualificáveis. Permite a identificação rápida dos seres vivos; contudo, despreza a filogenia evolutiva. Não considera o factor tempo. É aplicada com base em chaves dicotómicas. O esquema final designa-se FENOGRAMA. ESCOLA FENÉTICA
ESCOLA FILOGENÉTICA, CLADÍSTICA OU EVOLUTIVA Reflete a relação evolutiva dos seres vivos. Apoiada em argumentos paleontológicos, genéticos, citológicos, etc. É um sistema de classificação dinâmico que considera o fator tempo. Normalmente representada por um CLADOGRAMA, onde estão assinalados os pontos de divergência entre as espécies, sendo o comprimento dos traços proporcional ao tempo decorrido entre cada divergência. Neste tipo de esquema tem especial importância as denominadas CARATERÍSTICAS ANCESTRAIS OU PRIMITIVAS (que existem no ancestral e que são comuns a todos os organismos) e as CARATERÍSTICAS DERIVADAS (aquelas que se modificaram, divergiram a partir do ancestral comum e que estão presentes apenas em alguns organismos) Alguns autores consideram que se o fator tempo for associado a um cladograma este transforma-se numa ÁRVORE FILOGENÉTICA. Em cada ponto de ramificação a árvore filogenética possui um ancestral, real ou hipotético, e cada ramo representa a linha evolutiva de um dado grupo.
Caraterística derivada Caraterística primitiva
Fenograma