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Transcrição:

1. CONCEITO DOS BUSCADORES Buscador não é provedor de conteúdo!!! É índice de conteúdos!!!! Conceito Funcional: O motor de busca, como são chamados os buscadores, é um programa que auxilia a procura de informações armazenadas na Internet, dentro de uma rede corporativa ou de um computador pessoal. Ele permite que uma pessoa solicite um conteúdo de acordo com um critério específico (ex.: uma palavra ou frase) e responde com uma lista de referências que combinam com tal critério, ou seja, é uma espécie de índice remissivo que busca online nos mais diversos computadores ligados à Internet o critério solicitado. O provedor de pesquisa é uma espécie do gênero provedor de conteúdo, pois não inclui, hospeda, organiza ou de qualquer outra forma gerencia as páginas virtuais indicadas nos resultados disponibilizados, se limitando a indicar links onde podem ser encontrados os termos ou expressões de busca fornecidos pelo próprio usuário. REsp nº 1.316.921 RJ, 26.06.2012, STJ

1. CONCEITO DOS BUSCADORES Como funcionam os sites de busca na Internet? Todo site de busca tem um banco de dados gigantesco que serve de base para as pesquisas na rede pelos programas chamados robôs ou aranhas, os quais varrem a Internet e gravam o texto de todos os sites que encontram, em um ritmo de algumas centenas de páginas por segundo. O programa de busca guarda as informações da posição de cada palavra nos sites varridos e o tamanho em que ela aparece, pois esse é um dos critérios para ranqueamento das pesquisas. Além do tamanho das palavras o fator que mais influi no ranqueamento das buscas é a quantidade de links que apontam para o site. Alguns algoritmos também concedem um valor especial para o ranqueamento dos links de páginas que também são apontados por muitas outras. O fato do link que leva à página dar uma informação extra que complemente a informação buscada também influi no ranqueamento.

1. CONCEITO DOS BUSCADORES Qual a natureza jurídica dos buscadores? Os buscadores são prestadores de serviço, independente do fato de ser gratuito, o que não desvirtua a relação de consumo, tendo em vista que o art. 3º, 2º, do CDC, tem sido interpretado de forma ampla incluindo o ganho indireto do fornecedor. A Ministra Nancy Andrighi STJ (REsp 1192208) afirmou que nem a gratuidade do serviço prestado pelo provedor nem seu aspecto virtual descaracterizam a relação de consumo. No caso do Google, é clara a existência do chamado cross marketing, consistente numa ação promocional entre produtos ou serviços em que um deles, embora não rentável em si, proporciona ganhos decorrentes da venda de outro, esclareceu.

2. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AOS BUSCADORES Como prestador de serviços aplicam-se as regras gerais do Código Civil e Código de Defesa do Consumidor para regular o exercício da atividade e responsabilidades dos buscadores, tendo em vista não existir atualmente uma legislação específica sobre o tema no Brasil. A responsabilidade dos provedores de busca: funcionamento adequado e a manutenção das páginas na internet que contenham os motores de busca; garantia de sigilo e segurança das buscas efetuadas; inviolabilidade dos dados cadastrais de seus usuários, quando identificáveis; dever de informação; busca isenta de direcionamentos; filtragem do conteúdo das pesquisas feitas por cada usuário (?????) O

( 3. CASOS DE DESTAQUE )

( 3. CASOS DE DESTAQUE )

4. DISCUSSÕES NOS CASOS ARGUMENTOS PRÓ FILTRAGEM Direito a Intimidade Dificuldade em acessar os provedores de conteúdo Filtro pelo Buscador Crimes contra Honra Comércio de produtos ilícitos Pornografia Infantil

4. DISCUSSÕES NOS CASOS ARGUMENTOS CONTRA FILTRAGEM Direito a Informação Inutilidade do provimento pelo Judiciário Liberdade da Busca Neutralidade da Busca Impossibilidade Técnica e Jurídica Liberdade de Expressão

5. JURISPRUDÊNCIA NO STJ CIVIL E CONSUMIDOR. INTERNET. RELAÇÃO DE CONSUMO. INCIDÊNCIA DO CDC. GRATUIDADE DO SERVIÇO. INDIFERENÇA. PROVEDOR DE PESQUISA. FILTRAGEM PRÉVIA DAS BUSCAS. DESNECESSIDADE. RESTRIÇÃO DOS RESULTADOS. NÃO-CABIMENTO. CONTEÚDO PÚBLICO. DIREITO À INFORMAÇÃO. 1. A exploração comercial da Internet sujeita as relações de consumo daí advindas à Lei nº 8.078/90. 2. O fato de o serviço prestado pelo provedor de serviço de Internet ser gratuito não desvirtua a relação de consumo, pois o termo mediante remuneração, contido no art. 3º, 2º, do CDC, deve ser interpretado de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do fornecedor. 3. O provedor de pesquisa é uma espécie do gênero provedor de conteúdo, pois não inclui, hospeda, organiza ou de qualquer outra forma gerencia as páginas virtuais indicadas nos resultados disponibilizados, se limitando a indicar links onde podem ser encontrados os termos ou expressões de busca fornecidos pelo próprio usuário. 4. A filtragem do conteúdo das pesquisas feitas por cada usuário não constitui atividade intrínseca ao serviço prestado pelos provedores de pesquisa, de modo que não se pode reputar defeituoso, nos termos do art. 14 do CDC, o site que não exerce esse controle sobre os resultados das buscas. 5. Os provedores de pesquisa realizam suas buscas dentro de um universo virtual, cujo acesso é público e irrestrito, ou seja, seu papel se restringe à identificação de páginas na web onde determinado dado ou informação, ainda que ilícito, estão sendo livremente veiculados. Dessa forma, ainda que seus mecanismos de busca facilitem o acesso e a consequente divulgação de páginas cujo conteúdo seja potencialmente ilegal, fato é que essas páginas são públicas e compõem a rede mundial de computadores e, por isso, aparecem no resultado dos sites de pesquisa. 6. Os provedores de pesquisa não podem ser obrigados a eliminar do seu sistema os resultados derivados da busca de determinado termo ou expressão, tampouco os resultados que apontem para uma foto ou texto específico, independentemente da indicação do URL da página onde este estiver inserido. 7. Não se pode, sob o pretexto de dificultar a propagação de conteúdo ilícito ou ofensivo na web, reprimir o direito da coletividade à informação. Sopesados os direitos envolvidos e o risco potencial de violação de cada um deles, o fiel da balança deve pender para a garantia da liberdade de informação assegurada pelo art. 220, 1º, da CF/88, sobretudo considerando que a Internet representa, hoje, importante veículo de comunicação social de massa. 8. Preenchidos os requisitos indispensáveis à exclusão, da web, de uma determinada página virtual, sob a alegação de veicular conteúdo ilícito ou ofensivo notadamente a identificação do URL dessa página a vítima carecerá de interesse de agir contra o provedor de pesquisa, por absoluta falta de utilidade da jurisdição. Se a vítima identificou, via URL, o autor do ato ilícito, não tem motivo para demandar contra aquele que apenas facilita o acesso a esse ato que, até então, se encontra publicamente disponível na rede para divulgação. 9. Recurso especial provido. Relatora Ministra Nancy Andrighi (Terceira Turma, Recurso Especial nº 1.316.921 RJ, julgado em 26 de junho de 2012)

6. PROJETOS DE LEI (MARCO CIVIL) Não existe uma definição legal nem dispositivos específicos aplicáveis à atividade dos buscadores atualmente, mas o texto do PL nº 2.126, de 2011 (PL do Marco Civil) busca definir de uma maneira geral as atividades envolvendo certos prestadores de serviço na Internet: Conceito de aplicações de Internet (Art 5 o, VII) Responde civilmente se, sob ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço, excluir o conteúdo determinado (Art 15 o, caput) A ordem judicial deve possuir identificação clara e específica do conteúdo apontado como infringente, que permita a localização inequívoca do material (Art 15 o, par 1º)

Hélio Ferreira Moraes, membro da Comissão de Ciência e Tecnologia da OAB- SP, advogado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco USP, engenheiro eletrônico e pós-graduado em automação e controle pela Escola Politécnica USP, sócio de Pinhão e Koiffman Advogados, escritório especializado em direito de Tecnologia da Informação e Comunicações TIC, professor de direito para engenheiros na Escola de Engenharia Mauá, especialista em Direito da Tecnologia da Informação, pela Fundação Getúlio Vargas FGV e especialista em Direito das Novas Tecnologias, pelo Centro de Extensão Universitária CEU. Este trabalho está licenciado sob a Licença Atribuição Não Comercial Sem Derivados 3.0 Não Adaptada-da Creative Commons.Para ver uma cópia desta licença, visite: http://creativecommons.org/licenses/by-ncnd/3.0 ou envie uma carta para Creative Commons, 444 Castro Street, Suite 900, Mountain View, California, 94041, USA. This work is licensed under the Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License. To view a copy of this license, visit http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/ or send a letter to Creative Commons, 444 Castro Street, Suite 900, Mountain View, California, 94041, USA.