MODIFICAÇÕES NO CLIMA DA PARAIBA E RIO GRANDE DO NORTE



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Transcrição:

MODIFICAÇÕES NO CLIMA DA PARAIBA E RIO GRANDE DO NORTE Maytê Duarte Leal Coutinho 1, José Ivaldo Barbosa de Brito 2 1 Doutoranda em Ciências Climáticas UFRN Natal RN, maytecoutinho@yahoo.com.br 2 Professor Associado UFCG Campina Grande PB, ivaldo@dca.ufcg.edu.br RESUMO: O presente trabalho investigou possíveis mudanças no clima das mesorregiões do Rio Grande do Norte e da Paraíba decorrentes de aumento da temperatura média do ar de 1,5 o C e 3,0 o C em conjunto como um aumento ou diminuição da precipitação em 20%. Verificou-se que o aumento de 3,0 o C modifica o clima em todas as mesorregiões dos dois Estados até mesmo como a precipitação aumentando em 20%. Para um aumento de 1,5 o C não ocorrerá mudanças no clima caso a precipitação tenha um aumento igual ou superior a 20%. Nos cenários com redução de precipitação e aumento de temperatura observam-se fortes mudanças no clima de ambos Estados. Palavras Chave: Semiárido; úmido; subúmido seco ABSTRACT: This study investigated possible climate change in the meso-regions from the Rio Grande do Norte and Paraiba from the increase of temperature of 1.5 o C and 3,0 o C together as an increase or decrease in rainfall by 20%. An increase of 3.0 o C produces climate change in all the meso-regions even as the precipitation increased by 20%. For an increase of 1.5 o C climate change will not occur if the precipitation has increase by over 20%. In the scenarios with reduce rainfall and increased temperatures are observed profound changes in the climate of both states. KEYWORDS: Semi-arid, humid, dry sub-humid INTRODUÇÃO O tema mudança climática, especialmente, aquecimento global tem sido objeto de muitos estudos nas últimas duas décadas. De acordo com Dow e Downing (2007) de 1976 até 2005 foram publicados mais de 17.600 artigos sobre mudança climática. Entretanto, este é um assunto que ainda gera polemicas. Porém, dados do Goddard Institute for Space Studies (GISS) mostram que a temperatura média global próximo da superfície da Terra estimada de estações meteorológicas apresentou um aumento de aproximadamente 0,92 o C, nos últimos 120 anos (GISS, 2011). Quando se tem uma combinação de dados de temperatura do ar de estações com de temperatura da superfície do mar verificas-se um aumento de 0,75 o C (GISS, 2011). No caso especifico do Nordeste do Brasil, Marengo (2011), fazendo uma análise do Quarto Relatório do IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC AR4), descreveu que para o Nordeste do Brasil no cenário climático pessimista, as temperaturas do ar aumentariam

de 2-4 o C e as chuvas se reduziriam entre 15-20% até o final do século XXI. No cenário otimista, o aquecimento seria entre 1-3 o C e a chuva ficaria entre 10-15% menor que no presente. Enquanto, Salati et al (2007) mencionam que no cenário mais otimista a temperatura do ar na Região aumentaria de 1,5-3 o C e as chuvas aumentaria de 15-20%, e no mais pessimista, as chuvas aumentaria de 10-15% e as temperaturas de 2,5-4 o C. Por um lado, aumento (diminuição) da temperatura do ar ou da chuva não significa necessariamente mudança no clima, pois, existem localidades com totais anuais de precipitação diferentes e temperatura média do ar também diferente e a classificação climática para as localidades pode ser a mesma. Por outro lado, modificações na temperatura do ar e na precipitação podem produzir mudanças climáticas drásticas. OBJETIVOS O presente trabalho tem como objetivo verificar, por meio de cenários, qual seria a classificação climática das diversas mesorregiões dos Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba para aumento médio de 1,5 o C e 3,0 o C na temperatura do ar e diminuição e/ou aumento da precipitação em 20% dos valores atuais. MATERIAL E MÉTODOS Neste estudo, foram usados dados observados de precipitação mensal de 68 postos pluviométrico dos Estados da PB e RN (Figura 1a) para o período de 1966 a 2003, cedido pela Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas (UACA) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Os dados de máxima capacidade de retenção de água disponível pelo solo foram oriundos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro de Pesquisa de Solo (Embrapa Solo) Unidade Recife. As médias mensais da temperatura do ar, para o período de janeiro de 1966 até dezembro de 2003 foram estimativas pelo Estima-T, tendo como dado de entrada as anomalias de temperatura das águas da superfície dos oceanos Atlântico e Pacífico Tropicais, a latitude, longitude e altitude das 68 localidades. A classificação climática das mesorregiões do Rio Grande do Norte e Paraíba, para cada um dos cenários, foi feita com base no valor do Índice Efetivo de Umidade (I m ) (Tabela 1). Usou-se o modelo de balanço hídrico Tornthwaite e Mather (1957), incorporando as modificações de Krishan (1980) e Zektser e Loaiciga (1993), para estimar o I m. Foram elaborados cinco cenários, a saber, (1) utilizando os dados médios mensais de temperatura do ar e precipitação para o período de 1966 a 2003, denominado de cenário observado; (2) temperatura do ar média mensal adicionada de 1,5 o C e precipitação mensal somada a 20% da própria precipitação mensal, cenário T+1,5 o C e P+20%P; (3) temperatura do ar média mensal adicionada de 1,5 o C e precipitação mensal subtraída de 20% da própria precipitação mensal, cenário T+1,5 o C e P 20%P; (4) temperatura do ar média mensal adicionada de 3,0 o C e precipitação mensal somada a

20% da própria precipitação mensal, cenário T+3,0 o C e P+20%P; (5) temperatura do ar média mensal adicionada de 3,0 o C e precipitação mensal subtraída de 20% da própria precipitação mensal, cenário T+3,0 o C e P 20%P. Tabela 1 - Classificação climática de Thornthwaite e Mather (1957) com base no I m I m Tipo de Clima I m Tipo de Clima I m 0 Hiperárido 0 < I m 20 Subúmido úmido 0 < I m -40 Árido 20 < I m 80 Úmido -40 < I m -20 Semiárido 80 < I m < 100 Superúmido -20 < I m 0 Subúmido Seco I m > 100 Hiperúmido Fonte: Oliver, 1973 RESULTADO E DISCUSSÕES Observando a Figura 1b mostra a configuração do cenário climático observado. Verifica-se clima úmido apenas no litoral sul da Paraíba, na Mata Paraibana, e em uma pequena área no brejo de altitude, no Agreste Paraibano. Clima subúmido úmido no Leste Potiguar, na parte norte da Mata Paraibana e parte central do Agreste Paraibano. Clima subúmido seco no Agreste e sudoeste do Sertão Paraibano e parte leste do agreste Potiguar. Clima semiárido em quase todo Rio Grande do Norte, abrangendo Agreste, Central e Oeste Potiguar, e na parte oeste do Agreste, mesorregião da Borborema e em grandes áreas do Sertão da Paraíba (Figura 1b). Analisando a Figura 2a observa-se que com exceção da parte central do litoral norte do Rio Grande do Norte não se verifica mudança de clima em ambos Estados. Isto ocorre porque o aumento da precipitação em 20% dos valores atuais compensou o aumento de temperatura de 1,5 o C. Na Figura 2b observa-se uma mudança drástica no clima dos dois Estados, pois as áreas que atualmente são subúmidas secas tornam-se semiáridas, grande parte do semiário torna-se árido e as áreas úmidas subúmidas secas. Este é um cenário que não deve ser descartado, pois alguns modelos prognosticam aumento da temperatura e redução da precipitação. Verifica-se da Figura 2c que um aumento de 3,0 o C na temperatura em conjunto com um aumento de 20% na precipitação produz modificação em quase todas as áreas dos dois Estados. As áreas úmidas e subúmida úmida tornam-se semiárida ou subúmida seca e grande parte das áreas semiáridas torna-se áridas. Observe que mesmo com um aumento da precipitação em 20% verificou-se um deslocamento em direção aos climas mais secos. Isto ocorreu porque um aumento de 3,0 o C na temperatura do ar no Nordeste do Brasil produz um aumento na evapotranspiração potencial da Região superior a 20%, que junto com a precipitação são as variáveis chaves na classificação climática. A Propósito, em termo de classificação climática, para os estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, 1,5 o C de aumento da temperatura do ar é suficiente para eliminar os ganhos obtidos com um aumento de 20% na precipitação. Isto é claramente observável quando se compara as Figuras 1b e 2a. A Figura 2d mostra o cenário de I m para uma aumento de 3,0 o C na temperatura e diminuição em 20% da precipitação observa-se clima árido e semiárido em toda a área analisada, a exceção é o

extremo sul da Mata Paraibana onde se verifica clima subúmido seco. Para este cenário observou-se modificação do clima em todas as áreas da Paraíba e Rio Grande do Norte. CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos conclui-se que um aumento de 1,5 o C é suficiente para produzir mudanças no clima de todas as mesorregiões do Rio Grande do Norte e da Paraíba desde que a precipitação não aumente em 20% ou mais em relação aos valores atuais. Um aumento de 3,0 o C na temperatura causa mudanças drásticas no clima regional até mesmo se a precipitação aumentar em 20%. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Unidade de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal de Campina Grande pelo apoio de infraestrutura e dados meteorológicos e a Embrapa Solo Unidade Recife por disponibilizar os dados de máxima capacidade de retenção de água disponível pelo solo das 68 localidades da Paraíba e Rio Grande do Norte. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS DOW, K; DOWNING, T. E. O atlas das mudanças climáticas: o mapeamento completo do maior desafio do planeta. São Paulo: Publifolha, 2007, 120p. GISS - Goddard Institute for Space Studies. GISS Surface Temperature Analysis, 2011, disponível em http://data.giss.nasa.gov/gistemp, acessado em 30 de junho de 2011. KRISHAN, A. Agroclimatic classification methods and their application in India. In: Climatic classification: a consultant s Meeting. Patancheru: ICRISAT, 1980. MARENGO, J. A. Possíveis impactos da mudança de clima no Nordeste. Disponível em http://www.algosobre.com.br/atualidades/possiveis-impactos-da-mudanca-de-clima-nonordeste.html, acessado em 28 de junho de 2011. OLIVER, J. E. Climate and Man s Environment: An Introduction to Applied Climatology. New York: John Wiley & Sons, INC, 1973, 517p. SALATI, E.; SALATI, E.; CAMPANHOL, T.; VILLA NOVA, N. Relatório 4 Tendências das Variações Climáticas para o Brasil no Século XX e Balanços Hídricos para Cenários Climáticos para o Século XXI. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Diretoria de Conservação da Biodiversidade, Brasília, 2007, 182p. THORNTHWAITE, C.W.; MATHER, J.R. Instructions and Tables for Computing Potential Evapotranspiration and Water Balance. Publications in Climatology, v.10, n.3. Drexel Institute of Technology, Centerton. 1957. ZEKTSER, I.S.; LOAICIGA, H.A. Groundwater fluxes in the global hydrologic cycle: Past, present and future. Journal of Hydrology, v.144, n.sf, p.405-427, 1993.

.5.5 (b) 100 80 20 0-20 -40 0 0.5-39 -38.5-38 -37.5-37 -36.5-36 -35.5-35 Figura 1 (a) Rio Grande do Norte e Paraíba e suas mesorregiões os pontos pretos são a posição geográfica das 68 localidades; (b) Clima observado na Paraíba e Rio Grande do Norte de acordo com a classificação climática de Thornthwaite e Mather (1957) Tabela 1. (a).5.5.5.5 (c) (b).5.5.5.5 (d) 100 80 20 0-20 -40 0 0.5.5.5.5 Figura 2 Configuração do índice efetivo de umidade (I m ) para os seguintes cenários: (a) T+1,5 o C e P + 20%P; (b) T+1,5 o C e P 20%P; (c) T+3,0 o C e P + 20%P; (d) T+3,0 o C e P + 20%P. (A classificação climática para os valores I m é mostrada na Tabela 1).