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Transcrição:

Fl. 10 Fls. 1 Coordenação Geral de Tributação Solução de Consulta Interna nº 9 Data 18 de março de 2013 Origem COCAJ ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF RENDIMENTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAR O IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF) NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL (DAA). Os rendimentos com a exigibilidade suspensa em função de ter havido o depósito do montante integral do respectivo imposto sobre a renda, devem ser excluídos do total de rendimentos tributáveis informados na DAA. Não pode ser compensado na DAA o valor depositado judicialmente a título de IRRF cuja exigibilidade esteja suspensa. Deve ser conhecida a impugnação do sujeito passivo, tendo em vista não se verificar concomitância entre a ação judicial e a impugnação administrativa. Dispositivos Legais: Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN), art. 151. Relatório E Processo nº 19535.720016/2012 74 A Coordenação Geral de Contencioso Administrativo e Judicial (Cocaj) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) encaminhou a esta Coordenação Geral de Tributação () a Consulta Interna nº 8, de 15 de junho de 2012, mediante a qual foi apresentado questionamento acerca de qual o tratamento adequado a ser dado aos rendimentos com exigibilidade suspensa e ao respectivo Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF) indevidamente compensado pelo contribuinte em sua Declaração de Ajuste Anual (DAA). 2. A consulente reconhece que desde o programa multiplataforma para preenchimento da DAA referente ao exercício de 2010, ano calendário de 2009 (IRPF2010), aprovado pela Instrução Normativa RFB nº 1.012, de 25 de fevereiro de 2010, foi implementado ficha específica para a informação de rendimentos recebidos com exigibilidade suspensa em razão de discussão judicial. Nessa ficha, os dados fornecidos têm caráter meramente informativo, não sendo somados aos demais rendimentos tributáveis na apuração do imposto. 1

Fl. 11 Fls. 2 3. Entretanto, em virtude de inúmeros processos relativos à matéria em comento estarem aguardando julgamento nas Delegacias da Receita Federal de Julgamento (DRJ) e no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), permanecem dúvidas mesmo após a criação da ficha supracitada. 4. Elas decorrem da situação em que o contribuinte discute judicialmente a incidência de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF) sobre determinado rendimento cujo IRRF correspondente é depositado em juízo pela fonte pagadora, ficando o rendimento com a exigibilidade suspensa até o trânsito em julgado da decisão judicial. 5. A Cocaj descreve duas condutas dos contribuintes que têm gerado litígio: 5.1. o contribuinte declara como tributável os rendimentos que estão com exigibilidade suspensa e compensa o IRRF depositado judicialmente; e 5.2. o contribuinte não declara o rendimento que está com sua exigibilidade suspensa, mas compensa o IRRF referente ao depósito judicial. 6. A Cocaj relata que em ambos os casos a fiscalização, em procedimento de revisão de declarações, glosa a compensação indevida do valor referente ao IRRF depositado judicialmente. Já em relação aos rendimentos não há consenso: alguns Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (AFRFB) excluem o rendimento declarado como tributável pelo contribuinte, enquanto que outros, a despeito de efetuarem a glosa do IRRF, mantêm o rendimento declarado. 7. No âmbito do contencioso, observou se que a maior parte das impugnações ocorre quando a Fiscalização mantém os rendimentos declarados e efetua a glosa do IRRF. A Cocaj identificou três correntes de julgamento: 7.1. a glosa do IRRF deveria ser mantida, e o rendimento correspondente excluído, quando declarado pelo contribuinte; 7.2. o IRRF glosado deveria ser restabelecido, uma vez que o rendimento correspondente já teria sido declarado; 7.3. a impugnação não deveria ser conhecida, tendo em vista ter o contribuinte optado pela discussão da matéria na via judicial. 8. A justificativa para a primeira corrente é a de que se o IRRF encontra se depositado judicialmente, então não foi efetivamente recolhido, e, com a exigibilidade suspensa, o tributo ainda não seria devido, não podendo, portanto, haver compensação na declaração de ajuste. A Cocaj cita algumas ementas de acórdãos nessa linha de entendimento: IRRF. COMPENSAÇÃO. DEPÓSITO JUDICIAL. Não pode ser compensado na declaração de ajuste o valor depositado judicialmente a título de IRRF cuja exigibilidade esteja suspensa da mesma forma que não devem integrar o montante dos rendimentos tributáveis aqueles rendimentos dos quais decorre o depósito judicial (Acórdão DRJ/CTA nº 06 34406, de 18/11/2011). COMPENSAÇÃO DE IRRF. EXCLUSÃO DE RENDIMENTOS. SUSPENSÃO EXIGIBILIDADE. Não pode ser compensado o IRRF relativo a rendimentos cuja tributação esteja com a sua exigibilidade suspensa por força de decisão judicial, bem como não podem ser tributados estes rendimentos (Acórdão DRJ/POÁ nº 10 35.264, de 31/10/2011). IRRF E RESPECTIVOS RENDIMENTOS. GLOSA DE COMPENSAÇÃO. Demonstrada a suspensão da exigibilidade dos rendimentos e do decorrente IRRF, 2

Fl. 12 Fls. 3 ambos valores devem ser excluídos da apuração do IRPF na Declaração de Ajuste (Acórdão DRJ/CTA nº 06 23287, de 05/08/2009). RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. Incabível a inclusão pelo contribuinte em sua Declaração de Ajuste Anual da parcela de seus rendimentos tributáveis, e do IRRF correspondente, considerada de exigibilidade suspensa por força de sentença judicial, ainda que não transitada em julgado (Acórdão DRJ/JFA nº 09 13.273, de 19/05/2006). 9. Os que defendem a segunda corrente entendem que se houve a retenção do imposto sobre a renda que incidiu sobre os rendimentos discutidos judicialmente, poderia haver a compensação desse valor retido com o valor do imposto devido apurado. Abaixo, algumas ementas de acórdãos citados pela Cocaj que seguem esse entendimento: IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA EM VIRTUDE DE DEPÓSITO JUDICIAL. COMPENSAÇÃO NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. O imposto de renda retido na fonte e depositado em juízo e, portanto, com sua exibilidade suspensa, poderá ser deduzido do imposto apurado na declaração de ajuste anual, desde que os rendimentos correspondentes tenham sido oferecidos à tributação (Acórdão Carf nº 2202 00841 de 19/10/2010). AÇÃO JUDICIAL. DEPÓSITOS JUDICIAIS. Correto é o procedimento do sujeito passivo que oferece à tributação rendimentos que são objeto de litígio judicial, e que compensa em sua DIRPF o respectivo valor do IRRF depositado judicialmente (Acórdão DRJ CGE nº 04 22.323 de 04/11/2010). IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. DEPÓSITO JUDICIAL. INFORMAÇÕES NO COMPROVANTE DE RENDIMENTOS. Verificado o estreito vínculo entre rendimentos tributáveis declarados e o imposto retido na fonte, em situação de suspensão de exigibilidade (depósito judicial), há que se admitir a compensação do imposto na fonte, sob pena de exação indevida (Acórdão DRJ JFA nº 09 26.112 de 18/09/2009). RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. IRRF. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Constatado que o imposto retido na fonte glosado trata se de depósito judicial vinculado a rendimentos com exigibilidade suspensa, mas informados no quadro dos rendimentos tributáveis da declaração e extraído do informe de rendimentos preenchido conforme orientação da Receita Federal, reverte se à glosa efetuada, especialmente se já convertido em renda da União (Acórdão DRJ/CGE nº 04 13.293, de 07/12/2007). 10. A terceira corrente de julgamento alega que a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto, implica a renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso interposto, citando o Ato Declaratório Normativo nº 3, de 14 de fevereiro de 1996, que traduz esse entendimento. Transcrevemse, abaixo, ementas de acórdãos nessa linha de entendimento: COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. DEPÓSITO JUDICIAL. O direito à compensação de imposto depositado judicialmente depende da decisão proferida nos autos do processo judicial (Acórdão DRJ/RJ2 nº 13 40108, de 02/03/2012). COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. Embora se trata de imposto de renda que foi efetivamente retido pela fonte pagadora, por se encontrar o seu respectivo valor, depositado judicialmente e, portanto, fora do controle da administração tributária e dos cofres públicos, não pode, por isso, referido 3

Fl. 13 Fls. 4 valor ser informado na declaração de ajuste da contribuinte como IMPOSTO PAGO. Glosa que se mantém no aguardo da decisão judicial definitiva (Acórdão DRJ/SP2 nº 17 51992, de 28/06/2011). MEDIDA JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA COM A ESFERA ADMINISTRATIVA. Submetida uma determinada questão ao Poder Judiciário, devem as autoridades administrativas aguardar a decisão final a ser proferida naquela esfera, submentendo se a ela. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. DEPÓSITO JUDICIAL. O direito à compensação de imposto depositado judicialmente depende da decisão proferida nos autos do processo judicial (Acórdão DRJ/RJ2 nº 13 29.113, de 29.04.2010). PROCESSO ADMINISTRATIVO. PROCESSO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. A propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda, de ação judicial, por qualquer modalidade processual, com o mesmo objeto, importa a renúncia às instâncias administrativas. Impugnação não conhecida em relação à infração apurada, no lançamento, de compensação indevida de imposto de renda retido na fonte (Acórdão DRJ/BSB nº 03 30.844, de 13/05/2009). 11. Objetivamente, a Cocaj fez os seguintes questionamentos à : Nas situações em que o contribuinte discute judicialmente a incidência de IRPF sobre determinado rendimento, o qual se encontra com a exigibilidade suspensa por ter a fonte pagadora depositado judicialmente o IRRF correspondente, qual o tratamento adequado a ser dado ao rendimento com exigibilidade suspensa e ao respectivo IRRF, tanto no procedimento fiscal de revisão de declarações, quanto no julgamento administrativo: 1. o rendimento com exigibilidade suspensa declarado pelo sujeito passivo deve ser excluído do total de rendimentos tributáveis informados na sua Declaração de Ajuste Anual? 2. o IRRF compensado pelo sujeito passivo antes do trânsito em julgado da decisão judicial deve ser glosado? 3. a impugnação deve ser conhecida, ou a DRJ deve declarar a concomitância entre as esferas judicial e administrativa? 12. No que se refere à solução da referida Consulta, a consulente apresenta o seguinte posicionamento: 12.1. Nas situações em que o contribuinte discute judicialmente a incidência de IRPF sobre determinado rendimento, o qual se encontra com a exigibilidade suspensa por ter a fonte pagadora depositado judicialmente o IRRF correspondente, deve se excluir esse rendimento com exigibilidade suspensa do total dos rendimentos tributáveis informados na DAA e efetuar a glosa do IRRF indevidamente compensado. 12.2. Não se verifica concomitância entre a ação judicial e à impugnação administrativa, uma vez que a primeira se refere à isenção do IRPF e a segunda discute o tratamento adequado a ser dado no ajuste anual aos rendimentos com exigibilidade suspensa e seu respectivo IRRF. 4

Fl. 14 Fls. 5 Fundamentos 13. A Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN) prevê, em seu art. 151, seis modalidades de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Assim dispõe o referido dispositivo legal: Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I moratória; II o depósito do seu montante integral; III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV a concessão de medida liminar em mandado de segurança; V a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI o parcelamento. Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes. 14. A instauração de litígio na esfera judicial, por si só, não tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito objeto de discussão. Para ocorrer essa suspensão, faz se necessário que o contribuinte adote algumas medidas. Uma delas é efetuar o depósito do montante integral do valor objeto do conflito. 15. No caso em análise, o contribuinte questiona judicialmente se há, ou não, isenção do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF) em relação a determinado rendimento. 16. Com o depósito do montante integral, suspende se a exigibilidade do crédito e estancam se os encargos moratórios decorrentes. 17. Ressalte se que, nos casos citados pela Cocaj, a discussão no âmbito administrativo é referente ao Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF) depositiado judicialmente pela fonte pagadora. 18. O litígio administrativo é decorrente do fato de a fiscalização tributária estar glosando a compensação do IRRF depositado judicialmente correspondente ao rendimento objeto da discussão judicial. 19. Esta concorda com o argumento da Cocaj no sentido de não se verificar, portanto, concomitância entra a ação judicial e à impugnação administrativa. Na primeira discute se se há ou não isenção do IRPF; na segunda, o tratamento adequado a ser dado no ajuste anual aos rendimentos com exigibilidade suspensa e seu respectivo IRRF. 20. Ainda falta responder aos outros dois questionamentos restantes. 5

Fl. 15 Fls. 6 21. Conforme já mencionado anteriormente, desde a DAA referente ao exercício de 2010, ano calendário de 2009, a questão já foi sanada no programa de preenchimento, tendo em vista a criação de linha específica para os rendimentos recebidos com exigibilidade suspensa. Apesar de informados, esses rendimentos não são tributados. Da mesma forma, o programa tão somente permite que sejam informados os depósitos judiciais referentes ao IRRF, sem levar em consideração esses valores para o cálculo do imposto devido. 22. Uma vez que com o depósito do montante integral a Administração Tributária fica impedida de executar o sujeito passivo devedor, porquanto este ofereceu uma garantia de liquidez, não há que se falar em tributação desses valores antes da decisão judicial. 23. Da mesma forma, não pode o contribuinte utilizar o IRRF referente a esses rendimentos em litígio para compensar o tributo devido. Caso o fizesse, estaria se adiantanto à decisão do Poder Judiciário. 24. Somente quando a ação judicial transitar em julgado é que se se saberá se tais rendimentos serão tributáveis ou não. Em sendo tributáveis, o depósito do IRRF correspondente será convertido em renda da União, caso contrário ficará disponível para o contribuinte. 25. Entende se, portanto, que o procedimento correto a ser adotado pelo contribuinte para a situação em comento é não incluir entre os rendimentos tributáveis a parcela com exibilidade suspensa e, simultaneamente, não compensar o IRRF depositado judicialmente. 26. Caso o contribuinte opte por declarar os rendimentos e informar o respectivo IRRF, este deverá ser glosado; aqueles, excluídos do montante dos rendimentos tributáveis. 27. Na hipótese de o contribuinte não incluir os rendimentos com exigibilidade suspensa entre os rendimentos tributáveis da DAA, mas mesmo assim compensar o IRRF depositado judicialmente, deve se tão somente efetuar a glosa do IRRF. 28. De todo o exposto, pode se, de forma resumida, responder objetivamente aos três questionamentos efetuados pela Cocaj: 28.1. os rendimentos com exigibilidade suspensa declarados pelo sujeito passivo devem, sim, ser excluídos do total de rendimentos tributáveis informados na sua DAA; 28.2. deve ser glosado o IRRF porventura compensado pelo sujeito passivo antes do trânsito em julgado da decisão judicial; e 28.3. deve ser conhecida a impugnação do sujeito passivo, tendo em vista não se verificar concomitância entre a ação judicial e a impugnação administrativa. Conclusão 29. De todo o exposto, conclui se que: 29.1. os rendimentos com a exigibilidade suspensa em função de ter havido o depósito do montante integral do respectivo imposto sobre a renda, devem ser excluídos do total de rendimentos tributáveis informados na DAA; 29.2. não pode ser compensado na DAA o valor depositado judicialmente a título de IRRF cuja exigibilidade esteja suspensa; 6

Fl. 16 Fls. 7 29.3. deve ser conhecida a impugnação do sujeito passivo, tendo em vista não se verificar concomitância entre a ação judicial e a impugnação administrativa. À consideração superior. PAULO ALEXANDRE CORREIA RIBEIRO Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil (RFB) De acordo. À consideração da Coordenadora da Coordenação de Tributos sobre a Renda, Patrimônio e Operações Financeiras (Cotir). NEWTON RAIMUNDO BARBOSA DA SILVA Auditor Fiscal da RFB Chefe da Divisão de Impostos sobre a Renda de Pessoa Física e a Propriedade Rural (Dirpf) De acordo. À consideração do Coordenador Geral de Tributação (). CLÁUDIA LÚCIA PIMENTEL MARTINS DA SILVA Auditora Fiscal da RFB Coordenadora da Cotir Despacho de Aprovação nº 11 Data: 18 de março de 2013 Aprovo a Solução de Consulta Interna. Publique se na internet e divulgue se nos termos da Ordem de Serviço nº 1, de 5 de setembro de 2011. FERNANDO MOMBELLI Auditor Fiscal da RFB Coordenador Geral da 7