O Debate Sobre a Música Cristã ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Tim Fisher Apresentação por Dr. John C. Vaughn The Battle for Christian Music Por Dr. Tim Fisher editora batista regular "Construindo Vidas na Palavra de Deus" Rua Kansas, 770 - Brooklin - CEP 04558-002 - São Paulo - SP 2005
2004, 1992 Sacred Music Services PO Box 17072 Greenville, SC 29606 www.smsrecordings.com Tradução por João Paulo Geraldo de Souza Correção Talita Rose Bauler Primeira edição em português: 2005 ISBN 85-7414-013-9 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida de forma alguma, exceto citação breve, sem a permissão escrita do editor. editora batista regular Rua Kansas, 770 - Brooklin - CEP 04558-002 - São Paulo - SP Telefone: (011) 5041-9137 Site: www.editorabatistaregular.com.br
Sumário Agradecimentos... 5 Apresentação... 7 Prefácio (da segunda edição)... 12 Prefácio (da primeira edição)... 19 Prefácio (da primeira edição em português)... 25 Capítulo UM: Onde as Coisas Deram Errado?... 27 Capítulo DOIS: O Princípio do Novo Cântico...39 Capítulo TRÊS: O que é Música Cristã?... 45 Capítulo QUATRO: Deus como Compositor...53 Capítulo CINCO: Semelhança com Cristo na Letra... 67 Capítulo SEIS: Semelhança com Cristo na Música... 87 Capítulo SETE: A Música de Rebelião?... 111 Capítulo OITO: Mais do que Palavras... 135 Capítulo NOVE: Semelhança com Cristo na Vida do Músico... 159 Capítulo DEZ: Semelhança com Cristo em Nossa Performance...177 Capítulo ONZE: Música e Adoração... 195 Capítulo DOZE: A Verdade sobre Lutero...213 Capítulo TREZE: Culpa por Associação...225
Agradecimentos ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ A inda que somente um nome apareça como autor de um livro, geralmente há muitos outros nomes que deveriam aparecer; este é o caso deste livro. Eu presto um agradecimento especial a meu pastor, Dr. John Vaughn, pelo seu ensinamento claro no púlpito a cada semana, por sua vida transparente, e também por sua amizade; a ajuda dele neste manuscrito foi inestimável. Também quero agradecer ao meu amigo, Gordon Dickson, que dedicou seu tempo para me ajudar a entender a necessidade de saber. Quero agradecer a Sandy Stock por suas muitas horas de ajuda altruísta revisando cada fase do manuscrito. Há muitos outros que contribuíram de uma maneira ou de outra para este projeto, e quero destacar os seguintes: Dr. Dwight Gustafson, Pastor Danny Sweatt, Dr. Grace Collins e minha mãe, Lucille Fisher, por suas contribuições especiais. Meu versículo ao longo de todo este projeto foi Provérbios 15:22: Onde não há conselho os projetos saem vãos, mas, com a multidão de conselheiros, se confirmarão. Sou grato a Deus pelos conselheiros que Ele tem concedido em minha vida. Esta parte não estaria completa sem uma palavra de agradecimento à minha esposa, Deborah. Ela tem sobrevivido a muitas de minhas idéias no decorrer dos anos. Se alguma vez já houve um exemplo de auxiliadora idônea piedosa, este seria ela. Finalmente, devo adicionar uma palavra de agradecimento à nossa filha recém-nascida, Christina. Seu nascimento me permitiu estar em casa o tempo necessá- 5
rio para concluir o manuscrito original deste projeto. Eu oro para que ela cresça no amor de Deus e experimente tudo o que significa semelhança com Cristo. 6
Apresentação ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ N os últimos anos, diversos livros que expõem a insensatez de usar a música do mundo na igreja tem surgido. E surgirão outros. Este livro não é, nem reivindica ser, a palavra final sobre este assunto. Mas, também, ele não foge do fato de que nós estamos em uma batalha. Os evangélicos que colocam a paz acima de tudo, que querem fazer a paz antes que o primeiro projétil seja disparado, acharão que partes dos argumentos de Tim Fisher são incômodas, não porque não sejam bíblicas ou não tenham lógica, mas porque não proclamam a paz a qualquer custo. Pessoas rixosas que não deixam nenhum sobrevivente encontrarão pouco apoio para um espírito não perdoador. Mas os crentes bíblicos, que buscam informações equilibradas e racionais sobre o assunto controverso de música cristã, irão se deleitar neste livro. Aqueles que crêem nas verdades fundamentais do cristianismo e estão querendo obedecer a Bíblia se regozijarão no que o irmão Fisher escreveu. Os que desejam desenvolver e usar seus dons musicais para a glória de Deus terão um grande proveito em todos os capítulos. Aqueles que estão confusos sobre esta questão, ou que estão pesadamente envolvidos com a CCM (contemporary christian music música cristã contemporânea ou MCC) ou com a música do mundo, precisam desesperadamente deste livro. A primeira vez que ouvi Tim Fisher falar sobre O Debate Sobre a Música Cristã, eu sabia que o que ele tinha a dizer precisava ser impresso. Muitos de nós têm ouvido os argumentos que são muito facilmente rejei- 7
tados pelos jovens de hoje. Argumentos sobre ritmo, harmonia e melodia, com longas listas de ilustrações de apoio, são úteis e necessários; mas freqüentemente são tidos como questões de gosto e preferência. Outras obras sobre música cristã apresentadas por escritores que têm algum interesse em música servem para um propósito limitado. A maior parte da defesa dos padrões bíblicos em música têm vindo de músicos. Livros que trabalham quase que exclusivamente com princípios e práticas de música não exercem muita influência sobre o crente que não aprecia nenhum outro tipo de música além da que ele gosta. Tim Fisher aproxima-se deste tópico com uma rara combinação de conhecimento musical, habilidade e experiência, temperados com um entendimento completo de música na Palavra de Deus. Ele é tanto músico como professor, e não apenas um professor de música. Tim não é dotado somente como alguém que se comunica através da música, mas como quem comunica acerca da música. Sua proveitosa abordagem sobre música cristã está arraigada em sua recusa de deixar o inimigo da verdade ditar os termos da discussão. Ele começa com princípios bíblicos e avalia a CCM e seus perigos, com uma clara demonstração da falha dela em se conformar com a verdade. Ninguém pode argumentar honestamente que esta é uma matéria de preferência pessoal ou que o autor está meramente reforçando suas opiniões com textos comprobatórios. Tim Fisher declara agradavelmente, mas sem se desculpar, o que precisa ser dito, vez após vez, até que a vitória seja alcançada; nós estamos em uma batalha pela música cristã. Ela não será vencida por argumentações fracas sobre música; ela deve ser combatida sem 8
retroceder na batalha da Escritura. Se ainda existe um gênero musical chamado música cristã, nós iremos rapidamente perdê-lo para esse entretenimento banal e sensual que tem capturado uma geração e está conseguindo entrar cada vez mais em nossas igrejas. Esta é uma questão frívola? Será que a música é neutra, como a multidão da CCM alega ser? Será ela um instrumento eficaz para temperar nossos diferentes cultos áridos e sem vida? Ou será a música principalmente um meio de evangelizar uma maneira de alcançar com o evangelho aqueles que não viriam à igreja ou não ouviriam um testemunho pessoal? Tim Fisher responde com um enfático Não! Não é nada disso. Música é dádiva de Deus para ser usada em louvor a Ele. Como pastor, estou preocupado com os resultados de uma ênfase mal dirigida sobre evangelismo em nossas igrejas fundamentalistas ao longo de uma geração inteira. Evangelismo não é opcional para a igreja ou para qualquer crente, individualmente. No entanto, evangelismo não é a única razão da existência da igreja. Sim, Jesus Cristo veio ao mundo para salvar pecadores, e nós estamos aqui, agora, em Seu nome, suplicando aos homens que se reconciliem com Deus. Mas Cristo não veio somente para ser glorificado através da oferta de vida eterna aos pecadores; Ele concluiu Sua obra sobre a terra, revelando que a salvação não é apenas para o benefício de homens egoístas, mas é para a glória de Deus (João 17:1-6). Temos ouvido isto sendo falado por alguns que nos ensinariam a conduzir nossas igrejas: Não há lugar para adoração na igreja do Novo Testamento. Argumenta-se que nosso cultos são para pregação, ensino e comunhão, mas não para adoração. Todas as coisas devem contri- 9
buir para o evangelismo, ou ele é considerado liberal. Este ensino tem levado a todo tipo de loucura em nome do ganhar almas. Embora o neo-evangelicalismo não necessite de nossa ajuda para levar adiante suas acomodações, nós, agora, nos encontramos em uma posição bastante simplória tentando expor seus erros sobre música. A música rock está sendo usada ostensivamente para alcançar jovens para Cristo, e os nossos próprios jovens têm ouvido por anos que este motivo, afinal, é supremo. É realmente irônico que este câncer de música carnal tenha exposto a falha em nosso raciocínio. Se é para influenciarmos nossos jovens, devemos ser consistentes e honestos em nossa aplicação das Escrituras. Adoração não é somente apropriada para a igreja; ela é o propósito da igreja. É a razão da existência do homem. Até que se reconheça este fato, iremos continuar a debater nossas preferências musicais, enquanto a cada vez mais fraca comunidade cristã é complacente consigo mesma. Este livro vai longe em estabelecer as linhas da batalha. Ele contribui grandemente para a literatura sobre o assunto, pois deixa clara a questão. A batalha tem se intensificado através dos anos, e nós estamos perdendo terreno semanalmente, visto que a fadiga dos que são mais conscientes, está aumentando no combate. O Debate Sobre a Música Cristã oferece auxílio para pastores que querem fazer o certo, mas têm sido influenciados por aqueles que, em alta voz, definem os padrões, mesmo sem ter estudado ou ensinado os princípios essenciais. Nesta obra encontram-se princípios ponderados e documentados que deveriam ser ensinados em nossas igrejas. Regentes de música e todos os que procuram servir ao Senhor através do canto encontrarão ajuda es- 10
piritual e encorajamento. Jovens que realmente querem entender os princípios de Deus e obter orientação no estabelecimento de padrões que honram a Cristo encontrarão muitas respostas aqui. Aqueles que sinceramente desejam ajudar os amigos que precisam de auxílio não serão envergonhados quando compartilharem este livro. Ele é direto, mas também amável. Minha oração por este livro e pela continuação do ministério de Tim é que, por meio deles, os cristão adquiram convicções bíblicas sobre música, retornem ao verdadeiro desejo de adorar ao Senhor e aperfeiçoem suas habilidades para recuperar irmãos que foram enfraquecidos pela confusão da CCM. Se você gosta da CCM e aprova o seu procedimento, eu rogo que você leia este livro em atitude de oração e de maneira objetiva. Estamos em uma batalha. A guerra foi vencida no Calvário, mas é nosso dever sustentar a linha até que Jesus volte. Tim Fisher já efetuou um poderoso disparo contra o erro em O Debate Sobre a Música Cristã. Dr. John C. Vaughn Setembro de 1992 Greenville, S.C. 11
Prefácio da Segunda Edição em Inglês ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ J á se passaram doze anos desde que escrevi a primeira edição de O Debate Sobre a Música Cristã. Naquele tempo, eu não compreendia como iria crescer a influência do movimento de CCM. Nesse mesmo período, no entanto, o movimento tem estado envolvido em problemas e controvérsias. Doze anos atrás, começamos a ver a indústria em transição, com companhias de gravação seculares começando a comprar marcas cristãs. No presente, o processo está virtualmente completo. Todas as principais produtoras de música cristã pertencem, agora, a gravadoras seculares. No mercado de varejo, essa tendência tem se confirmado pelo fato de as vendas de música cristã serem maiores nos estabelecimentos varejistas seculares. De fato, desde 1999, tem havido mais música cristã nos grandes grupos de varejo e lojas de música secular do que em livrarias cristãs. Em 2003, apenas 40% de música cristã foi vendida em estabelecimentos cristãos. Esta tendência meramente confirma que o comércio é a linha final da música cristã hoje não o ministério. Isto tem causado um crescente murmúrio de preocupação por muitos de dentro do movimento de CCM. Diversos artistas e produtores têm abandonado o movimento com desânimo e desgosto. Junte isso com o desvio cada vez maior em direção aos valores seculares, dentro da comunidade cristã. A década passada testemunhou dois dos maiores nomes da comunidade de CCM passando por divórcios difíceis; outros artistas de renome na música da CCM perderam a credibilidade por causa de conduta sexual imprópria ou uso de drogas. Estes são só uns poucos exemplos 12
dos processos alarmantes dentro do movimento. Nós certamente não estamos buscando uma razão para nos alegrar com essas tragédias; contudo, a resposta da comunidade da CCM tem justificado que continuemos preocupados com a tolerância e a cegueira extremas que revelam semelhantes ações. De fato, a World Magazine deixou escapar algo surpreendente em maio de 2000, com um artigo de Candi Cushman intitulado: Salt or Sugar [Sal ou Açúcar]. Discutindo as recentes tragédias (mencionadas acima) juntamente com uma gama de outros exemplos, o autor constrói um sábio casulo para a divisão acentuada dentro do movimento de CCM. O artigo esboça uma entrevista com Wes King, um artista popular da CCM que, depois de ganhar cinco prêmios Dove, foi enviado para uma escola profissionalizante dos artistas da CCM. Após uma pequena visita, o Sr. King abandonou abruptamente a escola profissionalizante, argumentando que ele havia sido recebido em um ambiente politicamente correto ao extremo, por uma atéia lésbica que o instruiu a usar termos como minha fé em lugar de Jesus, e disfunção em lugar de pecado. Ele admitiu: Eles queriam extirpar toda e qualquer coisa de minha fé que fosse ofensiva (p. 19). Qualquer um que lê regularmente a CCM Magazine deve se mostrar pelo menos um pouco surpreso com a evolução de seu formato. No presente, os filmes de Hollywood são avaliados em cada edição, sem nenhum comentário sobre os índices estatísticos ou conteúdo dos filmes. Os novos programas de televisão são examinados e saudados como sucessos comerciais da mesma forma como a mídia secular os louva. O artigo de destaque Quote This [Cite Isto], da CCM Magazine, sem comentários 13
editoriais, cita positivamente astros como Tom Cruise e sua conversão à Ciência Cristã, juntamente com o Papa e sua resposta aos problemas de abuso sexual dentro da Igreja Católica Romana. Anúncios publicitários de serviço de namoro online estão presentes na revista. Jesus Cristo está em segundo lugar, atrás de personalidades e mercados. Devo admitir, estes são todos sinais dos tempos e os tempos não são bons. Mais uma tendência a mencionar aqui é provavelmente a ascensão do Movimento de Louvor e Adoração. Embora ele já exista há algum tempo, na década passada foi elevado a um estado sem precendentes, caminhando lado a lado com o movimento da mega-igreja (amiga do usuário) iniciado pela Willow Creek Community Church em Chicago, Illinois, e a Saddleback Church em Lake Forest, California. A filosofia ecumênica do movimento de Louvor e Adoração, juntamente com as tradições carismáticas de música, concederam à igreja tradicional um inimigo aparentemente invencível na cultura de guerras de louvor. Mais e mais igrejas fundamentalistas estão desmoronando para a tendência corrente, com o intuito de não serem vistas como apáticas ou pior, como não sendo relevantes (o que muitos considerariam o pior pecado de nossos tempos). Como declarado no prefácio da primeira edição, um dos principais propósitos deste livro é delinear e defender uma posição bíblica de música cristã. Creio que a CCM tem minado o conceito de música cristã em geral, e promovido no mundo um ponto de vista distorcido acerca do cristianismo. Na década passada, um dos principais debates públicos dentro da comunidade da CCM foi sobre a verdadeira definição de música cristã. Justamente quando parecia que a Gospel Music Association (GMA) 14
iria tomar uma posição tradicional (e correta) sobre a letra da música cristã, o protesto de dentro da família da CCM suprimiu o esforço e abriu a porta para que no presente qualquer coisa seja permitida no que tange à definição de música cristã. Isto é explicado em mais detalhes no capítulo 1, mas eu o mencionei aqui para mostrar que todas essas tendências têm fortalecido minha resolução. O movimento de CCM representa um grave perigo para a igreja de Jesus Cristo, e estou mais convencido disto agora do que quando primeiramente me manifestei há doze anos. No lado positivo, louvo ao Senhor por outros que estão levantando a voz sobre este tópico. Embora muitos dos livros que têm sido publicados mereçam consideração, nos últimos anos, dois livros excelentes foram lançados, os quais recomendo muito. O primeiro é Measuring the Music, de John Makujina. John leva a interpretação erudita e bíblica a um novo nível em seu excelente estudo. O livro de John também é muito útil como resposta a duas das maiores obras escritas na década passada em apoio a CCM: The Contemporary Christian Music Debate: Worldly Compromise ou Agent of Renewal? [A Controvérsia de Música Cristã Contemporânea: Comprometimento Mundano ou Agente de Renovação?] (Wheaton, IL: Tyndale House, 1993) por Steve Miller, e Music Through the Eyes of Faith [Música através dos Olhos da Fé] (San Francisco, CA: Harper, 1993), de Harold Best. Outro livro de grande auxílio é Why I Left the Contemporary Christian Music Movement, Confessions of a Former Worship Leader [Confissões de um Ministro de Louvor, Editora Fiel, 2005], de Dan Lucarini. Dan apresenta um testemunho constrangedor sobre como Deus o resgatou do perigoso caminho que estava traçando dentro do movimento de 15
CCM, e então explica nos mínimos detalhes os princípios bíblicos para conduzir o leitor ao caminho certo. Finalmente, uns poucos comentários sobre esta segunda edição: eu não empreendi uma revisão completa, mas antes, uma atualização. Creio que as coisas estão um pouco mais fáceis de entender, mas os princípios permanecem os mesmos. As coisas que estamos testemunhando hoje são, na realidade, uma continuação de décadas de progresso sob a bandeira da filosofia da CCM. Esta é aquela filosofia que continuamos a tratar, e ela não mudou para qualquer grau significante na década passada. Eu asseveraria, de fato, que ela tem estado mais em foco. Os problemas que víamos nos primeiros anos da CCM estão mais acentuados e mais fáceis de definir do que já foram em qualquer outro tempo. A principal necessidade de uma nova edição foi atualizar muitas das citações e ilustrações. Embora haja diversas novas citações ao longo de todo o livro, também foi necessário deixar intactas muitas das citações anteriores. É importante percebermos a continuação do pensamento sobre um assunto específico. É importante vermos que as mesmas considerações do ponto de vista mundano da CCM realmente não mudaram. Podemos ter certeza de uma coisa: a música mudou. Doze anos atrás, falávamos sobre rock cristão, visto que o rock era a música pop que prevalecia na cultura. Hoje, o rock n roll está em terceiro lugar, atrás do hip hop (rap) e do country. A música cristã também está refletindo esta tendência. Mas, apesar dos tempos em constante mudança, nós ainda estamos cônscios dos principais temas da filosofia da CCM, e são estes que continuamos a discutir e comparar com as Escrituras. Eu oro para que, enquanto você lê este estudo, o 16
Senhor fale ao seu coração e lhe ajude a entender o que está em jogo. Tim Fisher Março de 2004 17
Prefácio da Primeira Edição em Inglês ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ H á vinte e cinco anos atrás nós nunca teríamos feito a pergunta: O QUE É MÚSICA CRISTÃ? É engraçado como os tempos mudam! As concessões das pessoas na igreja têm apagado linhas divisórias claras, e a falta de conhecimento bíblico tem arruinado o fundamento da doutrina nas igrejas que dizem crer na coisa certa. Poucos têm certeza sobre alguma ou qualquer coisa. O termo música cristã pode significar coisas totalmente diversas para diferentes grupos dentro do cristianismo. Há espaço para diversidade na aplicação dos princípios bíblicos, mas não pode haver diversidade com respeito às verdades básicas que estão corretamente alicerçadas na Escrituras. Na geração passada, havia um consenso quase que universal sobre o conteúdo e propósito da música cristã. Havia diferenças, mas elas não eram nada comparadas à nossa presente situação. Quando entrei na adolescência (no final dos anos 60), se eu quisesse ouvir música do mundo, teria que escapar da influência da minha família, minha igreja, minha escola cristã, e até mesmo de meus amigos. Hoje, se um adolescente cristão quer ouvir a mesma música do mundo e, em muitos casos, uma música muito pior ele pode fazer isto com o encorajamento de sua família, igreja, escola cristã e amigos. O título deste livro é O Debate Sobre a Música Cristã, um título que escolhi deliberadamente. Quando Harold Lindsell escreveu sua tese monumental The Battle for the Bíble [Batalha pela Bíblia], havia a necessidade de combater em favor da posição que a igreja por longo tempo mantivera: a inerrância completa e autoritativa 19
das Escrituras. Cinqüenta anos antes de o Dr. Lindsell escrever esse livro, não havia uma necessidade tão grande de se defender a Bíblia geralmente entendia-se e aceitava-se que a Bíblia era o que ela reivindicava ser: a Palavra de Deus inspirada. No entanto, as concessões e o liberalismo corroeram estes fundamentos, até o ponto em que aqueles que criam nas doutrinas históricas estivessem em minoria. Em O Debate Sobre a Música Cristã, tentarei defender a posição histórica praticada e sustentada ao longo de toda a história da igreja. Esta não é uma batalha pela tradição humana ou até mesmo pelo estilo sacro. Eu oro para que o livro não seja recebido como uma defesa de meus gostos pessoais. Se as Escrituras têm verdades fundamentais sobre a música e seu uso na adoração, e se nós concordamos que a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada e infalível, então, no fim, devemos nos encontrar em um terreno comum. Nesta defesa, vou focalizar a questão mais divisora enfrentada na música cristã hoje: um gênero de música que tem sido chamado de Contemporary Christian Music, ou CCM [Música Cristã Contemporânea-MCC]. Este estilo de música tem cativado as mentes e corpos de adolescentes cristãos, como nada mais em nossa moderna cultura cristã. É possível que você pergunte: O que é CCM? Há dois pensamentos principais guiando os compositores e artistas da CCM. O primeiro é que a música (as notas propriamente ditas) é neutra nem boa nem má. Aceita-se que a única música má é aquela que promove coisas más (na letra), que é executada por pessoas más (um grupo secular de rock), e é apresentada em lugares ruins (bares, danceterias, shows de rock). Se nós, como cristãos, pudermos pegar aquela mesma música e can- 20
tar acerca de coisas boas (Deus e Seu amor), executá-la com pessoas boas (cristãos), e apresentá-la em lugares bons (igrejas, shows jovens, reuniões), então poderemos usar a música para servir ao Senhor. A conclusão deste raciocínio é: Qualquer estilo de música é aceitável para comunicar a Palavra de Deus. O segundo princípio seguido pelo movimento de CCM é que a música é principalmente uma ferramenta de evangelismo. Visto que a música rock é a linguagem da cultura de hoje (como os defensores da CCM diriam), precisamos alcançar os de fora com uma linguagem que a cultura pode entender. Se popularidade fosse o único padrão pelo qual fôssemos avaliar o sucesso da CCM, então não teríamos queixas. Embora popularidade não seja pecado, a questão não é tão simples. Quando qualquer movimento divide tanto nossas igrejas, é imperativo que o examinemos à luz da Escritura para termos certeza de que ele é do Senhor. Defensores da CCM têm citado a declaração de Gamaliel em Atos 5:38-39: E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la, para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus. Naturalmente, foi o inimigo dos apóstolos quem fez esta afirmação. Os cristãos são sempre encorajados, nas Escrituras, a examinarem aqueles que alegam ser ministros de Deus, conferindo se sua mensagem e métodos estão de acordo com a Palavra de Deus. Esta não é uma questão de nós versus eles. É uma questão divisora de águas que está determinando o destino de muitas igrejas em nossa cultura. Aqueles que escolhem erradamente irão minar o alicerce de seus mi- 21
nistérios. Escolhas musicais são escolhas direcionais. Da mesma forma, uma filosofia errada de música manifesta ou garante uma filosofia errada de ministério. Suponho que você vá ler isto com uma mente aberta. Se você não estivesse interessado no assunto, em primeiro lugar, nem teria escolhido este livro. Estou confiante de que este livro irá lhe ajudar, desde que você o leia honestamente, examinando a Palavra de Deus com espírito de humildade e vontade de aprender. O sucesso espiritual não depende de alguém aderir a minha filosofia. Antes, nosso sucesso como o corpo de Cristo depende de nossa lealdade para com os princípios bíblicos. Seria impossível discutir este assunto sem identificar nominalmente indivíduos e grupos. Isto possivelmente deixará alguém com raiva (especialmente fãs ), mas é necessário sermos específicos e dar crédito às citações utilizadas. Estou ciente de que um movimento inteiro não pode ser julgado a partir dos comentários de uma única pessoa de dentro deste movimento, e que ninguém que esteja envolvido com a música cristã contemporânea (CCM) se levanta contra todos os princípios promovidos neste livro. Há muitos no movimento de CCM que diriam Amém! para muitos destes argumentos. Meu único objetivo é mostrar uma abordagem bíblica de música e performance. Se estivermos corretos em nossa aplicação das Escrituras, devemos chegar a uma perspectiva diferente daquilo que é comumente mantido nos círculos da CCM. Alguns defensores da CCM se concentram nas exceções, ao invés de olharem objetivamente para o rumo que o seu movimento está tomando. Pode haver exceções, mas elas não podem corrigir o dano que está sendo causado de forma geral. Se você quiser saber para 22
onde alguém está indo, olhe para a estrada em que ele está para determinar onde eventualmente chegará. A CCM definitivamente está andando em uma nova estrada, uma estrada muito diferente daquela percorrida pela igreja histórica. Nós não veneramos a tradição, mas se a tradição está baseada na verdade, defendemos a verdade. Vamos olhar cuidadosamente a estrada que o movimento CCM escolheu, para ver onde ela vai dar. Você irá constatar que a documentação apresentada neste livro é extensiva. Algumas pessoas e grupos serão citados e/ou discutidos mais do que outros. Esses são normalmente os compositores que determinam a tendência da CCM. Eles encabeçam, enquanto os outros seguem. Finalmente, isto é uma batalha. Há aqueles que não somente discordam desta posição, mas também são antagonistas àqueles que tomam esta posição. Eles usam termos como legalistas, apegados à tradição, antiquados, parecidos com avestruz, despreocupados com as almas e fariseus, para descrever aqueles que sustentam um padrão elevado. Chegou a hora de nós, que sustentamos esse padrão elevado, começarmos (em um espírito amável) a tomar a ofensiva. Não deveríamos ter medo de identificar alguns destes pontos de vista (e alguns indivíduos que os promovem) como não-bíblicos, mundanos, comprometedores, faltos de entendimento espiritual, carnais, hipócritas, e egoístas. Esta é uma batalha espiritual: as armas da nossa milícia não são carnais (II Coríntios 10:4). Nosso entendimento e uso da Palavra de Deus é tanto nossa melhor defesa quanto nosso melhor ataque nesta batalha. Não estamos isentos de fazer inimigos ou causar divisão desnecessária no corpo, mas é preferível defender o nome de nosso melhor 23
Amigo, o Senhor Jesus Cristo. Tim Fisher Setembro de 1992 24
Prefácio da Primeira Edição em Português ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ A través dos anos, nós, missionários e pastores brasileiros, temos observado o crescimento do movimento Música Cristã Contemporânea com preocupação. Temos lamentado a falta de recursos sobre música cristã. Conhecendo o Dr. Tim Fisher e seu trabalho, vimos em seu livro uma ferramenta para nos ajudar a definir o que realmente é música cristã. Assim surgiu a idéia de trazer para a língua portuguesa esta obra prima, de um músico respeitado no meio fundamentalista. Agradeço aos que se empenharam para que esta obra fosse produzida e reconheço que serão necessárias algumas revisões nas edições futuras. É devido um agradecimento especial ao Pr. Alexandre Nunes e ao Pr. Marcelo Martins, por sua ajuda na redação. É minha oração que esta obra ajude àqueles que ainda não levantaram a sua bandeira, a colocá-la no alto. E àqueles que têm ficado na dúvida com relação a alguns padrões de música, a acharem as respostas bíblicas para o que têm procurado. Pr. Edward Alexander Maio de 2005 25
Capítulo UM Onde as Coisas Deram Errado? ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ N a década de 90, testemunhamos o início de uma transformação que chegou à sua plenitude no novo milênio: artistas cristãos tendo êxito em cruzar a ponte para gravadoras seculares; grandes gravadoras assinaram contratos multimilionários com músicos cristãos; gravadoras cristãs entraram em acordos de marketing com gravadoras não cristãs, atingindo mercados anteriormente inatingíveis. No início dos anos 90, testemunhamos grupos como Stryper e U2 entrando em um estágio secular. Michael W. Smith assinou um contrato multimilionário com a gravadora Geffen (a mesma que trabalha com o grupo de rock Guns N Roses). A Word Records (a maior distribuidora de música cristã) assinou um acordo de distribuição e marketing de longo prazo com a Epic Records. A Benson Group Music fechou um contrato de marketing com a A&M Records. The Winans (um dueto de cristãos negros) atingiram o topo da lista de Rhythm and Blues em setembro de 1991 com a Capital Records. Também em 1991, pela primeira vez na história, uma música cristã (Baby, Baby, de Amy Grant) alcançou o primeiro lugar da lista de música popular secular dos Estados Unidos, inspirando clamores como Isto é uma resposta de oração. 1 Amy Grant (que, mais do que ninguém, foi a pio-