REQUERIMENTO N, DE 2007 (Da Sra. Ana Arraes e outros)



Documentos relacionados
PARECER Nº, DE RELATOR: Senador CYRO MIRANDA

ÍNDICE - 03/05/2007 Correio Braziliense... 2 Coluna...2 O Globo... 4 Economia...4 Anvisa O Globo... 6 Economia...6

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2009 (de autoria do Senador Pedro Simon)

PROJETO DE LEI Nº de de 2015.

COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO PROJETO DE LEI Nº 398, DE 2003

COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS

SENADO FEDERAL PARECER N 219, DE

I. Tratamento legislativo dado à matéria em diferentes países

PROJETO DE LEI N.º 1.939, DE 2015 (Do Sr. Weverton Rocha)

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador PAULO PAIM

MUNICÍPIO DE CRUZEIRO DO SUL - ACRE GABINETE DO PREFEITO MEDIDA PROVISÓRIA N 002/2013, DE 14 DE MARÇO DE 2013.

REQUERIMENTO (Do Sr. VALTENIR PEREIRA) Senhor Presidente:

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador BENEDITO DE LIRA I RELATÓRIO

COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO URBANO PROJETO DE LEI Nº 5.663, DE 2013

PROJETO DE LEI N.º 3.067, DE 2008 (Do Sr. Dr. Pinotti)

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador EDUARDO AMORIM I RELATÓRIO

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ROBERTO REQUIÃO I RELATÓRIO

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA. REQUERIMENTO DE AUDIÊNCIA PÚBLICA N DE 2012 (do Sr. Marcos Rogério)

PROJETO DE LEI Nº, DE 2011

CÂMARA DOS DEPUTADOS. REQUERIMENTO (Do Sr. Miro Teixeira)

COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO PROJETO DE LEI Nº 5.606, DE 2001

REQUERIMENTO Nº 139/2013

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 269, DE O CONGRESSO NACIONAL decreta:

COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA. PROJETO DE LEI N o 1.432, DE 2011 I - RELATÓRIO. Dispõe sobre a adoção tardia.

1º GV - Vereador Andrea Matarazzo PROJETO DE LEI Nº 604/2013

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO E CULTURA. PROJETO DE LEI N o 4.005, DE 2012 I - RELATÓRIO II - VOTO DO RELATOR CÂMARA DOS DEPUTADOS

Lista suja do trabalho escravo no Brasil - Renovação da regulamentação trabalhista

Nº / ASJTC/SAJ/PGR. Agravo de Instrumento Relator: Ministro Roberto Barroso Agravante: União Agravado: Ministério Público Federal

PROJETO DE LEI Nº /2015 (Do Sr. Weliton Prado)

COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS

PROJETO DE LEI Nº 5.797, DE 2009

Gabinete do Senador Humberto Costa PARECER Nº, DE Relator: Senador HUMBERTO COSTA

a convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência 2007 e o decreto n o 6.949, de 25 de agosto de

PROCESSO PENAL COMNENTÁRIOS RECURSOS PREZADOS, SEGUEM OS COMENTÁRIOS E RAZÕES PARA RECURSOS DAS QUESTÕES DE PROCESSO PENAL.

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 221, DE 2015

COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DE DEFESA NACIONAL. MENSAGEM N o 479, DE 2008

Estado do Ceará CÂMARA MUNICIPAL DE MORRINHOS

REQUERIMENTO (Do Sr. Maurício Rands)

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA

PROJETO DE LEI N.º 3.466, DE 2012 (Do Sr. Raimundo Gomes de Matos)

O CONGRESSO NACIONAL decreta: II somente perderão seus mandatos nos casos de:

Comissão da Infância e Juventude

PROJETO DE LEI Nº, DE 2012

REQUERIMENTO DE INFORMAÇÃO N..., DE 2011 (Do Deputado BETO MANSUR)

CÂMARA MUNICIPAL DE PORECATU - PARANÁ

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL XIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO

Prefeitura Municipal de São João del-rei

ANEXO IV REQUERIMENTO

RESOLUÇÃO INSTRUÇÃO Nº 127 CLASSE 19ª BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL. Relator: Ministro Arnaldo Versiani. Interessado: Tribunal Superior Eleitoral.

PROJETO DE LEI Nº 100/2013

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador EDUARDO AZEREDO RELATOR ad hoc: Senador TASSO JEREISSATI I RELATÓRIO

CÂMARA DOS DEPUTADOS

TEXTO: SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS HUMANOS.

ORDEM DE SERVIÇO Nº 08/2014

Legislador VII - Etapas da Tramitação de um Projeto de Lei

COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO

PROJETO DE LEI N O, DE 2004

PARECER Nº, DE RELATORA: Senadora LÚCIA VÂNIA I RELATÓRIO

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PROJETO DE LEI Nº DE (Apensados: PL nº 5.448/01 e PL nº 2.276/07)

Supremo Tribunal Federal

Requerimento de Informação, de 2015

- Jornada de trabalho máxima de trinta horas semanais, seis horas diárias, em turno de revezamento, atendendo à comunidade às 24 horas do dia...

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ

PROJETO DE LEI N.º 6.262, DE 2013 (Da Sra. Carmen Zanotto)

COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO PROJETO DE LEI Nº 4.481, DE 2012 VOTO EM SEPARADO DO DEPUTADO ROBERTO SANTIAGO

Projeto de Lei nº 7.093, de 2014

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2013

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2014

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO.

COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO

SÚ MÚLA DE RECOMENDAÇO ES AOS RELATORES Nº 1/2016/CE

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº, DE 2015

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador PAULO DAVIM

PROJETO DE LEI Nº / 2012 (Do Senhor Deputado Hugo Leal)

SENADO FEDERAL PARECER Nº 552, DE

PROCESSO Nº: AGRAVO DE INSTRUMENTO RELATÓRIO

REQUERIMENTO DE INFORMAÇÃO Nº, DE (Do Sr. Stepan Nercessian)

PARECER Nº, DE RELATORA: Senadora ANGELA PORTELA

COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador MOZARILDO CAVALCANTI I RELATÓRIO

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 414, DE 2011

projeto. DIRETORIA DO INSTITUTO ONCOGUIA de 3 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde,

PROJETO DE LEI N o, DE 2008

Gabinete do Senador Reguffe

REQUERIMENTO DE INFORMAÇÃO N.º /2005. (DO SR. RENATO COZZOLINO)

LEI N 511, DE 14 DE SETEMBRO DE 2009.

Aulas 1 e 2 de Direito Eleitoral Professor: Will

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 378 Distrito Federal

PROPOSTA DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLE Nº 168, DE 2014.

CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMISSÃO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL, DESENVOLVIMENTO REGIONAL E DA AMAZÔNIA PROJETO DE LEI Nº 6.689, DE 2009 VOTO EM SEPARADO

VI Exame OAB 2ª FASE Padrão de correção Direito Empresarial

PROJETO DE LEI N.º /XII/3.ª PROTEÇÃO NO DESEMPREGO: SAÍDA À IRLANDESA ALTERAÇÃO AO DECRETO-LEI 220/2006, DE 3 DE NOVEMBRO

SAIBA O QUE É UMA SÚMULA VINCULANTE

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM RORAIMA PROCURADORIA REGIONAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2012

Transcrição:

REQUERIMENTO N, DE 2007 (Da Sra. Ana Arraes e outros) Requer seja formulada Moção ao Supremo Tribunal Federal pela constitucionalidade das pesquisas e terapias com células-tronco. Senhor Presidente, Requeremos, nos termos do artigo 117, caput, do Regimento Interno, apreciação, pelo Plenário da Câmara dos Deputados, de solicitação para que seja formulada Moção à Excelentíssima Sra. Ministra do Supremo Tribunal Federal e a seus Membros, apelando para que seja colocada em pauta a Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADIn n.º 3510 - que alega ser inconstitucional o artigo 5.º da Lei n.º 11.105, de 2005, e que, cumpridos determinados requisitos legais, permita o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas e terapias apelando, ademais, para que o STF garanta a manutenção deste artigo da Lei. JUSTIFICATIVA No dia 30 de maio de 2005 o Procurador-Geral da República ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADIn n 3510 - alegando ser inconstitucional o artigo 5 da Lei n 11.105/05, que, cumpridos determinados requisitos legais, permite o uso de célulastronco de embriões humanos em pesquisas e terapias. A ADIn, relatada pelo Ministro Carlos Brito, está aguardando a realização dos procedimentos necessários para julgamento. Na ação proposta, o Procurador-Geral tenta demonstrar que o artigo 5 da Lei n 11.105/05 é incompatível com o que está disposto no caput do artigo 5 da Constituição Federal e no artigo 1 inciso III também da Constituição. A Lei n.º 11.105/05 - Lei de Biossegurança -, reconhecida internacionalmente, foi aprovada pelo Congresso Nacional por ampla maioria: 96% dos senadores e 85% dos

deputados federais deram-lhe a vitória. O Presidente da República a sancionou rapidamente. Ao aprovar a redação do artigo 5 da Lei n.º 11.105/05, o Congresso Nacional em nada violou o princípio de proteção do direito à vida. O que fez o Parlamento foi legitimar o interesse da sociedade, considerando que a permissão para realização de pesquisas com célula-tronco embrionária, visando buscar a cura ou tratamento para melhorar as condições de vida de crianças, adolescentes, jovens e idosos, que são acometidos por doenças incuráveis ou com poucas possibilidades de tratamento, em nada viola o princípio do direito à vida. Além disso, o Parlamento não atuou de forma irresponsável no momento que legislou. O artigo 5 da Lei tem uma redação que faz uma abertura contida, criteriosa e amparada por instrumentos coercitivos que podem ser utilizados em qualquer caso de excesso praticado por qualquer cidadão. Modo de proceder que de forma alguma torna banal o uso de embriões humanos. Segundo dispõe o artigo 5 da só é permitido o uso de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento; que sejam embriões inviáveis, ou congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação da Lei; ou que, já congelados na data da publicação da Lei, completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. Exige, ademais, o artigo em análise que, em qualquer caso, o uso de embriões congelados deve se precedido do consentimento dos genitores, e que os protocolos de pesquisas sejam aprovados pelos Comitês de Ética em Pesquisa. Para garantir que os critérios estabelecidos sejam cumpridos, a própria Lei, em seu artigo 24, criminalizou o uso de embrião humano em desacordo com as regras estabelecidas pelo em seu artigo 5. Já para garantir que a autorização não sirva para criar um mercado de embriões e células-tronco embrionárias, o artigo 5º, 3, proíbe a comercialização do material biológico afirmando que sua prática configura o crime tipificado no artigo 15 da Lei 9.434/97, lei que dispõe dobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. Evidente, portanto, que o artigo 5 da Lei em nada viola o artigo 5 caput da Constituição Federal. Logo, o argumento de inconstitucionalidade não pode ser legitimo para retirá-lo do ordenamento jurídico brasileiro.

O Procurador-Geral, para desenvolver sua tese, levanta a existência de conflito de princípios constitucionais, argumentando que o uso de células-tronco embrionárias, por violar o princípio do direito à vida, necessariamente viola o princípio da dignidade humana. Fica claro, em seus argumentos, que o Procurador coloca o princípio do direito à vida em patamar absolutamente superior ao princípio da dignidade da pessoa humana, não aceitando que em nenhum momento essa ordem hierárquica seja invertida. Não admite, por exemplo, que em nome do respeito ao princípio da dignidade humana, a milhares de crianças portadoras de distrofias musculares seja-lhes dada a oportunidade da ciência atuar na tentativa de encontrar cura para uma doença que deteriorará seus músculos e as levará à morte precoce. Dessa decisão poderá estar garantida, ou não, a perspectiva de cura para cerca de 7 milhões de crianças brasileiras (3% a 5 % da população) que têm doenças genéticas e 12 milhões de pessoas com diabetes. Somam-se a esse número, 200 mil casos de doenças neuromusculares degenerativas (uma em cada mil pessoas) e mais 9 mil casos de lesão medular (paraplegia ou tetraplegia) que surgem a cada ano no Brasil. Isso posto, solicitamos que o Supremo Tribunal Federal garanta, com regras claras e razoáveis, a constitucionalização da Lei para que a comunidade científica brasileira possa pesquisar a cura para milhares de pessoas e oferecer, sem dúvida, uma ação mais digna do que simplesmente proibir o uso de embriões inviáveis para reprodução e embriões congelados a mais de três anos em pesquisas em nome do respeito ao princípio do direito à vida em detrimento da dignidade humana. Sala das Sessões, em / /2007 Deputada Ana Arraes PSB/PE