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Transcrição:

2016-06-29 23:57:30 PT/PR/AHPR/CH/CH0101/CH010106/CH01010601/D204503 Nível de descrição Código de referência Tipo de título Título P PT/PR/AHPR/CH/CH0101/CH010106/CH01010601/D204503 Formal Datas de produção 1933-10-24-1933-11-24 Dimensão e suporte Entidade detentora Âmbito e conteúdo Nome comum Nome comum Nome geográfico Cota atual Cota depósito Cota antiga Unidades de descrição relacionadas Notas Getúlio Vargas (General e Presidente do Governo Provisório dos Estados Unidos do Brasil). 1 capa numa bota Presidência da República Contém a proposta do Ministro dos Negócios Estrangeiros, para condecoração com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, de 3 de novembro de 1933; Alvará de Concessão, de 15 de novembro de 1933; Decreto de Concessão, publicado no Diário do Governo, em 18 de novembro de 1933. Chefe de Estado Distinção honorífica Brasil CH.D24503 D24503 7 - E [PT/PR/AHPR/CH/CH0101/CH010110/D210009] - Getúlio Vargas (Banda das 3 Ordens) Getúlio Dornelles Vargas, nasceu em 19 de abril de 1882, em São Borja, Rio Grande do Sul, filho de Manuel do Nascimento Vargas e de Cândida Dornelles Vargas, filha de uma família abastada originária dos Açores. Como filho de uma família tradicional "gaúcha", da zona rural junto à fronteira com a Argentina, entra na carreira militar, tornando-se, em 1898, soldado na guarnição de seu município. Em 1900, matricula-se na Escola Preparatória e de Táctica de Rio Pardo, onde permanece por pouco tempo, sendo transferido para Porto Alegre, para terminar o serviço militar. Com a patente de sargento, Getúlio Vargas participa da Coluna Expedicionária do Sul, destacada para Corumbá, em 1902, durante a disputa entre a Bolívia e o Brasil pela posse do Acre. Esta sua passagem pelo exército e a origem militar (o seu pai lutara na guerra do Paraguai) seriam decisivos na formação de sua compreensão dos problemas das forças armadas, quando chegou à Presidência da República. Mais tarde, porém, opta por seguir Direito. Matricula-se, em 1904, na Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre (Universidade Federal de Rio Grande do Sul), formando-se como bacharel em 1907. Trabalha inicialmente como promotor público junto ao fórum, de Porto Alegre, mas decide, em breve, retornar à sua cidade natal para exercer a advocacia. Casa-se, em São Borja, a 4 de março de 1910, com Darcy Lima Sarmanho, com quem teve cinco filhos. Em 1909, é eleito deputado estadual pelo Partido Republicano Riograndense, sendo reeleito em 1913. Renunciou, porém, a este 2º mandato de deputado estadual, pouco tempo depois de empossado, em protesto com as atitudes tomadas pelo então Presidente (Governador) do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros. Regressa à "Assembleia dos Representantes", em 1917, sendo novamente reeleito em 1919 e 1921. Na legislatura de 1922 a 1924, Getúlio torna-se líder do PRR representado na Assembleia estadual. Quando se preparava para combater a favor do governo do Estado do Rio Grande do Sul, durante a revolução de 1923, é chamado para concorrer a uma cadeira de Deputado Federal, pelo seu Partido; eleito, torna-se líder da bancada gaúcha na Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro. Mantém o seu lugar na legislatura de 1924 a 1926, apoiando o envio de tropas gaúchas ao estado de São Paulo, em apoio ao governo de Artur Bernardes contra a Revolta Paulista de 1924. Assume o Ministério das Finanças, em 15 de novembro de 1926, onde permanece até 17 de dezembro 1927, integrando o governo do Presidente Washington Luís Pereira de Sousa, sendo responsável pela implantação de uma reforma monetária e cambial. Deixa o cargo de Ministro para se candidatar para Presidente do Rio Grande do Sul, sendo eleito, em dezembro de 1927, tendo como seu vice-presidente João Neves de Fontoura. Assumiu o governo gaúcho em 25 de janeiro de 1928, mantendo-se em funções até 9 de outubro de 1930. O seu mandato foi marcado por um forte movimento de oposição ao governo federal, exigindo o fim da corrupção eleitoral, a adopção do voto secreto, alargado às mulheres, mas o bom relacionamento com o Presidente Washington Luís, permitiu-lhe obter verbas federais para o seu Estado assim como e a autorização para melhoramentos no porto de Pelotas. Foi responsável pela fundação do Banco do Estado do Rio Grande do Sul e apoiou a criação da VARIG (Viação Aérea Riograndense). Entretanto, o Brasil, em processo acelerado de industrialização, urbanização e modernização das suas infraestruturas viárias, continuava politicamente dominado pela confederação de interesses oligárquicos e descentralizadores que caracterizavam a "República Velha", dominada pelos interesses dos grandes proprietários de terras, que afastavam do poder a nova classe média. Com a Grande Depressão de 1929 e o seu impacto na economia brasileira, o descontentamento entre a burguesia urbana e os militares agravou-se, conduzindo ao eclodir de um golpe de estado em 24 de outubro de 1930, na sequência dos distúrbios políticos e sociais originados pela eleição do de Júlio Prestes, em março desse ano, e denunciada como fraudulenta pela Aliança Liberal que apoiava Vargas, candidato derrotado. Washington Luís é deposto pelos militares apenas 22 dias antes do término do seu mandato presidencial e 1/5

2016-06-29 23:57:30 a 3 de novembro de 1930, a Junta Militar Provisória passou o poder, no Palácio do Catete, a Getúlio Vargas, (que vestiria na ocasião farda militar pela última vez na sua vida). É o fim da "República Velha" e da sua política "café com leite" de partilha alternativa do poder, marcada pelo poder dos Coronéis. No discurso de posse como Presidente do Governo Provisório, com poderes alargados, Getúlio estabelece 17 metas a serem cumpridas pela sua governação. Os seus primeiros decretos, com força de Lei, determinam: - a suspensão das garantias constitucionais da Constituição de 1891, exeto o habeas corpus para crimes comuns; - a dissolução do Congresso Nacional do Brasil, dos congressos estaduais e das câmaras municipais, sendo que os deputados, senadores e presidentes de estados, eleitos em 1930, nunca chegaram a tomar posse dos seus mandatos; - confirmação dos atos da Junta Militar Provisória; - autorização para que cabesse ao Presidente, a seu livre critério, o direito de nomear e exonerar os responsáveis dos governos estaduais (na maioria tenentes que participaram da Revolução de 1930); - exclusão de possibilidade de contestação e de apreciação judicial dos atos do Governo Provisório e dos atos dos governos federais nos estados. Foram investigadas minuciosamente as administrações e os políticos da República Velha através de uma chamada "Justiça Revolucionária" e de um "Tribunal Especial" mas não foram encontradas irregularidades ou casos corrupção no regime deposto em 1930, motivo pelo qual, em 1932 o Tribunal foi dissolvido, sem ninguém ter sido condenado; mais tarde, surgiria a expressão "os honrados políticos da República Velha". O conflito com a esquerda revolucionária, da qual faziam parte muitos militares revolucionários começa logo no início do governo provisório mas em meados de 1932, Getúlio Vargas já conseguira livrar-se da influência dos tenentes sobre o comando da Revolução e governar somente com o seu ministério para cumprir as principais promessas da Revolução de 1930, num sentido de paz social, desenvolvimento económico, modernidade e reformismo. - Amnistia de "todos os civis e militares envolvidos nos movimentos revolucionários ocorridos no país", desde 1922; - Criação de um Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e de um Ministério da Educação e Saúde Pública (1930); - Criação do primeiro Código Eleitoral do Brasil, que estabelecia o voto obrigatório, o voto secreto, o voto feminino e a Justiça Eleitoral e ordenava novo recenseamento eleitoral, de forma a eliminar a fraude eleitoral; manteve-se, porém a inibição de voto aos mendigos, aos analfabetos, aos menores de 21 anos e aos praças das forças armadas. - Ampliou os direitos do trabalho; - Tentou uma política enérgica de cortes de gastos públicos, para eliminar o deficit público, mas esta tentativa que foi muito prejudicada pelos grandes gastos que o Governo Provisório foi obrigado a realizar por causa das compras dos estoques de café, e pela "Grande Seca" ocorrida no nordeste do Brasil (1932). Durante o governo provisório (1930-1933), Getúlio Vargas deu início à modernização do Estado brasileiro: criou a Ordem dos Advogados do Brasil, o Correio Aéreo e o Departamento da Aviação Civil, o Departamento de Correios e Telégrafos; reduz o número de feriados nacionais de 12 para seis; disciplina o ensino superior dando preferência ao ensino superior ministrado em universidades; institui o Conselho Nacional do Café (mais tarde, Departamento Nacional do Café); estabelece, pela 1.ª vez, o horário de verão no Brasil; institui a chamada "carteira profissional" e, para os trabalhadores do comércio (mais tarde alargada aos da indústria), estabelece a jornada de trabalho de 8 horas diárias e 48 horas semanais. Cria ainda o Instituto Nacional do Açúcar e do Álcool e o Instituto Nacional de Estatística, aprova o Código Florestal e o Código das Águas. A partir de finais de 1930, é fortemente restringida a entrada de imigrantes no Brasil, medida que vigorou até 1933, para evitar o aumento do número de desempregados, na época, chamados de sem-trabalho; é igualmente decretado que todas as empresas brasileiras tenham, pelo menos, 2/3 de trabalhadores brasileiros em seus quadros. A partir de 1931, generaliza-se no país, o cargo de prefeito municipal. Em é definitivamente regulamentada a sindicalização das classes patronais e operárias, tornando-se obrigatória a aprovação dos estatutos dos sindicatos trabalhistas e patronais pelo Ministério do Trabalho. É, também, estabelecida uma nova modalidade para a concessão de férias a operários e empregados. Getúlio consegue o restabelecimento de relações amistosas entre o estado brasileiro e a Igreja Católica, muito influente naquela época, e que se tinha rompido desde o advento da República e do casamento civil. O restabelecimento do ensino religioso nas escolas públicas, em 1931, facilitou esta reconciliação. Em 12 de outubro de 1931, é inaugurada a estátua do "Cristo Redentor", no Rio de Janeiro. Em 1931, veio ao Brasil, a convite do governo provisório, o especialista em finanças Sir Otto Niemeyer, na chamada "Missão Niemeyer", para reestruturar as finanças do governo brasileiro, oportunidade que foi sugerida por Niemeyer a criação de um banco central. Também nesse ano, é declarada uma moratória e renegociada a dívida externa brasileira. É, pela primeira vez, regulamentada a propaganda comercial nas emissoras de radiodifusão. E em 1932 são abolidos os antiquados impostos sobre o comércio interestadual e sobre o comércio intermunicipal, extinguindo-se as barreiras nas fronteiras interestaduais. São regulamentadas as condições do trabalho das mulheres nos estabelecimentos industriais e comerciais, ordenando que se pagasse, a elas, salários iguais aos dos homens e proibindo o trabalho a grávidas, um mês antes e um mês após o parto. Em 1933 são proibidos os juros bancários abusivos (Lei da Usura) e em 1934 são estabelecidas medidas de protecção aos animais. Nesse ano, é iniciada a construção do Aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro, cujas obras ficaram concluídas em 1936. Conforme prometido, em 3 de Maio de 1933, realizam-se as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, no 1º acto eleitoral em que as mulheres participaram em eleições nacionais. É também nesta Constituinte que participa pela primeira vez uma mulher, deputada por São Paulo, Carlota Pereira de Queirós, assim como deputados eleitos pelos sindicatos. O "Governo Provisório" havia criado, em 1933, uma comissão de juristas, a "Comissão do Itamaraty, para elaborar um anteprojeto de Constituição, o qual previa um poder executivo federal forte e centralizador, ao gosto de Getúlio. Porém a Constituição de 1934, acabou tendo uma marca descentralizadora, dando certa autonomia aos estados federados. Foram, no entanto, extintos definitivamente os senados estaduais. 2/5

No dia seguinte à promulgação da nova constituição, a 17 de julho de 1934, ocorreu uma eleição indireta para a Presidência da República e o Congresso Nacional elegeu Getúlio Vargas como Presidente da República, derrotando Borges de Medeiros. O mandato presidencial de Getúlio iniciou-se no dia 20 de Julho de 1934, quando tomou posse no Congresso Nacional, jurando a nova Constituição, para uma mandato de 4 anos. Em 1935, é votada a Lei da Segurança Nacional, que definia os crimes contra a ordem política e social, que possibilitou maior rigor no combate à subversão da ordem pública. É nesse ano que Getúlio visita a Argentina e o Uruguai, sendo que antes dele só Campo Sales se ausentara do Brasil, enquanto em funções. A exemplo do que sucede na Europa, cresce no Brasil a radicalização político-ideológica, especialmente entre a Ação Integralista Brasileira (AIB), de inspiração fascista e a Aliança Nacional Libertadora (ANL), movimento dominado pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), pró-soviético. A proibição da ANL, em 1935, determinado pelo Presidente, bem como a prisão de alguns dos seus partidários, precipitaram as conspirações que levaram à Intentona Comunista de 24 de novembro desse ano. Foi decretado várias vezes o estado de sítio e o estado de guerra e reforçadas as leis que visavam combater a subversão, sendo definidos novos crimes contra a ordem pública. No final do ano são promulgadas três emendas à Constituição de 1934, dando mais poderes ao Estado Brasileiro no combate à subversão, enquanto que no início de 1936, é aprovada legislação que visa limitar o poderio militar dos estados, subordinando as polícias militares estaduais ao Exército Brasileiro, limitando os seus efetivos e proibindo-as de possuírem artilharia pesada, aviação e carros de combate, os quais foram entregues ao Exército do país. Com a criação de um Tribunal especial para julgar os revolucionários da Intentona Comunista, cresce a instabilidade política, levando Getúlio, com amplo apoio do militares, a implantar, através de um golpe de Estado, o «Estado Novo» (10 de Novembro de 1937 a 29 de Outubro de 1945), usando como argumento, - numa altura em que se preparavam as eleições presidenciais marcadas para Janeiro de 1938 - a existência de um suposto plano comunista para a tomada do poder e um ambiente de pré-guerra civil. Getúlio Vargas, num pronunciamento" difundido pela Rádio, lança um "Manifesto à Nação", no qual dizia que o o novo regime tinha como objetivo "Reajustar o organismo político às necessidades económicas do país, sendo favorável à intervenção do estado na atividade económica. É determinado o encerramento do Congresso Nacional do Brasil e a extinção dos partidos políticos e outorgada uma nova Constituição mais conservadora. A verdade é que a Constituição de 1934, tida como progressista para uns era considerada por Getúlio de Impossível de se governar com ela!. A principal crítica feita por Vargas referia-se ao seu carácter inflacionista, pois calculava-se que se todas as nacionalizações de bancos e de minas fossem feitas e se todos os direitos sociais nela previstos fossem implantados, os custos para as empresas privadas, as despesas do governo e o deficit público subiriam demasiado. Por outro lado, sendo ela demasiado liberal não permitia o combate adequado à subversão, pondo em causa a segurança nacional A Constituição de 1937 - a Polaca - confere ao Presidente (agora Ditador) o controle total do poder executivo, permitindo-lhe nomear os governantes para os estados, a quem deu ampla autonomia para a tomada de decisões Apesar da nova Constituição prever um novo Poder Legislativo, ele nunca chegou a ser instalado, assim com o Plebiscito prometido nunca chegou a ser convocado e durante os 8 anos da Ditadura nunca foram convocadas eleições no "Estado Novo". Apenas o Poder Judiciário teve sua autonomia preservada durante este período. No dia 4 de dezembro de 1937 são queimadas, numa grande cerimónia pública no Rio de Janeiro, as bandeiras dos estados federados, os quais foram proibidos de terem bandeira e demais símbolos estaduais: o «Estado Novo» era contra qualquer demonstração de regionalismo. O governo endurece a sua ação e implementa a censura à imprensa e a propaganda do regime através da promoção de um certo culto da personalidade de Getúlio. O gabinete ministerial, formado em 1937, manteve-se relativamente estável, com os ministros da Fazenda, Guerra, Marinha e da Educação permanecendo em seus cargos durante todo o período do «Estado Novo». Foram, neste período, instituídos o Conselho Nacional do Petróleo, o Departamento Administrativo do Serviço Público, a Companhia Siderúrgica Nacional, o Instituto de Resseguros do Brasil, o Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional, a Companhia Hidroelétrica do São Francisco, o Conselho Federal do Comércio Exterior e a Estrada de Ferro Central do Brasil, entre outros. Foi publicada a lei da sociedade anónima e deram-se os primeiros passos para a criação da indústria aeronáutica brasileira. Na obra de modernização das forças armadas, destacam-se a criação do Ministério da Aeronáutica e da Força Aérea Brasileira, a aprovação do Código do Ar (para o transporte aéreo), a construção de um novo quartel-general do exército, de novos quartéis e vilas militares, da nova escola militar em Resende (Rio de Janeiro), de novas fábricas de armamento para reduzir a dependência externa e novas leis de organização do exército, de promoções, de ensino, e ainda o Montepio e o Código de Justiça Militar. Foi estimulada a produção do combustível gasogénio que permitiu abastecer os automóveis brasileiros durante a II Guerra Mundial, quando ficou restrita a importação de petróleo e derivados. Foi criada a nova moeda - o Cruzeiro - planeado ainda quando Getúlio fora Ministro da Fazenda de Washington Luís. Em 1938, é declarado de utilidade pública o abastecimento nacional de petróleo, tornando-se de competência exclusiva do governo federal a regulamentação da indústria do petróleo: é criado o Conselho Nacional do Petróleo. Em 1939, em Lobato (Salvador da Bahia) é extraído, pela primeira vez, petróleo, no Brasil. Foi construída e entregue a estrada Rio-Bahia, a primeira ligação rodoviária entre o centro-sul e o nordeste do Brasil, e inaugurada a "Rodovia Transnordestina", que permitiram ampliar a migração de nordestinos para o centro-sul do Brasil. Foram promulgados o Código Penal e o Código de Processo Penal Brasileiros e promovida a Consolidação das Leis do Trabalho (1939). Em 1940, é instituído o Código de Minas e em 1945, a Lei de falências. Foi também criado o primeiro código nacional de trânsito brasileiro. No dia 1º de Maio de 1939, é instituída a Justiça do Trabalho, criando o salário mínimo e concedendo a estabilidade no emprego do trabalhador, após de dez anos a trabalhar. Em finais de 1940, é assinado, em Washington, DC, pelo Brasil e por mais 13 países produtores de café e os EUA, o "Acordo Interamericano do Café", visando regular seu o preço e o comércio internacional. 3/5

Em 1942 foi criado o território de Fernando de Noronha; em 1943, são criados o Território Federal do Guaporé (atual Rondônia), o Território Federal do Rio Branco (atual Roraima) e o Território Federal do Amapá, visando contrariar o vazio populacional do interior do Brasil. O norte do Paraná, até então despovoado, foi colonizado e povoado através da iniciativa privada, assim como o Mato Grosso do Sul. Foi igualmente incentivada a ocupação da Amazónia por brasileiros oriundos de outras regiões, especialmente do nordeste do Brasil, para a extração de borracha, a ser exportada para os EUA, que perdera o fornecimento de borracha vindo do sudeste asiático, ocupado pelos Japoneses. Com o início da Segunda Guerra Mundial, em 1 de setembro de 1939, Getúlio Vargas declara o Brasil como país neutral, posição que mantém até 1941. Mas no início de 1942, com a entrada dos EUA no conflito, e sob pressão destes, durante a conferência dos países sul-americanos realizada no Rio de Janeiro - a contragosto de Getúlio que temia represálias dos alemães - todos os membros decidem condenar os ataques japoneses rompendo relações diplomáticas com os países do Eixo. Logo após esta declaração, iniciam-se os ataques dos submarinos alemães e italianos aos navios brasileiros no Atlântico, causando perdas consideráveis na frota mercante e centenas de vítimas civis brasileiras. Getúlio Vargas declara o estado de guerra no país no dia 31 de agosto de 1942. Em outubro de 1943 dá-se o primeiro protesto organizado contra o regime em Minas Gerais, mas só em fevereiro de 1945, através do Ato Adicional n.º 9, é feita uma reforma liberalizante da Constituição de 1937, estabelecendo, entre outras medidas visando a maior autonomia dos estados e municípios, os critérios e prazos para a marcação da eleição para a presidência da república e restaurando uma Câmara dos Deputados. É ainda, neste ano, decretada uma Amnistia geral para todos os condenados por crimes políticos. A realidade é que com o fim do conflito mundial e o regresso do corpo expedicionário brasileiro que participara no teatro de guerra na Europa, começou a haver grande pressão política para o fim do «Estado Novo». Os partidos políticos foram autorizados e foram marcadas eleições presidenciais e constituintes, mas no dia 29 de Outubro de 1945, um movimento militar liderado por generais que compunham o seu próprio ministério, na maioria ex-tenentes da Revolução de 1930, obrigam-no a renunciar ao cargo. Getúlio Vargas abandona o poder que mantivera durante 15 anos, e com a popularidade inabalada, sem sofrer nenhuma ação judicial ou punição, nem mesmo o exílio - condição negociada em troca do seu apoio à candidatura do general Eurico Gaspar Dutra. Ainda em 1945, participa na criação do PSD - Partido Social Democrático, formado basicamente pelos exgovernantes estaduais do período do «Estado Novo», chegando a ser eleito presidente do novo partido, mas passando o cargo a Benedito Valadares. Deputado à Constituinte, foi o único parlamentar a não assinar a Constituição de 1946. Assumiu o cargo no Senado Federal como representante gaúcho, e exerceu o mandato de senador durante o período 1946-1947, quando proferiu cinco discursos relatando as realizações do Estado Novo e da Revolução de 1930 e criticando o governo do Presidente Dutra. Abandonando o Senado, retira-se para as suas propriedades na sua cidade natal mas continua a ser permanentemente assediado por partidários para retornar à vida pública. Em 1950, aceita voltar à política ativa, candidatando-se a Presidente da República. Durante a Campanha eleitoral, já com 68 anos, percorre todas as regiões do Brasil, pronunciando, em 77 cidades que visita, discursos nos quais relembrava suas obras nas regiões em que discursava e prometendo que o povo subiria com ele as escadarias do Palácio do Catete. A 3 de outubro é eleito, apoiado pelo PTB mas também por muitos membros do PSD que abandonaram o seu próprio candidato e apoiaram Getúlio. Toma posse a 31 de janeiro de 1951 para uma mandato que se deveria estender até inícios de 1956. A sua governação é, porém, tumultuosa devido às medidas administrativas que tomou e às crescentes acusações de corrupção que atingiram seu governo. Um polémico reajuste do salário mínimo, em 100%, originou, em fevereiro de 1951, um protesto público, em forma de manifesto à nação, dos militares - o Manifesto ou Memorial dos Coronéis - assinado por 79 militares que, na sua grande maioria, eram ex-tenentes de 1930. Foram também polémicos outros atos legislativos (1952 a 1954): a lei sobre crimes contra a economia popular, a lei sobre os limites aos lucros de empresas estrangeiras, a lei sobre a Liberdade de imprensa, a lei que definia os crimes contra o Estado e a Ordem Política e Social, e que revogava a Lei de Segurança Nacional de 1935, a lei sobre o monopólio estatal da exploração e produção de petróleo, a lei sobre corrupção de menores, a lei sobre o seguro agrário, a lei que institui o Instituto Brasileiro do Café. Logo em 1951, Getúlio enfrenta, pela segunda vez, uma grande seca no Nordeste do Brasil e apesar da grande mobilização nacional conhecida como a "Campanha O petróleo é nosso em torno da criação da PETROBRAS, em 1952, são cada vez mais frequentes as acusações de corrupção a membros do governo. O caso mais grave de corrupção, que jogou grande parte da opinião pública contra Getúlio, foi a instituição de uma comissão parlamentar de inquérito ao jornal "Última Hora, de propriedade de Samuel Wainer, que era acusado por Carlos Lacerda e outros de receber dinheiro do Banco do Brasil para que o seu jornal promovesse o apoio a Getúlio. Quando Carlos Lacerda sofre um atentado que o feriu num pé, Getúlio foi pressionado, pela oposição, pela maior parte da imprensa e pelos militares, a renunciar ou, ao menos, licenciar-se da presidência. Esta crise leva Getúlio Vargas ao suicídio na madrugada de 23 para 24 de agosto de 1954, logo depois de sua última reunião ministerial, na qual é aconselhado a abandonar a presidência. No final da reunião ministerial, assina um papel e sobe as escadas retirando-se para os seus aposentos, onde acaba por se matar com um tiro no coração. Nessa mesma noite, o vice-presidente Café Filho assume a Presidência do Brasil. Com grande comoção popular nas ruas, o corpo de Getúlio é acompanhado por milhares de pessoas que saíram de casa para prestar o último adeus ao pai dos pobres. A família de Getúlio recusou-se a aceitar que um avião da FAB transportasse o corpo de Getúlio até o Rio Grande do Sul onde foi enterrado, assim como recusou as homenagens oficiais que o novo governo de Café Filho queria prestar ao ex-presidente falecido. Getúlio deixou duas notas de suicídio, uma manuscrita e outra dactilografada, as quais receberam o nome de "carta-testamento. Getúlio Vargas ocupou a 37.ª cadeira da Academia Brasileira de Letras desde 1943 até à sua morte. https://pt.wikipedia.org/wiki/get%c3%balio_vargas http://www.historiadobrasil.net/getuliovargas/ 4/5

Notas técnicas Processo não microfilmado 5/5