Para ser santo é preciso amar. Como progredir na caridade? Extraído de https://padrepauloricardo.org/blog/direcao-espiritual-como-pro gredir-na-caridade com acréscimos das palavras extraída do vídeo, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=icu4jix0zsu. Para uma alma enamorada do Senhor, só existem o hoje e a eternidade: aquele para amar e esta para esperar. Quem ama, tem pressa da vida eterna. Para alcançar a santidade, só tem um jeito: amar mais a Deus. Quanto mais se ama, mais se santifica. Mas, concretamente, como progredir na caridade e chegar a amá-lo como preceitua o Deuteronômio (6, 5) com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças? Vão aqui algumas dicas bem concretas de engenharia espiritual. O termo engenharia é proposital: para construir o edifício da nossa alma, existem, por assim dizer, três andares, que são as virtudes teologais fé, esperança e caridade. CARIDADE
ESPERANÇA FÉ A base de tudo é a virtude da fé. A fim de crescer na caridade, é importante alimentar especialmente a fé no amor de Deus, que Se entregou concretamente por cada um de nós, na Cruz. A fé que precisamos robustecer é no amor de Deus. Deus me amou concretamente na cruz. Para tanto, uma constante meditação da Paixão de Cristo, unida à convicção de que Ele morreu realmente por mim, de modo bem específico, é suficiente para fazer brotar a gratidão de coração. Na cruz, Jesus pensava em você como único. O amor de Deus é específico. Deus me ama como ser único. Surge, então, o desejo de amar a Deus de volta, corresponder à Sua iniciativa, ser-lhe generoso e subir ao terceiro andar do prédio, que é a caridade. Nesse anseio, porém, o homem esbarra com a sua miséria e falta de generosidade. O que o impede, afinal, de amar plenamente ao Senhor? Nós estamos careca de saber que Deus nos ama. Mas não O amamos de volta. Somos preguiçosos. Por que não O amamos de volta? Porque está faltando o 2º andar: a esperança.
Portanto, a resposta encontra-se no meio do caminho, na virtude da esperança. Tal virtude é meio desprezada. Todo mundo pede fé e amor. Ninguém pede esperança. Qual é o objeto da esperança? Antes de tudo, importa delinear o seu objeto: em primeiro lugar, o homem espera a própria salvação (vida eterna, a felicidade eterna); em segundo, espera alcançar os meios para chegar a esse termo (objeto secundário a esperança) afinal, não adianta querer vagamente amar a Deus, se não se faz o firme propósito, a determinada determinación de agradá-lo. Uma breve noção da esperança, porém, pode ser dada nas seguintes palavras: ela é uma pressa de amar a Deus. Você já começa a vislumbrar a caridade. E caridade vai aperfeiçoar a esperança e a fé, numa circularidde [entre elas]. Então, a esperança é uma pressa de amar a Deus. Como se dá isso? Para uma alma enamorada do Senhor, nada existe senão o hoje, o agora, para amá-lo. De fato, o hoje é a única unidade do tempo que tem consistência ontológica (ou seja, que existe). Enquanto o ontem não existe mais, o amanhã não existe ainda; um já perdeu o ser, o outro não o ganhou. Além do hoje, existe a eternidade, que está fora e além do tempo e que deve ser o objeto da nossa esperança. Infelizmente, quando se fala de esperança, as pessoas tendem a olhar para o futuro, para o amanhã. Mas o amanhã não é o objeto primário da esperança. O
objeto primário da esperança é a eternidade, que não está à frente, neste mundo, senão no alto, no Céu. E, quando Deus nos visita, Ele sempre o faz no hoje. Por isso, não adianta adiar a ação de Deus para amanhã. Se alguém quer amar a Deus concretamente, deve focar-se no hoje e na eternidade, se não está edificando a própria casa na areia movediça. Ao homem é concedido apenas o agora, apenas o momento presente para amar a Deus. Não existe amanhã: essa é a sua última Missa, sua última Comunhão. Como alguém trataria seus parentes e amigos se soubesse que os veria pela última vez? Como receberia o Sacramento da Penitência, sabendo que é a última vez que o recebe? A virtude da esperança é uma graça que Deus infunde na minha vontade. Portanto, é um ato de vontade, assim como a caridade. As três virtudes teologais (fé, esperança e caridade) envolvem a vontade. Só que a fé tem também uma realidade intelectual, ou seja, a vontade que diz ao intelecto: creia. A graça sustenta, promove, dar força a este ato de vontade que diz: creia. [Contemplando Cristo Crucificado], eu creio. Tenho pressa de amar hoje. O demônio fica o tempo todo tentando nos desviar para o amanhã. Não temos o amanhã. Temos o hoje. Se você pensar: Amanhã, eu rezo. Não! É hoje que você vai rezar. Essa é a sua última oração. Você não sabe se vai acordar. Você não tem o amanhã. Santa Teresinha do Menino Jesus, no poema Meu canto de hoje, escreve os seguintes versos, inflamados de amor: Minha vida é um instante, um rápido segundo, Um dia só que passa e amanhã estará ausente; Só tenho, para amar-te, ó meu Deus, neste mundo, O momento presente!... [ ]
Não nos distraiamos, pois, com o amanhã. Como ensina Nosso Senhor, a cada dia basta o seu mal (Mt 6, 34). Só temos o momento presente para amar a Deus, e nada mais. Seu Jesus [seu pai, sua mãe, seu irmão, seu filho, seu vizinho, seu amigo, seu próximo] está na sua frente AGORA. Se aproxime Dele como você se aproxima do Santíssimo Sacramento. Ame agora com essa urgência. Em tempo: O diabo usa da imaginação. Procura distrair você com o amanhã. E Deus visita você hoje e você não percebe.