APLICAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA Nº 10 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO NA PREVENÇÃO DE RISCOS NA INTERAÇÃO COM A ELETRICIDADE

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APLICAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA Nº 10 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO NA PREVENÇÃO DE RISCOS NA INTERAÇÃO COM A ELETRICIDADE

A APLICAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA Nº 10 DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO NA PREVENÇÃO DE RISCOS NA INTERAÇÃO COM A ELETRICIDADE

CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO DISTRITO FEDERAL Presidente: Eng. Civil Flavio Correia de Sousa Vice-presidente: Eng. Civil Reinaldo Teixeira Vieira Diretor-financeiro: Eng. Eletricista Luiz Henrique Lobo Diretor de Fiscalização: Eng. Mecânico Ivanoé Pedro Tonussi Junior Diretor de Valorização Profissional: Engª. Ambiental Jhessica Ribeiro Cardoso Diretor de Relações Institucionais: Eng. Eletricista Adriano Silva Arantes Diretor de Planejamento: Eng. Agrônomo Álvaro José de Aguiar Oliveira

Sumário 1. APRESENTAÇÃO 9 2. DEFINIÇÕES E CONCEITOS 10 3. O CHOQUE ELÉTRICO 13 4. AS PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DO CHOQUE ELÉTRICO 14 5. COMO FAZER PARA PREVENIR-SE DOS RISCOS DO USO DA ENERGIA ELÉTRICA 15 6. OBJETIVO DA NORMA NR-10 DO M.T.E. 16 7. DOCUMENTAÇÃO LEGAL EXIGIDA PELO PODER PÚBLICO REFERENTE A NR-10 16 8. RELAÇÃO DE DOCUMENTOS E RESPONSÁVEIS PELA ELABORAÇÃO 19 9. O QUE É A QUALIFICAÇÃO, A HABILITAÇÃO E CAPACITAÇÃO DOS TRABALHADORES 24 10. DESTAQUES DA NBR 5410, RELACIONADOS À SEGURANÇA DE PESSOAS QUE INTERAGEM COM A ENERGIA ELÉTRICA 27 11. RESPONSABILIDADE TÉCNICA 28 12. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR 28

13. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADO 29 14. ÓRGÃOS FISCALIZADORES 31 15. REFERÊNCIAS 34

1. APRESENTAÇÃO O objetivo básico desta cartilha é conscientizar a população, neste caso empregadores e empregados, quanto ao potencial de riscos na interação com a energia elétrica. Essa conscientização constitui-se em um dos deveres do sistema CONFEA/CREA, em todas as realizações de interesse social e humano, conforme dispõe o art. 1º da Lei 5.194/66, que regula as profissões de engenheiro e engenheiro agrônomo. Diariamente estamos expostos aos riscos da energia elétrica, em especial, os trabalhadores que interagem com essa forma de energia. O principal risco dessa interação é o choque elétrico. Brasília, novembro de 2014. Eng. Flavio Correia de Sousa Presidente do Crea-DF Gestão 2012/2014 9

2. DEFINIÇÕES E CONCEITOS Média Tensão (MT): tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. Área Classificada: local com potencialidade de ocorrência de atmosfera explosiva. Aterramento Elétrico Temporário: ligação elétrica efetiva, confiável e adequada intencional à terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida continuamente durante a intervenção na instalação elétrica. Atmosfera Explosiva: mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual após a ignição a combustão se propaga. Baixa Tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. Barreira: dispositivo que impede qualquer contato com partes energizadas das instalações elétricas. Direito de Recusa: instrumento que assegura ao trabalhador a interrupção de uma atividade de trabalho por considerar que ela envolve grave e iminente risco para sua segurança e saúde ou as de outras pessoas. Equipamento de Proteção Coletiva (EPC): dispositivo, sistema ou meio, fixo ou móvel, de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros. Equipamento Segregado: equipamento tornado inacessível por meio de invólucro ou barreira. Extra-Baixa Tensão (EBT): tensão não superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. Influências Externas: variáveis que devem ser consideradas na definição e seleção de medidas de proteção para segurança das pessoas e desempenho dos componentes da instalação. Instalação Elétrica: conjunto das partes elétricas e não elétricas associadas e com características coordenadas entre si que são necessárias ao funcionamento de uma parte determinada de um sistema elétrico. Instalação Liberada para Serviços (BT/AT): aquela que garante as condições de segurança ao trabalhador por meio de procedimentos e equipamentos adequados desde o início até o final dos trabalhos e liberação para uso. Impedimento de Reenergização: condição que garante a não energização do circuito por meio de recursos e procedimentos apropriados, sob controle dos trabalhadores envolvidos nos serviços. 10

Invólucro: envoltório de partes energizadas destinado a impedir qualquer contato com partes internas. Isolamento Elétrico: processo destinado a impedir a passagem de corrente elétrica, por interposição de materiais isolantes. Obstáculo: elemento que impede o contato acidental, mas não impede o contato direto por ação deliberada. Perigo: situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por ausência de medidas de controle. Pessoa Advertida: pessoa informada ou com conhecimento suficiente para evitar os perigos da eletricidade. Procedimento: sequência de operações a serem desenvolvidas para realização de um determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segurança e circunstâncias que impossibilitem sua realização. Prontuário: sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica de informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores. Risco: capacidade de uma grandeza com potencial para causar lesões ou danos à saúde das pessoas. Riscos Adicionais: todos os demais grupos ou fatores de risco, além dos elétricos, específicos de cada ambiente ou processos de trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde no trabalho. Sinalização: procedimento padronizado destinado a orientar, alertar, avisar e advertir. Sistema Elétrico: circuito ou circuitos elétricos inter-relacionados destinados a atingir um determinado objetivo. Sistema Elétrico de Potência (SEP): conjunto das instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica até a medição, inclusive. Tensão de Segurança: extra-baixa tensão originada em uma fonte de segurança. Trabalho em Proximidade: trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule. Travamento: ação destinada a manter, por meios mecânicos, um dispositivo de manobra fixo numa determinada posição, de forma a impedir uma operação não autorizada. Zona de Risco: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho. Zona Controlada: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados. 11

3. O CHOQUE ELÉTRICO Existem dois mecanismos que proporcionam a possibilidade do choque elétrico: a. por contato direto, que ocorre normalmente no trabalho profissional, realizado por eletricistas, ajudantes de eletricistas, técnicos em eletricidade, engenheiros eletricistas e outros profissionais da área elétrica; neste caso ocorre por imprudência, imperícia ou negligência. 13

b. por contato indireto, que ocorre normalmente com os usuários da energia elétrica, neste caso os consumidores em geral e outros profissionais que, embora não sejam da área elétrica, interagem com a eletricidade através de uma carcaça energizada de um equipamento elétrico: geladeiras, bebedouros, motores, centrais de ar-condicionado (chiller), etc. 4. AS PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DO CHOQUE ELÉTRICO a. a morte ou dano permanente ou temporário pela passagem da corrente elétrica em partes vitais do corpo humano; 14

b. consequências jurídicas decorrentes da morte ou dano (administrativas, cíveis ou penais); c. perdas financeiras e materiais; d. danos à imagem da empresa 5. COMO FAZER PARA PREVENIR-SE DOS RISCOS DO USO DA ENERGIA ELÉTRICA 1 A primeira providência é atender à Norma Regulamentadora nº 10 do Ministério do Trabalho e Emprego, que poderá ser acessada por meio do site do Ministério do Trabalho e Emprego, no seguinte endereço: www.mte.gov.br 2 A segunda providência é regularizar a sua instalação elétrica, de acordo com as normas da ABNT, relativas às instalações elétricas, sendo que que as principais normas da ABNT, são: NBR 5410, NBR 14.039, NBR 5419, NBR 60.439 e NBR 14.136, que podem ser adquiridas através do site www.abnt.org.br 3 A terceira providência é a exigência de que os profissionais que realizam intervenções nas instalações elétricas de sua edificação (empresa, residência) possuam registro no Crea-DF e que apresentem a ART - Anotação de Responsabilidade Técnica, relativa aos serviços a serem realizados. 15

6. OBJETIVO DA NORMA NR-10 DO M.T.E. Essa norma se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão dessas, as normas internacionais cabíveis. 7. DOCUMENTAÇÃO LEGAL EXIGIDA PELO PODER PÚBLICO REFERENTE A NR-10 A documentação a seguir relacionada deverá estar disponível para os agentes do poder público nas seguintes situações: fiscalização para verificação do cumprimento da NR-10, realizada por fiscal do trabalho da SRT do Ministério do Trabalho e Emprego; fiscalização da documentação realizada por fiscal do INSS; fiscalização da documentação ou para celebração de TAC Termo de Ajustamento de Conduta, realizada pelo Ministério Público do Trabalho; fiscalização do exercício profissional, realizada pelo CREA; 16

inquérito policial em caso de acidente do trabalho; fiscalização por outros órgãos públicos, com poder de polícia; exigências para participação em processos licitatórios realizados pela administração pública, direta e indireta; exigências contratuais em contratos realizados com órgãos da administração pública, direta e indireta. 17

8. RELAÇÃO DE DOCUMENTOS E RESPONSÁVEIS PELA ELABORAÇÃO 8.1 - As empresas estão obrigadas a manter esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção. Os serviços deverão ser elaborados por Eng. Eletricista (atribuições do dec. 23.569/33, Lei 5.194/66 e art. 8º da Resol. 218/73) e Engenheiro Civil (atribuições do dec. 23.569/33, Lei 5.194/66 e art. 7º da Resol. 218/73), com o devido registro de ART. 8.2 - Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kw devem constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do disposto no item 8.1 acima, no mínimo: 19

a. conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a essa NR e descrição das medidas de controle existentes; Deverão ser elaborados por profissional, eng. eletricista e de segurança do trabalho com o devido recolhimento da ART, junto ao CREA. b. documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos; Deverão ser elaborados por profissional, eng. eletricista, com o devido recolhimento da ART, junto ao CREA. c. especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental, aplicáveis conforme determina essa NR; Deverão ser elaborados por profissional, eng. eletricista e de segurança do trabalho com o devido recolhimento da ART, junto ao CREA. 20

d. documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dostreinamentos realizados; Deverão ser elaborados por profissional, eng. eletricista e de segurança do trabalho com o devido recolhimento da ART, junto ao CREA. e. resultado dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de proteção individual e coletiva Deverão ser elaborados por profissional, eng. eletricista, com o devido recolhimento da ART, junto ao CREA. f. certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas; Deverão ser elaborados por profissional, eng. eletricista, com o devido recolhimento da ART, junto ao CREA. 21

g. relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de a a f. Deverão ser elaborados por profissional, eng. eletricista e de segurança do trabalho com o devido recolhimento da ART, junto ao CREA. 8.3 - As empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência devem constituir prontuário e acrescentar a ele os documentos a seguir listados: h. descrição dos procedimentos para emergências; i. certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual. Deverão ser elaborados por profissional, eng. eletricista e de segurança do trabalho com o devido recolhimento da ART, junto ao CREA. 22

8.4 - As empresas que realizam trabalhos em proximidade do Sistema Elétrico de Potência devem constituir prontuário contemplando as alíneas a, c, d e e, do item 8.2 e alíneas a e b do item 8.3. Deverão ser elaborados por profissional, eng. eletricista e de segurança do trabalho com o devido recolhimento da ART, junto ao CREA. 8.5 - O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser organizado e mantido atualizado pelo empregador ou pessoa formalmente designada pela empresa, devendo permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade. Deverão ser elaborados por profissional, eng. eletricista e de segurança do trabalho com o devido recolhimento da ART, junto ao CREA. 23

8.6 - Os documentos técnicos previstos no Prontuário de Instalações Elétricas devem ser elaborados por profissional legalmente habilitado. 9. O QUE É A QUALIFICAÇÃO, A HABILITAÇÃO E CAPACITAÇÃO DOS TRABALHADORES I. É considerado trabalhador qualificado aquele que comprovar conclusão de curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. 24

II. É considerado profissional legalmente habilitado o trabalhador previamente qualificado e com registro no sistema Confea Crea. III. É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às seguintes condições, simultaneamente: receba capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional habilitado e autorizado; e trabalhe sob a responsabilidade de profissional habilitado e autorizado. IMPORTANTE: os profissionais habilitados, engenheiro e o técnico em eletricidade, devem recolher a ART Anotação de Responsabilidade Técnica, junto ao Crea-DF. 25

10. DESTAQUES DA NBR 5410, RELACIONADOS À SEGURANÇA DE PESSOAS QUE INTERAGEM COM A ENERGIA ELÉTRICA O principal item a ser observado está centrado no princípio fundamental na proteção contra choques elétricos, a seguir explicitado: O princípio que fundamenta as medidas de proteção contra choques especificadas na Norma pode ser assim resumido: partes vivas perigosas não devem ser acessíveis; e massas ou partes condutivas acessíveis não devem oferecer perigo, seja em condições normais, seja, em particular, em caso de alguma falha que as tornem acidentalmente vivas. Desse modo, a proteção contra choques elétricos compreende, em caráter geral, dois tipos de proteção: a) proteção básica; e b) proteção supletiva. Exemplos de proteção básica: isolação básica ou separação básica; uso de barreira ou invólucro; limitação da tensão. Exemplos de proteção supletiva: equipotencialização e seccionamento automático da alimentação; isolação suplementar; separação elétrica. 27

Regra geral A regra geral da proteção contra choques elétricos é que o princípio enunciado acima seja assegurado, no mínimo, pelo provimento conjunto de proteção básica e de proteção supletiva, mediante combinação de meios independentes ou mediante aplicação de uma medida capaz de prover ambas as proteções, simultaneamente. Exemplos de proteção adicional: A realização de equipotencializações suplementares e o uso de proteção diferencial-residual de alta sensibilidade. 11. RESPONSABILIDADE TÉCNICA Para os serviços que envolvem a interação direta ou indireta com a energia elétrica, os responsáveis técnicos sempre serão: engenheiro eletricista; engenheiro civil, em se tratando de baixa tensão; engenheiro de segurança do trabalho; Técnico em eletrotécnica. 12. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR As responsabilidades quanto ao cumprimento da NR-10 são solidárias aos contratantes e contratados envolvidos. É de responsabilidade dos contratantes manter os trabalhadores informados sobre os riscos a que estão expostos, instruindo-os quanto aos procedimentos e medidas de controle contra os riscos elétricos a serem adotados. 28

Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo instalações e serviços em eletricidade, propor e adotar medidas preventivas e corretivas. 13. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADO Zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações ou omissões no trabalho; Responsabilizar-se junto com a empresa pelo cumprimento das disposições legais e regulamentares, inclusive quanto aos procedimentos internos de segurança e saúde; e Comunicar, de imediato, ao responsável pela execução do serviço as situações que considerar de risco para sua segurança e saúde e as de outras pessoas. 29

14. ÓRGÃOS FISCALIZADORES Crea-DF O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (Crea-DF) é uma autarquia federal, instituída pela Lei nº 5.194/66, com o objetivo principal de fiscalizar o exercício profissional dos engenheiros, engenheiros agrônomos, geógrafos, geólogos, meteorologistas, além dos tecnólogos e técnicos de nível médio dos títulos profissionais mencionados, garantindo à sociedade que as obras e serviços técnicos sejam executados por profissionais e empresas regularmente habilitados, evitando, assim, que pessoas e empresas, sem a habilitação e conhecimentos indispensáveis ao correto exercício profissional, executem serviços e obras sem a técnica necessária e adequada. Outro objetivo do Crea-DF é fazer com que esteja sempre caracterizada a responsabilidade técnica pela execução das obras e serviços afetos a essas profissões, conforme determina a Lei nº 6.496/77. Para que fique caracterizado o Responsável Técnico (RT), é necessário que se proceda a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) de todo contrato, escrito ou verbal, para execução de obras ou prestação de quaisquer serviços referentes às profissões englobadas no Sistema Confea/Crea, no Conselho Regional cuja jurisdição for exercida a respectiva atividade técnica. Contato: Atendimento ao público: segunda a sexta das 9h às 17h. SGAS QD 901 - Conjunto D Asa Sul Brasília-DF CEP: 70.390-010 Telefone: (61) 3961-2800 Fax: (61) 3321-1581 Site: www.creadf.org.br SRT- Superintendência Regional do Trabalho e Emprego Atua na modernização das relações trabalhistas, na melhoria das condições ambientais do trabalho e no cumprimento da legislação, visando à justiça social. 31

Para cumprimento de sua Missão Institucional, a Superintendência Regional executa os seguintes serviços, dentre outros: Combate às formas degradantes e discriminatórias de trabalho; Inspeção das condições de segurançaa do trabalhador; Orientações trabalhistas; Intermediação de conflitos coletivos; Orientação, registro e autenticação de documentos trabalhistas. Contato: Av. W3 Norte Quadra 509 Bloco E, Ed. Sede, Asa Norte. Brasília-DF, CEP 70750-505 Telefones: (61) 2031-0104/0129 Fax: (61) 2031-0167/0132 CERET Centro de Referência em Saúde do Trabalhador É um serviço especializado no atendimento à Saúde do Trabalhador (tanto os já acidentados no trabalho quando para atuação preventiva) e tem como principal objetivo a implantação da Atenção Integral à Saúde do Trabalhador no SUS. Contato: SEPS 712/912 Sul Ed. DISAT (61) 3346-7462 61-33467555 (61) 3346-7462 E-mail: cerestdf@gmail.com 33

Ministério Público do Trabalho O Ministério Público do Trabalho (MPT), um dos ramos do Ministério Público da União, é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado. O MPT tem autonomia funcional e administrativa e, dessa forma, atua como órgão independente dos poderes legislativo, executivo e judiciário. Os procuradores do Trabalho buscam dar proteção aos direitos fundamentais e sociais do cidadão diante de ilegalidades praticadas na seara trabalhista. Contato SEPN 513 Edifício Imperador Bloco D, Nº 30, Salas 320 a 331 e 401 a 420 CEP: 70.769-900 Tel.: (61) 3307-7200 15. REFERÊNCIAS NR-10 do Ministério do Trabalho e Emprego; NBR 5410 da ABNT; Descreto 23.569/33; Lei 5.194/66; Lei 6.496/77 Resolução 218/73 do CONFEA. 34

Autoria Grupo de Trabalho (GT) Estruturas de Diversão Engenheiro Mecânico Francisco Correa Rabello (coordenador) Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho Antônio Luiz de Souza Ávila Engenheiro Mecânico João Manoel Dias Pimenta Engenheiro Eletricista Austen de Paula Engenheiro Mecânico Rafael Paulino Engenheiro Agrônomo João Lustosa Técnico em Agropecuária Ramiro Ferreira de Souza Filho Assessoria de Comunicação Social Coordenação: jornalista Giselle Guedes Edição: jornalista Giselle Guedes Projeto gráfico e diagramação: André Taboquini e Jailson Veloso Revisão 1 (out./2014): Comissão de Comunicação do Crea-DF Engenheira Civil Lélia Barbosa de Souza Sá Engenheiro Ambiental Marcus Vinicius Batista de Souza Engenheiro Eletricista Afonso Siqueira de Moura Coordenador do CDER: Engenheiro Mecânico Francisco Francisco Correa Rabello * O conteúdo desta cartilha técnica é de inteira responsabilidade dos autores e revisores. 35

V a l o r i z a n d o q u e m c o n s t r ó i o f u t u r o SGAS Qd. 01 Conj. D - Asa Sul Brasília-DF CEP: 70390-010 Telefone: +55 (61) 3961-2800 Fax: +55 (61) 3321-1581 Correio eletrônico: creadf@creadf.org.br Sítio: www.creadf.org.br