A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO



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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO DAIANA MAGALI DE AMORIM Itajaí, outubro de 2007.

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO A DISCIPLINA DE PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO DAIANA MAGALI DE AMORIM Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Professora Msc. Márcia Sarubbi Itajaí, outubro de 2007

AGRADECIMENTO Agradeço DEUS primeiramente por agir com tanta misericórdia na minha vida, ainda nos momentos em que eu estive afastada de Sua presença, sendo a minha fonte inesgotável de vida, nutrindo-me com o alimento da alma e, fazendo-me provar o quão doce é o seu amor. Eu Te amo além do meu entendimento. Muito Obrigada Senhor! Agradeço a minha mãe Arlete, que tantas vezes fez do impossível uma maneira de me ajudar nos momentos de sufoco, demonstrando todos os dias o orgulho que sentia vendo-me conquistar cada passo. Mãe sou eu que me orgulho de você! Ofereço-te meu amor eterno em sinal da minha gratidão. À Bruna e Jean Jr., sobrinhos maravilhosos, por serem anjos na minha vida. Agradeço a minha amiga Rafaela por ter me acompanhado efetivamente na busca da conclusão do curso, dividindo comigo tarefas, aflições e dificuldades encontradas. Estende-se a minha gratidão também a todos os demais amigos que de uma maneira ou outra me ajudaram para que eu chegasse até aqui. Aos meus Professores Márcia Sarubbi Lippmann, José Everton da Silva e Gilson Amilton Sgrott, por terem sido tão amáveis e disponíveis na conclusão deste trabalho, orientando e fazendo-me crescer intelectualmente dia-a-dia. Esta monografia é fruto dos ensinamentos de vocês. Muito obrigada!!

DEDICATÓRIA Dedico essa monografia ao meu amor, Alessandro Musu, a quem eu tanto admiro e devo esta conquista. Por todo amor, carinho e dedicação demonstrados na busca desse sonho e, principalmente, por ter acreditado em mim!

...que pode uma criatura senão, entre criaturas, criar?

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. Itajaí, outubro de 2007. Daiana Magali de Amorim Graduanda

PÁGINA DE APROVAÇÃO A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, elaborada pela graduanda Daiana Magali de Amorim, sob o título A Disciplina de Patentes no Ordenamento Jurídico Brasileiro, foi submetida em 30 de novembro de 2007 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Márcia Sarubbi Lippmann (Presidente), José Everton da Silva (Membro) e Gilson Amilton Sgrott (Membro) e aprovada com a nota 10 (dez). Itajaí, 30 de novembro de 2007. Márcia Sarubbi Lippmann Orientadora e Presidente da Banca Coordenação da Monografia

ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS ART. ADPIC C CEDIN Artigo Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio Certificado de Adição Centro de Documentação e Informação Tecnológica CRFB/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1998. CIP CUP DIRMA DIRPA-SAAPAT DI DO ID IG INPI IG ISA IPEA GATT LPI MAPA MU OMPI RPI PCT Classificação Internacional de Patentes Convenção da União de Paris Diretoria de Marcas do INPI Serviço da Diretoria de Patentes do INPI Desenho Industrial Denominação de Origem Indicação de Procedência Indicação Geográfica Instituto Nacional da Propriedade Industrial Indicação Geográfica Autoridade Internacional de Busca Exame Preliminar General Agreement on Tariffs and Trade Lei da Propriedade Industrial Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Modelo de Utilidade Organização Mundial da Propriedade Intelectual Revista da Propriedade Industrial Tratado de Cooperação de Patentes

PI SNPC TRIPS WIPO Patente de Invenção Serviço Nacional de Proteção de Cultivares Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights World Intellectual Property Organization

ROL DE CATEGORIAS Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. ATIVIDADE INDUSTRIAL: Tudo que pode ser objeto de exploração industrial. Que possa ser pelo menos utilizado em um setor do sistema produtivo. ATO INVENTIVO: Exercício intelectual da capacidade de criação humana. CULTIVARES: Subdivisão de uma espécie agrícola que se distingue de outra por qualquer característica perfeitamente identificável, seja de ordem morfológica, fisiológica, bioquímica ou outras julgadas suficientes para sua identificação 1. CULTIVAR COMERCIAL: Conjunto de indivíduos botânicos, cultivados, que se distinguem por determinados caracteres morfológicos, fisiológicos, citológicos, químicos ou outros de caráter agronômico ou econômico e que em reprodução sexuada ou na multiplicação vegetariana, conservem seus caracteres distintivos 2. CULTIVAR ESSENCIALMENTE DERIVADA: Aquela que é essencialmente derivada de outra cultivar, se cumulativamente for, predominantemente, derivada da cultivar inicial ou de outra cultivar essencialmente derivada, sem perder a expressão das características essenciais 1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS. Porto Alegre: UFRGS, 2003. p. 75 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS p. 75

que resultem do genótipo ou da combinação de genótipos da cultivar da qual derivou, exceto no que diz respeito às diferenças resultantes da derivação 3. CULTIVAR HOMOGÊNEA: É a Cultivar que, utilizada em plantio, em escala comercial, apresente variabilidade mínima quanto aos descritos que a identifiquem, segundo critérios estabelecidos pelo órgão competente 4. DESENHO INDUSTRIAL: Forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e, que possa servir de tipo de fabricação industrial 5. DIREITO AUTORAL: É o direito que todo criador de uma obra intelectual tem sobre a sua criação. Esse direito personalíssimo, exclusivo do autor, constitui-se de um direito moral, a criação, e um direito patrimonial, pecuniário 6. DIREITO DE PROPRIEDADE: Direito que um indivíduo tem sobre um bem intangível ou tangível ESTADO DA TÉCNICA: Novas características que não sejam conhecidas no corpo dos conhecimentos existentes, chamado estado da técnica, no seu campo técnico. È o melhor que existe sobre determinado produto 7. 3 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS, p. 75 4 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS, p. 76. 5 Lei nº 9.279/06 em seu artigo 95. 6 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS, p. 79. 7 Disponível em www.inpi.gov.br <Acessado em 28 set. 2007>

INVENÇÃO: Criação de algo que não existia, fruto da capacidade inventiva do homem. As invenções sucedem de maneira mediata ou imediata das descobertas. INDICAÇÃO GEOGRÁFICA: Indicação de um produto ou serviço como originário de um local, região ou país, quando determinada reputação, característica e/ou qualidade possam ser vinculadas essencialmente a esta sua origem particular 8. INVENTO: Resultado final de uma criação materializada e caracterizada, conseqüência das regras estabelecidas numa Invenção. MARCA: São os suscetíveis de registro como marca, os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais 9. MODELO DE UTILIDADE: Instrumento, utensílio ou objeto destinado ao aperfeiçoamento ou melhoria de uma Invenção preexistente. NOVA CULTIVAR: Quando for, claramente distinta da cultivar da qual derivou, exceto no que diz respeito às diferenças resultantes da derivação e, quando não tenha sido oferecida à venda no Brasil há mais de doze meses em relação à data do pedido de proteção e que, observado o prazo de comercialização no Brasil, não tenha sido oferecida à venda em outros países, com o consentimento do obtentor, há mais de seis anos para espécies de árvores e videiras há mais de quatro anos para as demais espécies 10. 8 PIMENTEL, Luiz Otavio. Propriedade Intelectual e Universidade Aspectos Legais. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2005, p.115. 9 Lei nº 9.279/96 em seu artigo 122. 10 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico. Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia. A Gestão da Propriedade Intelectual na UFRGS, p. 76.

NOVIDADE: Quando o objeto da criação não tiver sido conhecido pelo público, em qualquer parte do mundo, por qualquer forma de divulgação, antes do depósito de pedido de Patente, salvaguardando o período da graça 11. PATENTE: Direito exclusivo em relação a um invento, que pode ser um produto ou um processo, que proporciona um novo e inventivo modo de fazer algo, ou oferece uma nova e inventiva solução técnica a um problema 12. PROPRIEDADE INDUSTRIAL: A Propriedade Industrial provém da Propriedade Intelectual que se refere aos bens intangíveis aplicáveis nas indústrias. Trata de assuntos referentes às invenções; aos desenhos industriais; as Marcas de produto ou de serviço, de certificação e coletivas; à repressão às falsas indicações geográficas e demais indicações; e à repressão à concorrência desleal 13. PROPRIEDADE INTELECTUAL: É a propriedade dos bens intangíveis, dos que não existem fisicamente, que não são visíveis ou palpáveis, dos que se baseiam no conhecimento. 11 Disponível em www.inpi.gov.br <Acessado em 28 set. 2007> 12 Disponível em www.inpi.gov.br <Acessado em 28 set. 2007> 13 Doravante da Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996 em seu 2º.

SUMÁRIO SUMÁRIO... XIII RESUMO... 1 INTRODUÇÃO... 1 CAPÍTULO 1... 3 DIREITOS DA PROPRIEDADE INTELECTUAL... 3 1.1 DOS BENS INTANGÍVEIS E DA PROPRIEDADE INTELECTUAL...3 1.1.1 NOVIDADE...6 1.1.2 ATIVIDADE INVENTIVA...8 1.1.3 APLICAÇÃO INDUSTRIAL...9 1.2 DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL...11 1.2.1 INVENÇÃO...14 1.2.1.1 Invento...15 1.2.1.2 Modelo de Utilidade (MU)...16 1.2.2 INDICAÇÃO GEOGRÁFICA (IG)...18 1.2.2.1 Indicação de Procedência (IP)...19 1.2.2.2 Denominação de Origem (DO)...20 1.2.3 Marcas...21 1.2.4 Desenho Industrial...25 1.3 CULTIVARES...29 1.3.1 Cultivar Comercial...30 1.3.2 Cultivar Essencialmente Derivada...30 1.3.3 Cultivar Homogênea...31 1.3.4 Nova Cultivar...31 1.4 DIREITO AUTORAL...34

CAPÍTULO 2... 40 ASPECTOS DESTACADOS DAS PATENTES NO ÂMBITO INTERNACIONAL... 40 2.1 CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS - CUP...40 2.2 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL - OMPI...49 2.3 TRATADO DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE PATENTES PCT...52 2.4 ORGANIZAÇÕES REGIONAIS...57 2.4.1 ORGANIZAÇÃO EUROPÉIA DE PATENTES - EPO...57 2.5 ACORDO DE ESTRASBURGO RELATIVO À CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE PATENTES CIP...59 2.6 TRIPS...63 CAPÍTULO 3... 66 PATENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO... 66 3.1 A CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS E O BRASIL...66 3.2 TRATADO DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE PATENTES PCT NO BRASIL...67 3.3 TRIPS E O BRASIL...70 3.4 DAS PATENTES...71 3.4.1 DOS NÃO PATENTEÁVEIS...73 3.4.2 DA TITULARIDADE DA PATENTE...75 3.4.3 DA PRIORIDADE E DA FASE NACIONAL DA PATENTE...79 3.4.4 DA LICENÇA COMPULSÓRIA...82 3.5 DO PROCESSO DO PEDIDO DE PATENTE...84 3.5.1 BUSCA PRÉVIA...84 3.5.2 DEPÓSITO E CONTEÚDO DO PEDIDO DE PATENTE...85 3.5.3 SIGILO DO PEDIDO DEPOSITADO...87 3.5.4 EXAME DO PEDIDO...88 3.5.5 CARTA-PATENTE...89 3.5.6 RECURSO...89 3.5.7 NULIDADE...89 3.5.8 DOCUMENTOS QUE INSTRUEM O REQUERIMENTO DE NULIDADE...93 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 95 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 97

RESUMO No presente trabalho trata-se da disciplina de Patentes no Ordenamento Jurídico Brasileiro, procedendo à análise a maneira em que esta está tutelada no ordenamento pátrio. Aborda-se a Propriedade Intelectual e seus requisitos de registro, juntamente as suas modalidades, as quais são Propriedade Industrial, tendo dentro desta, Invenção; Modelo de Utilidade; Indicação Geográfica, com isso a Indicação de Procedência e a Denominação de Origem; Marcas; Desenho Industrial; Cultivares, tendo nesta a Cultivar Comercial, Cultivar Essencialmente Derivada, Cultivar Homogênea e Nova Cultivar; e, Direito Autoral. Posteriormente tratam-se os principais instrumentos de tutela patentária no âmbito internacional e por derradeiro apresenta-se de que forma está disciplinada a proteção às Patentes no ordenamento jurídico brasileiro, enfocando a inserção dos instrumentos internacionais e com ênfase no processo de pedido de patentes através do Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Industrial. Patente. Palavras-chave: Propriedade Intelectual. Propriedade

INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objeto a Disciplina de Patentes no ordenamento jurídico brasileiro. O seu objetivo institucional é produzir uma Monografia para conclusão do curso de Direito pela Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, analisando de que forma está tutelada a Patente no ordenamento jurídico do Brasil. Para tanto, principia se, no Capítulo 1, tratando da Propriedade Intelectual, abordando os bens intangíveis, os requisitos essenciais para o registro de um bem e, todas as modalidades registráveis de Propriedade Intelectual, sendo, a Propriedade Industrial, os Cultivares e o Direito Autoral. No Capítulo 2, tratando dos aspectos destacados da Patente no Direito Internacional, onde são tecidos comentários sobre os principais instrumentos de tutela patentária no âmbito internacional. No Capítulo 3, tratando de disciplina das Patentes no âmbito do direito brasileiro, abordando a tutela dada às Patentes no ordenamento jurídico pátrio, objeto do presente estudo. O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a disciplina das Patentes no ordenamento jurídico brasileiro. hipóteses: Para a presente monografia foram levantadas as seguintes As patentes estão disciplinadas no ordenamento jurídico brasileiro de acordo com as Convenções e Tratados internacionais de Patentes onde o Brasil é signatário. A disciplina presente no ordenamento jurídico brasileiro é eficaz para a proteção da Patente.

2 Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados o Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva. Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica.

CAPÍTULO 1 DIREITOS DA PROPRIEDADE INTELECTUAL 1.1 DOS BENS INTANGÍVEIS E DA PROPRIEDADE INTELECTUAL Neste tópico faz-se a apresentação de noções conceituais acerca dos Bens Intangíveis e da Propriedade Intelectual. Os bens intangíveis não existem fisicamente, não são visíveis ou palpáveis, e são denominados também como bens imateriais ou incorpóreos. Estes são baseados em conhecimento, onde o Inventor tem o direito de sua Propriedade Intelectual, sendo esta, uma propriedade do bem imaterial, protegida e assegurada pela lei. Nas palavras de Pimentel 14, tem-se que: O Direito de Propriedade Intelectual brasileiro compreende hoje o conjunto da legislação federal, oriunda do legislativo e executivo, de caráter material, processual e administrativo. Este Direito abrange as espécies de criações intelectuais que podem resultar na exploração comercial ou vantagem econômica para o criador ou titular e na satisfação de interesses morais dos autores. O ordenamento jurídico neste campo é um conjunto disperso de normas (princípios e regras). Continuando o estudo de Propriedade Intelectual, o homem além de utilizar os recursos naturais, utiliza também o próprio intelecto, para alcançar melhores condições de vida ou ampliar o grau de relacionamento com a sociedade da qual participa 15. 14 PIMENTEL, Luiz Otavio. Propriedade Intelectual e Universidade Aspectos Legais, p.17. 15 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 15

4 Di Blasi 16 exemplifica, (...) quando o mestre da pintura transfere para a tela a genialidade de sua arte, transforma um bem intangível (sua capacidade artística), de sua propriedade, num bem tangível (a obra de arte). Ainda nas frases de Di Blasi 17 (...) o Inventor, ao criar algo novo, apresenta para a sociedade o fruto da sua intelectualidade. A Invenção, por isso, é um bem intangível do qual pode resultar um bem material, como, por exemplo, um produto suscetível de ser utilizado pela indústria. A Propriedade Intelectual é de vital importância para o desenvolvimento econômico dos países. Sichel 18 vislumbra que: (...) o Direito da Propriedade Intelectual usa implementar, através de seus institutos, o desenvolvimento técnico da sociedade mediante mecanismos que ensejam a propagação do conhecimento, na medida em que garante ao seu detentor, durante um determinado lapso temporal, as condições de obter sua justa retribuição ao esforço despendido. Uma nação desenvolve-se economicamente baseando-se no progresso do desenvolvimento tecnológico, no qual o Direito de Propriedade Intelectual, com sua eficácia, protege. A Propriedade Intelectual tem-se como um sistema criado para garantir a propriedade ou exclusividade resultante da atividade intelectual nos campos industrial, científico, literário e artístico, possuindo diversas formas de proteção. 16 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, p. 15 17 DI BLASI, Gabriel; SOERENSEN, Mario Garcia; MENDES, Paulo Parente M. A Propriedade Industrial: Os Sistemas de Marcas, Patentes e Desenhos Industriais Analisados a Partir da Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, p. 15 18 SICHEL, Ricardo. O DIREITO EUROPEU DE PATENTES E OUTROS ESTUDOS DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL. Rio de Janeiro: Lúmen Júris. 2004, p. 70.

5 Cobre os ativos intangíveis que servem de elementos de diferenciação entre os concorrentes. O tipo de proteção oferecida é para o que não pode ser fabricado, utilizado, fornecido, distribuído ou vendido comercialmente sem o consentimento do titular 19. A Propriedade Intelectual como observa Carvalho, não cobre todos os ativos intangíveis, mas somente aqueles que servem de elementos de diferenciação entre concorrentes. Por exemplo, a moral, os direitos de crédito e outras obrigações pessoais são ativos intangíveis, mas nem por isso pertencem à Propriedade Intelectual 20. Pimentel 21 no seu saber expõe: A Propriedade Intelectual protegida pelo Direito cobre os resultados da atividade criativa e inventiva. Além disso, alcança as indicações de procedência geográfica, exemplos de objetos de proteção, que não resultam de criatividade ou inventabilidade, mas que não deixam de ser importantes como elementos de diferenciação e por isso são também objetos de direitos de Propriedade Intelectual. Pode-se sustentar que a intelectualidade tem por objeto os frutos do conhecimento humano, pois é a origem dos bens intangíveis, sendo estes, os que concebem os bens materiais. 19 SANTOS, Ricardo Alexandre. Palestra para o Movimento Empreendedor Univali MEU. Sala do M.E.U na UNIVALI de Itajaí, 24 maio 07 20 PIMENTEL apud CARVALHO, Nuno Pires de. Os Tratados internacionais da Organização Mundial da Propriedade Intelectual e o seu Papel na Promoção do Desenvolvimento Econômico. In: Conferência. Florianópolis: UFSC, Coordenadoria de Gestão da Propriedade Intelectual, 21 maio 2004, p. 19 21 PIMENTEL, Luiz Otávio. A Propriedade Intelectual e Universidade Aspectos Legais, p. 18.

6 Pode-se definir então que os bens intangíveis que interessam ao objeto desta pesquisa são aqueles advindos da criatividade do homem, sem fórmulas de criação, provindos da genialidade humana, gerando um direito à Propriedade Intelectual. Esta tem três requisitos essenciais para a proteção, sendo eles a novidade, inventabilidade e a industriabilidade e, ainda dentro da Propriedade Intelectual existem três modalidades distintas nomeadas como, Propriedade Industrial, Cultivares e Direito Autoral. Os próximos itens tratarão dos três requisitos e das três modalidades. Passa-se a discorrer acerca da novidade primeiramente. 1.1.1 Novidade O artigo 11 da Lei da Propriedade Industrial LPI 22 traz que a Invenção e o Modelo de Utilidade são considerados novos quando não compreendidos no estado da técnica 23. 22 Lei 9.279 de 14 de maio de 1996. 23 Esclarece o artigo 11 1º do mesmo código que, o estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de Patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17.

7 Santos 24 define novidade como aplicada relativamente às coisas não compreendidas no estado de técnica, de conhecimento não acessível ao público, antes da data do depósito do pedido de registro. O requisito quanto à novidade estará comprometido quando o objeto da criação ou Invenção houver se tornado acessível ao público, em qualquer parte do mundo, por qualquer forma de divulgação, escrita, oral ou uso, antes do depósito do pedido de Patente. Conceitua Coelho 25 que: Uma Invenção atende ao requisito da novidade se é desconhecida dos cientistas ou dos pesquisadores especializados. Se os experts não são capazes, pelos conhecimentos que possuem, de descrever o funcionamento de um objeto, o primeiro a fazê-lo será considerado o seu Inventor. Nos termos legais, a Invenção é nova quando não compreendida no estado da técnica. A avaliação da novidade do Invento, portanto, depende do conceito de estado da técnica, fundado essencialmente na idéia de divulgação do trabalho científico e tecnológico. Tais impedimentos não ocorrerão se a divulgação compreender o período da graça. Entende-se como período da graça, a publicação do Invento legalmente permitida, precedente à data do depósito do pedido de Patente pelo Inventor, pelo INPI 26 através de publicação oficial ou por terceiros com base em informações obtidas direta ou indiretamente do Inventor, ou mesmo em decorrência de atos por este realizados. Este período é considerado o tempo que seria possível uma eventual divulgação do produto a ser registrado ou Patenteado, dependendo da sua categoria, antes da data do depósito. 24 SANTOS, Ozeias J. Marcas e Patentes, Propriedade Industrial. São Paulo: INTERLEX Informações Jurídicas Ltda, 2001, p. 24. 25 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 150 26 Instituto Nacional da Propriedade Industrial

8 Da lavra de Negrão 27 extrai-se que: A exceção à presunção de conhecimento pela divulgação é a mesma encontrada para as Patentes no art. 12, com a diferença: para as Patentes considera-se o prazo de doze meses como sendo o período de divulgação autorizada, desde que feita pelo Inventor, pelo INPI ou por terceiros, com base nas informações obtidas direta ou indiretamente do Inventor, em decorrência de atos por este realizados. Para o registro de Desenho Industrial o período é menor: cento e oitenta dias. A hipótese merece aplausos: o titular de um Desenho Industrial pode apresentá-lo ao público, por exemplo, em congresso ou em exposição a eventuais clientes, antes de realizar o depósito junto ao INPI e neste caso, poderá em até seis meses, fazê-lo sem que se alegue já ser acessível ao público. Mesmo que terceiros - muitas vezes presente a sua exposição tenham divulgado esse trabalho. Após o estudo, tem-se que a novidade será considerada quando não tiver sido de conhecimento público, exceto ao período de graça e quando um técnico no assunto, com o conhecimento que possui, não seja capaz de descrever o funcionamento do produto. 1.1.2 Atividade Inventiva Para a possibilidade de pedir um registro de Patente, na criação são necessários três requisitos conforme já mencionados, sendo eles, a novidade, ato inventivo e que este produto tenha aplicação industrial da Patente é: Ao saber de Coelho 28, o segundo requisito para a concessão A atividade inventiva e acrescenta que para ser Patenteável, a Invenção, além de não compreendida no estado da técnica (novidade), não pode derivar de forma simples dos conhecimentos nele reunidos. É necessário que a Invenção resulte de um verdadeiro engenho, de um ato de criação intelectual especialmente arguto. 27 NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial. Editora Bookseller, 1999, p.162 28 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial, p. 152

9 No regulamento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial, este critério de patenteabilidade, o ato inventivo, é definido no artigo 13 da LPI onde diz que a Invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto aquele com mediana experiência e conhecimento, não decorra de maneira evidente ou óbvia, ou seja, que não envolve habilidade ou capacidade além daquela usualmente inerente a um técnico no assunto. Por técnico no assunto deve entender-se aquele com mediana experiência e conhecimento, e não um experto ou técnico com elevadíssimo e vasto conhecimento técnico na área 29. Dessa forma as Invenções, para serem patenteáveis, não podem ser decorrentes de justaposições de processos, meios e órgãos conhecidos, simples mudança de forma, proporções, dimensões e materiais, salvo se, no conjunto, o resultado obtido apresentar um efeito técnico (resultado final alcançado através de procedimento peculiar a uma determinada arte, ofício ou ciência) novo ou diferente (que resulte diverso do previsível ou, não óbvio, para um técnico no assunto). A proteção à Invenção é garantida através de uma Patente, a qual será tratada em âmbito nacional no capítulo 3. Com a apreciação da Atividade Inventiva, abordar-se-á a Aplicação Industrial que é mais um requisito da Propriedade Intelectual. 1.1.3 Aplicação Industrial A novidade e a atividade inventiva, embora necessárias, não bastam para que uma criação seja Patenteável. É preciso que, além disso, esta tenha utilização industrial, condição que constitui o grande propósito da Patente. Uma Invenção é considerada suscetível de aplicação industrial se o seu objeto for passível, capaz de ser fabricado ou utilizado em 29 Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

10 qualquer tipo de indústria, seja nas indústrias extrativas agrícolas, nas de produtos manufaturados ou nas naturais 30. Coelho 31 preceitua que: O que pretende a lei, ao eleger a industriabilidade como condição de Patenteabilidade, é afastar a concessão de Patentes a Invenções que ainda não podem ser fabricadas, em razão do estágio evolutivo do estado da técnica, ou que são desvestidas de qualquer utilidade para o homem. Duas, portanto, são as invenções que não atendem ao requisito da industriabilidade: as muito avançadas e as inúteis. O artigo 15 da LPI define expressamente o termo suscetível de aplicação industrial para o Patenteamento das invenções ou criações. Assim, uma Invenção ou Modelo de Utilidade será considerada como suscetível de aplicação industrial se o seu objeto for passível de ser fabricado ou utilizado em qualquer tipo de indústria 32. Di Blasi exemplifica: Um ônibus espacial seria patenteável? Seguindo o raciocínio de que o projeto de um ônibus espacial, de tamanha envergadura, somente deva ser autorizado pelo Governo Federal de um país, dentro de diretrizes por este fixada, conclui-se que se não houver interesse desta entidade em explorá-lo, não existe o menor sentido na concessão de Patente para um projeto latente. Importante lembrar que para uma criação ser Patenteável, os requisitos primordiais é a novidade, o ato inventivo e que este seja de utilização industrial. Mas também que este produto seja explorado pelo criador dentro do período de privilégio, os quais serão especificados em momento oportuno, sob pena de caducidade. Ou seja, sem ter onde explorar, impossível Patentear, que é o caso do exemplo do ônibus espacial na obra de Di Blasi. É 30 Disponível em www.inpi.gov.br <Acesso em 21 ago. 2007> 31 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial, p.156 32 Disponível em www.inpi.gov.br <Acesso em 24 ago. 2007>

11 necessário servir para a sociedade, visto que após o período de privilégio concedido, o bem cai em domínio público. Tem-se então que a Invenção é considerada capaz de aplicação industrial quando pode ser produzida ou usada em escala industrial o objeto da Invenção que possa ser produzido para o consumo da sociedade e que possa ser aplicado em pelo menos um setor do sistema produtivo. Para uma melhor compreensão aplica-se um quadro sobre os requisitos da Propriedade Intelectual. PROPRIEDADE INTELECTUAL NOVIDADE ATO INVENTIVO ATIVIDADE INDUSTRIAL Quando o objeto da criação não tiver sido conhecido pelo público, em qualquer parte do mundo, por qualquer forma de divulgação, antes do depósito de pedido de Patente, salvaguardando o período da graça. É um exercício intelectual da capacidade da criação humana. Tudo que pode ser objeto de exploração industrial. Que possa ser pelo menos utilizado em um setor do sistema produtivo. Fonte: Autora 2007 No quesito Propriedade Intelectual, tem-se três modalidades, as quais são a Propriedade Industrial, Cultivares e Direitos Autorais, onde todas serão estudadas na seqüência. Após a apreciação dos requisitos Novidade, Ato Inventivo e Utilização Industrial passa-se a analisar a primeira das três modalidades que constituem a Propriedade Intelectual. 1.2 DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Para a adequada compreensão da temática em análise, é necessário que seja apresentada a conceituação do que seja Propriedade Industrial a luz do ordenamento jurídico brasileiro.