COMANDO DE OPERAÇÕES DE BOMBEIROS MILITARES COMANDO DE OPERAÇÕES DE BOMBEIROS MILITARES DO INTERIOR 5º GRUPAMENTO DE BOMBEIROS MILITAR - GBM RELATÓRIO TÉCNICO DO LEVANTAMENTO DE ÁREAS DE RISCO NO MUNICÍPIO DE MARAÚ Relatório Técnico NOM RT - 2015.09.00/001 5ºGBM
1 APRESENTAÇÃO Em datas de 14, 15 e 16 de setembro do ano de 2015, em Barra Grande, distrito de Maraú, onde foi realizado um levantamento das características de 05 (cinco) áreas de risco na costa desta península. Foram realizados mergulhos em vários pontos, começando pelas Piscinas Naturais em Taipu de Fora, passando pela Praia da Bombaça, Praia dos 3 Coqueiros, Ponta do Mutá e finalizando pelo Rio Carapitangui onde foram analisadas as profundidades, visibilidade e correntes nas praias indicadas pela prefeitura com alto índice de afogamentos. DIAGNÓSTICO Piscinas Naturais em Taipu de Fora se caracteriza por ser uma praia calma, ou seja, não tem formação de ondas dentro da piscina. No dia do levantamento foi constatado a entrada do vento Sul. Foi percebido também uma profundidade inicial de 03 (três) metros na parte sul da piscina com maré seca e visibilidade de 50% devido a suspensão da água 1. Existe uma corrente na direção sul/norte em toda a piscina. Foi detectado no meio do recife que contorna a piscina, uma falha no qual entra água proveniente da maré, causando assim uma aceleração da corrente para dentro da piscina, esta falha encontra-se do meio para a parte norte. Neste lado a profundidade começa na margem com 5 a 8 cm, por meio metro de distância e em seguida forma-se uma vala 2 que chega a 3,5 metros de profundidade, por aproximadamente 20 metros de distância da margem para o coral e 120 metros de comprimento. Em síntese, a piscina é abastecida por água nas correntes ao sul e leste da piscina, sendo retiradas na corrente de retorno 3 ao norte. Em quase todo local fica IMPRÓPRIO para banho, tornando o banho RECOMENDADO apenas na área sul da piscina, onde a corrente tem menor força e oferece menos risco. 1 Partículas de areia ou terra em movimento na água. 2 É um canal escavado pela força das ondas paralelamente à praia. 3 A água que retorna rumo ao fundo do mar se concentra nesse canal podendo arrastar pessoas à rápidas velocidades.
2 A Praia da Bombaça, é uma praia em mar aberto em que foram detectadas fortes correntes no sentido sul/norte, contrastando com a aparente água calma na superfície. A visibilidade também não passou dos 15%, devido a suspensão da água, foi constatado uma profundidade de 03 (três) metros na maré seca e pouco mais de 05 (cinco) metros na maré cheia. Na parte onde fica localizado o fundo do Resort Kiaroa, existem 02 (duas) bancadas de corais, entre estas bancadas, forma-se uma piscina, que na maré seca encontrou-se com 03 (três) metros e com maré cheia 06 (seis) metros de profundidade. Nesta piscina a força da corrente não deixou que os mergulhadores realizassem o trabalho de mapeamento, devido a força da água que tinha uma intensidade de arrasto em direção a debaixo da bancada de corais do lado norte, sentido a Ponta do Mutá. Neste local fica IMPRÓPRIA a utilização por banhistas, pois há risco de afogamentos constantes. A Praia dos 3 Coqueiros, é uma praia em mar aberto com profundidade atingida de 04 (quatro) metros na maré cheia e em torno de 2 (dois) metros na maré seca, visibilidade de 15% por causa da suspensão da água e a mesma corrente sul/norte. Este levantamento foi feito por indicação dos locais, pois nesta praia havia um peral 4. O ponto de referência foi o Bar e Restaurante Moqueca. Recomendação de PRÓPRIA para banho apenas na maré baixa. A Ponta do Mutá, é uma praia em mar aberto em frente as Barracas, onde foi detectado pouca profundidade, em torno de 1,5 metros, na maré cheia e visibilidade de 50%, não foi necessário o mergulho. Mas no sentido leste, lado esquerdo das Barracas, foi visualizado uma corrente de retorno, que estava no sentido oeste/leste ao mar aberto, que não passava próximo à costa, por isso não oferecia perigo eminente. O problema encontrado, em frente as Barracas, foram pequenos rochedos. Recomendação de PRÓPRIA para banho em qualquer maré com atenção ao risco nas pedras. No Rio Carapitangui, a margem da vala tem um espaço de 30 (trinta) cm, com profundidade de 10(dez) cm, após apenas caminhar 01(um) metro, este espaço forma-se uma vala de 03 (três) metros de profundidade, que vai em uma distância de 20(vinte) metros até o canal e este chega a 3,5 metros de profundidade. Banhistas deverão ter atenção, pois no lado direito da Barraca 4 Trecho do fundo de um rio que aumenta subitamente de profundidade junto à praia ou à margem.
3 de Ró, tem formações rochosas. A corrente encontrada é fraca, mas quando chega na ponta da península, a corrente puxa de volta, em direção ao mangue. A visibilidade da água neste local não sofreu influência do vento, e chegou a 60%. Neste local fica IMPRÓPRIA para banhistas com pouca experiência de natação. Foi feita também uma avaliação no píer de atracação de embarcações e foi observado que alguns praticantes de caça submarina realizam esta atividade embaixo do atracadouro, sem um local determinado para tal atividade e sem nenhuma sinalização, gerando risco iminente de acidentes no local. CONCLUSÃO Com a avaliação feita através dos mergulhos realizados na Costa da Península de Maraú, fica constatada, uma corrente ao longo da costa entre a piscina de Taipu de Fora e a Praia dos 3 coqueiros, corrente esta com bastante intensidade, com alto risco de afogamento, indo da parte sul da piscina em Taipu e na Praia de Bombaça, no fundo do Resort Kiaroa. A baixa movimentação de transeuntes entre as praias dificulta o aviso e a intervenção rápida do resgate em caso de necessidade. Orienta-se para que os locais indicados no relatório por existir correntes fortes e/ou corrente de retorno devem possuir indicações fixadas na areia com bandeiras vermelhas de perigo de afogamento ou placas de advertência nas orlas das praias, juntamente com no mínimo uma dupla de Salva-vidas localizados em estrutura elevada, que sejam treinados, devidamente identificados e equipados com bóias, rescue tubes 5 e pranchões. Estes salva-vidas devem primeiramente prezar para ações de cunho preventivo, como distribuições de folhetos alertando sobre os riscos do afogamento, evitando que banhistas se arrisquem em locais indicados como IMPRÓPRIOS para banho. Outras medidas são: Entregar folders explicativos no atracadouro assim que os turistas desembarcarem, elaborar cartazes e fixar na rede hoteleira, bares e restaurantes, informando os locais de risco para os banhistas. 5 É um equipamento de salva-vidas, também conhecido como flutuador, utilizado na água para resgatar vítimas de afogamentos.
4 Em relação a avaliação realizada no píer, a recomendação é que fosse feito uma conscientização com estes mergulhadores para que o uso das bóias de sinalizações fosse obrigatório, e ainda fosse feito um corredor sinalizado com bóias para demarcar o local de entrada e saída das embarcações, autorizando fora da área demarcada, a prática do mergulho. Outro ponto relevante de observação seria o braço de mar, mais conhecido como Rio Carapitangui, neste local, houve diversos afogamentos evitados por nativos que auxiliaram banhistas, mas que podem utilizar técnicas equivocadas, agravando possíveis problemas. Importante frisar que a maior parte dos afogamentos em todo o Brasil ocorrem em rios, lagos e represas e em virtude disto, a indicação para este local é a utilização de coletes salvavidas, além das demais prevenções já indicadas neste relatório. Por fim, outras medidas importantes são: A realização de concurso de salva-vidas municipais ou à curto prazo utilização de bombeiros militares ou contratação de salva-vidas civis treinados; curso de primeiros socorros básico para todos os trabalhadores da rede de turismo da região, como os lotados em bares e hotéis, inclusive guias e agentes de turismo. PHILLIPE MATHEUS E SANTOS 1º TEN BM COMANDANTE DO NÚCLEO DE MERGULHO JOSÉ RICARDO C. DE OLIVEIRA 1º SGT BM SUBCOMANDANTE DO NÚCLEO DE MERGULHO