DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA. Projecto de Norma Regulamentar - Financiamento de Planos de Benefícios de Saúde através de Fundos de Pensões

Documentos relacionados
Financiamento de Planos de Benefícios de Saúde através de Fundos de Pensões

Norma Regulamentar n.º 12/2010-R, de 22 de Julho Instituto de Seguros de Portugal

DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA

Consulta pública. Sistema de Cobertura do Risco de Fenómenos Sísmicos

RELATÓRIO INTERCALAR (nº 3, do artigo 23º, da Decisão 2004/904/CE)

CONSELHO NACIONAL DE SUPERVISORES FINANCEIROS CONSULTA PÚBLICA N.º 3/2007 BETTER REGULATION DO SECTOR FINANCEIRO EM MATÉRIA DE REPORTE ACTUARIAL

Conselho Nacional de Supervisores Financeiros. Better regulation do sector financeiro

Avisos do Banco de Portugal. Aviso do Banco de Portugal nº 2/2010

PROJECTO DE PORTARIA QUE REGULAMENTA O DECRETO-LEI N.º 134/2009, DE 2 DE JUNHO. Portaria n.º /09,

BETTER REGULATION DO SECTOR FINANCEIRO EM

PROJECTO DE NORMA REGULAMENTAR. Relatório de auditoria para efeitos de supervisão prudencial das empresas de seguros

CONSELHO LOCAL DE ACÇÃO SOCIAL DE OURÉM - CLASO -

REGULAMENTO PARA PLANOS DE COMERCIALIZAÇÃO E VENDA. Capítulo I. Objecto e condições de elegibilidade das candidaturas. Artigo 1º.

ACTIVIDADES TRANSFRONTEIRIÇAS DE GESTÃO DE PLANOS DE PENSÕES PROFISSIONAIS NACIONAIS EM PORTUGAL

GOVERNO REGIONAL DOS AÇORES

TERMO DE ACEITAÇÃO DA DECISÃO DE APROVAÇÃO

ALTERAÇÃO DO CONTRATO CONSTITUTIVO DO FUNDO DE PENSÕES DA TDP TELEDIFUSORA DE PORTUGAL, S.A. CELEBRADO EM 31 DE DEZEMBRO DE

FICHA DOUTRINÁRIA. Diploma: CIVA. Artigo: 6º; 14º; Decreto-Lei n.º 347/85, de 23/08; Assunto:

XI Congresso Nacional de Engenharia do Ambiente Certificação Ambiental e Responsabilização Social nas Organizações

Manual do Revisor Oficial de Contas. Projecto de Directriz de Revisão/Auditoria 860

UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA Reitoria Gabinete do Reitor. Apreciação do anteprojecto de decreto-lei Graus académicos e diplomas do Ensino Superior

REGULAMENTO PROVEDORIA DO CLIENTE CAPITULO I - PRINCIPIOS GERAIS

PARECER N.º 37/CITE/2007

Emitente: CONSELHO DIRECTIVO. Norma Regulamentar n.º 05/2005-R. Data: 18/03/2005

BREVE ALUSÃO AO DL 61/2011 E SUA RELAÇÃO COM O DL

REGULAMENTO DO BANCO LOCAL DE VOLUNTARIADO DE SOBRAL DE MONTE AGRAÇO

Manda o Governo, pelos Ministros de Estado e das Finanças e das Obras Públicas Transportes e Comunicações, o seguinte: Artigo 1.º.

X CONGRESSO DOS REVISORES OFICIAIS DE CONTAS. 1.ª Sessão Supervisão do sistema financeiro

MINUTA DE CONTRATO DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS FINANCEIROS A PESSOAS COLECTIVAS PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS PROGRAMA MODELAR

Auxílio estatal n SA (2010/N) Portugal Alteração do regime de auxílios para a modernização empresarial (SIRME)

DISCIPLINA DE MERCADO

PROJECTO DE CARTA-CIRCULAR SOBRE POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Iniciativa APAH. Mérito em Administração Hospitalar Prémio Margarida Bentes. Regulamento

DIRECTRIZ DE REVISÃO/AUDITORIA 872

NORMAS DE APOIO AO MOVIMENTO ASSOCIATIVO

FICHA DOUTRINÁRIA. Processo:

ASSEMBLEIA GERAL DA MARTIFER - SGPS, S.A. 11 de Abril de 2011

IV Fórum do Sector Segurador e Fundos de Pensões. Lisboa, 15 de Abril de 2009

Assunto: Auxílio estatal notificado N 254/2005 Portugal Auxílio à formação a conceder à Blaupunkt Auto - Rádio Portugal, Lda.

Serviços de Acção Social do IPVC. Normas de funcionamento da Bolsa de Colaboradores

FORMULÁRIO PROGRAMA DE APOIO A PROJECTOS NO PAÍS

REGULAMENTO DA BOLSA DE AUDITORES

RESULTADOS. A consulta pública decorreu durante o mês de Setembro de 2010, durante o

Regulamento do Fundo de Responsabilidade Social do Hospital Vila Franca de Xira

REGULAMENTO DA COMISSÃO DE AUDITORIA BANCO ESPÍRITO SANTO, S. A. Artigo 1.º Composição

Decreto-Lei n.º 229/98 de 22 de Julho

EMISSOR: Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social

RELATÓRIO DA CONSULTA PÚBLICA E TÉCNICA

Avisos do Banco de Portugal. Aviso nº 2/2007

FICHA DOUTRINÁRIA. Processo:

GABINETE DO VICE-PRESIDENTE Praça do Município Fundão. REGULAMENTO MUNICIPAL DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS ÀS FREGUESIAS Preâmbulo

Proposta para a construção de um Projecto Curricular de Turma*

circular ifdr Certificação de despesas relativas a um Grande Projeto previamente à decisão de aprovação do projeto pela Comissão Europeia SÍNTESE

P.º R. P. 301/04 DSJ-CT

B) Projecto de Proposta de Lei Regime fiscal das sociedades desportivas. Projecto de Proposta de Lei

REGULAMENTO DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS PELO MUNÍCIPIO DE MORA. Nota justificativa

Anexo: Informação Relativa à Gestão de Reclamações... 5

EIXO 1 COMPETITIVIDADE, INOVAÇÃO E CONHECIMENTO AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS EM CONTÍNUO N.

Novo regime de acesso e exercício da actividade de prestador de serviços postais explorados em concorrência. Decreto-Lei nº 150/2001, de 7 de Maio

DECLARAÇÃO AMBIENTAL

Entidade Visada: Secretaria de Estado da Educação Assunto: Faltas para comparência a reuniões sindicais realizadas fora do local de trabalho.

BPI MONETÁRIO CURTO PRAZO FUNDO ESPECIAL DE INVESTIMENTO ABERTO

澳 門 金 融 管 理 局 AUTORIDADE MONETÁRIA DE MACAU

FICHA DOUTRINÁRIA. Diploma: CIVA. Artigo: Assunto:

Eixo Prioritário III Valorização e Qualificação Ambiental e Territorial Equipamentos para a Coesão Local Equipamentos Sociais

Contributos e comentários produzidos no âmbito da audição pública

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR LESTE MINISTÉRIO DAS FINANÇAS GABINETE DA MINISTRA. Diploma Ministerial Nº 5/2009, De 30 de Abril

MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL E DAS ORGANIZAÇÕES GUIA DE ORGANIZAÇÃO E DE FUNCIONAMENTO DOS ESTÁGIOS

Assunto: Apreciação dos projetos de diplomas legais de criação de novas carreiras de saúde em apreciação pública.

Casa do Direito, Abre essa porta!

ASSEMBLEIA GERAL DE ACCIONISTAS DE 25 DE JUNHO DE 2013 PONTO UM DA ORDEM DO DIA

Diário da República, 1.ª série N.º de Julho de (CNC), anexo ao presente decreto -lei e que dele faz parte integrante. Artigo 2.

SINDICATO DOS MÉDICOS DA ZONA SUL PARECER N.º 27/2011. Cartas de Condução. Avaliação Médica. Carreira Especial Médica. Medicina Geral e Familiar

Regulamento de Apoio à Mobilidade e Intercâmbio Cultural

Versão Consolidada. Portaria n.º 482/2009, de 6 de Maio

MEDIDAS DE REFORÇO DA SOLIDEZ FINANCEIRA DAS INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO

Regulamento para a Concessão de Subsídios a Entidades e Organismos que Prossigam Fins de Interesse Público da Freguesia de Areeiro CAPÍTULO I

NOVO REGIME JURÍDICO DA REABILITAÇÃO URBANA. Decreto-Lei n.º 309/2007, de 23 de Outubro Workshop IHRU 12 Abril 2010

Regulamento Financeiro do Partido Social Democrata (Aprovado na Comissão Política Nacional de )

JUNTA DE FREGUESIA DE ALMADA

O ACOMPANHAMENTO TÉCNICO COMO CONTRIBUTO PARA A MELHORIA DO DESEMPENHO DA INDÚSTRIA EXTRACTIVA

PARECER DA ENTIDADE REGULADORA DA SAÚDE RELATIVO À PORTARIA N

Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Deliberação 8/AUT-TV/2010

Decreto Regulamentar n.º 41/90 de 29 de Novembro

- FICHA DE APOIO TÉCNICO Nº 4 /2008/RC/RS

Perguntas Frequentes Pneus Usados

FICHA DOUTRINÁRIA. Diploma: CIVA. Artigo: 1º, 2º, 3º e 4º. Assunto:

Regulamento da CMVM n.º 1/2010 Governo das Sociedades Cotadas

Normas de Funcionamento do Banco Local de Voluntariado de Albergaria-a-Velha

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

FICHA DOUTRINÁRIA. Diploma: CIVA. Artigo: nº 14 do art. 29º; 36º. Assunto:

Transcrição:

DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA N.º 4/2010 Projecto de Norma Regulamentar - Financiamento de Planos de Benefícios de Saúde através de Fundos de Pensões 26 de Maio de 2010

1. INTRODUÇÃO E ENQUADRAMENTO O Decreto-Lei n.º 12/2006, de 20 de Janeiro - que estabelece o regime jurídico da constituição e do funcionamento dos fundos de pensões e das entidades gestoras de fundos de pensões -, veio acolher, pela primeira vez, a possibilidade de os fundos de pensões poderem financiar, em determinados termos, responsabilidades com benefícios de saúde. Com efeito, esta matéria é especificamente regulada no artigo 5.º ( Autonomia e regime dos fundos de pensões que financiam planos de benefícios de saúde ) do referido diploma, prevendo o respectivo n.º 8 que o Instituto de Seguros de Portugal (ISP) emita a regulamentação de execução do preceito, de modo a garantir a autonomia relativamente ao financiamento de responsabilidades dos planos de pensões e contemplar as especificidades do financiamento dos planos de benefícios de saúde. Adicionalmente, determina o n.º 3 do artigo 100.º do mesmo diploma que o financiamento de planos de benefício de saúde se encontra dependente da entrada em vigor de tal regulamentação. Deste modo, pela presente Norma Regulamentar, o Instituto de Seguros de Portugal desenvolve um conjunto de princípios e regras basilares que permitam a operacionalização do financiamento de planos de benefícios de saúde através de fundos de pensões. Neste contexto, foi privilegiada uma abordagem regulamentar que permita a maior abrangência possível de situações e, bem assim, facilite a adaptação à realidade de cada plano de benefícios de saúde financiado através de fundos de pensões. No que concerne ao direito subsidiário, refira-se que, sem prejuízo do disposto no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 12/2006, de 20 de Janeiro, e conforme definido no seu n.º 2, aos fundos de pensões que financiem planos de benefícios de saúde são aplicáveis as regras constantes daquele diploma e que versem sobre fundos de pensões fechados e adesões colectivas a fundos de pensões abertos, bem como sobre planos de benefício definido ou mistos. 2. OBJECTO DA CONSULTA PÚBLICA 2.1. Projecto de Norma Regulamentar O projecto de Norma Regulamentar submetido a consulta pública visa estabelecer um conjunto de princípios e regras a observar pelas entidades gestoras de fundos de pensões no financiamento de planos de benefícios de saúde de benefício definido ou mistos através de fundos de pensões, nos termos e para os efeitos do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 12/2006, de 20 de Janeiro. No que diz respeito aos referidos princípios e regras, afiguram-se de salientar os seguintes aspectos: Documento de Consulta Pública n.º 4/2010 2

A possibilidade de financiamento de planos de benefícios de saúde pelos fundos de pensões deverá ser expressamente prevista nos contratos constitutivos (fundos de pensões fechados), nos regulamentos de gestão e nos contratos de adesão colectiva (fundos de pensões abertos). Dos contratos constitutivos de fundos de pensões fechados e dos contratos de adesão colectiva a fundos de pensões abertos deve ainda constar obrigatoriamente informação completa sobre o plano de benefícios de saúde a financiar, que inclua os elementos adicionais necessários para a efectiva compreensão do plano e a definição e a delimitação dos direitos dos participantes, bem como a forma como tais direitos são exercidos. Desde que sejam integralmente asseguradas as condições e garantias estabelecidas no plano de benefícios de saúde, o pagamento ou o reembolso das despesas elegíveis no âmbito desse plano pode ser efectuado directamente pelo fundo, sem prejuízo da possibilidade de recurso a prestador de serviços para o efeito (no quadro das regras aplicáveis à subcontratação por parte das entidades gestoras, conforme previstas no Decreto-Lei n.º 12/2006, de 20 de Janeiro), ou garantido através de contratos de seguro. Para além dos princípios consagrados nas disposições legais e regulamentares aplicáveis ao cálculo das responsabilidades a financiar nos planos de pensões de benefício definido ou misto, o cálculo das responsabilidades a financiar nos planos de benefícios de saúde deverá ser efectuado tendo ainda em conta: a) Métodos actuariais reconhecidos baseados em modelos de projecção de cash flows futuros das despesas de saúde, incluindo os custos administrativos a estas inerentes; b) Pressupostos de avaliação adequados, nomeadamente, evolução futura dos custos com despesas de saúde, especialmente no que diz respeito à inflação médica e à evolução da frequência e da severidade dos cuidados médicos com a idade; e c) Métodos e pressupostos de cálculo consistentes com aqueles que sejam utilizados para efeitos do cálculo das responsabilidades a financiar nos planos de pensões, se for o caso. Estabelecimento de um montante mínimo de solvência correspondente à soma do valor actual das responsabilidades por benefícios de saúde para os beneficiários e do valor actual das responsabilidades por serviços passados para os participantes no activo, calculadas com base nos princípios acima definidos e de acordo com pressupostos demográficos e financeiros consistentes com os utilizados para efeitos do cálculo do mínimo de solvência dos planos de pensões. Acolhimento da possibilidade de recurso a planos de amortização aquando do início do financiamento do montante mínimo de solvência, sujeitos a prazos máximos tendentes a assegurar o pagamento integral dos benefícios no momento em que estes são devidos. Documento de Consulta Pública n.º 4/2010 3

Adopção do dever de nomeação, pela entidade gestora, de um actuário responsável para cada plano de benefícios de saúde financiado através de fundo de pensões. 2.2. Questões adicionais Face à relativa novidade da matéria em apreciação, aproveita-se o ensejo para solicitar os contributos dos intervenientes do mercado relativamente a eventuais aspectos concretos do projecto de Norma Regulamentar, nomeadamente ao nível da sua suficiência e grau de detalhe. Assim, considera o ISP oportuno alargar o âmbito da presente consulta pública às seguintes questões: (1) Considera suficientes as áreas ou as matérias abordadas no actual projecto de Norma Regulamentar? Que outras áreas ou matérias adicionais considera importante ponderar no contexto da Norma Regulamentar em discussão? Se possível, agradece-se a apresentação de sugestões concretas. (2) Tem conhecimento de situações específicas de planos de saúde que considera susceptíveis de enquadramento no âmbito do normativo a emitir e relativamente às quais tal enquadramento possa suscitar dúvidas interpretativas face ao concreto teor do articulado em análise? Se possível, agradece-se a descrição das características desse(s) plano(s), as razões que suportam o respectivo tratamento no âmbito da Norma Regulamentar a emitir, bem como a identificação dos aspectos do projecto que possam dificultar/obstar ao seu reconhecimento ou à clareza das regras aplicáveis. 3. PEDIDO DE COMENTÁRIOS Com este documento de consulta, o ISP procura obter comentários de todos os intervenientes no mercado relativamente ao projecto de Norma Regulamentar em anexo, bem como às questões supra mencionadas no ponto 2.2., com vista à emissão de regulamentação sobre Financiamento de Planos de Benefícios de Saúde através de Fundos de Pensões. Na sequência do tratamento das respostas, o ISP divulgará: a) Uma síntese dos principais comentários e questões suscitadas nas respostas à consulta, com excepção daquelas cujo autor solicite a sua não divulgação; b) A lista das respectivas entidades/pessoas que responderam à consulta, com excepção das que solicitem a sua não divulgação. Documento de Consulta Pública n.º 4/2010 4

Assim, solicita-se a todos os interessados que submetam os seus comentários sobre o presente documento de consulta e projecto em anexo, por escrito, até ao dia 21 de Junho de 2010, para: Instituto de Seguros de Portugal Departamento de Política Regulatória e Relações Institucionais Avenida da República n.º 76 1600-205 Lisboa E-mail: desenvolvimento@isp.pt Fax: 217 954 610 Documento de Consulta Pública n.º 4/2010 5