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Transcrição:

A BELEZA DA FESTA DO SHABAT (SÁBADO) Por Marcelo Miranda Guimarães(*) Quem já visitou a Terra Santa e por lá passou um dia de Shabat sabe como é profundo e significativo este dia para o povo judeu, o povo da Bíblia. Mas, quanta confusão e polêmica têm ocorrido em relação à observância e a guarda do Sábado, desde a época de Jesus. Quantas doutrinas, seitas e divergências surgiram em decorrência deste tema. Afinal, tem o judeu razão quando observa o Sábado, o dia de descanso, como um dos Dez Mandamentos do Senhor entregues a Moises no Monte Sinai? Pode um cristão, debaixo da graça, não-judeu, guardar ou observar o Sábado? Se, sim, como guardar o shabat? (Antes de responder essas perguntas, gostaria de ressaltar que minha intenção com este artigo é simplesmente abordar o assunto dentro das Escrituras, de uma maneira imparcial, sem, contudo, impor a ninguém uma doutrina para a guarda do sábado. Que o leitor abra o seu coração e julgue o texto abaixo, com amor). Como veremos a seguir, Jesus e seus apóstolos judeus, bem como a Igreja gentílica dos primeiros séculos guardavam o sábado conforme as Escrituras. Mas, por que então os cristãos deixaram de obedecer a esse quarto mandamento? Um pequeno resumo nós precisamos fazer para conhecermos um pouco dessa história. - No ano 321 d.c., O imperador Constantino declara a Venerabilis die Solis ( O venerável dia do Sol ). O sol era considerado como um deus. Até nos dias hoje, este dia domingo é assim chamado de dia do sol, como Sunday em inglês, Sontag em alemão e em outras línguas também possuem esse significado. Em português, optou-se pelo latim, Dominus Dei, ou seja, Dia do Senhor; - No ano 336 d.c., o Concílio de Laodicéia decreta a mudança do sábado para o domingo; - No ano 386 d.c., Graciano, Valentiniano e Teodósio exigem que se façam negócios no sábado; -Em 416 d.c., o Papa Inocêncio publica que os cristãos deveriam guardar e jejuar no domingo; - Em 538 d.c., o Concílio de Orleans reforça a guarda do domingo; - No 590d.C., finalmente, o Papa Gregório consolida por decreto a guarda do domingo e discrimina todo aquele que continuasse guardando o sábado. Daí pra frente, os cristãos gentios deixaram de vez de guardar o sábado. Lutero, como ex-sacerdote católico, no século XVI continuou convicto na guarda do domingo e, assim, até os dias de hoje, salvo pequenas exceções, o sábado é observado no meio judaico-cristão. O que diz a Bíblia sobre este dia? Primeiramente, o que quer dizer a palavra Sábado na língua hebraica? A palavra Shabat ( ) significa, no hebraico, descansar, cessar. Como substantivo, quer dizer o dia da semana chamado Sábado, sendo o sétimo dia. É interessante observar outras palavras no hebraico que possuem a mesma raiz sheb ou shab ( ), que no hebraico representa-se pelas letras shin ( ) e bet ( ). Assim, a palavra sheva significa o número sete; Shibim, setenta; shebii, shevua significa período de sete semanas ou Festa das sete semanas (Shavuot), ou também conhecida como a Festa de Pentecostes. O número sete, na Bíblia, aponta para algo que é perfeito, eterno, pleno, completo, absoluto. Desta raiz advém, também, a palavra shabá, que significa jurar, conjurar.

É interessante, ainda, notar que na língua hebráica muitos antônimos são formados pelo mesmo radical. Em minha opinião, dá a entender que possa ter havido um propósito divino em chamar nossa atenção para o sentido oposto. Assim, no hebraico, a palavra shabar significa comprar, adquirir, enquanto shabat significa descansar, parar, cessar algo que se estava fazendo; justamente o contrário de comprar, adquirir, trabalhar, verbos estes que denotam uma atividade dinâmica, e não de descanso, repouso. Ainda, estudando a palavra Shabat ( ) no hebraico, gostaríamos de considerar, pelo menos, treze boas razões pelas quais todos podem celebrar o Shabat segundo a própria Bíblia: Em primeiro lugar, no Livro de Genesis, versículo 3 do capítulo 2, diz o próprio D us: Abençoou D us o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que criara e fizera... Deste versículo, aprendemos que o shabat é um dia abençoado. Ou seja, a- bençoar na língua hebraica significa conceder autoridade e poder para que alguém seja bem sucedido e próspero, fecundo e fértil. Então, o shabat é um dia no qual recebemos esta bênção do próprio D us; Segundo, é um dia santificado, ou seja, separado dos demais dias. Isto é, ele não foi feito para ser igual à segunda, terça ou quarta-feira, etc. A lembrança e o objetivo central, quando lermos todos os versículos que mencionam o shabat, é buscar e refletir a própria santidade de D us. Afinal, fomos criados a Sua imagem e semelhança. Com isto, estamos proclamando, indiretamente, que reconhecemos pela fé que não viemos da evolução de um chipanzé, mas, fomos criados por D us, sendo superior a todos os demais animais e, por isso, reconhecemos o shabat como o dia do descanso de obras e seres que foram criados por D us; Terceiro, é também um dia de descanso. Sabemos, pelas Escrituras, que o homem é constituído de um espírito, alma e corpo. Após seis dias de trabalho, é lógico e claro que todos nós que trabalhamos estamos exaustos. Quer do trabalho que exige mais do corpo e dos músculos ou daquele tipo de trabalho que exige mais da alma (mente, raciocínio, memória) ou até mesmo daquele outro tipo que requer mais adrenalina e tensão, como um piloto de avião ou um controlador de vôo, ou mesmo, daquele estresse de um analista do mercado financeiro. Assim, D us reservou um dia para este descanso pleno (qualidade de vida), no qual abstraimo-nos das atividades profissionais e nos concentramos na Palavra de D us, que nos alimenta o Espírito. Pois, pelo espírito tomamos consciência de D us, pela alma do mundo psicológico e pelo corpo do mundo material. Como uma bateria de celular que necessita de ser de tempo em tempo recarregada, o homem precisa ser recarregado do Espírito de D us. Quanta ansiedade, estresse e cansaços poderiam ser evitados se tirássemos um dia de descanso na semana? Para esse descanso, D us incluiu até os animais domésticos, a fim de se beneficiarem dessa bênção, que zelo! Quarto, Yeshua, Jesus, é o Senhor do Shabat, diz o evangelista Mateus:... Porque o filho do Homem até do shabat é Senhor... (Mt12:8) No livro de Marcos, Yeshua diz:... O sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado... (Marcos 2:27-28). Só este motivo, Jesus, o Senhor do Shabat, já seria para nós um bom exemplo. Ou seja, seguimos Aquele que é dono e que também guardava o shabat em obediência ao seu Pai. Jesus ensinava e corrigia o povo judeu quanto a maneira correta de guardar este dia com boa ação e alegria, abolindo todo e qualquer tipo de legalismo, tradicionalismo e má interpretação que alguns fariseus tinham ou faziam neste dia. Shabat não é para ser peso para o homem, uma proibição, mas uma revelação profunda da fé e do zelo para com as coisas do Nosso Pai, Nosso Rei, Avinu malkeinu. Quinto, É um memorial da criação divina. Neste dia de shabat exercitamos a nossa

fé, pois cremos que D us nos criou para obedecermos seus mandamentos. Assim, o sábado, segundo as Escrituras, é um memorial de toda a obra que D us fizera. Isto é muito e muito lógico. Assim, o sábado fala do passado, do presente, e fala também do futuro, como veremos a seguir. Ele fala da Redenção Universal que virá, o Tikun Olam, como diz a bíblia. D us quer que entendamos este tempo Dele, pois o tempo é para nós. Ele não precisa de um tempo para a redenção de todas as coisas. Ele já determinou tudo e está no controle e soberania de todas as coisas. Em Êxodo 16:26-30, vemos mais detalhes do que relatamos até aqui, quando D us enviava uma porção dobrada do pão (maná) no sexto dia, para que o homem ficasse isento de recolher alimento no shabat e tivesse tempo de culto e adoração para Ele; Sexto, o shabat é o quarto mandamento (mitzvá) do decálogo dado por D us. Mandamento é algo muito sério, pois a lei de D us apresenta-se sob a forma de mandamentos (mitzvot), estatutos (huquim) e ordenanças (mishpatim). Mandamento é algo que vem de D us para o homem, e este o obedecendo, o devolve a D us. Notemos que na língua hebraica há uma distinção bem diferenciada destas palavras e que elas não são meros sinônimos. Dessa forma, enquanto o dízimo ou as festas bíblicas ou as regras alimentares estão na classificação de estatutos; as leis indenizatórias e trabalhistas são exemplos de ordenanças ou preceitos. Já o shabat está no contexto de um mandamento. Sempre há uma conseqüência quando falhamos com os mandamentos de D us. Basta pensar um pouco nas pesadas conseqüências de quem mata, furta, adultera, etc. Isto também acontece para os estatutos e ordenanças, pois geram conseqüências pelo descumprimento, porém, bem mais brandas. Ou seja, deixamos simplesmente de receber as bênçãos que D us tem para todo aquele que obedece e cumpre a Palavra Dele; Sétimo, o Shabat é o dia de a família estar reunida. Analisando o quarto mandamento, vemos:...lembra-te do dia do sábado para o santificar... Neste dia não fareis trabalho algum, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem teu animal, nem o estrangeiro...(ex20:8-11). Estes versículos nos mostram que D us quer toda a família reunida. Por isso, dizemos que o shabat também é o dia da família e daqueles que estão ao nosso redor. Com certeza, se toda família pudesse ter um dia reunião, comendo juntos à mesa, estaria muito melhor em termos de amor, bom relacionamento e união; Oitavo, sábado é um sinal de D us para com a Casa de Israel. Observemos o que diz o versículo abaixo:...certamente guardareis os meus sábados; porquanto isto é um sinal entre Mim e vós pelas vossas gerações... Porque eu sou o Senhor que vos santifica... ( Ex 31:13). Vejam que tomar o shabat como um sinal só é válido para o povo judeu e não para o gentio crente. Mas, como o gentio crente em Cristo foi enxertado na Oliveira que é o Israel espiritual (judeus e gentios crentes em Jesus), este também tem o direito à esta bênção. Há aqui outro detalhe de suma importância. Em vários versículos da Bíblia que fazem menção ao sábado é usado o verbo Shemar no sentido de guardar, obedecendo este mandamento do shabat, referindo-se aos filhos de Israel, ou seja, é um mandamento dado ao povo hebreu, como já dito. Por exemplo, temos o versículo citado acima. Mas, no decálogo, que foi dado também para toda humanidade, D us emprega o verbo Zacor, que quer dizer Lembrarse. Assim, podemos dizer que D us quer a humanidade se lembrando do sábado, santificandoo e descansando nele. Mas, para o povo de Israel, além destes princípios, D us quer que o sábado seja um SINAL do pacto eterno entre o povo hebreu e o próprio D us. Lembremo-nos que, por Cristo, os gentios foram enxertados neste Pacto; Nono, o Shabat é um dia festa e alegria. Isto mesmo, um dia de festa! Em Levítico 23:2-3, temos o shabat como uma festa semanal, porém, uma convocação solene. Portanto, é uma festa de alegria e, por isso, não se jejua no sábado (salvo exceções). Se temos um dia dedicado para adorar, louvar e estudar a santa Palavra do Senhor, não pode haver espaço para nenhuma tristeza. Claro que isto não invalida que D us seja adorado em qualquer outro dia da

semana, mas, no sábado, temos uma festa; Décimo, Yeshua, como bom judeu, zeloso para com a lei, guardava o Shabat estudando as porções da Torá e os livros do Profeta (Parashá e Haftará). Em Lucas 4:16-17... Chegando a Nazaré onde fora criado, entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler ( a Torá e a Haftará). Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías achou o lugar onde estava escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar as boas novas aos pobres... ( Isaias 61:1)- Pela antiga tradição judaica, bem antes de Yeshua, os judeus, a cada sábado, reuniam-se nas sinagogas para estudar a Parashiot (as porções da Torá) e as Haftarot (os textos dos profetas); Décimo-primeiro motivo pelo qual guardamos o shabat é que os apóstolos e discípulos de Yeshua, judeus e não judeus, guardavam e estudavam a Torá e a Haftará também, e isto durou até o século VI d.c., quando o Papa católico Gregório aboliu de vez o shabat, trocando-o pelo domingo ( Dominus Dei ), dia do Senhor. Longos foram os anos para que se tirassem e abolissem a guarda do shabat do meio dos cristãos dos primeiros séculos. Vejamos, como exemplo, só dois textos de Atos dos Apóstolos. Paulo, estando em Antioquia... entrou numa sinagoga, no dia de sábado, sentaram-se. Depois de ler a Lei (Torá) e os Profetas (Haftarot), os chefes da sinagoga... (At 13:14)... quando foram saindo rogavam para que estas palavras fossem repetidas no sábado seguinte... No sábado seguinte reuniu-se quase toda a cidade... (At 13:42 e 44). Portanto, era costume da igreja primitiva guardar o sábado para estudar a Palavra de D us, a Torá. Vejamos agora outro texto de Atos, onde judeus e não judeus guardavam o shabat para estudar a palavra. Paulo estava em Corinto na Grécia... ele discutia todos os sábados na sinagoga e persuadia a judeus e gregos... ( Atos 18:4) Aqui temos claramente judeus e gregos (gentios crentes) praticando a guarda do shabat; Décimo-Segundo motivo para a guarda e observância do Shabat é, para mim, uns dos grandes motivos, pois obedecer a guarda do shabat é um ATO PROFÉTICO, ou seja, um ato de fé, uma alusão ao reino milenar, o reino onde Yeshua, juntamente com judeus e gentios salvos, estarão reinando com o Rei dos reis. A palavra ato profético em si significa fazer algo por fé, simbolizando ou gerando a existência de algo. Por exemplo, quando fazemos a ceia com pão e vinho, estamos, segundo o apostolo Paulo, dizendo que Yeshua morreu, ressuscitou e que Ele voltará. Ou seja, esta cerimônia é um bom exemplo do que é um ato de fé. Outro bom exemplo é a celebração das festas bíblicas, pois se extrairmos delas a fé, as mesmas não teriam sentido algum para nós e não passariam de um simples memorial. O Texto de Hebreus diz:... Portanto, resta ainda um repouso shabático para o povo de D us... (Hb 4:9). O contexto fala do descanso, do reino de D us chegado à terra por meio da segunda vinda do Messias Yeshua. O livro de Apocalipse (19:7 e 20:6) fala deste milênio e deste reino. O autor de Hebreus ainda nos exorta a nos esforçarmos para entrar neste descanso (shabat) do Senhor. Se compararmos o shabat com a Lei do dízimo (um estatuto), veremos que o dízimo a- parece em todo o Antigo Testamento, mas não está ordenado ou endossado no Novo Testamento como Lei, mas, simplesmente, como bênção para quem for fiel e obediente a este bom e eficaz estatuto. É um ato de amor. O dízimo é um estatuto judaico muito bem entendido pelos crentes em Jesus e tal entendimento é muito bom. Mas, se analisarmos bem o mandamento (Mitzvá) do shabat, veremos que o Shabat nos foi dado anteriormente à Lei, durante o período da Lei, após a Lei (Isaias 56 é um bom exemplo dos estrangeiros entre os judeus guardando o shabat e recebendo bênçãos) e, mais importante ainda, no Novo Testamento, onde há mais citações sobre o shabat do que o Antigo; o que nos prova a confirmação do propósito de D us para que todos nós cresçamos em fé e em verdade, profetizando juntos Os dias vindouros (Acharit Haamim), quando todos os eleitos estaremos na presença do Senhor.

Décimo-Terceiro motivo. Eu poderia dizer que pelo fato de Jesus ter ressuscitado no domingo, no primeiro dia da semana, não é argumento válido para anular mais de centenas de citações que a bíblia menciona sobre o shabat. Yeshua não poderia ressuscitar, como judeu, num dia sábado, de descanso absoluto para os judeus. Ninguém saía de suas casas. Assim, Yeshua foi obediente até nisso, quando ressurgiu no primeiro dia da semana. Seria muito estranho um filho tão obediente, com a mesma natureza divina, mudar um mandamento ou qualquer outro ordenado por Seu Pai. Não seria? Que cada um de nós crentes em Jesus, judeus ou não, possamos ter um entendimento mais pleno e completo do dia do Senhor, não com legalismos, proibições ou por tradições, mas por revelação. Quem não tem a revelação do shabat, não merece as bênçãos do shabat, dizem os sábios estudiosos da bíblia. Que cada um possa receber com amor este ensinamento bíblico que foi tirado do nosso meio por decreto, mas que ele volte rápido, mas não por meio de outro decreto humano, mas sim, como revelação e amor do que ele representa: a história passada, presente e futura da redenção total do homem e a chegada do Messias e do Reino de D us. É disso tudo que fala o Shabat. (*) Marcelo M. Guimarães é engenheiro industrial, Teólogo, Rabino Messiânico ordenado pelo Instituto bíblico Netivyah de Jerusalém-Israel. Fundador e presidente do Ministério Ensinando de Sião e da Congregação Har Tzion em Belo Horizonte-MGwww.ensinandodesiao.org.br e Sião@ensinandodesiao.org.br