Valmir Mendes Florentino DAS PRÁTICAS DO RODEIO

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Transcrição:

Valmir Mendes Florentino DAS PRÁTICAS DO RODEIO Centro Universitário Toledo Araçatuba 2015

Valmir Mendes Florentino DAS PRÁTICAS DO RODEIO Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito à Banca Examinadora do Centro Universitário Toledo sob a orientação do Professor Mestre Emerson Sumariva Junior. Centro Universitário Toledo Araçatuba 2015

DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho, a Deus, por me conceder saúde e capacidade para estudar, e aos meus pais, que são a minha estrutura e me proporcionaram a oportunidade de concretizar esta tão sonhada conquista.

AGRADECIMENTOS Á minha família que sempre esteve ao meu lado de maneira paciente e me incentivando sempre. Aos meus professores que sempre se mostraram a minha disposição e são responsáveis pela minha formação acadêmica, ao meu orientador por guiar acerca do tema abordado neste trabalho e aos profissionais com quem tive o prazer de estagiar e que colaboraram de maneira muito importante para a minha formação. E as pessoas que colaboraram de qualquer maneira para que eu pudesse realizar este trabalho acadêmico.

RESUMO O presente trabalho de conclusão retrata sobre a prática esportiva do rodeio bem como a eventuais modalidades realizada nesta competição abordando estudos minuciosos a fim de desmistificar pensamentos equivocados a respeito deste evento sobre maus tratos dos animais no decorrer deste esporte. Ressaltando que a constituição federal reconhece a legitimidade deste esporte no Brasil e acima de tudo protege esses animais de maus tratos tornando este um esporte saudável, rentável e que traz inúmeros benefícios para a população que costuma frequentar este tipo de evento. Palavras-chaves: Rodeio, Cultura Sertaneja, Maus-tratos.

ABSTRACT This conclusion of course work will focus on the existence of abuse in animals used in rodeo, so to clarify how this works sports. To do so, shall be submitted notes and current scientific studies that demonstrate precisely how the events are held rodeo. Still, the laws will be studied homelands on the topic, analyzing in detail the content of these legal provisions and their effective implementation, and the positions of the most important lawyers and the courts, checking if there is or not any offense to the Constitution. Key-words: Rodeo, country culture, mistreatment.

ROL DE ABREVIATURAS CC Código Civil. CF Constituição Federal. CP Código Penal. CRFB Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. DJU Diário de Justiça da União. OIT- Organização Internacional do Trabalho. RESP Recurso Especial. RO Recurso Extraordinário. RE Recurso Especial. STF Supremo Tribunal Federal. STJ Superior Tribunal de Justiça. TJ Tribunal de Justiça. TRF Tribunal Regional Federal.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO...10 I O RODEIO...11 1.1 O Surgimento do Rodeio...11 1.2 A Evolução...13 1.3 O Rodeio Segundo a Legislação...14 1.4 As leis que regulamentam o rodeio como prática esportiva e o peão de rodeio como atleta profissional...17 1.5 O rodeio deve ser analisado sob o prisma legal e não ideológico ou com carga de regionalismo...22 II - A POLÊMICA DA QUESTÃO DOS MAUS-TRATOS EM EQUINOS E BOVINOS NOS RODEIOS...26 2.1 O cuidado com os animais competidores...26 2.1.1 O touro bandido...28 2.1.2 O touro Bodacious...30 2.1.3 Touros da atualidade...31 2.1.4 O cavalo Mocinho...34 2.1.5 A égua Malícia...34 2.2 O Centro de Estudos de Comportamento Animal...35 2.3 Ausência de indícios de maus-tratos...36 2.3.1 Esporas...42 2.3.2 O sedém não é meio de tortura...43 III - O RODEIO COMO ATIVIDADE ECONÔMICA...46 3.1 Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos: muito mais do que uma grande festa, uma grande causa...46 3.2 A importância do rodeio para os municípios...51 3.3 Os profissionais do rodeio...53 CONCLUSÃO...56

REFERÊNCIAS...59 GLOSSÁRIO...62 ANEXO A...64 ANEXO B...66

10 INTRODUÇÃO Oriundo das atividades do campo e hoje considerado um dos esportes que mais cresce a cada ano o rodeio é uma pratica em plena ascensão, tanto no nível de suas festas como no numero de púbico atingido e esta sendo considerada a festa que reúne as famílias brasileiras. Com o intuito de demonstrar a população como eram as atividades no campo há algum tempo atrás e ainda difundir que ate mesmo o homem de vida simples evoluiu ao passar do tempo sem perder as suas raízes e deixar que suas atividades de lazer caíssem no esquecimento mesmo com a atual globalização. Com o intuito de entretenimento o rodeio tem suas atividades exclusivamente dependentes da participação dos animas, que por sua vez são a principal atração da festa e para que isso ocorra da melhor maneira possível depende da fiscalização dos órgãos competentes para proteger esses animais de possíveis maus tratos. No Brasil existem leis que regulamentam a respeito desse tema e são fundamentais para que esse evento ocorra e elas são: lei 10.220/01 e a lei 10.519/02. Além de a constituição federal valorizar esta relação de homem e animal e proteger qualquer espécie da fauna e flora existente no país. Com o passar do tempo o homem acabou valorizando suas relações com os animais aumentando a proximidade de suas atividades e externado com mais frequência o valor que atribui aos animais e o amor e respeito quem tem por eles o que acarretou na inclusão de varias modalidades a ser disputadas dentro dos rodeios e ate mesmo o surgimento de varias ONGS protetoras de animais. Em detrimento dessas circunstancias que só acarretou benefícios tanto para o rodeio quanto para os animais e os que frequentam este evento, o rodeio caiu no gosto dos brasileiros em virtude disso o presente trabalho tem como escopo principal a demonstração real de como tudo acontece tanto antes do animal sair de uma propriedade para ir ate uma festa como no decorrer das apresentações e ate mesmo ao final dela, a fim de orientar e esclarecer a cerca de sua rotina bem como o estilo de vida e a relação homem e animal.

11 I O RODEIO O rodeio é uma prática recreativa que consiste em uma pessoa, no caso o peão permanecer por até oito segundos sobre um animal, usualmente um cavalo ou boi. A avaliação é feita por dois árbitros cuja nota é de 0 a 50 cada; um árbitro avalia o competidor e o outro avalia o animal, totalizando a pontuação de 0 a 100. O rodeio divide-se em algumas modalidades, tais como touro, cutiano, bareback, bulldoging, três tambores, sela americana, laço de bezerro e laço em dupla. A prática é bastante comum no Brasil, nos Estados Unidos, no México, no Canadá, na Austrália e em mais alguns países da América Latina. 1.1 O Surgimento do Rodeio O rodeio teve seu surgimento nos estados unidos após a vitória americana sobre o México, onde os colonos americanos introduziram em sua cultura algumas praticas espanholas que eram realizadas pelos mexicanos, no qual se realizavam festas e doma dos animais. Nos EUA a primeira cidade a realizar um evento oriundo das praticas do rodeio ocorreu no estado de COLORADO, por volta dos anos de 1890 e 1910. Já no Brasil a primeira cidade a realizar este evento foi à cidade de Barretos, situada no interior paulista e ponto de encontro dos tropeiros que realizavam o transporte do gado de um estado para outro, montado em seus cavalos, os cavaleiros guiavam o rebanho por seus berrantes e conduziam seus animais com destreza e maestria. Como o trajeto feito por esse tropeiros eram muito longo e poderiam durar meses na estrada criaram alguns pontos de parada para descansar seus animais e ate mesmo não causar esgotamento ao rebanho. Daí então Barretos se tornou uma das principais paradas de comitivas, nessas paradas começaram a ser criadas disputas entre os peões a fim de premiar aquele que tivesse mais habilidade na lida com os animais, com o passar dos anos esse encontros foram ganhando fama e aumentando de forma inesperada, criando se assim a maior festa de rodeio da América latina na atualidade; atualmente a festa de Barretos não é conhecida somente por ser o maior rodeio

12 da América latina, mas sim por ser um dos maiores eventos dessa classe, por estar situado no interior paulista o rodeio proporciona a esta cidade a criação de centenas de empregos diretos e indiretamente e acarretou na valorização da cidade ate mesmo como um grande ponto turístico na temporada desta festa, além de colaborar com doações de donativos para o maior hospital de câncer da região, que trata dos pacientes com alta tecnologia e sem custos. Em seguida, no ano de 1955, nascia o clube Os Independentes", o qual era formado por um grupo de rapazes, solteiros e autossuficientes, ligados à agropecuária local, com o fim de promover eventos inspirados na lida das fazendas, visando arrecadar fundos para as entidades assistenciais da região. Em 1956, ocorreu a 1ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, tendo como sua principal atração o rodeio. Nesse evento rural, os mesmos peões que passavam meses viajando pelos estados nacionais, agora brilhavam se apresentando no rodeio. Posteriormente, a cidade de Barretos se tornou a capital do rodeio brasileiro, sendo que tudo que ali era realizado servia como espelho para as outras cidades que também começavam a realizar tais eventos. Por isso, na década de 60, o número de festas de rodeio no país havia crescido muito, principalmente no estado de São Paulo, ao passo que muitos peões se transformaram em competidores e viajavam de uma região para outra em busca dos prêmios oferecidos por essas confraternizações rurais. O resultado foi que em 1960, a festa do peão de boiadeiro de Barretos, já era conhecida em todo Brasil e o Festival de Folclore contava com a participação de países da América do Sul como Argentina, Uruguai e Paraguai, além de diversas regiões do Brasil (Disponível em: <http://www.independentes.com.br/pt-br/rodeio/historia-do-rodeio>. Acesso em: 02 set 2015). Muitos anos depois, mais precisamente em 2001, o rodeio tornou-se uma modalidade esportiva, a única originada de habilidades adquiridas em situações de trabalho. Por conseguinte, muitos habitantes de cidades grandes, deslocavam-se para o interior em busca de regionalismo e símbolos da vida na fazenda. Devido a isso, as montarias tornavam-se o foco de grande parte desses eventos, proporcionando uma mistura harmoniosa de espetáculo, música, diversão, esporte, coragem, e muita emoção. Atualmente, o rodeio brasileiro é mundialmente conhecido e as festas de peão tornaram-se verdadeiros polos de movimentação de dinheiro, uma vez que são frequentadas por milhões de pessoas, ocasionando um consumo, em grande quantidade, de diversos produtos. Então, houve um aumento significativo do número de feiras, exposições

13 agropecuárias, festas do peão e outros eventos similares em todo o país, de modo que esses eventos são realizados buscando não apenas a promoção de atividades de comércio, divulgação de produtos, implementos agropecuários e informações sobre as novas tecnologias empregadas no setor, como também a realização de uma grandiosa festa popular que, dificilmente, dispensa a prática dos rodeios. Por conta disso, o rodeio é um dos esportes de maior crescimento no mundo e reúne pessoas de todas as idades e classes sociais em torno desse evento, o qual é um estilo de vida que envolve tradição e modernidade. 1.2 A evolução No inicio o rodeio não passava de uma atividade de entretenimento e descontração entre peões ao final de um exaustivo dia de trabalho nas fazendas onde exerciam suas atividades na lida com os animais ou ate mesmo quando conduziam estes animais de uma propriedade para outra (as chamadas comitivas); atividades estas que acabavam proporcionando aos mesmos uma facilidade para encarar um touro e ser perspicaz para conseguir com sua destreza perceber os possíveis movimentos que o animal pode fazer a fim de dominá-lo utilizando sua força e experiência adquirida no dia á dia. Isso tudo acontecia de maneira sutil e natural visto que estas atividades eram exercidas por pessoas simples com hábitos do campo e cuja finalidade era apenas se reunir com pequeno grupo de amigos e ali passar alguns minutos agradáveis próximo ao por sol encerrando mais um dia de trabalho e ao cair da noite descansarem para se preparar para mais um dia de trabalho no dia seguinte, ou seja, esta não era uma atividade de cunho competitivo mas sim para aliviar o stress do dia de trabalho. No entanto com o passar dos anos esses encontros foram aumentando, se tornando cada vez mais frequentes devido ao aumento de vezes que as comitivas se encontravam no decorrer do ano e isso fez com que os peões começassem a se preparar para esses encontros tornando essas montarias cada vez mais disputadas.

14 1.3 O rodeio segundo a Legislação Segundo a Lei Federal n. 10.519/02, consideram-se rodeios as atividades de montaria ou de cronometragem e as provas de laço, sendo que se avalia a habilidade do atleta e o desempenho do animal. As famosas montarias consistem em o competidor permanecer por até oito segundos sobre um animal, sendo eles cavalos ou touros. No rodeio de Barretos, que serve de modelo para as demais festas do peão, as modalidades disputadas são rodeio em touros, sela americana, bulldog, bareback, cutiano, team penning e três tambores (Disponível em: <http://www.independentes.com.br/ptbr/rodeio/modalidades>. Acesso em: 02 set 2015). O rodeio em touros é considerada a modalidade mais radical e que mais chama a atenção dos espectadores. Nessa disputa, o competidor segura a corda americana, que envolve o corpo do animal, com apenas uma das mãos. A mão que fica livre, denominada mão do equilíbrio, não pode tocar em nada, ou seja, não deve relar no próprio corpo do peão, na cerca da arena e no lombo do animal. Caso isso ocorra, será considerado apelo, isto é, SAT (sem aproveitamento técnico, a montaria terá a nota zerada). Também não haverá nota pelo fato de ser considerado apelo, se o competidor, mesmo que involuntariamente, encaixar sua espora na corda americana, o que é chamado popularmente de montar nos nós. Os juízes levam em consideração na avaliação de uma montaria o grau de dificuldade que o animal impõe ao competidor; quanto mais difícil for suportar os pulos, melhor a nota. Porém, é imprescindível que o peão demonstre total domínio sobre o touro e aguente o tempo regulamentar, permanecendo sobre o animal por 8 segundos. Sua nota varia de 0 a 100 pontos e não é permitido quaisquer equipamentos que maltratem ou causem lesões nos animais, sob pena de desclassificação. Para melhor entender como funciona essa modalidade, que é a mais famosa dos rodeios, é importante que se conheça suas regras, as quais serão analisadas na sequência. As montarias em touro exigem que o competidor use chapéu ou capacete, calça de couro abotoada, bota ou botina, camisa de manga comprida com o punho da mão livre (mão do equilíbrio) abotoado e colete de proteção. Além disso, o peão deve estar posicionado em cima do touro, com a luva, quando o animal anterior sair do brete e ele for avisado de sua entrada. Caso fique constatado pelo fiscal de brete que o animal não deu condições para que se abra a porteira e inicie-se a montaria, o

15 competidor terá direito a nova preparação. Caso contrário, ele será desclassificado. A avaliação será de 0 a 100, valendo números inteiros. As notas do peão e do animal serão marcadas separadamente, sendo que a nota final é composta por 50% da nota do competidor e 50% da nota do animal, a qual será divulgada instantes após a apresentação. Dessa forma, cada um dos juízes deverá fazer sua avaliação de 0 a 50 pontos, levando em conta o desempenho humano e do animal. O resultado final é a soma das notas dos juízes. A expressão apelo, mencionada anteriormente, quer dizer que, durante a apresentação, a mão que fica livre não deve tocar o animal, nem o próprio corpo do competidor, assim como as partes da estrutura da arena (brete, porteira, cerca, etc). Também não é permitido, montar com as esporas apoiadas nos nós da corda, sendo considerado apelo qualquer dessas ações. Se houver apelo, a nota será 0. Porém, caso o peão acidentalmente apoie-se no nó da corda e se livre dessa condição o mais rápido possível, a decisão ficará a critério do juiz. O mesmo ocorrerá se o competidor tocar o animal por questões de segurança ou para defender-se, devendo o juiz analisar se o peão obteve vantagem com tal ato. No caso de imprevistos nas montarias como falha no equipamento do tropeiro, animal parar de pular ( embuchar ), touro que não der condições de o competidor sair do brete, animal que deitar no chão e encostar a barriga no solo ou, ainda, quando o competidor se machucar no brete ele terá direito a reride ou repete, isto é, poderá iniciar outra montaria. Além disso, somente as esporas com roseta padrão são permitidas e não é permitido quaisquer equipamentos que maltratem ou causem lesões nos animais, sob pena de desclassificação. No que concerne a modalidade chamada de sela americana, trata-se do estilo de montaria em cavalos mais tradicional do rodeio mundial. Nela, o atleta segura um cabo de cabresto, de aproximadamente 1,20 metros de comprimento, com apenas uma das mãos e, obrigatoriamente, tem que realizar o mark-out, isto é, no momento em que abrir a porteira do brete e o animal tocar as suas patas dianteiras na arena, as esporas devem estar posicionadas na altura do pescoço do animal e em contato; caso contrário, será desclassificado. As esporas são puxadas para trás, obrigando o competidor a flexionar o joelho na frequência do pulo do animal. Na sela americana o tempo regulamentar também é de oito segundos, é usada para a montaria uma sela sem pito (ponto de apoio do laço) e a avaliação varia de 0 a 100 pontos. Com relação ao bareback, é uma modalidade mais recente de montarias em cavalos e, como na anterior, há necessidade do competidor executar o mark-out. Bareback é o nome de um equipamento utilizado na montaria. Esse utensílio consiste em uma alça de couro, feita

16 sob medida para cada competidor, que é colocada na altura da cernelha do animal. As esporas são movimentadas no sentido do pescoço para o bareback, o que faz com que o competidor fique praticamente "deitado" sobre o dorso do animal. A nota também varia de 0 a 100 pontos, desde que o competidor suporte o tempo regulamentar de 8 segundos. O cutiano, por sua vez, é a modalidade de montaria em cavalos praticada apenas nos Brasil, a qual se originou na cidade de Barretos em 1956. Denomina-se cutiano devido ao formato do arreio utilizado na montaria, que possui o formato de um v ao contrário. Nesse estilo, o atleta segura a rédea* com apenas uma das mãos e a mão do equilíbrio não pode tocar em nada. A espora tem que ser levada do pescoço para a alça do arreio na frequência do pulo do equino e, quanto mais alta a posição da espora, melhor a nota. O peão precisa aguentar o tempo de oito segundos sobre o animal para receber uma nota, que varia de 0 a 100. Ainda, fazem parte do espetáculo das festas do peão as provas cronometradas. O bulldog está entre as competições pertencentes ao rodeio cronometrado. Nessa disputa, o competidor, montado em seu equino, tem a função de imobilizar um boi sem o uso de quaisquer equipamentos; logo, não pode utilizar de corda ou laço, devendo derrubar o animal com suas próprias mãos. O atleta se posicionará de um lado do brete e contará com o auxílio do estereiro (fica do outro lado), que tem a finalidade de fazer com que o boi tenha uma trajetória favorável ao competidor, possibilitando a imobilização. Existe uma corda a ser rompida pelo boi, ao sair do brete, que é a chamada barreira. Se essa barreira for rompida pelo cavalo/égua do competidor ele sofrerá uma penalidade de 10 segundos. O recorde brasileiro dessa modalidade é de 2 segundos e 90 décimos. Anote-se que o tempo é medido por três cronometristas, valendo o tempo intermediário, ou seja, são descartados o menor e o maior tempo aferido. A seu turno, o team penning, é uma modalidade de apartação, muito comum na lida nas fazendas. É o estilo que melhor retrata o dia a dia na zona rural. Nessa prova cronometrada, normalmente são usados 30 bovinos, os quais são colocados do lado oposto a um curral montado na arena. Os animais são numerados três a três (três com número 01, três com número 02, e assim sucessivamente), sendo que será disputada por um trio de cavaleiros, muitas vezes composto por familiares ou amigos, que tem a função de apartar (tirar) do lote os três bois cujo número foi sorteado. O sorteio ocorre segundos após a liberação da pista para início da competição, isto é, no momento em que os cavaleiros avançam sobre a boiada. Para desafiar ainda mais os competidores, há uma linha imaginária (linha de arbitragem) localizada próxima ao curral montado e, caso mais de quatro bois

17 ultrapassem essa linha, será considerado estouro de boiada e, por consequência, sem aproveitamento técnico (SAT), isto é, os competidores não cumpriram a prova. O tempo máximo permitido para que os cavaleiros executem sua função é de 60 segundos e o trio vencedor será aquele que finalizar a competição em menor tempo, desde que observadas todas as regras. Por fim, os três tambores é a única prova feminina do rodeio. A competidora, montada em um equino, tem que contornar três tambores colocados de forma triangular na arena, no menor tempo possível, sendo penalizada em cinco segundos se derrubar algum tambor. Essa modalidade é muito disputada e, geralmente, o tempo, em segundos, de uma atleta e outra é o mesmo, diferenciando-se apenas por milésimos de segundos. Por conta disso, a prova conta com um sistema totalmente eletrônico. Assim, as competidoras iniciam a disputa no momento em que ultrapassam a linha imaginária que liga um conjunto de fotocélula, disparando automaticamente o cronômetro constante desse objeto. Para dar uniformidade a tal prova, que é definida por milésimos de segundos, a atleta, juntamente com sua tralha (sela, manta, cabeçada, etc.), deverá pesar no mínimo 65 kg. Caso isso não ocorra, há necessidade de complemento, por meio de pesos ou outros artifícios, até atingir esse numeral. Logo após a apresentação, o animal é vistoriado e se houver qualquer lesão proveniente de chicote ou esporas, a competidora será desclassificada. 1.4 As Leis que regulamentam o rodeio como prática esportiva e o peão de rodeio como atleta profissional Como visto a realização de rodeios não é uma novidade no Brasil, sendo que, muito antes do final dos anos 80, esses eventos já atraíam grande quantidade de pessoas e movimentavam um volume considerável de dinheiro. Em meados dos anos 90, o sucesso das festas de Barretos, Uberaba, Presidente Prudente, Colorado, Jaguariúna e o fato de acontecerem mais de 1.500 rodeios no país por ano, transformaram essas confraternizações rurais em um negócio muito lucrativo. Então, os rodeios, que acontecem dentro dessas festas, passaram a ter alto grau de autonomia, sendo promovidos por grandes empresas de eventos, as quais contratam profissionais especializados, sob a forma de prestação de serviços, quais sejam, tropeiros,

18 locutores, equipes de som e luz, proprietários de estruturas metálicas para montagem de arquibancadas e bretes, entre outros. Dessa forma, formou-se um comércio de profissionais e empresas para execução das tarefas que possibilitam a realização dos rodeios atuais. Ademais, tais confraternizações tornaram-se grandiosos eventos que pretendiam uma unidade entre esporte e festa, exigindo uma maior profissionalização nesses dois níveis, isto é, na organização da festa e na consolidação da prática esportiva. Assim, com o fim de garantir maior clareza no que tange à proteção dos animais e ante a vulnerabilidade jurídica desses eventos, foi aprovado na Câmara dos Deputados o projeto de lei do Deputado Jair Menegheli, que, em seguida, foi acatado também pelo Senado Federal e pelo Congresso Nacional. Trata-se da Lei n. 10.220/01, a qual estabelece normas gerais relativas à atividade de peão de rodeio, equiparando-o a atleta profissional, assim como a Lei n. 10.519/02, que, por sua vez, institui normas a serem observadas na promoção e fiscalização da defesa sanitária animal no momento da realização dos rodeios. Desse modo, o rodeio transformou-se em uma atividade esportiva e oficial. Cumpre observar o teor dessas legislações federais: Lei n. 10.220, de 11 de abril de 2001: Art. 1º Considera-se atleta profissional o peão de rodeio cuja atividade consiste na participação, mediante remuneração pactuada em contrato próprio, em provas de destreza no dorso de animais eqüinos ou bovinos, em torneios patrocinados por entidades públicas ou privadas. Parágrafo único. Entendem-se como provas de rodeios as montarias em bovinos e eqüinos, as vaquejadas e provas de laço, promovidas por entidades públicas ou privadas, além de outras atividades profissionais da modalidade organizadas pelos atletas e entidades dessa prática esportiva. Art. 2º O contrato celebrado entre a entidade promotora das provas de rodeios e o peão, obrigatoriamente por escrito, deve conter: I - a qualificação das partes contratantes; II - o prazo de vigência, que será, no mínimo, de quatro dias e, no máximo, de dois anos; III - o modo e a forma de remuneração, especificados o valor básico, os prêmios, as gratificações, e, quando houver, as bonificações, bem como o valor das luvas, se previamente convencionadas; IV - cláusula penal para as hipóteses de descumprimento ou rompimento unilateral do contrato. 1º É obrigatória a contratação, pelas entidades promotoras, de seguro de vida e de acidentes em favor do peão de rodeio, compreendendo indenizações por morte ou invalidez permanente no valor mínimo de cem mil reais, devendo este valor ser atualizado a cada período de doze meses contados da publicação desta Lei, com base na Taxa Referencial de Juros TR. 2º A entidade promotora que estiver com o pagamento da remuneração de seus atletas em atraso, por período superior a três

19 meses, não poderá participar de qualquer competição, oficial ou amistosa. 3º A apólice de seguro à qual se refere o 1o deverá, também, compreender o ressarcimento de todas as despesas médicas e hospitalares decorrentes de eventuais acidentes que o peão vier a sofrer no interstício de sua jornada normal de trabalho, independentemente da duração da eventual internação, dos medicamentos e das terapias que assim se fizerem necessários. Art. 3º O contrato estipulará, conforme os usos e costumes de cada região, o início e o término normal da jornada de trabalho, que não poderá exceder a oito horas por dia. Art. 4º A celebração de contrato com maiores de dezesseis anos e menores de vinte e um anos deve ser precedida de expresso assentimento de seu responsável legal. Parágrafo único. Após dezoito anos completos de idade, na falta ou negativa do assentimento do responsável legal, o contrato poderá ser celebrado diretamente pelas partes mediante suprimento judicial do assentimento. Art. 5º (VETADO) Art. 6º (VETADO) Art. 7º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Lei n. 10.519, de 17 de julho de 2002: Art. 1º A realização de rodeios de animais obedecerá às normas gerais contidas nesta Lei. Parágrafo único. Consideram-se rodeios de animais as atividades de montaria ou de cronometragem e as provas de laço, nas quais são avaliados a habilidade do atleta em dominar o animal com perícia e o desempenho do próprio animal. Art. 2º Aplicam-se aos rodeios as disposições gerais relativas à defesa sanitária animal, incluindo-se os atestados de vacinação contra a febre aftosa e de controle da anemia infecciosa eqüina. Art. 3º Caberá à entidade promotora do rodeio, a suas expensas, prover: I - infra-estrutura completa para atendimento médico, com ambulância de plantão e equipe de primeiros socorros, com presença obrigatória de clínico-geral; II - médico veterinário habilitado, responsável pela garantia da boa condição física e sanitária dos animais e pelo cumprimento das normas disciplinadoras, impedindo maus tratos e injúrias de qualquer ordem; III - transporte dos animais em veículos apropriados e instalação de infra-estrutura que garanta a integridade física deles durante sua chegada, acomodação e alimentação; IV - arena das competições e bretes cercados com material resistente e com piso de areia ou outro material acolchoador, próprio para o amortecimento do impacto de eventual queda do peão de boiadeiro ou do animal montado. Art. 4º Os apetrechos técnicos utilizados nas montarias, bem como as características do arreamento, não poderão causar injúrias ou ferimentos aos animais e devem obedecer às normas estabelecidas pela entidade representativa do rodeio, seguindo as regras internacionalmente aceitas. 1º As cintas, cilhas e as barrigueiras deverão ser confeccionadas em lã natural com dimensões adequadas para garantir o conforto dos animais. 2º Fica expressamente proibido o uso de esporas com rosetas pontiagudas ou qualquer outro instrumento que cause ferimentos nos animais, incluindo aparelhos que provoquem choques elétricos.

20 3º As cordas utilizadas nas provas de laço deverão dispor de redutor de impacto para o animal. Art. 5º A entidade promotora do rodeio deverá comunicar a realização das provas ao órgão estadual competente, com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, comprovando estar apta a promover o rodeio segundo as normas legais e indicando o médico veterinário responsável. Art. 6º Os organizadores do rodeio ficam obrigados a contratar seguro pessoal de vida e invalidez permanente ou temporária, em favor dos profissionais do rodeio, que incluem os peões de boiadeiro, os "madrinheiros", os "salva-vidas", os domadores, os porteiros, os juízes e os locutores. Art. 7º No caso de infração do disposto nesta Lei, sem prejuízo da pena de multa de até R$ 5.320,00 (cinco mil, trezentos e vinte reais) e de outras penalidades previstas em legislações específicas, o órgão estadual competente poderá aplicar as seguintes sanções: I - advertência por escrito; II - suspensão temporária do rodeio; e III - suspensão definitiva do rodeio. Art. 8º Esta Lei entra em vigor 60 (sessenta) dias após sua publicação. A atividade rodeio também é disciplinada por leis estaduais e, em certos casos, por municipais. Nesse contexto, vide o projeto de Lei n. 135 de 26 de agosto de 2010, o qual dispõe sobre as normas para a realização de rodeios no âmbito do município de Barretos/SP. Art. 1.º - A realização de rodeios de animais no âmbito do Município de Barretos obedecerá às normas gerais contidas nesta Lei, sem prejuízo das legislações federal e estadual. Parágrafo único. Consideram-se rodeios de animais as atividades de montaria ou de cronometragem, nas quais é avaliada a habilidade do atleta em dominar o animal com perícia, além do desempenho do próprio animal. Art. 2.º - Fica expressamente vedada a realização de qualquer tipo de prova de laço e/ou vaquejada. Art. 3.º - Para o ingresso dos animais nos locais em que são realizados os rodeios serão exigidos, em relação aos bovinos e bubalinos, os competentes atestados de vacinação contra a febre aftosa e brucelose, sendo que no tocante aos equídeos, os certificados de inspeção sanitária e controle de anemia infecciosa equina. 1.º - Não serão admitidos ao rodeio animais que apresentem qualquer tipo de doença, deficiência física ou ferimento que os impossibilitem de participar das montarias. 2.º - Deverá haver médico veterinário responsável por avaliar os animais que serão utilizados, além de vistoriar toda a documentação apresentada, sendo desse a responsabilidade de efetivar a comunicação às autoridades públicas e à entidade promotora do evento no caso de haver qualquer tipo de irregularidade. Art. 4.º - Caberá à entidade promotora do rodeio, a suas expensas, prover: I - a fiscalização relativa ao transporte dos animais quando da chegada dos mesmos até o local do evento, que deverá ser realizado em caminhões próprios para essa finalidade, que lhes ofereçam conforto,

21 não se permitindo superlotação; II - a fiscalização no sentido de que a chegada dos animais seja realizada com antecedência mínima de 6h até o Município, devendo esses ser colocados em áreas de descanso convenientemente preparadas; III - os embarcadouros de recebimento dos animais deverão ser construídos com largura e altura adequadas, evitando-se colisões e hematomas; IV - a infraestrutura completa para atendimento médico, com ambulância de plantão e equipe de primeiros socorros, com presença obrigatória de médico clínico-geral; V - médico veterinário habilitado, responsável pela garantia da boa condição física e sanitária dos animais e pelo cumprimento das normas disciplinadoras, impedindo maus tratos e injúrias de qualquer ordem; VI - a arena das competições e bretes cercados com material resistente, altura mínima de dois metros e com piso de areia ou outro material acolchoador, próprio para o amortecimento do impacto de eventual queda do peão de boiadeiro, do competidor ou do animal; VII - a alimentação e água potável para os animais, seguindo a orientação do médico veterinário habilitado, durante toda a permanência dos mesmos no local, inclusive após o evento; VIII - a remoção de todos os animais após a realização das provas, sendo vedada a permanência nos currais que antecedem os bretes das provas; IX - o manejo e condução dos animais somente serão permitidos com a utilização do condutor elétrico pelo médico veterinário ou tratador por ele supervisionado, sendo vedado o uso de ferrões, paus ou borrachas para essas finalidades; X - iluminação adequada em todos os locais utilizados pelos animais, conforme orientação do médico veterinário; e XI - nas provas com a utilização de touros deverá haver a atuação de no mínimo um laçador de pista e nas montarias em cavalos, nos diversos estilos, a participação de no mínimo dois madrinheiros, para maior segurança do atleta participante. Art. 5.º - Os apetrechos técnicos utilizados nas montarias, bem como as características do arreamento, não poderão causar injúrias ou ferimentos aos animais e devem obedecer às normas estabelecidas pela entidade representativa do rodeio, seguindo as regras internacionalmente aceitas. 1.º - Será permitido apenas o uso de sedém de lã, sendo vedada a utilização de outro material, ainda que encapado, devendo as cintas, cilhas e as barrigueiras ser confeccionadas em lã natural com dimensões adequadas para garantir o conforto dos animais. 2.º - As esporas utilizadas serão fornecidas aos atletas pela entidade promotora do evento, com a supervisão do médico veterinário e dos fiscais de bretes, ficando expressamente proibido o uso de esporas com rosetas pontiagudas ou qualquer outro instrumento que cause ferimentos nos animais. Art. 6.º - A entidade promotora do rodeio deverá comunicar a realização das provas à Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, comprovando estar apta a promover o rodeio segundo as normas legais, adotando as seguintes providências: I - requerimento com os dados relativos ao evento, constando a qualificação e a comprovação da regularidade legal e fiscal; II - indicação do responsável pela entidade promotora e do médico veterinário que irá acompanhar a realização do evento; III - comprovação da realização de seguro geral contra acidentes dos consumidores que participarem do evento; e

22 IV - comprovação de que o evento está de acordo com a legislação estadual específica. Art. 7.º - Além das providências e requisitos estabelecidos na presente Lei, deverá a entidade promotora do evento comprovar o cumprimento das disposições da Lei Federal n.º 10.220, de 11 de abril de 2001, especialmente: I - somente permitir a atuação de peão regularmente contratado, com a respectiva relação a ser arquivada para a eventual fiscalização; II - no caso da celebração de contrato com maiores de 16 (dezesseis) anos e menores de 18 (dezoito) anos, deverá haver o expresso assentimento de seu responsável legal; III - a contratação de seguro de vida e de acidentes pessoais em favor dos peões, dos competidores, laçadores, salva vidas, madrinheiros, juízes, locutores, auxiliares e porteiros que atuem na arena com um valor mínimo de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), devendo a apólice prever a indenização para os casos de invalidez permanente ou morte decorrentes de eventuais acidentes no interstício de sua jornada normal de trabalho; e IV - o valor do seguro em favor dos peões, dos competidores, laçadores, salva vidas, juízes, locutores, auxiliares e porteiros que atuem na arena deverá ser reajustado ano a ano pelos índices oficiais de inflação. Art. 8.º - No caso de infração do disposto nesta Lei, sem prejuízo da pena de multa de até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e de outras penalidades previstas em legislações específicas, a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente poderá aplicar as seguintes sanções: I - advertência por escrito; II - suspensão temporária do rodeio; e III - suspensão definitiva do rodeio. Art. 9.º - Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação. 1.5 O rodeio deve ser analisado sob o prisma legal e não ideológico ou com carga de regionalismo Restou demonstrado que o rodeio é uma prática regulamentada por lei. Sobre essa questão, importante anotar as afirmações de Celso Antônio Pacheco Fiorillo (2010): A Lei n. 10.519/2002, ao dispor acerca da promoção, assim como a fiscalização da defesa sanitária animal quando da realização de rodeio, acabou por compatibilizar a proteção jurídica do meio ambiente natural em face do meio ambiente cultural e do trabalho, harmonizando no plano infraconstitucional a defesa da fauna em face dos modos de viver de alguns brasileiros em determinadas regiões do País.

23 Frederico Augusto Di Trindade Amado também tratou desse tema. Segundo ele, os rodeios são atividades as quais o legislador entende não atentar contra os animais, desde que observadas as vedações contidas na Lei 10.519/2002, por meio da utilização de apetrechos que não causem injúria ou ferimentos nos animais (2011, p. 246). Com efeito, a Lei 10.519/2002, logo em seu artigo 1º, fixa vários deveres às entidades promotoras do rodeio no que tange à integridade física dos animais e dos profissionais do rodeio, a saber, os peões de boiadeiro, madrinheiros, salva-vidas (palhaços), domadores, porteiros, juízes e locutores. Então, a partir da aludida lei, os organizadores de rodeio estão autorizados a promover as atividades descritas no parágrafo único do art. 1º, desde que informem ao órgão estadual competente a realização das provas com antecedência mínima de trinta dias, comprovando aptidão legal para cumprir suas obrigações em todos os planos e indicando desde logo o médico veterinário responsável. Com relação à integridade física dos profissionais que atuam nesses eventos, a lei obriga às entidades promotoras a providenciar infraestrutura completa para atendimento médico, com ambulância de plantão e equipe de primeiros socorros, com presença obrigatória de clínico geral; arenas e bretes cercados com material resistente e com piso de areia ou outro material acolchoador, próprio para o amortecimento do impacto de eventual queda do peão de boiadeiro; e ainda, contrato de seguro pessoal de vida e invalidez temporária destinada aos profissionais do rodeio. No concernente à incolumidade física dos animais, estabelece a lei que a entidade promotora deve garantir médico veterinário habilitado, responsável pela garantia da boa condição física e sanitária dos animais e pelo cumprimento das normas disciplinadoras a quem a lei atribui a obrigação de vedar maus-tratos e injúria de qualquer ordem; transporte de animais em veículos apropriados e instalação de infraestrutura que garanta a integridade física deles durante sua chegada, acomodação e alimentação; arena e bretes cercados com material resistente e com piso de areia ou outro material acolchoador, próprio para o amortecimento do impacto de eventual queda do animal montado. Além disso, a lei também assegurou regras vinculadas aos utensílios técnicos usados nas montarias no sentido de delimitar, no plano infraconstitucional, a determinação estabelecida no artigo 225, VII, da Constituição Federal. Assim, tais apetrechos não poderão causar injúria ou ferimentos nos animais, de maneira que as cintas, cilhas e barrigueiras deverão ser confeccionadas em lã natural, com dimensões adequadas, com o fim de garantir o conforto dos animais. Existe, ainda, vedação ao uso de esporas com rosetas pontiagudas ou

24 qualquer outro instrumento destinado a ocasionar ferimento nos animais, como chicotes e aparelhos que provoquem choques elétricos. O descumprimento dessas exigências sujeitará os infratores às sanções administrativas previstas no artigo 7º, I a III, da Lei n. 10.519/2002, bem como a outras penalidades indicadas em legislações específicas, tais como a Lei n. 9.605/98, em matéria criminal, Lei n. 6.938/81 e demais normas cabíveis no plano da obrigação de reparar o dano causado. Desta sorte, o dispositivo legal mencionado regula, em todas as hipóteses, a forma de realização de rodeios e festas similares, incumbindo a autorização e fiscalização ao órgão estadual competente, assim como enumera os acessórios permitidos e que não causarão mal aos animais, sempre visando à preservação da integridade física deles e impedindo que sejam submetidos ao sofrimento. Nesse contexto, observem-se: 1 APELAÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL. REALIZAÇÃO DE FESTAS DE PEÃO BOIADEIRO OU RODEIOS SEM MAUS TRATOS AOS ANIMAIS. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DAS NORMAS CONTIDAS NAS LEIS FEDERAIS N 10.221/01 E 10.519/02 E NA LEI ESTADUAL N 10.359/99, QUE REGULAMENTAM TAIS ESPETÁCULOS E PROTEGEM OS ANIMAIS DE MAUS TRATOS COM A IMPOSIÇÃO DE PENALIDADES AOS ORGANIZADORES. APELO IMPROVIDO. 2 RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RODEIO. PROIBIÇÃO DO USO INDISCRIMINADO E EXCESSIVO DE INSTRUMENTOS SUSCETÍVEIS DE CAUSAR FERIMENTOS NOS ANIMAIS. LEI ESTADUAL Nº10.359/99 E LEI FEDERAL Nº10.519/02 DÃO EFETIVIDADE AO ART. 225, 1º, VII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. ANÁLISE FÁTICO-PROBATÓRIA INVIÁVEL Pelo não conhecimento do recurso. 3 AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RODEIO. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, INCISO VII DO PARAG. 1º DO ART. 225. POSSIBILIDADE DA REALIZAÇÃO, DESDE QUE CUMPRIDAS AS EXIGÊNCIAS DA LEI FEDERAL Nº. 10.519/02, ESPECIALMENTE NA PROIBIÇÃO DE PRÁTICA DE ATIVIDADES OU USO DE INSTRUMENTOS NO RODEIO QUE POSSAM CAUSAR INJÚRIAS, FERIMENTOS OU LESÕES AOS ANIMAIS. RECURSO PROVIDO EM PARTE. 4 AÇÃO AMBIENTAL. Matão. Rodeio. Obrigação de não fazer. Uso de sedem. Maus tratos aos animais. Lei n. 10.359/99 de 30-8-1999. LF n. 10.519/02 de 17-7-2002-1. Rodeio. Maltrato aos animais. Sedem. A Lei n. 10.359/99 e a LF n. 10.519/02 não ofendem a Constituição e estabelece medidas adequadas, segundo sensível parcela dos estudiosos, à proteção dos animais. Inviabilidade de proibir o 1 TJSP; Ap. Cível n. 990.10.42667 5-0; Comarca de Araras-SP, 3º Vara; Voto n. 20.076; 03/02/2011. 2 Parecer MPF. Recurso Extraordinário n. 437.868-0. Subprocuradora Geral da República Maria Caetana Cintra Santos. 29/03/2005. 3 STF. Recurso Extraordinário n. 437.868-0. Relator Ministro Carlos Ayres Britto. 26/09/2009. 4 TJSP; Ap. Cível n. 562.319.5/3-00; Comarca de Matão-SP, 3º Vara; Voto n. 4.223/09; 26/09/2009.

25 exercício de atividade permitida em lei, ou de vedar o uso de aparelho nela permitido. Exigência da presença de médico veterinário da Secretaria Estadual de Agricultura e vedação do uso de qualquer instrumento que cause sofrimento aos animais. Cautelas suficientes. - 2. Rodeio. Fiscalização. Compete à Secretaria Estadual da Agricultura a fiscalização da saúde e proteção dos animais utilizados no rodeio. - Procedência. Recurso da ré provido para Julgar improcedente a ação. Assim sendo, não há que se falar em inconstitucionalidade das leis que regulamentam os rodeios. Não existe qualquer infração de tais legislações em relação à norma constitucional, uma vez que há vedação expressa de instrumentos que causem injúria ou ferimentos nos animais. Desse modo, o problema encontra-se na interpretação do termo crueldade, o qual já fora anteriormente analisado. Filho: Ademais, insta mencionar a pertinente lição do magistrado Mário Rubens Assumpção 5 As decisões judiciais deverão ser arrojadas, desde que, claramente, respaldadas pelo anseio da população que a ela será submetida, não podendo o julgador, assim como o legislador, se adiantar ao normal crescimento e aprimoramento da sociedade [...]. A lei, ao delimitar o uso nocivo e o uso permitido, nada mais fez do que transmitir a vontade da sociedade, assinalada por seus representantes, e indicar o que deve-se entender por crueldade contra animais. Pouca importa a intenção do legislador, pois deve-se buscar a ideia contida na norma positiva que, no caso em tela, não pode ser outra que não o entendimento sobre o fato da utilização do sedém não constituir, por si só, ato de crueldade para com os animais, uma vez que a lei o permite expressamente. À evidência, o rodeio, desde que realizado nos termos da lei, é uma atividade lícita. Entretanto, ainda existem pessoas que divulgam informações equivocadas sobre esse esporte. Isso pode estar atrelado ao fato de que atualmente no Brasil 83,9% das pessoas residem nas cidades e, muitas delas, nunca tiveram contato direto com bovinos e equinos e desconhecem completamente o dia-a-dia da vida no campo. Dessa forma, com uma vida única e exclusivamente urbana, esses indivíduos tendem a não se interessarem pelas práticas rurais e acreditarem que o rodeio é uma atividade inútil, insignificante e que agride a saúde dos animais. Portanto, é forçoso observar que muitas pessoas olham as festas de peão de boiadeiro e os rodeios com um viés ideológico ou com carga de regionalismo, e não sob o prisma legal, jurídico e técnico. 5 Sentença em ACP ajuizada pela Promotoria do Meio Ambiente de Araçatuba em 22 de dezembro de 1999. 36º Circunscrição Judiciária de Araçatuba, Estado de São Paulo, Julgamento: 13 de abril de 2000.

II A POLÊMICA DA QUESTÃO DOS MAUS-TRATOS EM EQUINOS E BOVINOS NOS RODEIOS 26 2.1 O cuidado com os animais competidores O Médico Veterinário Paulo Gustavo Borges Campos realizou uma perícia na 52ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos nos dias 22/08 e 23/08 de 2007, durante todo o período em que os animais estavam sendo manejados. No que tange aos tipos de cuidados que os animais são submetidos antes de serem encaminhados aos rodeios (Quesitos Dra. Ana Júlia B. Vaz Pinto pág. 05 pergunta de n. 1), o profissional respondeu que: conforme conversa com as pessoas responsáveis pelos animais (tropeiros), sobre manejo sanitário, nutricional e manejo geral dos animais, deu para perceber pela conversa e pelo aspecto dos animais aqui visualizados, que eles estão levando a sério os cuidados com estes, inclusive relataram que quando estão fora da época do rodeio estes animais são submetidos à caminhadas e em algumas propriedades até natação ; Estes animais são trazidos das fazendas para Barretos em caminhões boiadeiros propícios ao transporte dos mesmos. Com relação às condições de estadia dos animais durante a realização do evento (Quesitos Dra. Ana Júlia B. Vaz Pinto pág. 05 pergunta de n. 2), o perito informou que [...] os animais apresentam local adequado de estadia, necessitando apenas melhorar o sombreamento dos piquetes (processo em implantação, segundo Prof. Tenório); alimentação fornecida constantemente e à vontade para os animais, água fornecida em bebedouros adequados; touros e garrotes alimentam-se com silagem de milho e ração, sendo a primeira de responsabilidade do parque e a segunda dos tropeiros; cavalos alimentam-se de feno, pasto e ração, sendo a primeira de responsabilidade do parque e a segunda dos tropeiros. O veterinário também foi indagado acerca do espaço destinado a cada animal, a ventilação do local e o contato com a multidão que participa da festa (Quesitos Dra. Ana Júlia B. Vaz Pinto pág. 05 pergunta de n. 3). Anote-se sua resposta: O local de acomodação dos animais é constituído de 36 piquetes com 20X20 metros, a existência destes piquetes é para evitar contato de animais de tropas diferentes, evitando que animais vindos de várias fazendas briguem e acabem se machucando. Local amplo com boa ventilação.

27 Todos os animais ficam alojados em piquetes afastados do local das provas e da multidão, respeitando o seguinte manejo descrito abaixo: Animais que irão trabalhar no dia, ficam nestes piquetes até o final da tarde e só depois são levados de caminhão para próximo da arena e já retornam para os piquetes até o final da tarde e só depois são levados de caminhão para próximo da arena e já retornam para os piquetes imediatamente após seu trabalho na arena não permanecendo próximo ao som e multidão. Distância dos piquetes acomodação para arena: por volta de 1,5 km. Na sequência, ao ser instado acerca da saúde e dos cuidados que são ministrados aos animais, informou o expert que são muito bem cuidados (Quesitos Dra. Ana Júlia B. Vaz Pinto pág. 09 pergunta de n. 4). Ainda com relação a essa questão, importante observar as declarações prestadas pelo tropeiro Tony Nascimento. O proprietário da Companhia de Rodeio Tony Nascimento, localizada na Fazenda Santo Antônio no município de Cardoso Moreira/RJ, explicou como funciona o treinamento de touros para rodeios: Na fazenda os animais são tratados com ração balanceada todos os dias na parte da manhã, existe acompanhamento veterinário ao longo da vida dele; eles são escalados para viajar para os rodeios e nessas viagens eles vão de carretas climatizadas com toda a segurança até chegar ao destino do rodeio, lá tem dois capatazes que tratam deles o tempo todo e tem o médico veterinário que fica acompanhando o tempo todo e assim fica até o dia de voltar para a fazenda e serem trocados, sempre é feito um revezamento, os que viajam naquela semana descansam e na próxima são outros que vão. As nossas carretas são bem mais altas para evitar que o animal bata com a cabeça, são mais largas, ela é puxada por uma Scania, se tem capacidade pra trinta animais a gente leva só vinte e três para que eles possam ir folgados e não se machucar. Os touros de rodeios eles são como atletas, então eles têm que estar bem fisicamente, eles não podem sofrer stress ou aperto dentro da carreta, então desde o momento que ele passa a ser um atleta do rodeio a gente faz de tudo para que ele tenha uma vida longa no rodeio, para que ele sempre ganhe uma premiação para que seja um boi famoso para dar pontuações altas aos peões e a gente faz de tudo pra encontrar esses grandes atletas, são coisas difíceis pra se encontrar, um touro de rodeio é muito difícil de encontrar, na verdade o que a gente consegue de aproveitamento no nosso centro de treinamento é de três a quatro por cento (Entrevista concedida a Angélica Nunes Lopes Cruvinel, no dia 30 de maio de 2010. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/17068>. Acesso em: 02 set. 2015). Tony ainda esclareceu que não há possibilidade de transportar os touros de um local para outro se eles não estiverem com todas as vacinas em dia. Isso porque para viajar com esses animais a legislação de trânsito exige a apresentação do GTA (Guia de Trânsito Animal). Nesse seguimento, Cleiton Sangali, peão, criador de gado e zootecnista, afirma: