Ana Preta e as Quatro Estações



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Transcrição:

Ana Preta e as Quatro Estações Estava um dia de sol brilhante na Aldeia Alegre. Por todo o lado se viam crianças a brincar e adultos a rir. Mas não só estavam felizes quando estava sol: também, durante todo o ano, toda a gente estava feliz, quer chovesse, nevasse ou fizesse sol. Só uma menina não era feliz. Ana Preta, como lhe chamavam, estava triste todos os dias. Vestia-se de preto porque não tinha pais. Quando brincava com as outras crianças, não estava tão triste, mas não o fazia por muito tempo. Ela gostava, sobretudo, de estar sozinha, a brincar com a sua boneca Maria. Nesse dia, Ana Preta estava a brincar com a sua boneca de pano, no pátio da escola, quando o sol desapareceu entre as nuvens e veio o vento forte. - Maria! - gritou, quando o vento lhe levou a boneca de pano. Começou a correr atrás do vento mas não conseguia apanhá-lo. De repente, tropeçou numa pedra e caiu, esfolando o joelho. Gritou de dor. - Ana! - chamou o professor, saindo da escola - Caíste? Aleijaste o joelho. Anda cá que vou tratar disso. Depois de o professor ter tratado da ferida, Ana Preta saiu da escola a choramingar. - Vento mau! - gritou - Roubaste-me a Maria! O vento, quando a ouviu, virou-se para ela e disse-lhe: - Desculpa ter-te levado a tua boneca. Para a encontrares, tens de ir por aquela estrada. Adeus! Ana lá foi pela estrada indicada, mas, quando já tinha andado um bocado, ouviu alguém a chorar. Curiosa, foi ver quem era. Encontrou uma menina da idade dela, seis anos, sentada no chão a chorar. Mas esta era muito diferente de si, pois tinha cabelo azul e branco em várias tranças e vestia-se com as mesmas cores num vestido comprido feito de gelo, enquanto ela tinha cabelo vermelho encaracolado e usava vestido preto pelos joelhos. - O que tens? Porque estás a chorar? perguntou Ana Preta. - Quem és tu? perguntou por sua vez, assustada, a menina de azul. - Eu sou a Ana Preta e estou à procura da minha boneca. Viste-a? - Não... Eu sou a Invernia, a irmã do Inverno. - E porque estás triste? - Porque o Outono chamou-me tola e disse que não sou capaz de tomar conta da estação fria, porque sou muito desastrada e distraída! - e recomeçou a chorar.

- E és capaz? Já experimentaste? - O Inverno ensinou-me, mas o Outono não acredita. E como o meu irmão não está cá, não lhe pode contar a verdade! - Onde está o Outono? - Deve estar no Palácio das Quatro Estações. É onde vivemos todos. - Leva-me lá. Eu ajudo-te a convencer o Outono de que és capaz de tomar conta da estação fria. - A sério? Ajudas? Obrigada, Ana Preta! Vamos lá então! As duas meninas desataram a correr pela estrada. Durante a corrida, Ana reparou que os campos se dividiam em estações: nuns, havia flores por todo o lado; noutros, lagos gelados; noutros, árvores com folhas castanhas; noutros, ainda, campos de trigo dourados. Detiveram-se em frente de um castelo gigante, cheio de torres altíssimas de todas as cores. Tinha frutos, flores, folhas e flocos de gelo desenhados nas paredes em todo o lado. -Ana, vem! - chamou Invernia. - O vosso castelo é muito bonito! Nunca vi nada assim, nem nos livros da escola, que mostram coisas tão bonitas! - Os grandes não sabem que este castelo existe e, por isso, não o podem mostrar nos livros. Mas anda, o Outono está lá em cima. Vi-o à janela. Entraram por umas portas gigantescas de cristal. Lá dentro ouviu gritos de discussão. - Sou eu! - Não és nada, sou eu! Revirando os olhos, Invernia esclareceu: - São a Primavera e o Verão a discutir sobre quem é mais bonito. Queres ir vê-los? Ana acenou que sim com a cabeça. Subiram umas escadas e foram encontrar a Primavera e o Verão, numa biblioteca gigantesca, de pé e frente a frente. A Primavera era uma senhora muito bonita. Tinha os cabelos ondulados verdes com flores e um vestido vermelho de rosas. Usava também um véu de orvalho nos ombros. O Verão era um rapaz muito bronzeado e tinha cabelos encaracolados amarelos e cor de laranja. Estava descalço e usava uma túnica com as cores do Sol. - Já te disse que sou muito mais bela do que tu! - replicou a Primavera, irritadíssima. - Eu direi sempre que eu sou muito mais bonito do que tu! - respondeu o Verão. - Então, estão a discutir outra vez? - Interrompeu Invernia - Eles estão sempre nisto - confidenciou a Ana em surdina. - A culpa é dela! - Não é nada, é dele!

- Pelos vistos é dos dois - concluiu Ana Preta. - Nem pensar! - gritaram ambos em coro. - A discutirem assim, concordarem em alguma coisa já é bom - contrapôs Ana, cruzando os braços e rindo. A Primavera e o Verão entreolharam-se, surpresos. - Se a questão é quem é mais bonito, posso dar uma sugestão? - Diz... - Por que é que não tentam fazer uma coisa bonita os dois? Uma escultura, por exemplo. Era perfeito! Juntavam as duas estações e viam no que dava! - Bem... - começou Primavera, relutante - o que é que tu achas? - Podemos experimentar...- acedeu Verão, duvidoso - olha, como é que te chamas? - Ana Preta. - Tentem lá - incitou Invernia - mas agora nós vamos ter com o Outono. Até logo! Logo em seguida, as duas desceram e subiram escadas, percorreram corredores e atravessaram salas, passaram por tantas salas que Ana duvidava se seria capaz de se orientar naquele castelo imenso. - Como é que consegues saber os caminhos deste labirinto? Eu cá só com um mapa é que seria capaz de ir de um lado para o outro! - Já é a prática - respondeu Invernia - já cá ando há muito tempo! - Mas... - Chegámos - interrompeu Invernia - Vamos entrar. Bateu à porta castanha em frente da qual tinham parado.. - Entre... Invernia abriu a porta devagar e as duas meninas entraram. O quarto de Outono era muito grande e estava cheio de folhas amarelas, castanhas e vermelhas. Este estava a desenhar à janela. O Outono era um homem jovem com cabelos castanhos lisos e compridos, atados por um fio de palha seca. Usava um casaco feito só com folhas castanhas, vermelhas e amarelas. - Sim? Oh, és tu... diz lá, qual foi o disparate que fizeste agora? - Nenhum! - exclamou irritada a menina, vermelha de raiva. - Então ao que vieste... oh, temos uma convidada? Só aí reparara em Ana. Levantou-se e dirigiu-se a ela, estendendo a mão. - Como te chamas? perguntou, enquanto lhe davam um aperto de mão. - O meu nome é Ana Preta.

- Um nome um tanto estranho, não? - É o que me chamam lá na aldeia. - Vives na Aldeia Alegre? - Sim, senhor Outono. - Oh, chama-me só Outono, senhor faz-me sentir velho... - Já és velho - ouviu-se, numa voz zangada. - Ora a nossa distraída está muito atenta agora! - Não sou distraída! E espero que me peças desculpa por aquilo que me chamaste! - Antes que comecem a discutir, contem-me o que se passou - interrompeu Ana. O Outono começou a contar: - Esta manhã estava no Prado Castanho a apanhar folhas secas para a minha coleção. Apareceu lá ela - e apontou para Invernia - e quis ajudar-me. Eu costumo separar as folhas por cores dentro de sacos, mas ela pô-las todas no mesmo saco. Não disse nada e trouxemos tudo para o castelo. «Aí está o distraída.» - pensou Ana. - Depois, quando chegámos aqui, a primeira coisa que fez foi derrubar os saco no chão... - Só porque tropecei numa das raízes da tua cama!- contrapôs Invernia. Realmente, Ana reparara que a árvore-cama tinha uma das raízes a passar mesmo em frente à porta. «Lá está o desastrada. Mas e o resto?» - pensou Ana de novo. -... e ficou a bagunceira que aqui veem concluiu Outono. - Mas chamaste tola e incapaz à Invernia! Porquê? Tudo o que aconteceu foram acidentes! - Aquilo com os sacos... -... foi porque não explicaste como separavas as folhas. Se o tivesses dito, de certeza que a Invernia faria tudo bem, não é? - perguntou, virando-se para ela. Invernia acenou que sim com a cabeça. - E espalhar as folhas porque se tropeçou não tem mal, desde que apanhemos tudo a seguir! - Eu tentei, mas ele não me deixou! - O quê? Não tentaste nada! Fugiste a sete pés! Nunca arrumas nada! - Essa parte já é diferente. Por que não ajudaste? - perguntou Ana. - Porque... porque não gosto de arrumar, pronto. - Aí é que está mal. Quer gostemos, quer não, devemos arrumar as coisas, mesmo que tenha sido acidente.

Ana fez uma pausa. - Bem... Outono, não devias ter chamado aquelas coisas à Invernia. Mas também devias ter ajudado a remediar o que fizeste, Invernia. Acho que deviam pedir desculpa um ao outro. - Desculpa! - pediu Invernia. - Desculpa! - pediu Outono. Abraçaram-se. - E que tal arrumarmos então estas folhas para o quarto ficar arrumadinho? Começaram os três a apanhar as folhas para os sacos e em pouco tempo acabaram a tarefa. Mal tinham acabado, a cabeça de Verão aparecia à porta. - Outono, podes-nos emprestar folhas castanho-claras? - Sim, mas para quê? - perguntou, entregando-lhas. - Para uma escultura - disse, piscando o olho a Ana e desatando a correr de volta. Nesse momento, começou-se a ouvir um tropel cristalino, vindo de fora, e os três amigos correram para a janela. - É o meu irmão! - exclamou Invernia. Largaram a correr por entre o castelo até à entrada e chegaram mesmo a tempo de o verem desmontar de um lindo cavalo de gelo. - Olá a todos! - disse ele, alegre - Olha, temos uma visitante cá? Como te chamas? - Chamo-me Ana Preta. - Sê bem vinda. Eu sou o Inverno, como já deves ter reparado. Não era difícil. Os cabelos revoltos eram brancos como a neve, usava um fato cheio de pingentes de gelo como se fossem jóias e uma capa de flocos de neve. - Inverno, já chegaste! - exclamaram Primavera e Verão em coro. - Olá meus amigos!... que aconteceu?, não estão a discutir! Olhares cúmplices. - Venham todos, temos uma coisa para mostrar! - incitou Primavera. Todos se dirigiram a uma sala e ficaram surpresos com o que estava lá dentro: uma estátua de Ana feita com folhas castanhas na pele, o vestido era de amoras pretas e os cabelos eram feitos com lindas rosas vermelhas! - Falta qualquer coisa - examinou Invernia. - Acho que sei - disse Inverno. Estendeu a mão e tocou na estátua. Dela começou a sair gelo que cobriu totalmente a escultura. No fim, esta parecia feita de cristal colorido.

- Agora, sim, está como deve ser! E acho que isto te pertence - disse, mostrando uma boneca. - Maria! exclamou Ana, abraçando a sua boneca de pano. A menina estava tão emocionada que não conseguiu dizer mais nada. Abraçou os seus amigos, muito feliz, e agradeceu a homenagem. Passou o resto do dia com eles e, quando chegou a hora de se ir embora, Invernia ofereceu-lhe uma lembrança: uma pulseira com flores, frutos em miniatura, folhas secas e flocos de neve. - Quando quiseres voltar, esta pulseira traz-te. Boa sorte na viagem de regresso! - Obrigada - agradeceu - e vou mesmo voltar. Prometo! Regressou à Aldeia Alegre, para junto dos seus outros amiguinhos. Estava tão feliz que deixou de usar o seu vestido preto, para passar a usar um vestido às cores. Também deixou de gostar de estar sozinha a brincar para adorar brincadeiras de grupo. Voltou muitas vezes ao Palácio das Quatro Estações para rever os seus amigos e aprendeu muitas coisas interessantes com eles. E, agora que é feliz, todos lhe chamam Ana Feliz! FIM Autora: Margarida Armindo E. Secundário Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte, Marinha Grande