Aos 22 dias do mês de janeiro de 2014, pelas 10:00 horas, reuniu a Comissão de Saúde, na sala 1 do Palácio de S. Bento, na presença dos Senhores Deputados constantes da folha de presenças que faz parte integrante desta ata, com a seguinte Ordem do Dia: 10:00 Audição do Senhor Ministro da Saúde, requerida pelo PCP, ao abrigo do artigo 104.º do Regimento da Assembleia da República, com a finalidade de «Prestar esclarecimentos sobre a acessibilidade aos cuidados de saúde». 13:00 1. Discussão e votação do Requerimento apresentado pelo PCP, para «Audição do Presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Algarve, do Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve e de representantes de médicos dos hospitais algarvios que integram este Centro Hospitalar»; 2. Discussão e votação do Requerimento apresentado pelo BE, para «Audição do Presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Norte, Castanheira Nunes». Audição do Senhor Ministro da Saúde, requerida pelo PCP, ao abrigo do artigo 104.º do Regimento da Assembleia da República, com a finalidade de «Prestar esclarecimentos sobre a acessibilidade aos cuidados de saúde» (a audição foi integralmente gravada) O Vice-Presidente Couto dos Santos iniciou a reunião, dando a palavra à Deputada Paula Santos para apresentar o requerimento que solicita a audição do Ministro da Saúde, Paulo Macedo, que veio acompanhado pelo Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa e pelo Secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira. Iniciando a 1.ª ronda, a Deputada Paula Santos disse entender que o Governo está a tentar desviar as atenções dos portugueses dos problemas reais e que a sua política, na área da saúde, «está a condenar à morte antecipada os portugueses». Constata que existe um aumento de queixas e denúncias relativamente ao funcionamento do SNS. Insiste que as últimas situações denunciadas nas urgências, esperas de 8, 10 e 12 horas, não são pontuais nem podem ser justificadas com o pico da gripe, até porque a DGS informou que a atividade gripal, este ano, está a ser moderada. Questionou ainda o Ministro sobre os elevados tempos de espera para fazer exames e tratamentos em oncologia, sobre o adiamento de cirurgias programadas por falta de material cirúrgico, sobre o desinvestimento a que se assiste na saúde e sobre o que consideram ser a política de desmantelamento do SNS. A Presidente assumiu a condução dos trabalhos, dando a palavra ao Ministro da Saúde para responder. O Ministro disse ter orgulho em ter salvo o SNS, que estava a ser capturado pelos
fornecedores, afirmando que quando acabar esta legislatura deixará o SNS mais forte do que o encontrou. Quanto às urgências, sabe que existem tempos de espera indesejáveis, mas que os tempos estão a ser cumpridos nas prioridades mais altas. Deu conta de dados, ainda provisórios, que indicam que a mortalidade infantil foi mais baixa do que em 2012. A Deputada Luisa Salgueiro disse ser indesmentível que o ano 2014 começou mal para os portugueses, em função das decisões tomadas. Abordou a questão dos tempos de espera em urgências, que não resulta apenas da gripe, o desinvestimento na saúde, a falta de recursos humanos em oncologia, as viaturas médicas de emergência e reabilitação, porque existe informação de que um quarto delas não saiu dos hospitais, e a falta de lisura em procedimentos, como seja o contrato da ARS de Lisboa e Vale do Tejo para um estudo sobre a reforma hospitalar. O Ministro respondeu que este foi dos anos que começou com mais aspetos positivos a destacar, como sejam, o aumento de capital dos hospitais, a regularização das suas dívidas, a generalização do certificado de óbito, a plataforma de saúde com dados sobre mais de mil utilizadores, a contratação de 1700 médicos, a divulgação, pela ERS, dos estudos de excelência clínica, a mortalidade infantil mais baixa, bem como a queda do número de casos de tuberculose. O Deputado Miguel Santos referiu que, invariavelmente, em Janeiro de cada ano, a oposição vem acusar o Governo de «provocar a morte antecipada dos portugueses», o que é uma falta de vergonha. Houve relatos de atrasos nas urgências, mas são casos episódicos, que acontecem desde 2006. Quanto aos casos concretos citados, sobre tempos de espera nas urgências dos Hospitais de Gaia, S. João e Garcia da Orta, tem desmentidos das administrações desses hospitais. O Ministro deu conta de que, comparando com a situação de há um ano atrás, temos mais 1100 médicos. Em termos de enfermagem existem mais cerca de 30.000 horas de enfermagem, o que significa muito em termos assistenciais. Em suma, estão disponíveis mais profissionais para prestar cuidados aos utentes, com menos horas extraordinárias e menos prestações de serviços. Também existe o maior número de pessoas a ser formadas nos últimos anos e uma aposta nas carreiras médicas concretas, pois os assistentes graduados estavam congelados desde 2005. A Deputada Teresa Caeiro manifestou a opinião de que ficou claro que esta audição não foi requerida para aprofundar a questão da saúde em Portugal, mas para fazer ataques políticos baseados em casos pontuais, extrapolando. Trata-se de um alarmismo irresponsável. No ranking do Fórum Económico Mundial, em 2013, Portugal ficou classificado, em termos globais, em 51.º lugar, entre 122 países. Na área da saúde e bem-estar Portugal ficou em 27.º lugar. Pensa que o Ministro e a sua equipa estão empenhados no SNS e a sua prioridade é
salvaguardá-lo, para que as gerações futuras tenham melhores cuidados. Salientou o trabalho em prol da sustentabilidade do SNS, da independência e imparcialidade em comissões e grupos de trabalho constituídos pelo Ministério e da internacionalização do setor da saúde. O Ministro respondeu que as comparações internacionais em saúde colocando Portugal numa posição positiva são em grande parte mérito do sistema. Outro indicador que tem evoluído positivamente é a mortalidade abaixo dos 70 anos. Pensa que o SNS encerrará o ano com contas equilibradas e com redução dos prejuízos dos hospitais. O Deputado João Semedo afirmou que tem tanta confiança no SNS como desconfiança no Ministro. O que está em causa são cuidados de saúde prestados e não indicadores administrativos e financeiros, e mesmo alguns desses não refletem medidas de curto prazo, mas são obra de anos e anos. Referiu casos concretos de problemas nas urgências, considerando que o Ministro tomou decisões erradas, não havendo realmente reformas. O Ministro respondeu não entender que sejam desvalorizados os indicadores administrativos e que já afirmou anteriormente que o sistema de saúde é bom e resiliente. Constata que não se verificou o que havia sido antecipado pelo BE, que dizia que as taxas moderadoras iriam acabar com o acesso à saúde, pois a afluência às urgências desmente isso. O BE, quando os números são maus, atribui a culpa ao Ministro, quando são bons, diz que são mérito do sistema. Salienta que o maior corte na saúde foi com a indústria farmacêutica. O Deputado José Luís Ferreira manifestou a opinião de que este Governo tem vindo a fazer mal à saúde, havendo problemas com o stock de medicamentos nas unidades de saúde, com a reposição de pessoal, por exemplo no IPO do Porto e nas viaturas de emergência e reabilitação e com os tempos de espera nas urgências. Considera que está a ser dificultado o acesso aos cuidados de saúde e degradado o SNS e que os hospitais privados estão a tirar partido dessa situação. A situação ainda será agravada com a destruição da ADSE, a que se assiste. O Ministro disse ver com satisfação a preocupação com a ADSE e assegurou que esse sistema será mantido, e deverá ser pago pelos próprios beneficiários, pois tem de ser autossustentável. Informou também ter o Ministério denunciado à ERS uma situação de publicidade de um hospital privado, que distorceu a concorrência. Seguiu-se a segunda ronda, em que usaram da palavra, para tecer comentários e colocar questões, os Deputados Luisa Salgueiro, José Junqueiro, Carla Rodrigues, Isabel Galriça Neto, Carla Cruz e João Semedo, tendo as respostas sido dadas pelo Ministro da Saúde no final do conjunto das intervenções. Finalmente, na terceira ronda, fizeram intervenções os Deputados Catarina Marcelino, Conceição Caldeira, Paulo Almeida, Paula Santos, João Semedo, Filipe Neto Brandão, Laura Esperança, Teresa Caeiro, Carla Cruz, André Figueiredo, Elsa Cordeiro, Paulo Sá, João Paulo
Correia, Simão Ribeiro, Jorge Machado, Elza Pais, Conceição Bessa Ruão, Rita Rato, Jorge Fão, Ana Oliveira, Paula Baptista, Agostinho Santa, Carla Rodrigues, David Costa e Miguel Santos, a que se seguiu a resposta final do Ministro da Saúde, complementada pelos Secretários de Estado. A Presidente agradeceu a vinda do Ministro e Secretários de Estado à Comissão e os esclarecimentos que foram dados. 1. Discussão e votação do Requerimento apresentado pelo PCP, para «Audição do Presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Algarve, do Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve e de representantes de médicos dos hospitais algarvios que integram este Centro Hospitalar» A Deputada Paula Santos apresentou o requerimento que solicita a audição do Presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Algarve, do Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) e de representantes de médicos dos hospitais algarvios que integram este Centro Hospitalar, a propósito da carta que 182 médicos do CHA dirigiram ao Presidente do Conselho de Administração, «manifestando a sua preocupação pela degradação dos cuidados de saúde prestados à população algarvia», pretendendo «chamar a atenção para algumas situações que estão a ocorrer neste Centro Hospitalar e que fazem antever um futuro preocupante». A Deputada Teresa Caeiro disse não acompanhar este requerimento do PCP, uma vez que estivemos quase 5 horas com o Ministro da Saúde, também na sequência de requerimento deste grupo parlamentar. Considera absurdo viabilizar o requerimento nesta altura. A Deputada Luisa Salgueiro foi de opinião de que este requerimento e o do BE, que também irá estar em discussão, estão prejudicados, uma vez que as questões sobre as quais incidem foram abordadas na audição do Ministro. O PS irá assim abster-se na votação. O Deputado Nuno Reis subscreveu os argumentos da Deputada Luisa Salgueiro, pois a questão objeto do requerimento do PCP foi abordada na 3.ª ronda, tendo sido dadas respostas cabais. O PSD votará contra. A Deputada Paula Santos entende não ter havido oportunidade para aprofundar a questão durante a audição, pelo que considera que o requerimento não está prejudicado. O Deputado João Semedo disse que a tomada de posição dos médicos do Algarve deveria levar os Deputados a ficarem preocupados com o que se passa e a quererem ouvir explicações dos responsáveis. A Presidente colocou o requerimento do PCP à votação, que foi rejeitado com os votos a favor do PCP e do BE, os votos contra do PSD e do CDS-PP e ausência do PEV.
2. Discussão e votação do Requerimento apresentado pelo BE, para «Audição do Presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Norte, Castanheira Nunes» O Deputado João Semedo apresentou o requerimento do BE, que solicita a audição do Presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Norte, Castanheira Nunes, sobre o encerramento do Serviço de Atendimento de Situações Urgentes (SASU), no Porto, no sentido de que sejam esclarecidos os propósitos desta decisão e os fundamentos que a motivaram. A Deputada Luisa Salgueiro informou que o PS se irá abster na votação, pelas razões referidas aquando da discussão do requerimento anterior. Também a Deputada Teresa Caeiro anunciou que votará contra, pelas razões invocadas anteriormente. O Deputado Nuno Reis salientou que o Secretário de Estado se referiu, ainda que brevemente, a esta questão durante a audição, que não estamos perante um verdadeiro serviço de urgência básica, e que não deverá haver nova audição sobre a matéria. A Deputada Paula Santos acompanha o requerimento do BE, pois esta alteração tem impacto na vida dos utentes e devia ser aprofundada a questão. A Presidente colocou o requerimento do BE à votação, tendo sido rejeitado com os votos a favor do PCP e do BE, os votos contra do PSD e do CDS-PP e ausência do PEV. A reunião foi encerrada às 14:35 horas, dela se lavrando a presente ata, a qual, depois de lida e aprovada, será devidamente assinada. Palácio de São Bento, 23 janeiro 2014. A PRESIDENTE (MARIA ANTÓNIA DE ALMEIDA SANTOS)
Folha de Presenças Estiveram presentes nesta reunião os seguintes Senhores Deputados: Carla Rodrigues Conceição Bessa Ruão Couto dos Santos Cristóvão Simão Ribeiro Elsa Cordeiro Filipe Neto Brandão Graça Mota Isabel Galriça Neto João Semedo José Junqueiro José Luís Ferreira Laura Esperança Luísa Salgueiro Maria Antónia de Almeida Santos Maria Manuela Tender Miguel Santos Nuno André Figueiredo Nuno Reis Paula Santos Ricardo Baptista Leite Teresa Caeiro Agostinho Santa Ana Oliveira Carla Cruz Catarina Marcelino David Costa Elza Pais João Paulo Correia João Prata Jorge Fão Jorge Machado Maria da Conceição Caldeira Paula Baptista Paulo Almeida Paulo Sá Rita Rato Rosa Arezes Sandra Pontedeira Faltaram os seguintes Senhores Deputados: Francisco de Assis