ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES COMISSÃO DE POLÍTICA GERAL INTRODUÇÃO



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Transcrição:

INTRODUÇÃO A Comissão de Política Geral reuniu no dia 11 de junho de 2014, na delegação de Ponta Delgada da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, a fim de apreciar, relatar e dar parecer sobre o Projeto de Decreto Legislativo Regional N.º 30/X Adapta à Região Autónoma dos Açores o Decreto-Lei n.º 241/2007, de 21 de junho, alterado pela Lei nº 48/2009, de 4 de agosto, e pelo Decreto-Lei nº 249/2012, de 21 de novembro, que define o regime jurídico aplicável aos Bombeiros Portugueses. O Projeto de Decreto Legislativo Regional, da iniciativa do Grupo Parlamentar do PSD, deu entrada na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores em 09 de abril de 2014, o qual foi remetido à Comissão de Política Geral para apreciação, relato e emissão de parecer até ao dia 12 de maio de 2014. CAPÍTULO I ENQUADRAMENTO JURÍDICO A iniciativa do Grupo Parlamentar do PSD exerce-se ao abrigo do disposto na alínea d) do n.º 1 artigo 31.º do Estatuto Político- Administrativo da Região Autónoma dos Açores e a sua apreciação, relato e emissão de parecer ocorre nos termos do disposto na alínea a) do artigo 42.º, do Regimento da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. CAPÍTULO II APRESENTAÇÃO DA INICIATIVA O Projeto de diploma foi apresentado em reunião da Comissão, no dia 22 de abril do corrente ano, pelo Deputado Joaquim Machado, que começou por referir que a presente iniciativa pretende adaptar à Região Autónoma dos Açores o Decreto-Lei n.º 241/2007, de 21 de junho, matéria legislativa nacional que remonta ao ano de 2007. Esta legislação nacional já foi revista duas vezes: primeiro, pela Lei n.º 48/2009, de 4 de agosto e, depois, pelo Decreto-Lei n.º 249/2012, de 21 de novembro. Este diploma faz a adaptação às orgânicas regionais dos serviços na Região reportados ao Serviço Regional da Proteção Civil e de Bombeiros dos Açores. 2

Assim, as referências feitas na legislação nacional à Autoridade Nacional de Proteção Civil e ao Comando Distrital de Operações de Socorro, na Região serão reportadas ao Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores. Paralelamente, as competências atribuídas na legislação nacional à Liga de Bombeiros Portugueses, nos Açores serão cometidas à Federação dos Bombeiros da Região Autónoma dos Açores, criada em março de 2010. O diploma prevê ainda adaptações específicas das regalias aos Bombeiros no âmbito da educação, nomeadamente com propinas e taxas de inscrição; das taxas moderadoras e da justificação das faltas para o exercício de atividade operacional. CAPÍTULO III PROCESSO DE ANÁLISE A Comissão deliberou proceder à audição presencial do representante da Federação dos Bombeiros da Região Autónoma dos Açores e do Secretário Regional da Saúde. CAPÍTULO IV AUDIÇÃO DA FEDERAÇÃO DOS BOMBEIROS DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES Na reunião da Comissão realizada no dia 21 de maio do corrente ano, foi ouvido o Presidente da Federação dos Bombeiros da Região Autónoma dos Açores (FBRAA), que começou por afirmar que a base da proposta parece ir no mesmo sentido de funcionamento da Liga dos Bombeiros a nível do continente português e que o funcionamento dos Bombeiros nos Açores não é comparável com aquele. Os Bombeiros no continente estão mais vocacionados para fogos florestais, enquanto aqui nos Açores essas situações não ocorrem com frequência equiparada, e, por isso, aqui na Região, 90 a 95% dos serviços dos Bombeiros reportam-se a serviços de saúde (ambulâncias). Considerou ainda que há várias situações que não estão refletidas nesta proposta, nomeadamente: 1 O futuro dos funcionários contratados pelas Associações de Bombeiros há mais de 20 ou 30 anos. O dinheiro transferido pelo Serviço Regional de Proteção Civil para pagar salários, não chega para todos os que estão contratados pelas 3

Associações. Por outro lado, muitos funcionários não têm capacidade para realizar determinadas tarefas. 2 Relativamente à justificação de faltas, os funcionários públicos têm o seu problema resolvido, mas os que não são, quem lhes paga? 3 Os Bombeiros são obrigados a ter um determinado tempo de formação para fazer a certificação. Quando há formação quem lhes paga? 4 - Há Associações com graves problemas financeiros. As pessoas não estão disponíveis para assumir cargos com responsabilidades deste tipo. Há uma crise de Dirigentes. Discute-se muito sobre o estatuto social dos Bombeiros, mas também se deveria discutir o estatuto dos Corpos Sociais relativamente aos quais poderia haver outro tipo de incentivos, nomeadamente ao nível fiscal (IRS). 5 - Quanto às regalias no âmbito da Educação, se isso for feito de forma indiscriminada, pode haver lugar a abusos. Terminada a explanação, o Deputado Manuel Pereira interveio para se associar às preocupações do Presidente da FBRAA, nomeadamente quanto aos funcionários das Associações desatualizados em termos funcionais e ainda quanto à indisponibilidade de Dirigentes para assumirem cargos em Associações com problemas financeiros. Esclareceu que os Presidentes de Câmara têm perfeito conhecimento das suas responsabilidades legais no âmbito da Proteção Civil e que os mesmos respondem criminalmente por omissões ou erros nesse domínio. Questionou o Presidente da FBRAA quanto às regalias previstas para os Bombeiros nesta iniciativa legislativa e se elas introduzem ou não alguma novidade em relação ao que já é praticado na RAA. Acrescentou que o PS defende algum benefício fiscal, nomeadamente ao nível do IRS. O Presidente da FBRAA retorquiu que há Associações que não têm dificuldades em conseguir voluntários, mas que existem outras com grandes dificuldades a este nível. Têm de ser dadas condições a esses Bombeiros, em particular ao nível da formação. Acrescentou que entendia que não se deve fazer apelo ao voluntariado oferecendo um benefício fiscal, mas que têm de ser criados mecanismos de compensação para quem o faz. 4

O Deputado Joaquim Machado interveio para concordar que os problemas na Região ao nível da Proteção Civil e dos Bombeiros são diferentes dos que existem no Continente português e que, por isso mesmo, este projeto de diploma procede à adaptação da legislação nacional às especificidades da nossa Região. Referiu também que, embora havendo na Região a aplicação de alguns princípios previstos na legislação nacional, na verdade, tal facto carece de suporte legal. Reconheceu também o caso dos funcionários que estão há muitos anos nas Associações e perderam certas capacidades ativas, daí resultando custos acrescidos para as Associações. Esclareceu que a iniciativa em apreço, está aberta e é suscetível de receber contributos e melhorias e acrescentou que, da parte do PSD, há recetividade para propostas que criem incentivos à Direção das Associações. Este diploma acrescenta também alguma coisa à prática atual, nomeadamente a justificação de faltas para formação. Não só na formação dada pela Proteção Civil, mas também por outras entidades reconhecidas pelo Serviço Regional de Proteção Civil. Ao nível de regalias, equiparam-se as retribuições atribuídas por referência ao salário mínimo regional e não ao salário mínimo nacional. Quanto à ideia dos benefícios fiscais, considerou ser uma questão pertinente, embora não tenha a certeza se a RAA terá competência para introduzir uma discriminação positiva nesta matéria, a uma categoria específica de funcionários. Também na área das regalias da saúde alarga-se a isenção do pagamento das taxas moderadoras independentemente da necessidade de acesso hospitalar ser decorrente da função de Bombeiro ou não. O Presidente da FBRAA esclareceu que, atualmente, a isenção das taxas moderadoras não se aplica apenas aos Bombeiros, mas também aos Dirigentes. Reafirmou que a justificação de faltas apenas se aplica aos funcionários públicos. O Deputado Félix Rodrigues interveio começando por observar que aparentemente lhe pareceu que o presidente da FBRAA defendia um modelo de Bombeiros Profissionais. Considerou que na sociedade açoriana há muitas outras Associações que sobrevivem também em regime de voluntariado e não têm qualquer incentivo. Concluiu referindo que em matéria de Planos Municipais de Emergência os Presidentes de Câmara não sabem muito bem o que fazer. 5

O Presidente da FBRAA relembrou que, neste momento, se fosse retirado o serviço de saúde aos Bombeiros, muitas Associações desapareciam. Considerou que o modelo atual de Bombeiros e corpos dirigentes é o mais adequado, embora possa ser melhorado. O Deputado Joaquim Machado sublinhou, mais uma vez, que neste diploma os Bombeiros passam a ter mais e melhores condições de disponibilidade para formação do que as que existem no Continente. AUDIÇÃO DO SENHOR SECRETÁRIO REGIONAL DA SAÚDE Na reunião da Comissão do dia 11 de junho, a Comissão ouviu o Senhor Secretário Regional da Saúde que apresentou a posição do Governo Regional em relação ao diploma em apreço. Referiu que esta é uma matéria que carecia de clarificação, embora, em termos práticos, no dia-a-dia, o que deve ser feito pelo Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores está a ser feito. Defendeu que a ser introduzida alguma alteração esta deve ser feita com mais cuidado, uma vez que a transposição da legislação nacional de uma forma direta fica aquém do desejado em alguns aspetos. Referiu, como exemplo, que há artigos que são transpostos e outros não; mais concretamente, referiu que em alguns casos lê-se: Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores e noutros casos lê-se Autoridade Nacional de Proteção Civil. O mesmo se diga no que diz respeito à Liga de Bombeiros, que nos Açores corresponde à Federação dos Bombeiros. Por todos estes factos, defendeu a necessidade de haver maior rigor na transposição legislativa, de forma a garantir a salvaguarda de todos os aspetos e a sua adequação à realidade regional. Referiu que há também uma necessidade de ajustar algumas situações à Região Autónoma, uma vez que a nossa dispersão geográfica cria dificuldades e nesta medida teremos de ter situações diferentes das existentes no continente. Salientou ainda que os Bombeiros nos Açores estão mais envolvidos na área da saúde, enquanto no Continente estão mais vocacionados para os incêndios. Acrescentou, por outro lado, que nos Açores é exigida a escolaridade obrigatória para se ser Bombeiro Voluntário. O Secretário Regional da Saúde salientou também o facto do seguro apenas ser possível para quem tem atividade operacional e que deveria ser assegurado para 6

os estagiários. Referiu ainda o que o n.º 6 do art.º 27.º, que se refere às licenças e atestados, tem criado dificuldades ao Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores e, neste sentido, defendeu que seria melhor que um individuo se tiver mais de seis meses de atestado que passe ao quadro de reserva. Finalizou a sua apreciação ao diploma referindo que este documento, embora positivo nas suas intenções, carece de uma apreciação mais cuidada. O Deputado Manuel Pereira salientou que a adaptação pura e simples da legislação nacional à Região pode ter implicações, que devem ser ponderadas, e que o Partido Socialista está disponível para esta situação. Por isso o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores tem feito tudo aquilo que consta do diploma, mas de outras formas. Questionou o Secretário Regional sobre se o registo do licenciamento dos Bombeiros dos Açores está concluído, e se o modelo que existe de voluntariado e profissionais é o mais conveniente e, ainda, se entende como positivo a criação de Bombeiros municipais, pois não faz sentido que os municípios paguem os seguros dos Bombeiros que prestam serviço nos aeroportos. O Secretário Regional respondeu que, há cerca de um mês, deu início ao registo dos nossos Bombeiros no registo nacional de Bombeiros sendo que este registo nacional já existe há pelo menos três ou quatro anos porque havia dúvidas na forma como este registo deveria ser feito. Acrescentou que este registo permite uma gestão mais descentralizada e a melhor gestão de algumas regalias como a redução das taxas moderadoras. Relativamente ao modelo das Corporações que existe nos Açores o Secretário respondeu que as Corporações continuam a trabalhar num regime misto, muito embora, em alguns casos, sejam quase exclusivamente profissionais, e deste modo entende que o modelo misto será o mais adequado para a Região. No que diz respeito aos Bombeiros que prestam serviços nos aeroportos, referiu que esta é uma situação que está definida em termos nacionais, em que os Municípios têm cumprido com a sua obrigação, pagando os seguros, embora o façam muitas vezes como uma comparticipação e não como uma obrigação legal. Acrescentou que esta prestação de serviço constitui uma importante fonte de receita para as Associações o que lhes permite uma maior capacidade financeira. 7

O Deputado Joaquim Machado congratulou-se com o facto de o Governo reconhecer que a iniciativa é importante, ainda que seja necessário ser melhorada e, nesse sentido, o PSD vai apresentar propostas de alteração ao diploma. Questionou o Secretário Regional sobre quais os artigos da legislação nacional que, do ponto de vista do Governo, deveriam ser objeto de adaptação e que não constam deste diploma. Questionou ainda sobre quais as matérias que constam do diploma que já estão a ser praticadas na Região e qual o seu suporte legislativo. O Senhor Secretário respondeu que os artigos da legislação nacional são: art.º 35, n.º 3; art.º 41.º, n.º 3; art.º 43.º, n.º 2; art.º 23.º, n.º 7. Referiu que apesar de não haver uma regulamentação direta, julgamos que os Bombeiros não podem ficar prejudicados, assim terão sido feitos alguns despachos ou portarias, mas que vai tentar perceber qual foi a forma exata. O Deputado Paulo Mendes reconheceu que esta é uma matéria importante mas que pode ir mais além, tendo o Presidente da Federação dos Bombeiros dos Açores sugerido a possibilidade de incluir os corpos sociais das Associações nas regalias. Questionou qual a posição do Governo relativamente a esta matéria. O Secretário Regional da Saúde referiu que não é favorável aos corpos sociais também serem abrangidos pelas regalias, na medida em que, por princípio, estas Associações são constituídas por um grupo de pessoas de bem que de uma forma altruísta devem dar algo de forma gratuita e benévola à sociedade. Criar regalias pode resolver alguns problemas, mas também, pode originar outros novos. Nos corpos sociais não há a vertente do risco, nem a responsabilidade que é pedida a um Bombeiro e as regalias são criadas para compensar o risco. O Deputado Joaquim Machado referiu que a intenção do diploma é a de melhorar as condições dos nossos Bombeiros para o desempenho das missões que lhe estão cometidas. Assim, pediu que lhe referisse qual o artigo em concreto que dificulta a ação dos Bombeiros. Considerou que até parece que o Governo não entendeu que os Bombeiros podem beneficiar de um conjunto de regalias e que neste momento o único direito que os Bombeiros estão a beneficiar é a devolução de parte do valor pago nas propinas, porque as restantes não estão em prática na Região, precisamente por falta de adaptação desta legislação. 8

Perguntou ainda quando as propinas começaram a ser pagas e se são só os Bombeiros ou também os descendentes abrangidos e qual o valor. O Secretário Regional apontou que a dificuldade resulta da transposição direta da função das autoridades nacionais para as autoridades regionais, concretamente a questão presente no art.º 44.º: é uma necessidade do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores ser ouvido e se fizéssemos a transposição direta haveria algumas dificuldades. Relativamente às propinas o membro do Governo referiu que não tem conhecimento desde quando começaram a ser pagos os respetivos valores aos beneficiários nem até que nível de parentesco são beneficiados. Acrescentou que o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores tem feito a comparticipação financeira das propinas e no que diz respeito ao nível de parentesco dos beneficiários disponibilizou-se para fazer um levantamento, mas o importante é resolver no sentido de defender os interesses do Bombeiro. O Deputado Joaquim Machado replicou dizendo que o Senhor Secretário parece que não entendeu que este diploma não faz uma transposição direta, mas sim uma adaptação orgânica em alguns artigos da legislação nacional. CAPÍTULO V SÍNTESE DAS POSIÇÕES DOS DEPUTADOS Sobre a iniciativa os grupos parlamentares do PS e do PSD votaram favoravelmente, enquanto o grupo parlamentar do CPS-PP e a representação parlamentar do BE, se abstiveram com reserva de posição para Plenário. O PS e o PSD informaram que apresentarão propostas de alteração ao diploma quando este subir a plenário. CAPÍTULO VI CONCLUSÕES E PARECER Com base na apreciação efetuada, na generalidade e na especialidade, a Comissão de Política Geral, por maioria, deu parecer favorável ao projeto de Decreto Legislativo Regional que adapta à Região Autónoma dos Açores o Decreto-Lei n.º 241/2007, de 21 de junho, alterado pela Lei n.º 48/2009, 9

de 4 de agosto, e pelo Decreto-Lei n.º 249/2012, de 21 de novembro, que define o regime jurídico aplicável aos Bombeiros Portugueses. Em consequência, a Comissão considerou que o presente projeto de Decreto Legislativo Regional está em condições de ser agendado para debate e votação em Plenário. Ponta Delgada, 11 de junho de 2014 O Relator Cláudio Lopes O presente relatório foi aprovado por unanimidade. O Presidente Jorge Costa Pereira 10