Município. Membros dos Gabinetes de Apoio ao Presidente da Câmara Municipal e Vereação. Estatuto remuneratório
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1 Nota Informativa VI/2014 DSAJAL/DAJ Município maio Membros dos Gabinetes de Apoio ao Presidente da Câmara Municipal e Vereação Estatuto remuneratório Quesito Os membros do Gabinete de Apoio ao Presidente da Câmara Municipal e à Vereação têm direito a subsídio de refeição, subsídio de férias e de Natal e, ajudas de custo? Resposta O n.º 5 do art.º 43.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro determina: Aos membros dos gabinetes de apoio referidos nos números anteriores é aplicável, com as devidas adaptações, o disposto no diploma que estabelece o regime jurídico a que estão sujeitos os gabinetes dos membros do Governo no que respeita a designação, funções, regime de exclusividade, incompatibilidades, impedimentos, deveres e garantias. Prescreve o nº 5 do art.º 22º do Decreto-Lei nº 11/2012, de 20 de janeiro, que estabelece a natureza, a composição, a orgânica e o regime jurídico a que estão sujeitos os gabinetes dos membros do Governo, que se mantém em vigor o disposto no Decreto-Lei n.º 196/93, de 27 de maio, quanto aos membros da Casa Civil e do Gabinete do Presidente da República, do gabinete do Presidente da Assembleia da República, dos gabinetes de apoio aos grupos parlamentares, dos gabinetes dos Representantes da República, dos gabinetes dos membros dos governos regionais, e dos gabinetes de apoio aos presidentes e vereadores a tempo inteiro das câmaras municipais. Nesta conformidade, a primeira questão que se nos coloca é a de saber qual o regime supletivo aplicável aos membros dos gabinetes de apoio aos presidentes e vereadores a tempo inteiro das câmaras municipais se o disposto no Decreto-Lei n.º 196/93, de 27 de maio ou, no Decreto-Lei nº 11/2012, de 20 de janeiro. RUA RAINHA D. ESTEFÂNIA, PORTO TEL.: FAX: GERAL@CCDR-N.PT
2 Verifica-se que o n.º 5 do artigo 22.º do Dec.-Lei n.º 11/2012 indica manter «em vigor o disposto no Decreto-Lei n.º 196/93, de 27 de Maio, quantos aos membros ( ) dos gabinetes de apoio aos presidentes e vereadores a tempo inteiro das câmaras municipais», sendo que este outro diploma estabelece o regime de incompatibilidades de pessoal de livre designação por titulares de cargos políticos. Esta constatação não pode deixar de suscitar dúvidas sobre quais sejam então as regras legais a aplicar aos membros do gabinete de apoio ao presidente da câmara municipal e à vereação. Serão as constantes do regime do Dec.-Lei n.º 11/2012 ou as do Decreto-Lei n.º 196/93? Uma conclusão parece, desde logo, poder ser tomada: é a de que estas dúvidas só terão razão de ser quanto a incompatibilidades e impedimentos única matéria de que trata o diploma de 1993, sendo inequivocamente de aplicar o decreto-lei de 2012 quanto aos demais temas expressamente indicados no n.º 5 do art. 43.º do Decreto-Lei n.º 75/2012, que atrás ficou transcrito. Mas quanto às incompatibilidades e impedimentos dos membros do gabinete de apoio valem que regras legais? As razões que terão levado o Dec.-Lei n.º 11/2012 a consagrar o n.º 5 do seu art. 22.º, -- i.e., a excluir do seu âmbito de aplicação os gabinetes que aí são identificados entre os quais estão os gabinetes de apoio --, prendem-se com a circunstância do próprio Governo, responsável pelo diploma, ou não dispor de competência clara para legislar sobre matérias aí identificadas, sendo disso exemplo os gabinetes de apoio à Presidência da República [em face da al. v) do art. 164.º da Constituição] ou do exercício dessa competência depender da audição prévia de outras entidades, como acontece relativamente aos gabinetes dos membros do governo regionais (a exigir a consulta aos órgãos próprios das regiões autónomas) e relativamente aos gabinetes de apoio (a exigir a consulta à Associação Nacional de Municípios Portugueses), entidades estas que, como se infere da consulta ao preâmbulo do diploma, não foram auscultadas. Do que o Dec.-Lei n.º 11/2012 quis cuidar foi, assim, dos gabinetes ministeriais sendo o disposto no n.º 5 do seu art. 22.º um exemplo desta premissa. Por outro lado, estando à altura da aprovação daquele diploma muito provavelmente já a ser elaborada pelo governo a proposta de lei que viria a conduzir ao atual regime das autarquias locais, parece lógico que o tema dos gabinetes de apoio, das incompatibilidades e impedimentos a que os seus membros se deveriam submeter, devesse ser tratado no âmbito do referido regime jurídico. E assim aconteceu: a Lei 2
3 n.º 75/2013 veio a remeter, em tudo quanto não estivesse especificamente nela tratado em matéria de gabinetes de apoio, para o regime dos gabinetes ministeriais. É nossa opinião que, sendo intenção do legislador de 2013 manter o n.º 5 do art. 22.º do Dec.-Lei n.º 11/2012, continuar a aplicar aos gabinetes de apoio as incompatibilidades e impedimentos nos termos previstos no Dec.-Lei n.º 196/93 assim o teria expressamente indicado. Não tendo acontecido deste modo -- porquanto é feita uma remissão, sem ressalvas, para o regime jurídico dos gabinetes ministeriais --, consideramos que são aplicáveis aos membros dos gabinetes de apoio nas matérias em causa as normas do Dec.-Lei n.º 11/2012, devendo, nesta estrita medida, ser tido como derrogado o n.º 5 do art. 22.º do Dec.-Lei n.º 11/2012. Ainda no sentido da opinião agora exposta vai a circunstância de não se encontrar razão de ser substantiva para o entendimento contrario, em face, designadamente do paralelismo entre uns e outros membros de gabinetes no que ao risco de surgimento de conflito de interesses diz respeito. Ainda no mesmo sentido, afigura-se-nos que diploma de 2012 está, designadamente pelo significativamente maior número de previsões de conflito de interesses que consagra, mais próximo de conseguir as garantias de imparcialidade, do que aquele de Face ao atrás exposto e considerando que nas conclusões da reunião de coordenação jurídica DGAL/CCDR, realizada na Direção Geral das Autarquias Locais, no dia 11 de novembro de 2013, homologadas por despacho do Senhor Secretário de Estado da Administração Local em 11 de março do corrente ano, se faz remissão para o disposto no Decreto-Lei n.º 11/2012, de 20 de janeiro, teremos de concluir, relativamente às questões aqui colocadas, o seguinte: A matéria concernente ao pagamento de despesas de representação e à atribuição de subsídios de férias e de Natal foi analisada na referida reunião, tendo sido homologado o seguinte entendimento: Os membros dos gabinetes de apoio pessoal têm direito a despesas de representação? Solução interpretativa: Os membros dos gabinetes de apoio pessoal não têm direito a despesas de representação. Fundamentação: O artigo 43.º do anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, que estabelece o estatuto dos membros do gabinete de apoio pessoal, não prevê o direito a despesas de representação. O anterior regime jurídico (artigo 74.º da Lei n.º 169/99, de 18 de setembro) também não previa o pagamento de despesas de representação (v. n.º 5 do artigo 74.º da Lei n.º 169/99). Note-se ainda que a remissão do n.º 5 do artigo 43.º do anexo I da Lei n.º 75/2013 para o diploma que estabelece o regime jurídico a que estão sujeitos os gabinetes dos membros do Governo (Decreto-Lei n.º 11/2012, de 20 de janeiro) não abrange a matéria da remuneração (artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 11/2012). - Os membros dos gabinetes de apoio pessoal ( ) têm direito a subsídios de férias e de Natal? Solução interpretativa: Os membros dos gabinetes de apoio pessoal ( ) têm direito a subsídios de férias e de Natal. 3
4 Fundamentação: Membros dos gabinetes de apoio pessoal: os n.º 1 a 3 do artigo 43.º do anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, determinam que a remuneração dos gabinetes de apoio pessoal é igual a uma determinada percentagem da «remuneração base do vereador a tempo inteiro, em regime de exclusividade, da câmara municipal correspondente». Ora, a remuneração base destes vereadores é constituída por uma remuneração mensal, bem como por dois subsídios extraordinários de montante igual à remuneração mensal (V. artigo 6.º do Estatuto dos Eleitos Locais), os quais têm uma natureza idêntica à dos subsídios de férias e de natal (V. Acórdão do STA de 02/03/2004 Processo 01932/03, quanto ao subsídio extraordinário de novembro), pelo que os membros dos gabinetes de apoio pessoal têm direito a uma remuneração paga em 14 mensalidades, correspondendo uma delas ao subsídio de férias e outra ao subsídio de Natal, nos mesmos termos que os trabalhadores em funções públicas (v. n.º 3 do artigo 70.º da Lei n.º 12-A/2008, de 27 de fevereiro).( ) O subsídio de refeição está definido como um abono diário que tem a natureza de benefício social a conceder pela entidade empregadora como comparticipação nas despesas resultantes de uma refeição tomada fora da residência habitual, nos dias de prestação efetiva de trabalho. Nesta conformidade, tendo presente o n.º 5 do artigo 43.º do anexo I da Lei n.º 75/2013 a que atrás aludimos, e verificando-se que o art.º 10.º do Decreto-Lei n.º 11/2012 determina que os membros dos gabinetes não podem ser prejudicados, por causa do exercício transitório das suas funções nos seus direitos, regalias e subsídios e outros benefícios sociais de que gozem na sua posição profissional de origem, conclui-se que os membros dos GAP têm direito a receber o subsídio de refeição, desde que, no lugar de origem, beneficiem desse mesmo direito. As ajudas de custo são importâncias atribuídas aos trabalhadores, pela entidade empregadora, para despesas de deslocação ao serviço da mesma, quando deslocados do seu domicílio necessário. As ajudas de custo aplicam-se a estadias completas, ou apenas parcelarmente, - refeições e ou dormidas, - sendo importâncias que se destinam a compensar gastos acrescidos pela deslocação em causa. Conforme se concluiu no acórdão do TCAN n.º 00079/04, de as ajudas de custo ( ) visam compensar o trabalhador por despesas efetuadas ao serviço e em favor da entidade patronal e que, por razões de conveniência, foram suportadas por aquele; as ajudas de custo em sentido próprio (enquanto compensação/reembolso das citadas despesas) não integram o conceito de retribuição. Para o integrarem têm de estar previstas no contrato ou ser estabelecidas pelos usos como elemento da retribuição, e mesmo neste caso, só quando excederem as despesas normais, tal como expressamente refere o art. 87º da LCT. E, acrescenta-se como refere Bernardo da Gama Lobo Xavier, in Curso de Direito do Trabalho, pág. 389, as importâncias recebidas a título de ajudas de custo representam uma compensação ou reembolso pelas despesas que o trabalhador foi obrigado pelo facto de deslocações ao serviço da empresa, não havendo na sua perceção qualquer correspetividade relativa ao trabalho. 4
5 Resulta do atrás exposto que as ajudas de custo visam ressarcir o trabalhador do encargo efetuado em razão da prestação de trabalho. Nesta conformidade, parece-nos que estas devem ser pagas nas deslocações inerentes ao exercício da função de membro do GAP, - desde que estejam preenchidos os pressupostos exigidos na lei aplicável aos trabalhadores da administração pública, interpretação que não nos parece conflituante com o disposto no artigo 43.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, tendo em atenção a natureza compensatória que caracteriza estes abonos. Em conclusão: Os membros dos gabinetes de apoio pessoal não têm direito a despesas de representação; Os membros dos gabinetes de apoio pessoal têm direito a subsídio de férias e de Natal; Os membros dos gabinetes de apoio pessoal têm direito a subsídio de refeição se na posição profissional de origem, beneficiam desse mesmo direito; Os membros dos gabinetes de apoio pessoal têm direito a ajudas de custo quando efetuam deslocações. Fundamentação Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro Decreto-Lei nº 11/2012, de 20 de janeiro. 5
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