INSTITUTO NACIONAL DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA INDUSTRIAL GUIA TÉCNICO SECTOR DO MATERIAL ELÉCTRICO E ELECTRÓNICO



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Transcrição:

INSTITUTO NACIONAL DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA INDUSTRIAL GUIA TÉCNICO SECTOR DO MATERIAL ELÉCTRICO E ELECTRÓNICO Lisboa Setembro 2001 i

GUIA TÉCNICO SECTORIAL SECTOR DO MATERIAL ELÉCTRICO E ELECTRÓNICO Elaborado no âmbito do PLANO NACIONAL DE PREVENÇÃO DOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS (PNAPRI) Sob a Coordenação de José Miguel Figueiredo (INETI) Equipa de Trabalho do Sector do Material Eléctrico e Electrónico Lucinda Gonçalves Fátima Pedrosa Paula Oliveira Francisco Delmas Cristina Diniz (INETI) Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial INETI Departamento de Materiais e Tecnologias de Produção - DMTP Estrada do Paço do Lumiar, 1649-038 Lisboa Tel. 21 716 51 41 Fax. 21 716 65 68 Setembro 2001 i

ÍNDICE GERAL ÍNDICE GERAL ÍNDICE DE QUADROS ÍNDICE DE FIGURAS AGRADECIMENTOS ii v vi ix 1 INTRODUÇÃO, ÂMBITO E OBJECTIVOS 1 2 CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR 4 2.1 Distribuição Geográfica e Estrutura de Emprego 4 2.2 Caracterização dos Processos de Fabrico 12 2.2.1 Produção de Cabos 30 2.2.1.1 Produção de Cabos de Energia 31 2.2.1.2 Produção de Cabos Telefónicos em Cobre 32 2.2.1.3 Produção de Cabos Telefónicos em Fibra Óptica 33 2.2.2 Produção de Cablagens Eléctricas 35 2.2.3 Produção de Auto-rádios 37 2.2.4 Produção de Aparelhagem e Equipamento para Instalações Eléctricas 40 2.2.4.1 Secção de Metais 40 2.2.4.2 Secção de Plásticos 40 2.2.4.3 Secção de Cerâmicos 41 2.2.4.4 Montagem 41 2.2.5 Produção de Material de Iluminação 43 2.2.5.1 Secção de Metais 43 2.2.5.2 Secção de Plásticos 43 2.2.5.3 Montagem 44 2.2.6 Produção de Componentes Electrónicos - Condensadores 46 2.2.6.1 Condensadores de Tântalo 46 2.2.6.2 Condensadores de Mica 47 2.2.6.3 Condensadores de Filme 47 ii

2.2.7 Produção de Equipamentos e Sistemas de Telecomunicações e Electrónica 51 2.2.8 Produção de Baterias 52 2.2.9 Produção de Sistemas de Medição 56 2.2.10 Produção de Placas de Circuitos Impressos 58 2.2.10.1 Produção de Placas de Circuitos Impressos Flexíveis 59 2.2.10.2 Produção de Placas de Circuitos Impressos Rígidas de Multicamadas 59 I Desenho do Circuito / Aquisição de Dados 60 II Transferência de Imagem para a Camada Interna 60 III Laminagem 63 IV Furação 63 V Limpeza dos Furos 64 VI Metalização 65 VII Transferência de Imagem para a Camada Externa 66 VIII Tratamentos de superfície 66 2.2.10.3 Produção de Placas Rígidas de duas Camadas 68 2.2.10.4 Produção de Placas Rígidas de uma Camada 68 3 RESÍDUOS INDUSTRIAIS 69 3.1 Caracterização e Quantificação dos Resíduos Industriais 71 4 4.1 4.1.1 4.1.2 4.1.3 4.1.4 POTENCIAL DE PREVENÇÃO NO SECTOR DO MATERIAL ELÉCTRICO E ELECTRÓNICO Substituição de Tecnologias e de Matérias Primas por Outras de Menor Impacte Ambiental Substituição da Decapagem em Meio Aquoso por Decapagem a Seco com Granalha Substituição de Desengorduramentos com Solventes por Desengorduramentos Químicos em Fase Aquosa Substituição de Solventes de Elevada Perigosidade por Solventes de Menor Perigosidade Substituição de Colas e Vernizes de Base Solvente por Colas e Vernizes de Base Aquosa 81 81 81 82 82 82 4.1.5 Substituição de Tintas de Base Solvente por Tintas de Base Aquosa 82 4.1.6 Substituição do Cr(VI) por Cr(III) em Cromagem 82 4.1.7 Substituição de Banhos Cianetados por Banhos sem Cianetos 83 iii

4.2 Destilação de Solventes 84 4.3 Prolongamento da Vida dos Fluidos 84 4.4 Prolongamento da Vida dos Banhos 89 4.5 Minimização dos Arrastos 90 4.6 Optimização das Técnicas de Lavagem 91 4.7 Devolução do Electrólito Arrastado ao Banho 94 4.8 Tecnologias que Permitem a Concentração e a Recuperação de Substâncias Valorizáveis 96 4.9 Medidas e Tecnologias de Prevenção Aplicáveis ao Processo de Fabrico de Baterias Chumbo-ácido 4.10 Medidas e Tecnologias de Prevenção Aplicáveis ao Processo de Fabrico de Placas de Circuitos Impressos 104 106 4.10.1 Processos de Prevenção Alternativos aos Convencionais 106 4.10.2 Processos de Manutenção de Banhos e Tecnologias para a sua Recuperação 112 4.10.3 Tecnologias para a Recuperação dos Componentes dos Banhos 121 5 EXEMPLOS DE MEDIDAS E TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO APLICADAS AO SECTOR, SEUS BENEFÍCIOS AMBIENTAIS E VIABILIDADE ECONÓMICA 129 BIBLIOGRAFIA 153 SITES DA INTERNET RELACIONADOS COM O SECTOR 155 LISTA GERAL DE ENTIDADES, INSTITUIÇÕES E ASSOCIAÇÕES NACIONAIS E SECTORIAIS 156 iv

ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1 Quadro 2 Quadro 3 Quadro 4 Quadro 5 Quadro 6 Quadro 7 Quadro 8 Distribuição por CAE das várias actividades produtivas inseridas no sector do Material Eléctrico e Electrónico. Correlação dos resíduos produzidos com as operações que os geram. Quantificação e hierarquização por CER dos resíduos gerados anualmente pelo sector do Material Eléctrico e Electrónico. Comparação das características técnicas associadas às tecnologias de tratamento de emulsões. Gamas de valores de qualidade de lavagem adequadas a diversos banhos. Concentrações nas águas de lavagem dos principais constituintes dos banhos precedentes, em função da qualidade de lavagem (Rd) requerida. Comparação entre as diferentes medidas de devolução directa e indirecta, do electrólito arrastado ao banho. Estimativa do investimento em função da capacidade para algumas tecnologias aplicáveis a um desengorduramento. 12 72 77 88 91 92 95 97 v

ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Distribuição percentual das empresas por subsector. 5 Figura 2 - Distribuição percentual dos trabalhadores por subsector. 5 Figura 3 - Distribuição percentual das empresas do sector do Material Eléctrico e Electrónico por região. 6 Figura 4 - Distribuição geográfica dos trabalhadores do sector do Material Eléctrico e Electrónico por região. 7 Figura 5 - Distribuição geográfica das empresas por subsector. 8 Figura 6 - Distribuição geográfica dos trabalhadores por subsector. 8 Figura 7 - Figura 8 - Figura 9 - Distribuição percentual das empresas por escalão de pessoal ao serviço. Distribuição percentual dos trabalhadores por escalão de pessoal ao serviço. Distribuição percentual das empresas por escalão de pessoal ao serviço para os vários subsectores. 9 9 10 Figura 10 - Distribuição percentual dos trabalhadores por escalão de pessoal ao serviço para os vários subsectores. Figura 11 - Distribuição percentual do volume de negócios por subsector em 1997. Figura 12 - Diagrama de caracterização das entradas e saídas dos processos de corte. Figura 13 - Diagrama de caracterização das entradas e saídas dos processos de dobragem e quinagem. Figura 14 - Diagrama de caracterização das entradas e saídas do processo de extrusão com anodização. Figura 15 - Diagrama de caracterização das entradas e saídas do processo de laminagem. Figura 16 - Diagrama de caracterização das entradas e saídas do processo de trefilagem. Figura 17 - Diagrama de caracterização das entradas e saídas dos processos de fresagem, furação e torneamento. Figura 18 Diagrama representativo da operação de lixagem com identificação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 19 Esquema representativo duma operação de polimento com cones abrasivos com identificação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 20 Esquema representativo duma operação de desengorduramento electrolítico com identificação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 21 Esquema representativo duma operação de decapagem química com identificação das principais entradas e saídas de materiais. 10 11 15 16 17 17 18 19 20 21 21 22 vi

Figura 22 Esquema representativo duma protecção temporária com filme plástico autoadesivo com identificação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 23 Diagrama representativo dum processo de niquelagem por via electroless com identificação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 24 Diagrama representativo duma linha de níquel/crómio, dum processo electrolítico de revestimento com identificação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 25 Diagrama representativo dum processo de zincagem via electrolítica, focando dois tipos distintos: zincagem ácida e zincagem alcalina nãocianurada com identificação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 26 Diagrama representativo duma operação de esmaltagem a pó com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 27 Diagrama representativo duma operação de pintura com tinta líquida por pulverização, com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 28 Diagrama representativo duma operação de pintura com tinta líquida por imersão, com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 29 Diagrama representativo dum processo de lacagem de alumínio, incluindo a operação de cromatação, com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 30 Diagrama representativo dum processo de anodização, com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 31 - Diagrama esquemático do fabrico de condutores eléctricos isolados, com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 32 - Diagrama esquemático do fabrico de cablagens eléctricas, com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 33 - Diagrama esquemático do fabrico de auto-rádios, com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 34 - Diagrama esquemático do fabrico de quadros eléctricos, com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 35 - Diagrama esquemático do fabrico de luminárias, com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 36 - Diagrama esquemático do fabrico de condensadores de tântalo, com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 37 - Diagrama esquemático do fabrico de baterias, com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 38 - Diagrama esquemático do fabrico de contadores de electricidade, com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Figura 39 - Sequência típica da fabricação de placas de circuitos impressos rígidas de multicamadas. 23 24 25 26 27 27 28 28 29 34 36 39 42 45 50 55 57 59 Figura 40 - Diagrama representativo do fabrico de placas de circuitos impressos. 67 vii

Figura 41 - Sequência típica da fabricação de placas de circuitos impressos rígidas de duas camadas. Figura 42 - Sequência típica da fabricação de placas de circuitos impressos rígidas de uma camada. Figura 43 - Diagrama representativo de um sistema de recuperação com retorno ao processo. Figura 44 - Diagrama representativo de um sistema de recuperação sem retorno ao processo. Figura 45 - Diagrama representativo de um sistema de regeneração do decapante amoniacal. Figura 46 - Diagrama representativo de um sistema de reutilização em contínuo do micro-decapante. 68 68 94 95 114 117 Figura 47 Diagrama representativo do processo de sorção ácida. 120 Figura 48 - Diagrama representativo de um sistema de troca iónica para a recuperação de metais. Figura 49 - Diagrama representativo de um sistema de troca-iónica - Recuperação de metal/ Desionização de água. Figura 50 - Diagrama representativo de uma electrólise aplicada num tanque de drag-out. 123 124 126 viii

AGRADECIMENTOS Agradece-se a todas as pessoas, instituições e empresas que de alguma forma prestaram a sua colaboração para a elaboração deste Guia Técnico, nomeadamente às empresas fornecedoras de tecnologias, equipamento, reagentes e serviços contactadas. Particularmente, agradece-se às Associações: ANIMEE - Associação Nacional dos Industriais de Material Eléctrico e Electrónico e APETCE - Associação para Estudo e Desenvolvimento Tecnológico de Cabos Eléctricos, por toda a informação e apoio prestados. Finalmente agradece-se a todas as empresas visitadas, pela disponibilidade, atendimento e dados fornecidos. ix

1 INTRODUÇÃO, ÂMBITO E OBJECTIVOS O crescimento quase exponencial que se tem verificado no tecido industrial nas últimas décadas em todo o mundo, com o consequente aumento da poluição gerada, em particular no que concerne à quantidade e perigosidade dos resíduos produzidos, torna cada vez mais urgente a necessidade de implementação de acções, não só curativas mas essencialmente preventivas, como medida base da promoção do desenvolvimento sustentável na sociedade moderna. Nesse sentido, em 1997, o Conselho de Ministros aprovou a Resolução nº 98/97, onde se afirma que a eficiente gestão dos resíduos industriais terá necessariamente de passar pela sua separação dos restantes tipos de resíduos, nomeadamente os equiparados a urbanos, bem como pela sua tipificação e classificação em banais e perigosos, com um tratamento diferenciado e específico para cada um deles. Na sequência desta Resolução foi aprovado, em 1999 o Plano Estratégico de Gestão de Resíduos Industriais (PESGRI), através do Decreto-Lei nº 516/99 de 2 de Dezembro, que define as directrizes gerais a tomar no âmbito dos resíduos industriais produzidos no nosso país. Para a implementação do PESGRI, surge a necessidade da adopção de medidas preventivas, sobrelevando-as às curativas, como forma de redução dos resíduos industriais gerados em Portugal. Estas medidas, para além dos benefícios ambientais inerentes, têm na maior parte dos casos uma correspondência ao nível dos benefícios técnico-económicos para a empresa, porque à maior eficiência de utilização dos fluxos corresponde uma maior incorporação das matériasprimas e subsidiárias nos produtos finais, logo um menor consumo destas e uma menor geração de resíduos. Neste contexto surge o Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais PNAPRI, essencialmente como ferramenta técnica orientadora das directrizes a tomar no âmbito da prevenção e da sua implementação junto ao tecido industrial nacional. Associado à elaboração do PNAPRI objectivamente um documento direccionado para a gestão global no aspecto preventivo dos resíduos industriais, revela-se também a necessidade da existência de ferramentas mais específicas que detenham o potencial necessário para pôr o Plano em prática. Neste âmbito, são então criados os Guias Técnicos Sectoriais, nos quais se inclui este documento. 1

Assim, o Guia Sectorial do Material Eléctrico e Electrónico, tem como objectivo primordial constituir uma ferramenta técnica que possibilite aos industriais do sector, nomeadamente às indústrias de menor dimensão, com menor capacidade de acesso a informação actualizada, o conhecimento de medidas e tecnologias de prevenção com elevado potencial de aplicação. O Guia pretende, para além duma breve caracterização do sector e dos processos de fabrico envolvidos, proceder à caracterização dos resíduos e das águas residuais produzidas, apresentando uma estimativa credível das quantidades geradas no país. É também seu objectivo, reforçar a consciencialização dos industriais para as questões da prevenção da poluição e da implementação de tecnologias mais limpas como forma de promoção da sua competitividade, demonstrando simultaneamente as vantagens de natureza técnica, ambiental e/ou económica resultantes da aplicação dessas tecnologias ou medidas de prevenção aos processos produtivos. Pretende-se assim, pôr à disposição do sector um guia prático, compreensível e adequado, que resuma as melhores práticas, medidas e tecnologias disponíveis e que sirva de referência para todos os agentes económicos ligados ao Material Eléctrico e Electrónico, constituindo o ponto de partida para a implementação do Plano Nacional de Prevenção de Resíduos Industriais, neste sector específico. Nesse sentido, são nele apontadas as principais medidas e tecnologias de prevenção, sendo efectuada uma breve descrição técnica e a avaliação dos benefícios que cada uma delas induz no processo produtivo, designadamente em termos económicos e de redução de resíduos. As avaliações são feitas para casos-exemplo, devendo ser julgadas a título meramente indicativo, uma vez que cada processo/operação industrial é um caso específico que necessita de avaliação autónoma. A execução deste guia envolveu um vasto trabalho de recolha e tratamento de informação, proveniente de várias fontes, com destaque para os dados e opiniões recolhidos junto das Associações e Empresas do sector, de entidades a ele ligadas, de fontes de informação oficiais, de pesquisas bibliográficas em bases nacionais e internacionais, bem como junto a diversos fornecedores de tecnologias e equipamentos. 2

Importa ainda salientar, ao nível das emissões de poluentes, que foram considerados como objecto das acções aqui propostas, não só os resíduos gerados na actividade industrial, como também as águas residuais descarregadas. Efectivamente, estando este guia inserido no conjunto de documentos de um plano de prevenção de resíduos, poderia admitir-se que a prevenção da poluição aplicada às águas dos processos não fosse aqui incluída. Essa não foi no entanto a interpretação assumida, porque a redução da carga poluente nas águas residuais acaba por ter implicação na quantidade e/ou perigosidade das lamas geradas, devendo pois ser consideradas neste Guia. Quanto às emissões gasosas, estas ultrapassam, efectivamente, o âmbito deste trabalho. 3

2 CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR O sector do Material Eléctrico e Electrónico apresenta uma grande diversidade de produtos, sendo dividido de acordo com a principal actividade das empresas, segundo a Classificação das Actividades Económicas, nos seguintes subsectores: Fabricação de Máquinas de Escritório e de Equipamento para o Tratamento Automático da Informação - CAE 30 Fabricação de Máquinas e Aparelhos Eléctricos, não especificados - CAE 31 Fabricação de Equipamento e de Aparelhos de Rádio, Televisão e Comunicação - CAE 32 Fabricação de Aparelhos e Instrumentos Médico-cirúrgicos, Ortopédicos, de Precisão, de Óptica e de Relojoaria - CAE 33 Segundo dados do INE referentes a 1997, o sector do Material Eléctrico e Electrónico é constituído por 1936 empresas que empregam 54 705 trabalhadores. Por outro lado, o Ministério do Trabalho e da Solidariedade (MTS), refere para o mesmo ano, a existência de 912 empresas com 47 934 trabalhadores. Uma vez que se considera que os dados apresentados pelo INE não correspondem à realidade nacional, visto poderem incluir muitas empresas que, embora legalmente constituídas, não têm existência física no tecido produtivo, optou-se pelos dados do MTS, que estarão mais próximos da realidade. Cerca de 125 empresas são associadas da ANIMEE - Associação Nacional dos Industriais de Material Eléctrico e Electrónico, existindo também algumas empresas associadas da ANEMM - Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas Metalomecânicas, ou da AIMMAP - Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal. Algumas empresas são ainda filiadas na APETCE - Associação para Estudo e Desenvolvimento Tecnológico de Cabos Eléctricos. 2.1 - Distribuição Geográfica e Estrutura de Emprego Como se ilustra na Figura 1, o subsector da Fabricação de Máquinas e Aparelhos Eléctricos n.e. é maioritário em número de empresas (51,2 %), seguido dos subsectores da Fabricação de Aparelhos e Instrumentos Médico-cirúrgicos, Ortopédicos, de Precisão, de Óptica e de Relojoaria (34,4 %) e da Fabricação de Equipamento e de Aparelhos de Rádio, Televisão e Comunicação (12,7 %). Com menor expressão em termos de número de empresas surge o subsector referente à Fabricação de Máquinas de Escritório e de Equipamento para o Tratamento Automático da Informação (1,6%). 4

CAE 33 34,4 % Subsector CAE 32 CAE 31 12,7 % 51,2 % CAE 30 1,6 % 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 Empresas (%) Figura 1 - Distribuição percentual das empresas por subsector. No que respeita ao número de trabalhadores do sector (Figura 2) verifica-se, de igual modo, que o subsector da Fabricação de Máquinas e Aparelhos Eléctricos n.e. é o que emprega maior número de trabalhadores, cerca de 62.7 % do total,seguido do subsector da Fabricação de Equipamento e de Aparelhos de Rádio, Televisão e Comunicação (27%). Verifica-se que o subsector referente à Fabricação de Aparelhos e Instrumentos Médico-cirúrgicos, Ortopédicos, de Precisão, de Óptica e de Relojoaria só emprega cerca de 10 % dos trabalhadores totais do sector, apesar de ser o segundo subsector em número de empresas, sendo uma justificação provável o facto de este ser um subsector em que as empresas são maioritariamente de pequena dimensão. CAE 33 10,1 % Subsector CAE 32 CAE 31 27,0 % 62,7 % CAE 30 0,2 % 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 Trabalhadores (%) Figura 2 - Distribuição percentual dos trabalhadores por subsector. 5

As 912 empresas do sector do Material Eléctrico e Electrónico, encontram-se distribuídas geograficamente conforme se ilustra na Figura 3 (Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade, 1997). Região Madeira Açores Algarve Alentejo Lisboa e Vale do Tejo 1,2 % 0,7 % 1,4 % 1,5 % 42,0 % Centro 16,3 % Norte 36,8 % 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 Empresas (%) Figura 3 - Distribuição percentual das empresas do sector do Material Eléctrico e Electrónico por região. Deste modo, verifica-se que a região de Lisboa e Vale do Tejo é a que apresenta maior incidência de empresas do sector, com 42 % do total de empresas existentes, logo seguida da região Norte, com cerca de 37 % das empresas. Segue-se a região Centro com cerca de 16 % das empresas, sendo que as regiões da Madeira, dos Açores, do Alentejo e do Algarve, em conjunto, representam menos de 5 % do total de empresas existentes. De acordo com a Figura 4, a distribuição geográfica do número de trabalhadores tem os valores mais elevados na região de Lisboa e Vale do Tejo e na região Norte, seguindo de muito perto a distribuição regional das empresas. 6

Madeira 0,1 % Açores 0,04 % Algarve 0,1 % Região Alentejo Lisboa e Vale do Tejo 0,4 % 42,7 % Centro 21,8 % Norte 34,8 % 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 Trabalhadores (%) Figura 4 - Distribuição geográfica dos trabalhadores do sector do Material Eléctrico e Electrónico por região. Após a análise da Figura 5, conclui-se que todos os subsectores se situam predominantemente nas regiões do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo, seguindo-se a região do Centro. Em particular, as empresas dos subsectores da Fabricação de Máquinas de Escritório e de Equipamento para o Tratamento Automático da Informação e da Fabricação de Máquinas e Aparelhos Eléctricos n.e. têm maior incidência na zona do Norte do que na região de Lisboa e Vale do Tejo, verificando-se precisamente o oposto em relação às empresas do subsector da Fabricação de Equipamento e de Aparelhos de Rádio, Televisão e Comunicação e da Fabricação de Aparelhos e Instrumentos Médico-cirúrgicos, Ortopédicos, de Precisão, de Óptica e de Relojoaria. É de salientar que segundo a Figura 6, o subsector da Fabricação de Máquinas e Aparelhos Eléctricos, não especificados apresenta uma % de trabalhadores, na região Centro, semelhante à das duas regiões anteriormente referidas, apesar da % de empresas ser bastante inferior, o que significa que as empresas deste subsector, na região Centro, são em média de maior dimensão do que as que se situam nas regiões Norte e Lisboa e Vale do Tejo. 7

Empresas (%) 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 Máq. escritório e equip. para o tratamento autom. da informação Máq. e aparelhos eléctricos, n.e. Equip. e aparelhos de rádio, televisão e comunicação Aparelhos e instrum. médicocirúrgicos, ortopédicos, de precisão, de óptica e de relogoaria 0,0 Norte Centro Lisboa e Vale do Tejo Alentejo Algarve Açores Madeira Região Figura 5 - Distribuição geográfica das empresas por subsector. Trabalhadores (%) 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Norte Centro Lisboa e Vale do Tejo Alentejo Algarve Açores Madeira Região Máq. escritório e equip. Para o tratamento autom. da informação Máq. e aparelhos eléctricos, n.e. Equip. e aparelhos de rádio, televisão e comunicação Aparelhos e instrum. médicocirúrgicos, ortopédicos, de precisão, de óptica e de relogoaria Figura 6 - Distribuição geográfica dos trabalhadores por subsector. O sector do Material Eléctrico e Electrónico é constituído predominantemente por empresas de pequena dimensão, uma vez que cerca de 66 % das empresas do sector empregam menos de 10 trabalhadores e menos de 5 % têm um número de trabalhadores superior a 200 (Figura 7). No entanto, verifica-se que as poucas empresas que se encontram no escalão de mais de mil trabalhadores empregam cerca de 52 % do total de trabalhadores, o que significa que são empresas de grande dimensão (Figura 8). 8

Escalão de Trabalhadores >1000 500-999 200-499 100-199 50-99 20-49 10-19 1-9 1,4 % 0,9 % 2,1 % 2,6 % 3,6 % 10,0 % 13,3 % 66,1 % 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 Empresas (%) Figura 7- Distribuição percentual das empresas por escalão de pessoal ao serviço. Escalão de Trabalhadores 500-1000 100-199 20-49 1-9 10,3 % 10,7 % 6,7 % 4,9 % 5,6 % 3,5 % 5,1% 53,2 % 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 Trabalhadores (%) Figura 8 - Distribuição percentual dos trabalhadores por escalão de pessoal ao serviço. 9

Empresas (%) 100,0 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 1-9 10-19 20-49 50-99 100-199 200-499 500-999 >1000 Escalão de Trabalhadores Máq. escritório e equip. para o tratamento autom. da informação Máq. e aparelhos eléctricos, n.e. Equip. e aparelhos de rádio, televisão e comunicação Aparelhos e instrum. médicocirúrgicos, ortopédicos, de precisão, de óptica e de relogoaria Figura 9 - Distribuição percentual das empresas por escalão de pessoal ao serviço para os vários subsectores. Trabalhadores (%) 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 Máq. escritório e equip. para o tratamento autom. da informação Máq. e aparelhos eléctricos, n.e. Equip. e aparelhos de rádio, televisão e comunicação Aparelhos e instrum. médicocirúrgicos, ortopédicos, de precisão, de óptica e de relogoaria 0,0 1-9 10-19 20-49 50-99 100-199 200-499 500-999 >1000 Escalão de Trabalhadores Figura 10 - Distribuição percentual dos trabalhadores por escalão de pessoal ao serviço para os vários subsectores. 10

A análise da Figura 9 permite concluir que o subsector da Fabricação de Máquinas de Escritório e de Equipamento para o Tratamento Automático da Informação é predominantemente constituído por empresas de pequena dimensão, cerca de 85% empregam menos de 10 trabalhadores e nenhuma tem mais de 50 trabalhadores. Relativamente aos subsectores da Fabricação de Máquinas e Aparelhos Eléctricos e da Fabricação de Equipamento e de Aparelhos de Rádio, Televisão e Comunicação, cerca de 60% e 40 % das empresas, respectivamente, têm menos de 10 trabalhadores, mas mais de 50 % dos trabalhadores ocupam o escalão de mais de mil trabalhadores. Quanto às empresas referentes à Fabricação de Aparelhos e Instrumentos Médico-cirúrgicos, Ortopédicos, de Precisão, de Óptica e de Relojoaria, cerca de 80 % são de pequena dimensão, com menos de 10 trabalhadores, embora 50 % dos trabalhadores se encontrem no escalão de pessoal ao serviço 200-1000 (Figura 10). No que respeita ao volume de negócios e de acordo com os dados do INE relativos a 1997, verifica-se, por observação da Figura 11, que o subsector da Fabricação de Equipamento e de Aparelhos de Rádio, Televisão e Comunicação, bem como o subsector da Fabricação de Máquinas e Aparelhos Eléctricos n.e. contribuiram, em 1997, com 391 milhões de contos e 354 milhões de contos, respectivamente, correspondendo a 48% e a 44% do volume de negócios do sector. É de salientar que, enquanto o primeiro subsector engloba cerca de 51% do total de empresas do sector, o último subsector corresponde a menos de 13%. Os restantes subsectores contribuiram, em conjunto, com menos de 9% para a totalidade do volume de negócios do sector, o qual totaliza 811,815 milhões de contos. 7% 1% Máq. escritório e equip. para o tratamento automático da informação Máq. e aparelhos eléctricos, n.e. 44% Equip. e aparelhos de rádio, televisão e comunicação 48% Aparelhos e instrum. médicoiú i de precisão, de óptica e ortopédicos, drelogoaria Figura 11 - Distribuição percentual do volume de negócios por subsector em 1997. 11

2.2 Caracterização dos Processos de Fabrico No Quadro1 identificam-se, para cada um dos 4 subsectores referenciados, os vários tipos de actividades produtivas, de acordo com a Classificação das Actividades Económicas (CAE). Quadro 1- Distribuição por CAE das várias actividades produtivas inseridas no sector do Material Eléctrico e Electrónico. ACTIVIDADE PRODUTIVA Fabricação de máquinas de escritório e de equipamento para o tratamento automático da informação CAE 30 Fabricação de máquinas de escritório 30010 Fabricação de computadores e de outro equipamento informático 30020 Fabricação de máquinas e aparelhos eléctricos, n.e. 31 Fabricação de motores geradores e transformadores eléctricos Fabricação de material de distribuição e de controlo para instalações eléctricas Fabricação de aparelhagem e equipamento para instalações eléctricas de alta tensão Fabricação de aparelhagem e equipamento para instalações eléctricas de baixa tensão 31100 3120 31201 31202 Fabricação de fios e cabos isolados 31300 Fabricação de acumuladores e de pilhas eléctricas 31400 Fabricação de lâmpadas eléctricas e de outro material de iluminação Fabricação de equipamento eléctrico para motores e veículos 31500 31610 Fabricação de outro equipamento eléctrico, n.e. 31620 Fabricação de equipamento e de aparelhos de rádio, televisão e comunicação Fabricação de componentes electrónicos 32100 Fabricação de aparelhos emissores de rádio e de televisão e aparelhos de telefonia e telegrafia por fios Fabricação de aparelhos receptores e material de rádio e de televisão, aparelhos de gravação ou de reprodução de som e imagens e de material associado 32 32200 32300 12

Quadro 1- Distribuição por CAE das várias actividades produtivas inseridas no sector do Material Eléctrico e Electrónico (cont.). ACTIVIDADE PRODUTIVA CAE Fabricação de aparelhos e instrumentos médicocirúrgicos, ortopédicos, de precisão, de óptica e de 33 relojoaria Fabricação de equipamento e aparelhos médicocirúrgicos e de 33101 electromedicina Fabricação de material ortopédico e próteses 33102 Fabricação de contadores de electricidade, gás, água e de outros líquidos Fabricação de instrumentos de desenho, de cálculo e material didáctico Fabricação de instrumentos e aparelhos de medida, verificação, controlo, navegação e outros fins, n.e. Fabricação de equipamento de controlo de processos industriais 33201 33202 33203 33300 Fabricação de material óptico oftálmico 33401 Fabricação de material óptico não oftálmico 33402 Fabricação de material fotográfico e cinematográfico 33403 Fabricação de relógios e material de relojoaria 33500 Nos diferentes subsectores, os processos de fabrico podem divergir significativamente, dependendo do tipo de produtos fabricados. No entanto, existem operações que são comuns a muitos desses subsectores e que se descrevem em seguida. Fundição Corte Corte mecânico Corte de chapa Maquinagem Sem arranque de apara Dobragem Cunhagem Estampagem Extrusão Laminagem Trefilagem Prensagem Quinagem Com arranque de apara Fresagem Furação Torneamento 13

Soldadura Revestimentos Por via electroless (Niquelagem, Cobreagem, Platinagem, Douragem, Prateagem) Por via electrolítica (Esmaltagem, Cromagem, Niquelagem, Zincagem, Cadmiagem, Estanhagem, Latonagem, entre outros) Por projecção de materiais sólidos (Metalização, Esmaltagem, Pintura electrostática a pó, entre outros) Por projecção de tintas líquidas ou esmaltes (Pintura, Esmaltagem) Por imersão em tintas líquidas ou esmaltes (Pintura, Esmaltagem) Conversões Por via química (Fosfatação, Cromatação, Passivação Crómica, Coloração) Por via electrolítica (Anodização, Oxidação Anódica) Por imersão (Galvanização, Estanhagem, com Chumbo, com Alumínio) Moldação de Plásticos Formulação Extrusão Injecção Compressão Fundição A fabricação de uma peça pelo processo de fundição consiste, essencialmente, no enchimento de um molde com metal fundido, ao qual se segue a solidificação e a extracção da peça do molde. O arrefecimento da peça (após ser retirada do molde) pode ser feito tanto ao ar como em banho de óleo e os gitos (metal que solidifica nos canais de alimentação e no canal que permite a saída do ar) são separados da peça por corte. Frequentemente, os canais são desenhados de forma a que a separação se possa fazer através de uma pancada. Posteriormente, a peça é submetida às diferentes operações de limpeza e de maquinagem e/ou acabamento consoante a finalidade. 14

Corte Existem dois grandes grupos de tipos de corte: - Corte mecânico - Pode ser executado para acerto de comprimentos com disco de serra ou com guilhotina, não necessitando, neste último caso, de fluido de corte. - Corte de chapa - Quando o contorno é recto e a forma convexa, o corte de chapa pode também ser feito com guilhotina. Com contornos mais complicados, requer-se outro tipo de tecnologias como o oxicorte, corte por plasma, por laser e por jacto de água com abrasivo. Todas estas tecnologias podem envolver a utilização de comando numérico, o que permite optimizar a utilização da chapa e eliminar os erros de traçagem. Por serem muito semelhantes, os respectivos diagramas são representados na Figura 12. Metal Emulsão (só no caso do corte com disco de serra) Água Agentes desengordurantes Aditivos Corte Desengorduramento (quando aplicável) Produto final Aparas e limalhas Emulsão degradada Banho desengordurante contaminado Figura 12- Diagrama de caracterização das entradas e saídas dos processos de corte. Cunhagem Processo que consiste em cortar a matéria prima por acção de um cunho cortante de geometria definida, que por acção mecânica externa é projectado com força sobre a superfície a cortar. Estampagem Processo em que a chapa é deformada plasticamente por prensagem utilizando ferramentas com a geometria adequada ao fim. Esta operação pode ser realizada tanto a frio como a quente, dependendo do tipo de material e do grau de deformação pretendido. 15

O diagrama de blocos destas operações é semelhante ao anterior, não sendo por isso representado isoladamente. Em alguns casos, a chapa é engordurada previamente. Dobragem Este processo permite, por aplicação de uma força exterior, dobrar perfis e chapas de metal, obtendo-se a peça com a curvatura desejada. Quinagem A quinagem é um processo que permite formar quinas vivas ou dobrar uma peça de modo a que esta fique com um raio de curvatura muito pequeno. É sobretudo usada em chapa. Os processos acima descritos têm uma sequência de operações muito semelhante, pelo que são apresentados esquematicamente através do mesmo diagrama de blocos na Figura 13. Metal Óleo de máquina Lubrificante Água Agentes desengordurantes Aditivos Dobragem Quinagem Desengorduramento (quando aplicável) Produto final Óleo de máq. degradado Lubrificante degradado Banho desengordurante contaminado Figura 13 - Diagrama de caracterização das entradas e saídas dos processos de dobragem e quinagem. Extrusão O processo de extrusão consiste em forçar a passagem de um bloco de metal através do orifício de uma matriz mediante a aplicação de pressões elevadas (mecânicas ou hidráulicas). Geralmente a extrusão é utilizada para a produção de secções de formas complexas, especialmente em materiais de fácil processamento (por exemplo, alumínio). Dependendo do tipo de metal, da taxa de deformação e da secção a ser obtida, o processo de extrusão é realizado a quente ou a frio. 16

Seguidamente é apresentado em esquema um exemplo tipo para a extrusão de alumínio, contemplando-se o caso em que os perfis são posteriormente anodizados. Metal Óleo de máquina Energia Lubrificante Água Agentes desengordurantes Aditivos Energia H 2 SO 4 Água NaOH Aditivos dos banhos Extrusão Desengorduramento Tratamento Térmico Anodização Produto final Óleo de máq. degradado Energia Lubrificante degradado Banho desengordurante contaminado Energia Resíduos ácidos Resíduos Alcalinos Figura 14 Diagrama de caracterização das entradas e saídas do processo de extrusão com anodização. Laminagem A laminagem consiste na passagem de uma peça entre dois cilindros que rodam em sentidos opostos, de forma a reduzir a área da sua secção transversal. A laminagem é normalmente executada a quente, excepto na fabricação de chapas, em que existe, em regra, uma etapa de laminagem a frio. Metal Óleo de máquina Energia Lubrificante Água Aditivos Agentes desengordurantes Laminagem Desengorduramento (quando aplicável) Produto final Óleo de máq. degradado Energia Banho desengordurante contaminado Figura 15 Diagrama de caracterização das entradas e saídas do processo de laminagem. 17

Prensagem Este processo permite através de uma força de compressão, compactar a matéria prima dentro de uma matriz. É utilizado também para embutir duas peças de diâmetros muito semelhantes permitindo um ajuste total e irreversível. Trefilagem Este processo consiste em forçar a passagem de um varão de liga metálica ferrosa ou não ferrosa, através de uma fieira, mediante a aplicação de uma força de tracção à saída desta fieira. O material deforma-se plasticamente à medida que atravessa a fieira e desta maneira reduz o seu diâmetro ao valor pretendido. Como resultado, obtém-se um produto de secção menor e de comprimento maior. Poderá haver lugar a um tratamento de superfície do fio (ex.: zincagem, cobreagem, envernizamento, etc.), de acordo com a utilização do produto. Metal Óleo de máquina Lubrificante Água Aditivos Agentes desengordurantes Trefilagem Desengorduramento Tratamentos de superfície (eventual) Produto final Óxidos metálicos Óleo de máq. degradado Lubrificante degradado Banho desengordurante contaminado Figura 16 Diagrama de caracterização das entradas e saídas do processo de trefilagem. Furação Processo que permite a realização de furos em peças através da acção mecânica de brocas em rotação. Fresagem A fresagem permite trabalhar uma peça, fazendo furos ou modificando-lhe a forma, através de fresas em rotação. 18

Torneamento Processo em que a peça a trabalhar roda em torno do seu eixo estando a ferramenta cortante fixa e posicionada lateralmente. Estes três processos têm uma sequência de operações idêntica, como tal são identificados no mesmo diagrama de blocos (Figura 17). Metal Óleo de máquina Emulsão Água Aditivos Agentes desengordurantes Discos de polimento Fresagem Furação Torneamento Desengorduramento (quando aplicável) Polimento (quando aplicável) Produto final Limalhas com emulsão Óleo de máq. degradado Emulsão degradada e contaminada Banho desengordurante contaminado Discos de polimento usados Poeiras de metal Figura 17 Diagrama de caracterização das entradas e saídas dos processo de fresagem, furação e torneamento. Soldadura Esta operação destina-se a unir peças, de um modo permanente, através da fusão na zona de contacto do metal das peças ou de um material adicionado (solda). Os diferentes processos de soldadura manual podem distinguir-se de uma maneira muito geral, quer pela fonte de energia utilizada para fundir o metal a soldar e o metal de adição, quer pela técnica como o metal em fusão é protegido da oxidação por acção do ar ambiente. No entanto, pode afirmar-se que todos os processos de soldadura se completam entre si, incluindo os processos de soldadura automática. 19

Preparação de Superfícies É de salientar que os processo relacionados com a preparação e com os tratamentos de superfície se encontram desenvolvidos pormenorizadamente no Guia Técnico Sectorial dos Tratamentos de Superfície. A Preparação das superfícies é obrigatória em todos os casos em que as peças sejam submetidas a qualquer tipo de tratamento posterior. As operações correspondentes (como, por exemplo, o desengorduramento e/ou a decapagem) são praticadas quando se pretende remover camadas de sujidade, matéria orgânica ou óxidos metálicos, de modo a melhorar o contacto entre a superfície da peça e o seu posterior revestimento; ou quando se pretende reduzir a rugosidade da peça a tratar para melhorar, por exemplo, as características dum depósito posterior (como o polimento); ou ainda, quando se pretende proteger a peça entre as etapas de fabrico distintas (anteriores ao tratamento de superfície propriamente dito), o que se faz protegendo-a com um revestimento de um filme adequado, geralmente de plástico (protecção temporária). Na preparação das superfícies são utilizados métodos físicos, químicos e electroquímicos ou mistos para se conseguir atingir as características adequadas ao sucesso dos tratamentos posteriores. Descrevem-se em seguida as principais operações envolvidas na preparação de superfícies. Lixagem É uma operação integrada no início do processo de tratamento, quando da preparação da superfície da peça. Os métodos utilizados são mecânicos, podendo ser efectuados com lixa ou com escovas. A lixagem tem como objectivo desbastar a peça ou conferir-lhe um aspecto ou rugosidade determinada, sendo usualmente seguida duma operação de polimento para afinação. Esta operação decorre segundo o esquema indicado na Figura 18. Lixas ou Escovas Água Peças Lixagem Peças lixadas Lamas de lixagem Lixas ou escovas usadas Figura 18 Esquema representativo da operação de lixagem com identificação das principais entradas e saídas de materiais. 20

Polimento Esta operação, semelhante à lixagem, está também integrada no início do processo de tratamento, podendo ser precedida por esta. Em certos casos pode também constituir uma operação de acabamento. Os métodos utilizados poderão ser mecânicos, químicos, electroquímicos e mistos, destinando-se a desbastar a peça e/ou: (i) diminuir a rugosidade superficial; (ii) melhorar as propriedades para uma função específica; e, (iii) dar brilho, como no caso dos aços inoxidáveis. Na Figura 19 apresenta-se um esquema exemplificativo duma operação de polimento com cones abrasivos. Água Detergentes Peças Cones abrasivos Polimento Peças polidas Água contaminada Lamas de polimento Figura 19 Esquema representativo duma operação de polimento com cones abrasivos com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Desengorduramento Esta operação tem como objectivo retirar toda a gordura ou óleo existente na peça. Pode ser levada a cabo com métodos químicos ou electroquímicos, utilizando solventes orgânicos (clorados ou não), em fase líquida ou em fase vapor, ou soluções aquosas contendo sais alcalinos, produtos molhantes e aditivos. Os sistemas orgânicos podem trabalhar em circuito fechado com recuperação de solvente. Nos sistemas de desengorduramento em fase aquosa, são geradas grandes quantidades de resíduos líquidos carregados de contaminantes minerais e orgânicos susceptíveis de reutilização parcial, após tratamento para separação dos constituintes indesejáveis. O desengorduramento precede obrigatoriamente a decapagem ácida ou alcalina. A título exemplificativo apresenta-se na Figura 20 um diagrama esquemático do desengorduramento electrolítico. Corrente eléctrica Solução aquosa alcalina com molhantes e complexantes Água Peças Desengorduramento Electrolítico Lavagem Peças desengorduradas Solução aquosa com molhantes e complexantes e resíduos de óleos e gorduras Figura 20 Esquema representativo duma operação de desengorduramento electrolítico com indicação das principais entradas e saídas de materiais. 21

Decapagem A decapagem visa eliminar as camadas de óxidos presentes na superfície das peças, de modo a que a posterior deposição de material constitua uma camada perfeitamente aderente e homogénea. Pode efectuar-se por via mecânica (por jacto de areia ou de granalha), por via electroquímica (catódica, anódica e por corrente alterna) e por via química, a mais vulgarizada. A decapagem por acção química é, usualmente, utilizada nos aços e no cobre, sendo efectuada com ácidos sulfúrico, clorídrico ou nítrico. A decapagem do alumínio é realizada em meio alcalino com soda cáustica. A acetinagem ou satinagem é um tipo de decapagem química com soda, aplicada ao alumínio com finalidades estéticas; visando eliminar os defeitos de extrusão ou de laminagem, e/ou conferir à superfície um aspecto mate. As operações de decapagem são responsáveis por grande parte das lamas e resíduos líquidos, ácidos e alcalinos gerados nos processos de tratamentos de superfície. Na Figura 21 apresenta-se um exemplo esquemático da decapagem química. Solução ácida ou alcalina com produtos orgânicos (inibidores de corrosão) Água Peças Decapagem Química Lavagem Peças decapadas Solução ácida ou alcalina com produtos orgânicos e metais dissolvidos Lamas Figura 21 Esquema representativo duma operação de decapagem química com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Granalhagem Neste tipo de decapagem, a camada superficial da peça é deformada por acção da projecção de granalha sobre a peça. Protecções temporárias As protecções temporárias visam proteger as peças contra a corrosão, abrasão, rasuras, etc., quando há necessidade de se proceder ao seu armazenamento, transporte ou simples manipulação entre etapas de fabrico distintas. A protecção é retirada quando a peça chega ao seu destino. São operações levadas a cabo, geralmente no início dos processos de tratamento e, na maioria dos casos, entre as fases de preparação e o restante processo de tratamento. Os materiais utilizados neste tipo de protecção são aplicados sob a forma de filme, com pincel, por pulverização ou por imersão, podendo ser de vários tipos, tais como: óleos, solventes orgânicos ou aquosos, gorduras, ceras, vernizes e filmes plastificados auto ou termoadesivos. Apresentase na Figura 22 um exemplo esquemático da aplicação duma protecção temporária com filme plástico autoadesivo. 22

Filme plástico autoadesivo Peças Protecção Peças protegida Aparas plásticas Figura 22 Esquema representativo duma protecção temporária com filme plástico autoadesivo com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Tratamentos de Superfície Nos Revestimentos, o material a depositar não reage quimicamente, ou reage pouco com o material de que a peça é constituída, a qual não sofre, por isso, modificações estruturais apreciáveis. Os revestimentos podem ser obtidos por via química, por via electrolítica, por imersão ou por projecção de um material diluído num solvente. Nos Tratamentos de conversão há uma transformação físico-química da camada superficial da peça, podendo haver modificações estruturais ou não, conforme a conversão seja mais ou menos difusa. As camadas de conversão obtêm-se por via química, por via electroquímica, ou por imersão em meio fundido. Revestimentos metálicos por via Electroless O elemento constituinte do revestimento, inicialmente dissolvido e ionizado no banho, sofre uma reacção de redução, o que leva à sua deposição na superfície da peça no estado metálico. Esta reacção pode ocorrer por dois mecanismos distintos: a) Por oxidação do metal que constitui a peça, menos nobre que o metal do revestimento em solução, que se reduz. Assim que a superfície da peça fique coberta pelo metal do revestimento, a reacção pára, sendo a espessura da camada depositada em geral muito fina; e, b) Por oxidação de um redutor presente em solução, sendo que a redução se faz sobre uma superfície com propriedades catalíticas próprias ou adquiridas. Se o metal do revestimento for níquel, platina, cobre, prata ou ouro, a reacção continua, obtendo-se espessuras superiores ao caso anterior. 23

Pode encontrar-se este processo de revestimento em linhas de Cobreagem, Douragem, Niquelagem, Platinagem ou Prateagem. Apresenta-se na Figura 23 um exemplo de um processotipo de Niquelagem via electroless. De notar que as operações de desengorduramento e de lavagem indicadas na Figura 23 se podem referir a uma ou a um grupo de operações da mesma natureza. Corrente eléctrica Solução aquosa alcalina com molhantes e complexantes Água Ácido Aditivos Água Ácido Aditivos Peças Desengorduramento electrolítico Lavagem Desoxidação Lavagem Activação Solução aquosa com molhantes e complexantes e resíduos de óleos e gorduras Água contaminada Água contaminada Água desmineralizada Água Sais de níquel Aditivos Água Peças niqueladas secagem Lavagem a quente com água desmineralizada Lavagem Deposição de níquel Lavagem Água contaminada Água contaminada Água contaminada Figura 23 Diagrama representativo dum processo de niquelagem via electroless com indicação das principais entradas e saídas de materiais. Revestimentos por via electrolítica O material do revestimento, que pode ser metálico, cerâmico e orgânico, está inicialmente dissolvido no banho. Pela aplicação de uma corrente eléctrica exterior dá-se uma reacção electroquímica à superfície da peça (que funciona como cátodo nos revestimentos metálicos e orgânicos e como ânodo nos cerâmicos), proporcionando-se assim a deposição do material de revestimento. Os revestimentos electrolíticos são os mais relevantes em Portugal, ocorrendo frequentemente no caso dos revestimentos metálicos em processos de Niquelagem, Cromagem, Cobreagem, Zincagem, Douragem, Estanhagem, Latonagem, Prateagem ou Cadmiagem. Dada a importância destes tipos de revestimento, apresentam-se nas Figuras 24 e 25 alguns esquemas típicos, exemplificativos de processos que incorporam revestimentos por via electrolítica. De salientar que, tanto as operações de desengorduramento, como as de lavagem, se podem referir a uma ou a um grupo de operações da mesma natureza. 24

PNAPRI - Guia Sectorial do Material Eléctrico e Electrónico Peças Peças cromadas Solução aquosa alcalina Aditivos Desengorduramento químico Solução aquosa Aditivos Resíduos de óleos e gorduras Secagem Água Água desmineralizada Corrente eléctrica Solução aquosa alcalina Aditivos Água Desengorduramento Activação Lavagem Lavagem Lavagem electrolítico de níquel Água contaminada Lavagem a quente com Água desmineralizada Água contaminada Solução aquosa Aditivos Resíduos de óleos e gorduras Corrente Corrente eléctrica eléctrica Água Lavagem Sais de crómio Aditivos Deposição de crómio Activação de crómio Corrente eléctrica Ácido Aditivos Ácido Aditivos Água Lavagem Água Água contaminada Água desmineralizada Deposição de níquel Lavagem com água desmineralizada Corrente eléctrica Sais de níquel Aditivos Água contaminada Água contaminada Água contaminada Água contaminada Figura 24 Diagrama representativo duma linha de níquel/crómio dum processo electrolítico de revestimento, com indicação das entradas e saídas de materiais. 25 25