Miniaturas filosóficas sobre a cultura Philosofical miniatures on culture



Documentos relacionados
O MUNDO É A CASA DO HOMEM

ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA DE EDITH STEIN. Prof. Helder Salvador

GOTAS DE CURA INTERIOR

A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA DOS ANNALES PARA O ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE CINEMA E HISTÓRIA. Veruska Anacirema Santos da Silva

DUNKER, C.I.L. Desautorização da Mãe pelo Pai. Revista Pais e Filhos, A Desautorização da Mãe pelo Pai

FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1. Introdução. Daniel+Durante+Pereira+Alves+

Dra. Nadia A. Bossa. O Olhar Psicopedagógico nas Dificuldades de Aprendizagem

Composição dos PCN 1ª a 4ª


Abertura do I Colóquio sobre Psicanálise e Educação Clínica d ISS

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: DIMENÇÕES CONCEITUAIS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Fraturas e dissonâncias das imagens no regime estético das artes

VI Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar 20 a 24 de setembro de 2010

I Jornada sobre Prevenção De Comportamento De Risco Nas Escolas Paulistanas

E, algumas vezes, a pessoa que mais precisa do seu perdão é você mesmo. Devemos nos lembrar que, ao dormirmos, o corpo astral sai do corpo físico.

ROCHA, Ronai Pires da. Ensino de Filosofia e Currículo. Petrópolis: Vozes, 2008.

Filosofia - Introdução à Reflexão Filosófica

Cultura: diferentes significados

Adolescência Márcio Peter de Souza Leite (Apresentação feita no Simpósio sobre Adolescência- Rave, EBP, abril de 1999, na Faculdade de Educação da

Carta de Paulo aos romanos:

Eventos independentes

Fundamentos para uma prática pedagógica: convite de casamento

Cultura Juvenil e as influências musicais: pensando a música afro-brasileira e a sua utilização entre os jovens na escola

O BRINCAR E A CLÍNICA

Conteúdo Básico Comum (CBC) de FILOSOFIA do Ensino Médio Exames Supletivos/2015

A Alienação (Karl Marx)

A MEMÓRIA DISCURSIVA DE IMIGRANTE NO ESPAÇO ESCOLAR DE FRONTEIRA

Construção, desconstrução e reconstrução do ídolo: discurso, imaginário e mídia

A ENERGIA MENTAL E O PROCESSO SAÚDE/DOENÇA.

Resenha. Interesses Cruzados: A produção da cultura no jornalismo brasileiro (GADINI, Sérgio Luiz. São Paulo: Paulus, 2009 Coleção Comunicação)

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

DITADURA, EDUCAÇÃO E DISCIPLINA: REFLEXÕES SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

EDUCAÇÃO INFANTIL OBJETIVOS GERAIS. Linguagem Oral e Escrita. Matemática OBJETIVOS E CONTEÚDOS

UNIDADE I OS PRIMEIROS PASSOS PARA O SURGIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO.

Lúdico e as relações pessoais: oportunidades de ação

2- Ruptura com o Gozo Fálico: como Pensar a Neurose e a Psicose em Relação à Toxicomania?

Centralidade da obra de Jesus Cristo

HABILIDADES CONTEÚDO METODOLOGIA/ESTRATÉGIA HORA/ AULA

MÍDIAS NA EDUCAÇÃO Introdução Mídias na educação

ATIVIDADE: DIA DA FAMÍLIA NA ESCOLA

Marxismo e Ideologia

GRUPO DE ESTUDOS: TRANSFERÊNCIA:- HISTÓRIAS DE (DES)AMOR SUELI SOUZA DOS SANTOS. 3º Encontro - 31 de agosto No começo era o amor (Cap.

Viver Melhor com Inteligência Emocional: ADMINISTRANDO SEUS SENTIMENTOS COM EFICIÊNCIA

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

A QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL NA ESCOLA: REFLEXÕES A PARTIR DA LEITURA DOCENTE

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

A ÉTICA DAS VIRTUDES. A ética e a moral: origem da ética As ideias de Sócrates/Platão. Prof. Dr. Idalgo J. Sangalli (UCS) 2011

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, p.

MEDITANDO À LUZ DO PATHWORK. Clarice Nunes

Introdução. instituição. 1 Dados publicados no livro Lugar de Palavra (2003) e registro posterior no banco de dados da

2015 O ANO DE COLHER ABRIL - 1 A RUA E O CAMINHO

PLANO ANUAL DE TRABALHO DOCENTE

Colégio Ser! Sorocaba Sociologia Ensino Médio Profª. Marilia Coltri

GABARITO - FILOSOFIA - Grupo L

UNIDADE 7 DIFERENÇA E IDENTIDADE E DIREITO À DIFERENÇA

Aula 1: Demonstrações e atividades experimentais tradicionais e inovadoras

LIDERANÇA, ÉTICA, RESPEITO, CONFIANÇA

6. Considerações Finais

Plano de Trabalho Docente Ensino Médio

Estratégia de escuta psicanalítica aos imigrantes e refugiados: uma oficina de português

I OS GRANDES SISTEMAS METAFÍSICOS

Profª. Maria Ivone Grilo

ADMINISTRAÇÃO GERAL MOTIVAÇÃO

O TEMPO NO ABRIGO: PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA, GARANTIA DE SINGULARIDADE

ARTE E LINGUAGEM UNIVERSAL

como a arte pode mudar a vida?

POR QUE SONHAR SE NÃO PARA REALIZAR?

EMENTÁRIO: COMPONENTES DA BASE NACIONAL COMUM (BNC)

Psicanálise: técnica para discernir e descobrir os processos psíquicos.

IDENTIDADE Equipe docente da disciplina Ser Humano em relações Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix

Competências e habilidades EIXOS COGNITIVOS (comuns a todas as áreas de conhecimento) I. Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua

O Almoço 1. Taísa SZABATURA 2 Laura SELIGMAN 3 Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, SC

AFETA A SAÚDE DAS PESSOAS

Gênero em foco: CARTA PESSOAL

1. Pateo do Collegio conhecia não conhecia não responderam Pateo do Collegio gostei não gostei não responderam

O USO DE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO: A UTILIZAÇÃO DO CINEMA COMO FONTE HISTÓRICA Leandro Batista de Araujo* RESUMO: Atualmente constata-se a importância

Relações Intergeracionais Alternativa para minimizar a exclusão social do idoso

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

NOÇÕES DE CORPO E MOVIMENTO E SUAS IMPLICAÇÕES NO TRABALHO DO ESPETÁCULO CIDADE EM PLANO.

Daniele Renata da Silva. Maurício Carlos da Silva

8 Andréa M.C. Guerra

A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO E INCLUSÃO

Empreender o Processo de Formação e a Atuação Profissional na Perspectiva do Cuidado

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

OS SENTIDOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA CONTEMPORANEIDADE Amanda Sampaio França

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

COMISSÃO DE TURISMO. PROJETO DE LEI N o 7.534, DE 2014 I RELATÓRIO

O LÚDICO COMO INSTRUMENTO TRANSFORMADOR NO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA.

Dia 4. Criado para ser eterno

HEGEL: A NATUREZA DIALÉTICA DA HISTÓRIA E A CONSCIENTIZAÇÃO DA LIBERDADE

ESTATÍSTICAS, O ABECEDÁRIO DO FUTURO

Faltam boas entrevistas ao jornalismo diário brasileiro

SEGUNDO S E T Ê N I O

E Deus viu que tudo era bom

Motivação. Robert B. Dilts

CONCEPÇÃO E PRÁTICA DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR SOBRE O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO RAFAELA DA COSTA GOMES

Iluminação de Espaços Urbanos. Necessidades e Limites da Valorização Cênica. Valmir Perez

Transcrição:

Miniaturas filosóficas sobre a cultura Philosofical miniatures on culture Hang-Ly Ikegami Rochel* Matos, Olgária. Contemporaneidades. São Paulo: Lazuli; Companhia Editora Nacional, 2009. 216 p. Quando Olgária Matos menciona o absurdo em lugar da lógica, porque a lógica não consola para comentar a linguagem de Guimarães Rosa, ela demonstra o quão profundamente está envolvida com a cultura contemporânea para a qual dirige um olhar agudo, trazendo em sua bagagem autores, entre tantos, conhecidos nossos que vão de Freud a André Green. Contemporaneidades é uma coletânea de miniaturas filosóficas sobre a cultura e aborda temas como a identidade nacional na literatura, nas canções populares, no cinema; o papel das universidades; a filosofia da linguagem e da tradução, bem como os efeitos sociais, econômicos e culturais dos traumatismos das guerras de nosso tempo, gerando a sociedade de massa e o capitalismo de consumo. Nesse novo tempo prescinde-se de laços duradouros e experiências interiorizadas... e de uma educação que não dissociava escola e vida. Segundo Olgária, a identidade nacional surge com Clístenes, nos séculos VI e V a.c., em Atenas, cujas leis substituíam os vínculos de sociabilidade ligadas à tribo, ao clã, à consanguinidade e ao parentesco por outro modo de vida, a política, a philia, o laço afetivo entre cidadãos. Em Brasil: a memória em trompe-l oeil, Construção e desaparecimento do herói: uma questão de identidade nacional, e Decantando a República, a autora discute a questão da identidade brasileira. Esta nossa difícil identidade, que começa invalidando uma linha imaginária, a do Tratado de Tordesilhas. Somos uma cultura em trompe-l oeil, de ilusão óptica, de forma que passamos a ver a irrealidade como realidade. Somos um Brasil que tem muito de barroco, inclusive na paisagem, a escola de samba, esta manifestação barroca e operística, com sua fusão de artes, figurino, alegorias etc. Um Brasil que se reencontra melhor na ficção: Brasil paraíso tropical, País do futuro, Brasil da fartura, onde plantando tudo dá. Um Brasil, portanto, que * Psicanalista, membro associado da SBPSP. 223 IDE SÃO PAULO, 33 [50] 201-204 JULHO 2010 ide50_r2.indd 223 26/7/2010 17:13:10

224 vive muito mais em função da ilusão do que da realidade, e que ao lidar com sua realidade e com sua história o faz de um modo peculiar: sem rupturas, sem mudanças profundas em sua maneira de convívio social e político, em sua consciência, seus valores e comportamentos. Há, portanto, uma imposição do esquecimento que leva a uma neutralização moral e indolor do acontecido. Mas essa desmemória brasileira, que envolve uma aptidão ao esquecimento, também gera uma concepção linear do tempo e a permanência de violências e injustiças não reparadas. Ao tratar do herói ou instituições heroicas como fonte de identidade coletiva, a autora detecta na nossa realidade um heroís mo convertido em espetáculo (mesma raiz de especulação) pela mídia que tende a dissolver a memória, a reminiscência identificadora de um nós social. E cita como exemplo o episódio da agonia, paixão e morte de Ayrton Senna, quando a missa mortuária é transformada em entretenimento público, a dor exposta em estetização. Aqui a questão não se coloca diretamente sobre o espetáculo, mas sobre o que com ele sucede quando capturado, produzido e enviado pelos meios de comunicação de massa (Chaui, 1992). Olgária vai buscar em Sérgio Buarque de Holanda e seu Raízes do Brasil a ideia de uma nossa identidade bovarista. Esse bovarismo consistiria em um desvio, uma falha em se conceber outro, diferentemente do que se é; falha presente na personalidade de todos os personagens de Flaubert, autor de Madame Bovary. Costumamos, aqui e ali, imaginar um Brasil diferente do que é: um Brasil liberal, europeu ou americanizado, país grande e do futuro. Esse bovarismo de desenraizados parece ser a precária identidade brasileira com seus mitos e heróis de circunstância, sem circunscrição ou memória duradoura (Souza, 1992). Construímos, a partir daí, uma espécie de cidadania negativa, em que os heróis que povoam nosso imaginário resultam em paixões sem verdade, verdades sem paixão, heróis sem heroísmo, história sem acontecimentos. Olgária, pensamento refinado, propõe que esse bovarismo significaria uma espécie de alucinação negativa : se na alucinação produzimos a presença de um objeto ausente, aqui, na presença do objeto alucinamos sua ausência, isto é, não o vemos, não o reconhecemos e, nos moldes de André Green, podemos compreendê-la não como a ausência de representação, mas como representação da ausência de representação, aquela que espera algo que não vem. ide50_r2.indd 224 26/7/2010 17:13:10

Existiria em nós um objeto de desejo (um país justo) e um desejo de objeto (que não se sabe exatamente qual é), e o sujeito tem que se situar na diferença entre ambos. Ali onde a imagem do Sujeito (de um Brasil) deveria surgir, nada se mostra:... só é visível um espelho no qual nenhum traço se inscreve. O Sujeito vive a ausência de si; o que falta ao Sujeito não é o sentimento de sua existência, mas sua aprova especular. Essa ausência de representação do Sujeito é semelhante à angústia de uma perda. Não há como reconhecer uma representação, falta o poder de imaginar, de representar... o espelho devolve o seu próprio reflexo vazio: o outro que sou não aparece mais. (p. 29) Seu ensaio Decantando a República, reafirma a nossa falta de história, substituída por uma geografia e deslocamentos; uma geografia do lugar nenhum, sem ponto de partida ou de chegada nos sentimos estrangeiros, estamos sempre a caminho. Como exemplos, entre tantos da MPB que o ensaio traz, temos Roda- -viva, de Chico Buarque e Encontros e despedidas, de Milton Nascimento, no qual fica evidente que, em vez da linearidade, o que predomina é a temporalidade do acaso. No belo ensaio Guimarães Rosa e a filosofia da linguagem, analisa a literatura rosiana em seu aspecto filosófico teoria da linguagem e comunicação, destacando o fato de este autor considerar a língua não como um simples sistema de comunicação, mas como experiência expressionista, um modo de ser, de sentir e de pensar. Rosa neologiza a língua e transgride suas regras, arrancando o idioma de sua tacanha tranquilidade... com palavras que inventava ou trazia de outros idiomas, como o alemão, no dizer de Márcio Seligmann-Silva. Uma linguagem capaz de dizer o não senso... este não senso que reflete por um triz a coerência do mistério geral que nos envolve e cria. Guimarães Rosa evoca línguas literárias e também orais, particularmente uma língua do encontro com o Outro, em que a experiência afetiva, ética e intelectual se apresenta na conversação recorrendo às transgressões linguísticas: os falantes do sertão rosiano são incultos, mas têm retórica e estilo. Olgária Matos chama de exofilia (amor ao outro) na obra de Guimarães Rosa antídoto a todo nacionalismo e ao monolinguismo que caracteriza o modo fascista de pensar a visitação às línguas estrangeiras, que não constitui uma limitação à nossa, 225 IDE SÃO PAULO, 33 [50] 205-209 JULHO 2010 ide50_r2.indd 225 26/7/2010 17:13:10

226 mas é o que favorece descobrir o segredo do intrínseco, do próprio. Ademais, toda cultura é híbrida, trata-se de se assumir esse lado precário e dinâmico da identidade. Daí surge uma importante contribuição à questão da tradução. Permeia todos esses ensaios uma oportuna questão: a maneira como o homem moderno trata o tempo e a memória. Em História e memória ela discute, por exemplo, como se lidava com a morte na Grécia arcaica: morte era o esquecimento, o silêncio, a obscura indignidade. Ultrapassa-se a morte acolhendo-a em vez de sofrê-la, tornando-a aposta constante de uma vida que toma, assim, valor exemplar e que os homens celebrarão como um modelo de glória imorredoura. Por outro lado, se a mentalidade do grego era acolher a morte para ultrapassá-la, nossa modernidade lhe retira a cidadania, a possibilidade de sua experiência e de sua posteridade. O luto passou a ser uma doença que é preciso medicar, abreviar, apagar. A sociedade de nosso tempo destrói a experiência vivida amor, dor, felicidade, a morte a fim de utilizar suas energias a serviço do princípio de rendimento. A temporalidade nas sociedade modernas tornou-se a instituição de um presente opaco, sem passado ou futuro, plasmado, petrificado. Hoje temos coisas humanizadas e homens reificados; mesmo que toda reificação seja um esquecimento. Daí surgir uma amnésia decorrente da passagem vertiginosa do tempo que leva a uma descontinuidade fundamental da trama de nossa vida, [e que] substitui as evoluções lentas por mutações brutais, forçando o indivíduo a lutar sem descanso (quando pode) contra este ininterrupto de mudanças e rupturas, ou recorrer à neurose compensatória ou sucumbir à psicose. Em sua crítica ao esquecimento ela traz Marcuse, em Eros e civilização: Esquecer é também perdoar o que não seria perdoado se a justiça e a liberdade prevalecessem... As feridas que saram com o tempo são também as que contêm o veneno. Contra essa rendição do tempo, o reinvestimento da recordação... em seus direitos é uma das mais nobres tarefas do pensamento. Segundo Olgária, nas miniaturas filosóficas desta coletânea remanesce o apreço frankfurtiano pelos bens culturais e pela literatura em particular, a utopia de que possam constituir uma barreira contra a violência e fazer os homens mais felizes e melhores. ide50_r2.indd 226 26/7/2010 17:13:10

Chaui, M. (1992). Mídia e democracia. Aula inaugural. São Paulo: Departamento de Filosofia, FFLCH-USP. (mimeo). referências Souza, E. M. de M. (1992). Relatório de Atividades. Araraquara: Departamento de Sociologia, FCL-Unesp. (mimeo). Seligmann-Silva, M. (2009, 3 de outubro). Autora vai à MPB em análise da cultura do esquecimento. Folha de S. Paulo, São Paulo, Caderno Ilustrada. 227 HANG-LY IKEGAMI ROCHEL Av. Dr. Eugênio Salerno, 123/121 18035-430 Sorocaba SP tel.: 15 3202-7207 15 3221-7373 hprochel@gmail.com recebido 30.03.2010 aceito 20.04.2010 IDE SÃO PAULO, 33 [50] 205-209 JULHO 2010 ide50_r2.indd 227 26/7/2010 17:13:10