ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA DE CHUVA NA CIDADE DE JOÃO PESSOA PARA USO NÃO POTÁVEL



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Transcrição:

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA DE CHUVA NA CIDADE DE JOÃO PESSOA PARA USO NÃO POTÁVEL Isabelle Yruska de Lucena Gomes da Costa 1 ; Celso Augusto Guimarães Santos 2 ; Rodolfo Luiz Bezerra Nóbrega 3 1 Aluna da Pós-Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Bolsista CNPq, e-mail: isabelleyruska@yahoo.com.br; 2 Professor Dr., DEC/CT/UFPB, e- mail: celso@ct.ufpb.br. Endereço: DEC/CT/UFPB 58051-900 João Pessoa, PB Telefax: (83)3216-7684; 3 Aluno de Graduação da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), e-mail: rodolfo@hidro.ufcg.edu.br RESUMO Com o aumento da população nos últimos anos, cresce a necessidade de buscar fontes alternativas para solucionar os problemas de abastecimento de água verificados constantemente nas grandes cidades. Uma solução rápida e de baixo custo é a utilização da água de chuva em finalidades não potáveis para o meio urbano. O presente artigo tem como objetivo principal caracterizar qualitativamente a água de chuva na cidade João Pessoa coletada a partir de dois pontos distintos em um condomínio horizontal da cidade, jardim e telhado, e compará-las com a água atualmente utilizada pelos condôminos que vem de poço próprio. A caracterização é realizada a partir de parâmetros físico-químicos, tais como, ph, alcalinidade, condutividade, turbidez, cor, dureza, cloretos, alcalinidade, sólidos totais dissolvidos (STD), nitrito, nitrato, amônia e sulfato. A caracterização da água de chuva é necessária para verificar a qualidade com o intuito de indicá-la para uso em condomínios horizontais da cidade de João Pessoa, afim de diminuir o consumo de água potável e evitar crises no abastecimento de água nesses locais

Palavras-chave: qualidade, água pluvial, condomínios horizontais.

INTRODUÇÃO Com o elevado crescimento populacional e o desenvolvimento econômico observados nos últimos anos, a água vem se tornando um recurso cada vez mais precioso, porém escasso, e disputado praticamente em todo o mundo (DIAS, 2006). De acordo com a lei nº 9433/97 que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, a água é um bem de domínio público, recurso natural limitado e dotado de valor econômico, sendo essencial à vida humana, ao desenvolvimento econômico e à preservação do meio ambiente. No último século, a demanda por água aumentou seis vezes enquanto que a população cresceu apenas três, como conseqüência grave pode ser observada a redução da água para o consumo (TUCCI, 2002 apud PIZAIA et al., 2005). As pessoas geralmente desperdiçam grandes quantidades de água potável para sua utilização em usos não nobres. Uma alternativa eficaz para solucionar o problema de escassez em áreas urbanas, onde a demanda aumenta diariamente, é a utilização da água de chuva em finalidades não potáveis, tais como, irrigação de jardins, lavagem de carros, lavagem de calçadas, etc. Segundo Tomaz (2003), utilizar a água de chuva para suprir as necessidades não potáveis é uma prática antiga que diminuiu devido à implementação dos sistemas públicos de abastecimento, porém, nos dias atuais, a gestão da água de chuva vem sendo observada em muitos países devido à verificação de sua qualidade compatível com usos não nobres. Ao precipitar, a chuva leva consigo elementos presentes na atmosfera, os quais podem interferir na qualidade da água de chuva. Segundo Tomaz (2003), alguns fatores modificam as características da água de chuva, tais como, localização geográfica, presença de vegetação, presença de carga poluidora, condições meteorológicas, dentre outros. Para que a qualidade da água não seja comprometida, os primeiros milímetros de chuva devem ser descartados no sistema de aproveitamento de águas pluviais. No caso dessa água ser captada a partir do telhado é aconselhável o descarte para que seja feita a limpeza do telhado devido à elevada concentração de poluentes e matéria orgânica encontrados no mesmo. (MAY, 2004; SIQUEIRA CAMPOS, 2004; TERRY, 2001 apud TOMAZ, 2003; TORDO, 2004). Os telhados mais eficientes na coleta da água de chuva para verificação de sua qualidade são em ordem crescente: telhas cerâmicas, plásticos, fibrocimento, metálico (TERRY, 2001 apud TOMAZ, 2003). Ghanayem (2001, apud TOMAZ, 2003) concluiu que geralmente o ph da água de chuva encontra-se na faixa 4,5 a 5,8. Quando a água de chuva entra em contato com o telhado, o ph aumenta para um valor médio de 6,5.

Nas últimas décadas foi observado um aumento considerável na quantidade de estudos, a nível mundial, com enfoque na avaliação da qualidade de água de chuva armazenada em cisternas para uso não potável (Scott & Waller, 1982; Michaelides, 1984; Klein & Bullerman, 1989; Krishna, 1991). Handia et al. (2003) delimitaram como área de estudo uma zona urbana, destacando um bom potencial quali-quantitativo para captação de água de chuva. O Quadro 1 apresenta alguns parâmetros encontrados na literatura na análise da qualidade de água de chuva. Quadro 1 Parâmetros encontrados na literatura na análise da qualidade de água de chuva Local /Parâmetros ph Cl - SO 2 4 NO 3 + 4 NH K + Ca 2+ Na + Mg 2+ H + Referências Pedras Altas (RS) 4,98 1,35 0,99 0,89 0,45 0,51 0,723 0,722 0,13 0,0103 Parque Nacional Itatiaia (RJ) Rio Corumbataí (SP ) Região Metropolitana (SP) Região Metropolitana (SP) Região Metropolitana (RJ) 4,94 0,184 0,74 0,732 0,423 0,0508 0,0862 0,08987 0,0267 0,0116 5,5 2,2 2,2 4,5-0,26 8,85 0,97 0,79-6.2 1,03 1,63 1,36 0,5 0,23 0,92 0,28 - - 4,77 0,03 0,83 0,97 0,5 0,14 0,22 0,08 0,04 0,02 Migliavacca et al. (2004) Mello & Almeida (2004) Conceição & Bonotto (2004) Rocha et al. (2003) Fornaro & Gutz (2003) 4,77 2,36 1,98 0,98 0,34 0,434 0,6 0,144 0,24 0,02 Mello (2001) Figueira (PR) 4,7-3,31-0,54-0,7 - - - Piracicaba (SP) 4,5 0,25 0,9 1,03 0,31 0,113 0,11 0,62 0,28 0,33 Manaus (AM) 4,7 0,16 0,96 0,26 0,054 0,031 0,048 0,055 0,011 0,017 Região Metropolitana Porto Alegre (RS) 5,5 4,2-0,45-0,66 0,95-0,81 - Cubatão (SP) 3,6 7,71 7,67-1,25 0,58 4,32 3,62 1 - Fonte: Adaptado de Tordo (2004) Flues et al. (2002) Lara et al. (2001) Williams et al. (1997) Luca et al. (1991) Abbas (1989) O presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise físico-química da água de chuva na cidade de João Pessoa para ser utilizada como fonte alternativa de abastecimento, em finalidades não potáveis em condomínios horizontais da cidade, com o intuito de minimizar o consumo de água potável nesses locais.

MATÉRIAS E MÉTODOS Área de Estudo A cidade de João Pessoa está situada no Estado da Paraíba, Brasil (Figura 1). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006), a cidade tem uma população de 672.081 habitantes, com uma área de 211 km². João Pessoa apresenta atualmente uma forte tendência para o crescimento do número de condomínios horizontais, principalmente no setor sul da cidade. Figura 1 Localização da cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil. Coleta da Água pluvial Na coleta da água de chuva, foram descartados os primeiros milímetros de chuva por apresentar um elevado grau de contaminação já constatado na literatura. As amostras foram coletadas em dois pontos distintos de um condomínio horizontal da cidade de João Pessoa em garrafas plásticas de 1500 ml, uma amostra a partir do telhado cerâmico residencial e a outra do jardim para coleta de precipitação livre. Além destas amostras de água de chuva, foi coletada, também em uma garrafa plástica de 1500 ml, uma amostra da água de torneira residencial. O sistema de abastecimento de água do condomínio em estudo é feito através de um poço profundo, armazenando a água em um reservatório e distribuído para as residências, onde novamente é armazenado em uma caixa d água. As amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Saneamento da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) para realização de 12 análises físico-químicas, em que foram analisados os parâmetros ph, condutividade, turbidez, cor, dureza, cloretos, alcalinidade, STD, nitrito, nitrato, amônia, sulfatos. As análises foram realizadas segundo as metodologias estabelecidas pelo Standard Methods for Examination of Water & Wastewater.

RESULTADOS A amostra de precipitação livre coletada a partir do jardim teve influência apenas da deposição úmida de materiais, enquanto que a amostra coletada a partir do telhado sofreu influência tanto da deposição seca de materiais, verificada durante o período de estiagem, quanto da deposição úmida dos mesmos, observada durante a chuva. Os resultados estão apresentados no Quadro 2. Quadro 2 Resultados das análises microbiológicas da água de chuva na cidade de João Pessoa Parâmetros Unidade Telhado Jardim (Precipitação livre) Torneira (Poço) Portaria Nº 518/04 MS (VMP) Resolução CONAMA Nº 357/05 (Classe 01) ph - 6,72 5,24 6,80 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 Condutividade µs/cm 25,0 24,0 57,5 - - Turbidez UT 0,81 0,34 0,62 5,0 UT 100 UNT Cor uh 0,00 0,00 0,00 15 uh 75 mg pt/l Dureza mg/l 21,4 20,1 72,1 500 mg/l - Cloretos mg/l 10,5 17,2 9,3 250,0 mg/l 250,0 mg/l Alcalinidade mg/l 13,4 6,5 15,3 - - STD mg/l 13,9 12,1 27,3 - - Nitrito mg/l 0,0 0,1 0,0-1,0 mg/l Nitrato mg/l 0,0 0,0 0,0-10 mg/l Amônia mg/l 0,0 0,0 0,0 1,5 mg/l 3,7 mg/l Sulfato mg/l ND ND ND 250,0 mg/l 250,0 mg/l Na caracterização da água de chuva, pode-se verificar que os resultados obtidos a partir da amostra do telhado são maiores do que os resultados coletados no jardim (exceção para cloretos), confirmando certa concentração de poluição com resíduos que podem ser encontrados no telhado derivados de fezes de animais, poeiras, folhas de árvores, etc. O ph da água indica a acidez da chuva ou sua alcalinidade, quando considerada ácida causa sérios problemas ao homem e ao meio ambiente. Os valores apresentados apontam para uma chuva levemente ácida, porém dentro dos padrões de água potável. Os cloretos podem indicar a proximidade do local em estudo com o mar e/ou emissões atmosféricas. Altos teores de cloreto são prejudiciais às pessoas portadoras de doença cardíaca ou renal. A dureza é um parâmetro que impede a formação de espuma, como o sabão. As amostras do telhado e jardim apresentaram valores de dureza baixos conforme relatado na literatura, porém um pouco elevado na amostra da torneira. Os doze parâmetros encontram-se

em conformidade com a Portaria nº 518 do Ministério da Saúde e com a Resolução CONAMA nº 357. CONCLUSÕES Os valores obtidos para as análises físico-químicas da amostra da precipitação livre do jardim apresentaram melhores resultados do que os obtidos a partir do telhado e da torneira do condomínio em estudo. Dessa forma, é necessário ter cautela na coleta da água de chuva a partir do telhado, quando devem ser descartados os primeiros milímetros de chuva para que a água apresente-se dentro dos padrões exigidos. O tipo do material do telhado, bem como o sistema de calhas do mesmo, deve influenciar diretamente na qualidade da água coletada, e assim, cuidados adicionais devem ser tomados quando o sistema for projetado. A chuva na cidade de João Pessoa apresentou-se de boa qualidade para sua utilização em fins não potáveis, tais como, regas de jardins, lavagens de carros, lavagens de calçadas, descargas de vasos sanitários, etc., podendo ser utilizada, em último caso, para fins potáveis devendo receber tratamento adequado de acordo com os padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria MS 518/04 e Resolução CONAMA nº 357/05. Portanto, o condomínio em estudo pode utilizar a água de chuva a fim de minimizar o consumo de água potável existente no mesmo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DIAS, I. C. S. Estudo da viabilidade técnica, econômica e social do aproveitamento de água de chuva em residências na cidade de João Pessoa. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. 2006. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 23 de abril de 2007. MAY, S. Estudo da viabilidade do aproveitamento de água de chuva para consumo não potável em edificações. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Construção Civil) Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo. 2004. PIZAIA, M. G.; SOARES, P. C. S.; CAMARA, M. R. G.; CAMPOS, M. F. S. A importância da água na economia doméstica: formas alternativas para um melhor aproveitamento e economia do recurso pelos residentes domiciliares. In: XLII Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural. Ribeirão Preto, São Paulo, 2005.

SIQUEIRA CAMPOS, M. A. Aproveitamento de água pluvial em edifícios residências multifamiliares na cidade de São Carlos. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 2004. TOMAZ, P. Aproveitamento de água de chuva para áreas urbanas e fins não potáveis. São Paulo: Navegar, 2003. 180p. TORDO, O. C. Caracterização e avaliação do uso de águas de Chuva para fins potáveis. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) Universidade Regional de Blumenau, Blumenau. 2004.