O TERRITÓRIO BRASILEIRO 6. Fronteiras Terrestres
Até o começo do século XVII, os colonizadores se concentraram em cidades fundadas na região litorânea do Brasil, principalmente no Nordeste. A principal atividade era a produção de açúcar, e grande parte dos engenhos estava instalada nas capitanias da Bahia e Pernambuco. Na segunda metade do século XVII, com o aumento da criação de gado extensiva, a ocupação do território nordestino avançou para o interior. Neste período começaram a surgir os currais, que eram grandes fazendas voltadas para a pecuária. Neste contexto, ocorreu a ocupação do vale do rio São Francisco e parte do sertão nordestino. No século XVIII, houve um grande aumento na população do território, fato que foi causado pela descoberta de ouro e pedras preciosas em regiões hoje denominadas Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia. Com o auge da exploração do ouro no século XVIII, a região sul também prosperou. A criação de gado para o abastecimento de carne para a região aurífera fez com que várias vilas e cidades se desenvolvessem na região interior do sul do Brasil.
A cafeicultura teve seu ápice entre meados do século XIX e início do século XX, quando foi a principal atividade econômica do país. O cultivo do café foi iniciado no Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX e expandido para o sul de Minas Gerais, sul do Espírito Santo e leste de São Paulo, no vale do Paraíba. Na década de 1930, impulsionado pela política de industrialização (substituição das importações) e de integração econômica e territorial do Brasil, o governo de Getúlio Vargas desmontou a estrutura espacial da economia de arquipélago, criando em seu lugar uma economia nacional. No início da década de 1970 o Centro- Oeste brasileiro (região dos cerrados) e a região amazônica passaram a ser a nova fronteira agropecuária brasileira. Do ponto de vista territorial, a economia brasileira conservou as suas características coloniais, mesmo após a independência e até o início do século XX. O Centro-Sul cafeeiro, o Nordeste e a Amazônia funcionavam como ilhas econômicas voltadas para o mercado externo.
REGIONALIZAÇÃO DO TERRITÓRIO A república federativa presidencialista, atual forma de organização política do Brasil, foi proclamada em 1889 e legitimada pela Constituição promulgada de 1891. Denomina-se federação a união política entre estados ou províncias, que se associam sob um governo central sem perder a autonomia legislativa. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, o Distrito Federal, os estados e os municípios. Pela Constituição Federal de 1988, todas as unidades políticas são autônomas, ou seja, regem-se por constituições e leis próprias, não conflitantes com os princípios e normas nela estabelecidos, no caso dos municípios, não conflitantes com a respectiva Constituição estadual.
Planejamento regional Regionalizar é dividir o espaço geográfico em regiões, levando em conta as diferenças paisagísticas e a organização socioeconômica das diversas áreas. Por isso, o interesse do governo federal em estabelecer, pela primeira vez, no Brasil, uma divisão regional oficial. O fruto dessa meta governamental foi a criação, em 1938, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A primeira divisão do território brasileiro em grandes regiões foi proposta em 1942.
DIVISÃO OFICIAL DO IBGE Em 1969, o IBGE estabeleceu uma divisão regional do Brasil que continua em vigor com apenas uma modificação: o estado de Tocantins, criado em 1988 e desmembrado do estado de Goiás, foi incluído na Região Norte. Tem como finalidade principal a divulgação de dados estatísticos que facilitem o planejamento, a integração nacional e a redução das desigualdades entre as regiões do Brasil. O sistema considera os estados existentes, seus limites correspondem às divisas estaduais.
Com o avanço da industrialização e a diversificação produtiva ocorreu a maior integração entre os diversos polos produtivos existentes. Surge uma nova proposta de divisão regional (não oficial), formulada por Pedro Geiger. As Regiões Geoeconômicas ou Grandes Complexos Regionais, não acompanham os limites entre os estados. Temos a Amazônia, o Nordeste e o Centro Sul: O Nordeste foi o polo econômico mais rico da América portuguesa, com base na monocultura da cana-de-açúcar, usando o trabalho escravo. As migrações de nordestinos para outras regiões atestam essa situação de pobreza. O Centro-Sul é na atualidade o núcleo econômico do país. Ele concentra a economia moderna e a melhor estrutura de serviços. A Amazônia brasileira é o espaço de povoamento mais recente. A área está coberta por uma densa floresta equatorial. As políticas que orientaram a "conquista da Amazônia" geraram um conflito entre dois tipos de ocupação do espaço geográfico. Essa divisão considera a formação histórico-econômica do Brasil e a recente modernização econômica que se manifestou nos espaços urbano e rural, estabelecendo novas formas de relações no território brasileiro.
A Divisão Regional proposta por Milton Santos, em 1979, destaca: Uma região concentrada caracterizada pela concentração de ciência, tecnologia e informação, determinantes no processo de ocupação do espaço. A região que detém a maior parte destes recursos instalados, é conhecida como região concentrada. Corresponde às regiões Sul e Sudeste da divisão do IBGE. Os Quatro Brasis A Região Concentrada corresponde às regiões Sul e Sudeste da divisão do IBGE, onde verificamos (de modo contínuo) os acréscimos de ciência e tecnologia. O Centro-Oeste emerge como área de ocupação periférica, fundada na especialização agropecuária e na modernização subordinada às necessidades das firmas que têm sede na Região Concentrada. O Nordeste define-se pelo peso das heranças: "é uma área de povoamento antigo, onde a constituição do meio mecanizado se deu de forma pontual e pouco densa". A Amazônia caracteriza-se pela rarefação demográfica e baixa densidade técnica. O mapa revela o contexto da Terceira Revolução Industrial, ou seja, a implantação das infraestruturas e das redes de informação que veiculam a revolução Técnico-Científica. Caracteriza-se pela densidade do sistema de relações que intensifica os fluxos de mercadorias, capitais e informações.