UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE O SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO Por: Simone Carvalho dos Santos Orientador Prof. Antonio Fernando Vieira Ney Niterói 2009

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE O SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Finanças e Gestão Corporativa. Por: Simone Carvalho dos Santos.

3 AGRADECIMENTOS Às pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a confecção desse trabalho.

4 DEDICATÓRIA Agradeço à família, aos amigos e professores, por contribuírem para mais esta conquista.

5 RESUMO O Objetivo deste trabalho é entender o funcionamento do Sistema de Pagamentos Brasileiro, qual a sua relação com as empresas, os bancos e os clientes. Além disso, entender que o Sistema de Pagamentos Brasileiro entrou em uma nova fase em abril de 2002 quando passou por uma importante renovação tecnológica que o colocou entre os mais modernos do mundo e que isso trouxe segurança e confiança, um dos principais benefícios para a economia nacional, para a sociedade e para o País. Dessa forma, evita surpresas e turbulências que possam dificultar o funcionamento do sistema financeiro e da economia e reduz os riscos das transações para todos aqueles que recebem pagamentos e transferências em geral.

6 METODOLOGIA A produção deste trabalho foi baseada em leitura de livros, e pesquisa a sites de internet. Após a pesquisa verificou-se a estrutura do Sistema de Pagamentos Brasileiro, sua importância para as transações econômicas ocorrerem de forma mais ágil e segura, garantindo maior satisfação a todos os agentes envolvidos no mercado financeiro, como Bancos e seus clientes e garantindo também maior credibilidade ao mercado financeiro e à economia do país. Este projeto destina-se a esclarecer melhor todos os processos envolvidos no Sistema de Pagamentos Brasileiro e define todas as suas etapas e teve como referência a bibliografia citada. Primeiramente apresentouse e conceituou-se o tema, já no segundo capítulo esclareceu--se as etapas deste processo e no último explica-se as formas de transferências de recursos utilizadas atualmente. Como anexo é fornecida uma das leis em que se apóia este sistema e um gráfico para melhor compreensão do Sistema Financeiro. Tem como principal apoio as informações fornecidas no site do Banco Central, o regulador do SPB.

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I O Conceito 10 CAPÍTULO II Como funciona o SPB 15 CAPÍTULO III Instrumentos de transferências de recursos utilizados no SPB 19 CONCLUSÃO 25 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43 ANEXOS 28 ÍNDICE 44

8 INTRODUÇÃO No novo sistema brasileiro de pagamentos, que entrou em vigor em abril de 2002, os pagamentos e recebimentos passaram a ser feitos de forma mais rápida. Os novos mecanismos são mais ágeis e rápidos que os tradicionais. As transações com valores altos ocorrem em tempo real, ou seja, o dinheiro sai de uma conta e entra em outra no momento em que a transferência é feita. Com isso o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro desestimulou o uso do cheque O Banco Central deixa de assumir o risco dos caixas dos bancos, pois os mesmos não poderão terminar o dia com o caixa negativo. Assim a incapacidade de pagamento de qualquer agente econômico (bancos, pessoas, empresas) não onera o Banco Central, o Tesouro Nacional e o contribuinte. Outra novidade foi o fato de os clientes poderem receber ou efetuar pagamentos através da TED - Transferência Eletrônica Disponível, obtendo seu saldo no mesmo dia. A vantagem é que o dinheiro depositado através da TED fica disponível automaticamente. Ocorreu a Intensificação do uso de canais alternativos (Internet Banking e Centrais Telefônicas dos bancos) para a realização de transferências, com redução dos riscos nessas transações.

9 Ocorreu também uma diminuição no risco de inadimplência uma vez que as transferências por meios eletrônicos são interrogáveis e são garantidas pelo saldo em conta concorrente. fraudes. O sistema exigiu maiores investimentos em segurança, para evitar Os Bancos e empresas precisaram de reservas maiores para garantir o fluxo de caixa, e, uma vez que precisaram do dinheiro em conta corrente pra efetuar pagamentos, passaram a monitorar o futuro de caixa com maior atenção.

CAPÍTULO I SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO O CONCEITO O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) trata-se da estrutura tecnológica implantada no Brasil para efetuar transferências de recursos e transações financeiras entre clientes, bancos, agentes não-bancários, instituições financeiras, seguradoras, empresas de cartões de crédito, instituições governamentais e pelo Banco Central do Brasil. É um conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e dispositivos operacionais integrados para transferir fundos, liquidar obrigações, efetuar pagamentos e realizar transações financeiras ou bancárias. É usado um sistema usado por instituições financeiras, bancos, seguradoras, empresas de cartões de crédito, pelo Banco Central do Brasil e instituições governamentais. Em abril de 2002 o SPB entrou em uma nova fase, passou por uma importante renovação tecnológica que o colocou entre os mais modernos do mundo.

11 1.1 - Estrutura do SPB O Sistema de Pagamentos Brasileiro é estruturado em câmaras de compensação e liquidação. Podemos comparar essas câmaras a salas de atendimento. Por exemplo, se um cliente chega a uma empresa para tratar sobre troca de produto, ele é encaminhado para o setor de trocas, se ele quiser pagar uma conta será encaminhado para o caixa da empresa. Assim também funcionam as câmaras de compensação e liquidação do SPB, o seja, cada uma delas possui uma função específica. Sua estrutura tecnológica processa os dados e comandos relativos à natureza da transação para o qual a Câmara foi programada. No SPB, as instituições financeiras estão ligadas a uma rede de transmissão de dados denominada Rede do Sistema Financeiro Nacional RSFN. As mensagens eletrônicas de transferências de recursos transitam por essa rede, como as Transferências Eletrônicas Disponíveis TED, a negociação de ativos financeiros, os resultados das câmaras de compensação dos cheques, os Documentos de Crédito DOC e as cobranças bancárias. Após o encerramento das operações de transferências, o resultado financeiro apurado na Câmara interbancária de Pagamentos CIP é lançado, no mesmo dia, na Conta de Reservas Bancárias,

12 por: Além do Banco Central, o Sistema de Pagamentos Brasileiro é integrado Instituições Financeiras; Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC); Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Ativos BM&F; Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Câmbio BM&F; Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Derivativos BM&F; Cetip; Selic; Visanet e Redecard; Tecban; Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP).

13 1.2 - O papel do Banco Central Os bancos e outros agentes financeiros devem seguir certas regras para que o dinheiro que circula no país fique equilibrado, e quem define essas regras é o Banco Central. O papel do Banco Central é a gestão do Sistema Financeiro Nacional, visando sempre garantir seu bom funcionamento e integridade. Cabe ao Banco Central a regulamentação e o monitoramento do sistema de pagamentos, com o estabelecimento de regras para disciplinar o uso da conta de Reservas Bancários pelos Bancos. Se um banco faz uma transação com outro banco e se, na conta dele no Banco Central não houver saldo para isso automaticamente essa operação é negada. A conta de Reservas Bancárias é uma conta similar a uma contacorrente que cada banco mantém no Banco Central. Nesta conta é processada toda movimentação financeira diária, decorrente de operações do próprio banco ou de seus clientes. Ele exerce a fiscalização das instituições financeiras e aplica as penalidades previstas. Atua de modo prudencial para evitar quebras de bancos e o desencadeamento de uma crise bancária generalizada.

14 Além disso, após as mudanças implantadas no SPB o Banco Central do Brasil ganhou maior credibilidade na comunidade financeira internacional. Isso significa mais respeito e mais chances de atrair capital externo e investimentos para o nosso país. 1.3 - O Novo SPB A partir de 22 de abril de 2002, entra em vigor o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro. O novo SPB trouxe algumas mudanças no dia-a-dia dos bancos e de seus clientes que se traduziram em mais agilidade, eficiência, segurança e transparência nas suas transações bancárias. Entre as muitas mudanças está a criação da Transferência Eletrônico Disponível (TED), uma opção para a transferência de recursos entre contas de depósitos mantidas em diferentes bancos. Outra mudança é a utilização apenas de recursos efetivamente disponíveis em conta corrente. Os recursos provenientes de depósitos em cheque e DOCs somente poderão ser aplicados após a compensação desses documentos..

15 Capítulo II Como funciona o SPB As instituições participantes do SPB têm disponível uma série de serviços, entre eles: STR Sistema de Transferência de Reservas administrado pelo Banco Central que processa a transferência de recursos por meio das contas de Reservas Bancárias das instituições financeiras, mediante o envio e recebimento de recursos on line das próprias instituições ou de seus clientes. STN Sistema do Tesouro Nacional, administrado pelo Banco Central que processa a transferência de recursos, por meio das contas de reservas bancárias das instituições financeiras, para a conta única do tesouro nacional e deste para as instituições financeiras. RCO Recolhimento Compulsório. Grupo de serviço que controla os depósitos compulsórios e encaixes obrigatórios. Permite que as instituições financeiras detentoras de contas de Reservas Bancárias informem os valores sujeitos a recolhimento e consultem o calendário dos períodos de cálculo e de cumprimento, bem como os itens que compõem a base de incidência de cada compulsório. RDC - Redesconto do Banco Central. Grupo de serviço onde as instituições financeiras titulares de conta de Reservas Bancárias podem

16 realizar as operações de Redesconto junto ao BACEN, exclusivamente com títulos públicos federais, nas modalidades intradia e de um dia útil. CIR Maio Circulante. Grupo de serviço onde as instituições financeiras detentoras de contas de Reservas Bancárias comandam operações relacionadas com movimentação de numerário, com o BACEN ou com o custodiante (saques e depósitos de numerário). SLB Sistema de Lançamento do Banco Central. Sistema que controla a cobrança gerada pelo BACEN para as instituições financeiras. O sistema informa à instituição financeira o valor a ser debitado na sua conta de Reservas Bancárias. A instituição financeira então comanda o pagamento da cobrança relativa ao débito, e nos casos de créditos são automaticamente comandados pelo Banco Central na conta de Reservas Bancárias das instituições financeiras. LDL Liquidação Multilateral de Câmaras. Por meio desse serviço as câmaras de compensação e de liquidação administram o processo de liquidação e o controle de garantias. As câmaras informam a cada instituição o valor líquido referente às operações próprias da instituição e as de seus nãoliquidantes. LTR Liquidação Bruta ou Bilateral de Operações. Esse serviço destina-se a realizar as liquidações brutas em tempo real e as liquidações bilaterais de operações realizadas em câmaras.

17 SEL Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Por meio desse serviço, o participante da Rede do Sistema Financeiro Nacional pode comandar todas as operações com títulos públicos federais permitidos no SEL. Sendo que débitos em títulos geram créditos financeiros para a instituição no STR. PAG Código das Mensagens da Câmara Interbancária de Pagamentos. Tem como objetivo o processamento multilateral líquido de pagamentos. A CIP sempre será a contraparte garantidora dos pagamentos, cursando mensagens de pagamentos, levando em consideração o saldo do participante e os créditos oriundos de outros participantes. Não é permitido saldo negativo. 2.1 - Câmaras Compensatórias As principais câmaras de compensação e liquidação do SPB são: SELIC Sistema Especial de Liquidação e Custódia. È operado pelo BACEN. Efetua a custódia e a liquidação de títulos públicos federais. A liquidação das operações é realizada uma a uma, pelo valor bruto, em tempo real (sistemática da Liquidação Bruta em tempo real - LBTR). CETIP Câmara de Custódia e Liquidação. Sistema semelhante ao SELIC. É destinado à negociação de títulos privados, de alguns títulos públicos e operações interbancárias. (CDI Certificados de Depósitos interbancários).

18 Executa a liquidação multilateral líquida diferida e liquidação bilateral bruta, uma a uma. COMPE Serviço de Compensação de Cheques. Sistema operado pelo Banco do Brasil S/A. É responsável pela compensação de cheques com valores inferiores a R$ 250 mil, cuja liquidação é defasada pelo valor líquido multilateral. Ocorre no dia útil seguinte ao da compensação por meio do serviço Recolhimento de Compulsório RCO do BACEN. CÂMBIO Sistema de Câmbio. Sistema em que são realizadas as transações interbancárias com moeda estrangeira. CIP significa Câmara Interbancária de Pagamentos. Opera a compensação e liquidação de ordens de crédito emitidas pelos bancos e seus clientes. As transferências interbancárias de fundos são também realizadas por meio do Sistema de Transferência de Fundos SITRAF operado pela CIP, com Resultado líquido finalizado no Sistema de Transferência de Reservas, o STR. O processo diferido líquido é vantajoso para as instituições financeiras, pois o resultado impacta na conta de Reservas Bancárias somente ao final do dia, sem prejuízo para os clientes, que têm as suas transferências finalizadas em tempo real. Capítulo III

19 Instrumentos de Transferências de Recursos utilizados no SPB TED É a transferência on line entre instituições financeiras, efetuada pelo próprio cliente, pela Internet (Internet Banking) ou nas agências (no autoatendimento ou direto no caixa ou com o gerente do cliente), utilizando-se cartão magnético e respectiva senha. Destina-se à Instituição Financeira para transferência em nome próprio e aos clientes. O cliente deve ser correntista e estar de posse do cartão. Se o cliente não estiver portando o cartão, a TED pode ser digitada pelo gerente de relacionamento do cliente, na estação operacional da agência. Ocorre pagamento da tarifa própria do serviço. A transferência de crédito é disponibilizada para o favorecido no mesmo dia (same dau funds), geralmente em poucos minutos após a emissão da correspondente ordem pelo remetente. É utilizada para valores a partir de R$ 5 mil. O cliente pode efetuar a transferência de valores de sua conta corrente para outra conta, de sua titularidade ou não, em outro Banco, para o Tesouro Nacional ou para Depósito Judicial. O cliente de conta investimento pode transferir valores para contas investimento ou conta corrente de sua titularidade. A vantagem é que é um produto moderno e útil, reduz os custos operacionais e o volume de papéis em circulação nos Bancos, além de atender às necessidades dos clientes. DOC É um instrumento de transferência de fundos interbancário por conta ou a favor de pessoas físicas ou jurídicas clientes de Instituições Financeiras. É utilizado para valores até R$ 4.999,99. É a transferência de crédito cujos recursos são disponibilizados ao favorecido para saque no dia útil seguinte (D+1). Embora a liquidação interbancária do DOC ocorra na manhã de D+, o débito na conta do cliente ocorre em D. É de inteira responsabilidade do cliente o correto preenchimento do DOC. Sua emissão se dá por meio de

20 pagamento em dinheiro, débito em conta via cartão ou cheque da própria agência. Somente os bancos participantes do SILOC (Sistema de Liquidação Diferida das Transferências Interbancárias de Ordens de Crédito) administrado pela CIP (Câmara Interbancária de Pagamentos), podem emitir ou receber DOC. A principal diferença DOC e TED está relacionada ao tempo em que essas transações são efetivadas. Bloqueto de Cobrança Os bloquetos de cobrança contêm códigos de barras que possibilitam a leitura ótica dos seus dados. É a transferência de crédito cuja liquidação interbancária também ocorre em D+1, e é colocada à disposição do favorecido no dia da liquidação financeira. Cheque É uma ordem de pagamento à vista, passado a favor do próprio emitente ou de terceiros, sacado contra fundos disponíveis em banco É um instrumento com dupla função: instrumento de saque na apresentação ao Banco e meio de pagamento nas relações comerciais e interpessoais. Os princípios fundamentais que regem o cheque são regulamentados pela Lei 7.357/85, a Lei do Cheque. Dentro do princípio geral da Lei Uniforme coube ao Banco Central do Brasil a regulamentação e padronização do cheque no nosso país, acrescentando os elementos de padronização aos requisitos essenciais estabelecidos pela Lei. As folhas de cheque contêm registros magnéticos que possibilitam a leitura automática de seus dados fundamentais. Continua sendo um importante instrumento de pagamento no Brasil, embora tenha havido redução do seu uso nos últimos anos devido, principalmente, a sua substituição por instrumentos eletrônicos.

21 O Serviço de Compensação de Cheques e outros papéis (SCCOP) é regulamentado pelo Banco Central do Brasil e executado pelo Banco do Brasil S/A. Participam do serviço o Banco Central do Brasil, os estabelecimentos bancários autorizados a receber depósitos do público, movimentado por cheque, e outras instituições financeiras a critério do Banco Central do Brasil (BACEN). Os documentos compensáveis são divididos em dois grupos: documentos de pagamento ou de débito e documentos de recebimento ou de crédito. Os documentos de pagamento representam débito para o banco destinatário e crédito para o banco remetente (ex.: cheque). Já os documentos de recebimento representam crédito para o banco destinatário e débito para o banco remetente (ex.: bloqueto de cobrança). O Serviço de Compensação é desenvolvido em duas modalidades: Sistema Integrado Regional de Compensação SIRC, que abrange as dependências de participantes localizadas em praças de uma mesma região, previamente determinada pelo executante; sistema Nacional, que abrange todas as dependências de participantes instaladas no país. Na troca regional, funcionam duas Câmaras de Compensação de Cheques, uma para troca noturna e outra para troca diurna. O Banco Central determina o valor mínimo para que o cheque seja compensado no mesmo dia da sua apresentação, através da sessão de troca noturna. Os cheques inferiores a este limite serão compensados no dia seguinte, na sessão de troca diurna. Em função disso, os depósitos em cheque ficam bloqueados pelo prazo necessário à efetivação da compensação, quais sejam: troca regional cheque superior - 24 horas, troca regional cheque inferior 48 horas, troca nacional de 72 horas a 20 dias úteis conforme a praça acolhedora e a praça sacada. O sistema log-cheque identifica automaticamente a praça sacada, verificando inclusive a ocorrência de feriado municipal A compensação se processa em duas sessões, sendo a primeira destinada à troca de documentos

22 entre os participantes e a segunda à devolução dos documentos impugnados pelos destinatários. Cartões de Crédito São uma forma dos clientes adquirirem bens ou serviços, com a facilidade de terem um prazo para o seu pagamento, muitas vezes no valor à vista. E para quem vende há a garantia do recebimento da venda. A entidade financeira é denominada emissor, enquanto o comerciante (ou prestador de serviços), que o aceitará, se chama fornecedor, e o usuário é o titular do cartão. Cartões de Débito Os cartões de débito podem ser utilizados em caixas automáticos de uso exclusivo da rede proprietária de um banco ou compartilhado, ou em estabelecimentos comerciais que contam com máquinas apropriadas para a realização de transferências eletrônicas de fundos a partir do ponto de venda. Cartão Múltiplo O cartão múltiplo reúne em um plástico as funções de débito e crédito, sendo destinado aos clientes detentores de conta corrente, com ou sem cheque especial, e de conta poupança. Além da função de cartão de crédito, pode ser utilizado em compras em estabelecimentos comerciais, em saques, depósitos, extratos, saldos, pagamentos e transferências. O cartão múltiplo permite ainda a consulta e a movimentação financeira da conta corrente nos PAE (Pontos de Atendimento Eletrônico), nas Salas de Conveniência, e no Banco 24 Horas. Destina-se a clientes detentores de conta corrente, com ou sem cheque especial, e de conta poupança.

23 Cartões de Loja São emitidos principalmente por grandes redes varejistas. No Brasil há, entre outros, os cartões Carrefour, Extra, C&A, Leader. A utilização do cartão da loja implica a postergação do pagamento, ou seja, o adiamento da data de pagamento. Para quitar a obrigação ou a parcela do valor, o devedor utiliza dinheiro em espécie ou outro instrumento de pagamento, como cheque ou cartão de débito. Cartões com valor armazenado - é utilizado para pagamento de serviços específicos, relacionados com o uso de telefones e meios de transporte públicos, ou compras de pequeno valor. Como aqueles cartões que as empresas dão aos funcionários com recargas mensais, como cartãocombustível, cartão-alimentação, cartão-refeição (vale-refeição, valealimentação, vale - combustível, etc.). Internet Banking O Internet Banking conecta o computador do cliente ao do banco com a finalidade de troca de informações a respeito de saldo e movimentação em conta corrente, de cobrança, aplicações, resgates, operações de empréstimos, cotação de moedas, índices e bolsas de valores, saldos de poupança, etc. Funcionam como verdadeiros bancos virtuais, uma vez que as instituições bancárias disponibilizam a quase totalidade das suas operações de prestação de serviços e investimentos aos seus clientes. Débitos Diretos O débito automático em conta, ou débito direto, é normalmente utilizado para pagamentos recorrentes. O valor da obrigação é debitado direta e automaticamente na conta bancária do devedor, ao amparo de uma prévia autorização dada por ele ao seu banco. Normalmente essa autorização é concedida por tempo indeterminado.

24 CONCLUSÃO O Mercado Financeiro é o conjunto de mecanismos voltados para a transferência de recursos entre os agentes econômicos. No mercado financeiro

25 são efetuadas transações com títulos de curto prazo, médios, longo e indeterminado, geralmente voltados para o financiamento de capital de giro permanente e de capital fixo. Uma Instituição Financeira se faz com clientes. Toda empresa, para ser forte, necessita conquistar e manter clientes. E isso só se faz com um bom atendimento. cliente. Para atender bem é necessário possuir informações a respeito do Além disso, é necessário conhecer as normas e leis que regem o trabalho da empresa, para se prestar o melhor atendimento com segurança para o cliente e para os Bancos. Toda vez que o cliente de um banco faz compras com cartões de débito ou crédito, por exemplo, está utilizando-se do Sistema de Pagamentos Brasileiro. Conclui-se, portanto que o Sistema de Pagamentos Brasileiro surgiu para facilitar a vida de todos e proporciona muitas vantagens para os clientes, os Bancos e o país, entre elas estão: Diminuição do tempo de efetivação das transferências interfinanceiras, garantindo maior satisfação aos clientes.

26 Certeza de finalização das operações realizadas com títulos, em decorrência das garantias exigidas pelas câmaras de liquidação. Comodidade oferecida pelas Instituições Financeiras aos seus clientes. Maior credibilidade ao Banco Central diante da comunidade financeira internacional uma vez que o risco sistêmico é assumido pelo setor privado e não mais pelo Banco Central como acontecia antes. Mais chances de atrair capital externo e investimento para o nosso país, em função da redução dos riscos. Mais segurança e confiança para a economia nacional. O Sistema diminui o risco sistêmico possibilidade de que a quebra de um banco provoque a quebra em cadeia dos outros. João Antonio Fleury, do Banco Central.

27 BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, Maria da Glória D. S. O sistema de pagamentos brasileiro e a assunção de risco pelo Banco Central. Rio de Janeiro: Notas Técnicas do Banco Central, 2000. Congresso Nacional. Resolução 2.882. Brasília-DF, 2001. Congresso Nacional. Lei n o 10.214, de 27 de Março de 2001. Brasília-DF, 2001

28 FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. Rio de Janeiro: Qualitymark, 5ª ed. 1994. 364 p. NEVES, Edson Pimenta. Mecanismo e Contabilidade das Instituições Financeiras. Material Didático. 2º semestre de 1998. PAULANI, Leda Maria. BRAGA, Marcio Bobik. A nova Contabilidade Social. São Paulo, Saraiva, 2000. www.bc.gov.br/?spb, Banco Central do Brasil, acessado em 05 de julho de 2009. http://pt.wikipedia.org/wiki/sistema_de_pagamentos_brasileiro, acessado em 05 de julho de 2009.

ANEXOS Índice de anexos Anexo 1 - RESOLUCÃO 2.882 Anexo 2 - LEI N o 10.214, DE 27 DE MARÇO DE 2001. Anexo 3 - GRÁFICO

30 ANEXO 1 RESOLUCAO 2.882 Dispõe sobre o sistema de pagamentos e as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação que o integram. O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9º da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, torna público que o CONSELHO MONE- TÁRIO NACIONAL, em sessão realizada em 30 de agosto de 2001, tendo em conta as disposições dos arts. 4º, inciso VIII, e 11, inciso VII, da referida lei, dos arts. 3º, incisos I, III, IV e parágrafo único, e 15, inciso VI e parágrafos 2º e 3º, da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e da Lei nº 10.214, de 27 de março de 2001, R E S O L V E U: Art. 1º Estabelecer que o sistema de pagamentos deve ser estruturado segundo princípios que assegurem sua eficiência, segurança, integridade e confiabilidade. Art. 2º Sujeitam-se ao disposto nesta Resolução as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação que operam qualquer um dos sistemas integrantes do sistema de pagamentos, cujo funcionamento: I - resulte em movimentações interbancárias; e II - envolva pelo menos três participantes diretos para fins

31 de liquidação, dentre instituições financeiras ou demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. Parágrafo único. Para os efeitos desta Resolução, considera-se: I - câmara de compensação e de liquidação: pessoa jurídica que exerce, em caráter principal, a atividade de que trata o caput; II - prestador de serviços de compensação e de liquidação : pessoa jurídica que exerce, em caráter acessório, a atividade de que trata o caput; III - participante direto para fins de liquidação: pessoa jurídica que assume a posição de parte contratante para fins de liquidação, no âmbito do sistema integrante do sistema de pagamentos, perante a câmara ou o prestador de serviços de compensação ou outro participante direto; IV - participante indireto para fins de liquidação: pessoa jurídica, com acesso a sistema integrante do sistema de pagamentos, cujas operações são liquidadas por intermédio de um participante direto. Art. 3º No sistema de pagamentos devem ser observadas as regras gerais a seguir enumeradas, aplicáveis pelo Banco Central do Brasil, que considerará, para tanto, as especificidades de cada um dos sistemas que o integram: I - os participantes devem ter acesso a informações claras e objetivas, que lhes permitam identificar os riscos em que incorram nos sistemas que utilizem; II - as regras e procedimentos devem possibilitar e incentivar o gerenciamento e a contenção dos riscos de crédito e de liquidez, bem como estabelecer claramente, para estes fins, as obrigações

32 das câmaras e dos prestadores de serviços de compensação e de liquidação e dos participantes; III - a liquidação de obrigação, em caráter irrevogável e incondicional, em conta mantida no Banco Central do Brasil, deve ocorrer, o mais cedo possível, no dia para o qual estipulada; IV - a tradição do ativo negociado e a efetivação do correspondente pagamento devem ser mutuamente condicionadas; V - as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação devem, no mínimo, assegurar, em caso de inadimplência de participante, a liquidação tempestiva de obrigações em montante equivalente à maior posição compensada devedora neles apurada, ressalvado o risco de emissor; VI - a infra-estrutura operacional das câmaras e dos prestadores de serviços de compensação e de liquidação deve ter adequado nível de segurança e confiabilidade, dispondo de planos de contingência e de recuperação capazes de assegurar o processamento no próprio ciclo de liquidação; VII - os meios e procedimentos para a liquidação de obrigações devem satisfazer as necessidades dos usuários e ser economicamente eficientes; VIII - os critérios de acesso aos sistemas devem ser públicos, objetivos e claros, possibilitando ampla participação, admitidas restrições com enfoque, sobretudo, na contenção de riscos; e IX - a estrutura organizacional e administrativa das câmaras e dos prestadores de serviços de compensação e de liquidação deve ser efetiva e transparente, de modo a possibilitar, inclusive, a avaliação do desempenho dos administradores e contemplar os interesses dos participantes.

33 Art. 4º O Banco Central do Brasil atuará no sentido de promover a solidez, o normal funcionamento e o contínuo aperfeiçoamento do sistema de pagamentos, de acordo com o estabelecido nesta Resolução. Art. 5º Com vistas à adequação das câmaras e dos prestadores de serviços de compensação e de liquidação aos valores, princípios e regras aplicáveis ao sistema de pagamentos, o Banco Central do Brasil deverá: I - regulamentar suas atividades; II - autorizar o funcionamento de seus sistemas; III - exercer a supervisão de suas atividades, observando, no que se refere à aplicação de penalidades, o disposto na Resolução nº 1.065, de 5 de dezembro de 1985, com a redação dada pela Resolução nº 2.228, de 20 de dezembro de 1995. Parágrafo 1º A regulamentação de que trata o inciso I poderá contemplar regras diferenciadas para as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação considerados sistemicamente importantes pelo Banco Central do Brasil. Parágrafo 2º A supervisão a que se refere o inciso III compreende, quando for o caso, o acesso do Banco Central do Brasil aos documentos e informações que considere necessários à avaliação da conformidade, ao disposto na legislação e regulamentação em vigor, dos serviços, inerentes ao processo de liquidação, prestados por terceiros que tenham vínculo operacional com a câmara ou prestador de serviços de compensação e de liquidação. Art. 6º No que concerne às câmaras e aos prestadores de serviços de compensação e de liquidação, compete à Comissão de Valores Mobiliários, no que diz respeito a operações com valores mobiliários: I - regulamentar suas atividades;

34 II - autorizar o funcionamento de seus sistemas; e III - exercer a supervisão de suas atividades, observando, no que se refere à aplicação de penalidades, o disposto no artigo 11, da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Parágrafo 1º Além da regulamentação, da autorização e da supervisão de que tratam os incisos I a III, sujeitam-se as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação de que trata o caput à autorização para funcionamento e à supervisão de seus sistemas pelo Banco Central do Brasil, ao qual compete, com exclusividade, a análise dos aspectos relacionados com o risco à solidez e ao normal funcionamento do Sistema Financeiro Nacional. Parágrafo 2º O disposto no parágrafo anterior aplica-se às câmaras e aos prestadores de serviços de compensação e de liquidação já autorizados pela Comissão de Valores Mobiliários quando da data de entrada em vigor desta Resolução. Art. 7º As câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação devem ter suas demonstrações financeiras, inclusive as notas explicativas exigidas pelas normas legais e regulamentares vigentes, examinadas por auditor independente, na forma da Resolução nº 2.267, de 29 de março de 1996, e regulamentação complementar. Art. 8º Aplicam-se às câmaras e aos prestadores de serviços de compensação e de liquidação as exigências quanto à implementação de sistemas de controles internos de que trata a Resolução nº 2.554, de 24 de setembro de 1998. Art. 9º. O Banco Central do Brasil operará, exclusivamente, sistemas com liquidação bruta em tempo real. Art. 10. Fica o Banco Central do Brasil autorizado a:

35 I - regulamentar a troca eletrônica de mensagens no sistema de pagamentos; II - estabelecer prazo para a adequação das câmaras e dos prestadores de serviços de compensação e de liquidação ao disposto nesta Resolução. Art. 11. Ficam o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários, nas respectivas áreas de competência, autorizados a baixar as normas complementares e a adotar as medidas que julgarem necessárias ao cumprimento do disposto nesta Resolução, podendo, inclusive, estabelecer as condições para alterações nos regulamentos dos sistemas. Art. 12. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, exceto o art.9º, que entrará em vigor na data de início do novo sistema de pagamentos, a ser estabelecida pelo Banco Central do Brasil. Brasília, 30 de agosto de 2001 Ilan Goldfajn Presidente, interino

36 ANEXO 2 LEI N o 10.214, DE 27 DE MARÇO DE 2001. Dispõe sobre a atuação das câmaras e dos prestadores de serviços de compensação e de liquidação, no âmbito do sistema de pagamentos brasileiro, e dá outras providências. Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou a Medida Provisória 2.115-16, de 2001, que o Congresso Nacional aprovou, e eu Jader Barbalho, Presidente do Senado Federal, para os efeitos do disposto no parágrafo único do art. 62 da Constituição Federal, promulgo a seguinte Lei: Art. 1 o Esta Lei regula a atuação das câmaras e dos prestadores de serviços de compensação e de liquidação, no âmbito do sistema de pagamentos brasileiro. Art. 2 o O sistema de pagamentos brasileiro de que trata esta Lei compreende as entidades, os sistemas e os procedimentos relacionados com a transferência de fundos e de outros ativos financeiros, ou com o processamento, a compensação e a liquidação de pagamentos em qualquer de suas formas.

37 Parágrafo único. Integram o sistema de pagamentos brasileiro, além do serviço de compensação de cheques e outros papéis, os seguintes sistemas, na forma de autorização concedida às respectivas câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação, pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores Mobiliários, em suas áreas de competência: crédito; I-de compensação e liquidação de ordens eletrônicas de débito e de II-de transferência de fundos e de outros ativos financeiros; III-de compensação e de liquidação de operações com títulos e valores mobiliários; IV-de compensação e de liquidação de operações realizadas em bolsas de mercadorias e de futuros; e V-outros, inclusive envolvendo operações com derivativos financeiros, cujas câmaras ou prestadores de serviços tenham sido autorizados na forma deste artigo. Art. 3 o É admitida a compensação multilateral de obrigações no âmbito de uma mesma câmara ou prestador de serviços de compensação e de liquidação. Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, define-se compensação multilateral de obrigações o procedimento destinado à apuração da soma dos resultados bilaterais devedores e credores de cada participante em relação aos demais.

38 Art. 4 o Nos sistemas em que o volume e a natureza dos negócios, a critério do Banco Central do Brasil, forem capazes de oferecer risco à solidez e ao normal funcionamento do sistema financeiro, as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação assumirão, sem prejuízo de obrigações decorrentes de lei, regulamento ou contrato, em relação a cada participante, a posição de parte contratante, para fins de liquidação das obrigações, realizada por intermédio da câmara ou prestador de serviços. 1 o As câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação não respondem pelo adimplemento das obrigações originárias do emissor, de resgatar o principal e os acessórios de seus títulos e valores mobiliários objeto de compensação e de liquidação. 2 o Os sistemas de que trata o caput deverão contar com mecanismos e salvaguardas que permitam às câmaras e aos prestadores de serviços de compensação e de liquidação assegurar a certeza da liquidação das operações neles compensadas e liquidadas. 3 o Os mecanismos e as salvaguardas de que trata o parágrafo anterior compreendem, dentre outros, dispositivos de segurança adequados e regras de controle de riscos, de contingências, de compartilhamento de perdas entre os participantes e de execução direta de posições em custódia, de contratos e de garantias aportadas pelos participantes. Art. 5 o Sem prejuízo do disposto no 3 o do artigo anterior, as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação responsáveis por um ou mais ambientes sistemicamente importantes deverão, obedecida a

39 regulamentação baixada pelo Banco Central do Brasil, separar patrimônio especial, formado por bens e direitos necessários a garantir exclusivamente o cumprimento das obrigações existentes em cada um dos sistemas que estiverem operando 1 o Os bens e direitos integrantes do patrimônio especial de que trata o caput, bem como seus frutos e rendimentos, não se comunicarão com o patrimônio geral ou outros patrimônios especiais da mesma câmara ou prestador de serviços de compensação e de liquidação, e não poderão ser utilizados para realizar ou garantir o cumprimento de qualquer obrigação assumida pela câmara ou prestador de serviços de compensação e de liquidação em sistema estranho àquele ao qual se vinculam. 2 o Os atos de constituição do patrimônio separado, com a respectiva destinação, serão objeto de averbação ou registro, na forma da lei ou do regulamento. Art. 6 o Os bens e direitos integrantes do patrimônio especial, bem como aqueles oferecidos em garantia pelos participantes, são impenhoráveis, e não poderão ser objeto de arresto, seqüestro, busca e apreensão ou qualquer outro ato de constrição judicial, exceto para o cumprimento das obrigações assumidas pela própria câmara ou prestador de serviços de compensação e de liquidação na qualidade de parte contratante, nos termos do disposto no caput do art. 4 o desta Lei. Art. 7 o Os regimes de insolvência civil, concordata, intervenção, falência ou liquidação extrajudicial, a que seja submetido qualquer participante, não

40 afetarão o adimplemento de suas obrigações, assumidas no âmbito das câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação, que serão ultimadas e liquidadas pela câmara ou prestador de serviços, na forma de seus regulamentos. Parágrafo único.o produto da realização das garantias prestadas pelo participante submetido aos regimes de que trata o caput, assim como os títulos, valores mobiliários e quaisquer outros seus ativos, objeto de compensação ou liquidação, serão destinados à liquidação das obrigações assumidas no âmbito das câmaras ou prestadores de serviços. Art. 8 o Nas hipóteses de que trata o artigo anterior, ou quando verificada a inadimplência de qualquer participante de um sistema, a liquidação das obrigações, observado o disposto nos regulamentos e procedimentos das câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação, dar-seá: I-com a tradição dos ativos negociados ou a transferência dos recursos, no caso de movimentação financeira; e II-com a entrega do produto da realização das garantias e com a utilização dos mecanismos e salvaguardas de que tratam os 2 o e 3 o do art. 4 o, quando inexistentes ou insuficientes os ativos negociados ou os recursos a transferir. Parágrafo único.se, após adotadas as providências de que tratam os incisos I e II, houver saldo positivo, será ele transferido ao participante, integrando a respectiva massa, se for o caso, e se houver saldo negativo,

41 constituirá ele crédito da câmara ou do prestador de serviços de compensação e de liquidação contra o participante. Art. 9 o A infração às normas legais e regulamentares que regem o sistema de pagamentos sujeita as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação, seus administradores e membros de conselhos fiscais, consultivos e assemelhados às penalidades previstas: I-no art. 44 da Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, aplicáveis pelo Banco Central do Brasil; II - no art. 11 da Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976, aplicáveis pela Comissão de Valores Mobiliários. Parágrafo único.das decisões proferidas pelo Banco Central do Brasil e pela Comissão de Valores Mobiliários, com fundamento neste artigo, caberá recurso, sem efeito suspensivo, para o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, no prazo de quinze dias. Art. 10. O Conselho Monetário Nacional, o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários, nas suas respectivas esferas de competência, baixarão as normas e instruções necessárias ao cumprimento desta Lei. Art. 11.Ficam convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória n o 2.115-15, de 26 de janeiro de 2001. Art. 12.Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

42 Congresso Nacional, em 27 de março de 2001; 180 o da Independência e 113 o da República. Senador JADER BARBALHO Presidente do Congresso Nacional

43 ANEXO 3 GRÁFICO Diagrama 1: Arranjo geral dos sistemas de liquidação Fonte: www.bc.gov.br

44 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I O CONCEITO 10 1.1 Estrutura do SPB 11 1.2 O papel do Banco Central 13 1.3 O novo SPB 14 CAPÍTULO II COMO FUNCIONA O SPB 15 2.1 Câmaras Compensatórias 17 CAPÍTULO III NSTRUMENTOS DE TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS UTILIZADOS NO SPB 19 CONCLUSÃO 25 BIBLIOGRAFIA 28 ANEXOS 29 ÍNDICE 44