PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. Aula n. 77 DIREITO SANITÁRIO - CRIAÇÃO DE ANIMAIS EM RESIDÊNCIA

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Transcrição:

Aula n. 77 DIREITO SANITÁRIO - CRIAÇÃO DE ANIMAIS EM RESIDÊNCIA 1

As normas de Direito Sanitário correspondem, analogamente, a prescrições destinadas a ordenar as relações sociais de interesse à saúde, ou seja, as ações e os serviços desenvolvidos na sociedade e direcionadas para a promoção, proteção e recuperação da saúde. 2

A definição usual de Direito [norma jurídica] reza: direito é o conjunto de normas coativas válidas num Estado, e esta definição ao meu ver atingiu o essencial. Os dois fatores que ela inclui são o de norma e o da realização através da coação (...). O conteúdo da norma é um pensamento, uma proposição (proposição jurídica), mas uma proposição de natureza prática, isto é, uma orientação para a ação humana; a norma é, portanto, uma regra, conforme a qual devemos nos guiar. JHERING, Rudolf von. Der Zweck im Recht (A finalidade do Direito), 1916, p. 256. In FERRAZ JR, Tércio Sampaio. A ciência do Direito. P. 50. 3

Case Jurídico A cria em sua residência/condomínio 20 animais (cachorro/gatos). Os animais fazer muito barulho (poluição sonora) e o cheiro que exala da residência é insuportável. Como advogado(a) de B, proponha a ação competente. 4

Direito de vizinhança Artigo 1.277 do Código Civil O proprietário ou possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização da propriedade vizinha. 5

Direito de vizinhança são limitações impostas por normas jurídicas a propriedades individuais com o escopo de conciliar interesses de proprietários vizinhos, reduzindo os poderes inerentes ao domínio e de modo a regular a convivência social. 6

Uso anormal da propriedade vizinha. O mau uso é o uso anormal do direito, que cause dano a alguém (art. 186 do CC), mesmo que não haja a intenção de incomodar ou prejudicar. 7

Se prejuízo houver do exercício anormal de um direito, ultrapassando os limites impostos à zona de garantia de cada um, cabe ao prejudicado (proprietário ou possuidor do prédio) um direito de reação, ou seja, o de fazer cessar as interferências. 8

Ofensa à segurança. Constituem ofensa à segurança pessoal ou aos bens todos os atos que comprometerem a estabilidade de um prédio e a incolumidade de seus oradores. 9

Ofensa ao sossego. São ofensas ao sossego ruídos excessivos que tiram a tranquilidade dos habitantes dos prédios contíguos. Ofensa à saúde. Criação de animais que exalam mau cheiro. 10

A respeito da poluição sonora, cumpre à autora demonstrar que o ruído proveniente dos animais supera, durante o dia, 50 decibéis, e, durante a noite, 45 decibéis, segundo a NBR 10.152/87 da ABNT, que dispõe sobre os níveis de ruídos para conforto acústico em determinados ambientes. 11

O direito busca a coexistência das liberdades individuais, submetendo o interesse individual ao coletivo, dentro de limites justos. Na verdade o que informa a solução é a necessidade de equilíbrio. Se como proprietário de um prédio podemos dele utilizar segundo nossa conveniência, isso não envolve um poder discricionário, o exercício segundo nossa livre vontade, em tal extensão que cabe por ferir a esfera de interesses do vizinho, causando-lhe dano ou incômodo. Para que a vida social flua equilibradamente é indispensável a harmonia entre as esferas de interesse. Lição de Marco Aurélio S. Viana, em sua série Comentários ao Novo Código Civil, Vol. XVI, p. 307. 12

Condomínio Ler Convenção Coletiva Decreto nº 4.591 de 01.12.64 (Lei do Condomínio) 13

Artigo 1.336, inciso IV, do Código Civil São deveres do condômino: IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons costumes. (Artigo 10 da Lei n. 4.591, de 16-12-1964 (Lei do Condomínio e Incorporação) 14

Artigo 10, inciso III, da Lei n. É defeso a qualquer condômino: III - destinar a unidade a utilização diversa de finalidade do prédio, ou usá-la de forma nociva ou perigosa ao sossego, à salubridade e à segurança dos demais condôminos. 15

AGRAVO DE INSTRUMENTO Artigos 1.015 a 1.020 do Código de Processo Civil 16

CONCEITO O agravo de instrumento é interposto contra as decisões interlocutórias previstas no artigo 1.015 do Código de Processo Civil. 17

CONCEITO DE DECISÃO INTERLOCUTÓRIA É o ato pelo qual o juiz decide questão incidental com o processo ainda em curso. A decisão interlocutória não põe fim ao processo. 18

ROL DO ARTIGO 1.015 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Tutelas provisórias (Cabe também sustentação oral no Tribunal de Justiça - Art. 937, inciso VIII, do CPC) Mérito do processo 19

Rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação (Da decisão que concede a gratuidade - não cabe agravo de instrumento - Preliminar de contestação - artigo 337, inciso XIII, do CPC) 20

Outros casos expressamente referidos em lei: mandado de segurança com pedido de liminar, concessão da pensão alimentícia, da decretação da pensão alimentícia etc. 21

Artigo 1.015, parágrafo único, do CPC: Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. 22

PETIÇÃO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO Competência (Endereçamento) Nomes das partes (qualificação completa) = agravante x agravado 23

Exposição do fato e do direito Razões do pedido da reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido O nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo. 24

DOCUMENTOS QUE DEVEM INSTRUIR O AGRAVO DE INSTRUMENTO Cópia da petição inicial Cópia da contestação Cópia da petição que ensejou a decisão agravada 25

Cópia da decisão interlocutória Cópia da intimação da decisão interlocutória Cópia das procurações do agravante e do agravado 26

Com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal Facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis. 27

Pagamento das custas e do porte de remessa e retorno (verificar a legislação local sobre recolhimento) Sendo eletrônicos os autos do processo, não é preciso juntar as peças indicadas anteriormente, contudo, entende-se necessário (não obrigatória) a fim de que possa possibilitar uma visão ampla do processo de primeira instância. 28

Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente ao relator, se não for o caso da aplicação do artigo 932, incisos III e IV, no prazo de 5 (cinco) dias: Poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão. 29

Ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento, quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso; 30

Determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias. 31

O relator solicitará dia para julgamento cujo prazo não poderá ser superior a um mês da intimação do agravado. 32