Florestas Energéticas

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Transcrição:

Florestas Energéticas

1-Introdução A utilização da lenha como forma de energia foi uma das primeiras alternativas utilizada pelo homem. Revolução Industrial: Ocorreu um avanço no uso da madeira empregada nas indústrias e nos transportes (maquinas a vapor).

Florestas energéticas São plantações florestais industriais cultivadas com o objetivo de servirem como insumo para a produção de energia. Diminuem a pressão do desmatamento sobre as florestas naturais. Desempenha importante papel na utilização de terras degradadas. O Brasil detém conhecimento técnico e científico em nível de excelência na área de Silvicultura.

2- Panorama Mundial A utilização da madeira como fonte de energia representa 95% da fonte de energia em diversos países em desenvolvimento e somente 4% em países industrializados.

Figura 1 Porcentagem da biomassa florestal na matriz energética nacional de alguns países. Fonte: World Research Institute (2004)

No setor residencial, metade das famílias do mundo ainda utiliza lenha ou carvão vegetal para cocção e aquecimento. Em 2005, 50% da produção total de biomassa tradicional (lenha e carvão vegetal produzidos com pouca eficácia a partir de desmatamentos insustentáveis) esteve concentrada em nove países: Brasil, Etiópia, Congo, Nigéria, Estados Unidos, Rússia, China, Uganda e Myanmar (UHLIG, 2008).

Figura 2 Produção mundial de lenha em 2005. Fonte: UHLIG, 2008

3- Panorama Brasil Período colonial até 1972: Madeira como fonte de energia; 1973: Energia derivada do petróleo; 1978: Hidroeletricidade

Pró-alcool 14,3 milhões de pessoas 169,8 milhões de pessoas Gráfico retirado do Relatório Final de Balanço Energético Nacional (BEN) - 2011

25,5% DO SETOR AGROPECUÁRIO

8,4% DO SETOR INDUSTRIAL Com destaque para indústria de cerâmica (50,6%) e de ferroligas (41,6%)

30,7% DO SETOR RESIDENCIAL

Neste caso o uso deste recurso provoca um sério risco ambiental, já que a maioria da madeira consumida vem de florestas remanescentes da Caatinga e que ainda não possuem planos de gestão sustentável. O ecofogão foi escolhido como uma das principais alternativas sustentáveis na solução do problema energético. De acordo com Francisco Campello, coordenador regional do Projeto GEF Caatinga, "ele utiliza apenas 1/3 da madeira normalmente consumida nos fogões convencionais e com 2 kg de lenha é possível preparar uma refeição para cinco pessoas", ressaltando o quanto o modelo é essencial para a redução do uso da madeira, um dos biocombustíveis mais usados no mundo, na produção de energia. (GEF CAATINGA ECOFOGAO)

Na região Nordeste 70% das famílias e 40% das fábricas ainda usam a lenha como principal fonte de energia.

4- PROCESSOS DE OBTENÇÃO DE ENERGIA

Densidade básica média do Eucalyptus: 0,50 g/cm³ Fonte: CASTILHO (1984); IPT (1937); JARA (1989);FARINHAQUE (1981); CASTILHO & ALZOLA (1988); MARABOTO et al. (1989).

Rotas de conversão Conversão Térmica Combustão Gaseificação Pirólise Liquefação Carbonização Vapor Gás Gás Bioóleo Carvão Turbina Célula de Combustível Calor Eletricidade Combustíveis Saidur et al. (2011)

Rotas de conversão A biomassa pode ser convertida em combustível por vários processos. A escolha do processo: Tipo e quantidade de matéria-prima disponível; Uso final (e.g. elétrica, gás, combustível líquido etc); Fatores econômicos; e Normas ambientais

Rotas de conversão Processo Características Líquido Carvão Gás Pirólise rápida Temperatura de processo moderada (450-75% 12% 13% 550 o C), curtos tempos de residência dos vapores e biomassa (< 2 s) com baixa granulometria Carbonização Baixas temperaturas (400-450 o C), curtos tempos 30% 35% 35% de residência (horas ou dias). Partículas grandes Gaseificação Alta temperatura (900 o C), longos tempos de residência. 5% 10% 85% Bridgewater (2001)

Rotas de conversão Combustão baixa eficiência, CO e particulados Caldeira a vapor - 60-85% da energia potencial Cogeração (eletricidade + vapor) Ef 85% Turbina a gás com combustão direta Pré-tratamento: biomassa < 2mm e U% < 25% Queima com ar comprimido Purificação do gás Gaseificação Envolve pirólise, oxidação, gaseificação e craqueamento do alcatrão Processo termoquímico 70 a 80% da energia potencial Liquefação Alta pressão (50-200 atm) Temperatura entre 250 e 450 oc obtenção de bio-óleo Pirólise conversão térmica, ausência total ou parcial de O Pode-se obter gás, líquido ou sólido Pirólise rápida maior interesse na fase líquida Carbonização maior concentração de C (até 40% de carvão a partir da biomassa).

Pellets x cavacos Pellets são partículas desidratadas e moídas de madeira. Estas concentram maior valor energético por tonelada, tem seu transporte facilitado e podem ser misturadas a outros combustíveis- cofiring. Cavacos são pedaços pequeno s de madeira processados no campo, enviados para fabricação de papel e energia.

5- Briquete Resíduo de biomassa usado para gerar energia através de uma técnica denominada briquetagem São compensados que podem ser feitos de madeira ou outros materiais como palha de arroz que possuem grande potencial energético se comparados à lenha.

Especificações do Briquete Quadro comparativo Briquetes Poder calorífico kcal/ql Peso específico Peso a granel Umidade Casca de Arroz 3.800 1.1 650-700 12% Resíduos de algodão 4.300 1.1 650-700 12% Resíduos de Pinus 4.600 1.17 700-750 12% Bagaço da cana 4.70 1.1 650-700 14% Resíduo de madeira de lei Resíduo de eucalipto 4.900 1.2 750-800 12% 4.800 1.18 720-780 12% Linha comercial 2.200 0.6 350-400 25-30%

Briquete x Lenha Briquete 1.000 Kg x 4600Kcal/Kg = 4.600.000Kcal/Kg Lenha 1m³ de lenha = ± 330 Kg 330Kg x 2400Kcal/Kg = 792.000 Kcal/m³ Portanto o Briquete é até 06 vezes mais eficiente que a lenha na relação Kg/m³, pois para cada tonelada de briquete, é necessário 5,8m³ de lenha. O briquete é limpo e isento de insetos, e muito fácil de armazenar, pois em apenas 2m² é possível colocar 1 tonelada de briquetes.

Processo de Produção Secagem Moagem Briquetagem

Vantagens gerais da utilização do Briquete Poder calorífico maior que o da lenha Espaço para armazenagem reduzido Devido à baixa umidade a temperatura eleva-se rapidamente Menos fumaça Não danifica a fornalha no abastecimento Liberação total do IBAMA e CETESB 100% reciclado e ecológico Facilidade no controle de estoques Menor índice de poluição Embalagens padronizadas Fim da queima de resíduos A cada 90 toneladas de briquete se evita a derrubada de 85 árvores