EFEITO DE SALINIZAÇÃO NA CULTURA DE CRAMBE 1

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ABSTRACT. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2932

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Transcrição:

EFEITO DE SALINIZAÇÃO NA CULTURA DE CRAMBE 1 Andressa Caroline Neves 2, Edward Seabra Júnior 3, Daniel Marcos Dal Pozzo 3, Rodolfo de Andrade Schaffner 2, Fernanda Bernardo Cripa 2, Reginaldo Ferreira Santos 4 1 Apresentado no 2 Seminário de Engenharia de Energia na Agricultura: 30/11/2017- UNIOESTE, Campus Cascavel. 2 Universidade Federal do Paraná - UFPR setor Palotina. Programa de Pós-Graduação em Bioenergia. Palotina - PR. seabra.edward@gmail.com 3 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, DAPRO - Departamento Acadêmico de Produção e Administração - Medianeira - PR. 4 Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, PPGEA - Programa de Pós Graduação em Engenharia de Energia na Agricultura - Nível Mestrado, Cascavel-PR. Resumo: O objetivo deste trabalho foi verificar os efeitos de salinidade em sementes de Crambe. Adotou-se um delineamento completamente casualizado com cinco tratamentos de soluções salinas de cloreto de sódio (0; 0,5; 0,10; 0,15 e 0,20 mol L -1 ) com seis repetições. Foram semeadas 2 sementes por células de germinação, onde as sementes foram irrigadas com solução salina a cada dois dias, durante 15 dias. As variáveis analisadas foram: Comprimento da parte aérea e radicular, massa fresca e seca porcentagem de germinação e índice de velocidade de germinação. A salinidade não interferiu nas variáveis de comprimento de parte radicular e massa seca da planta. Entretanto apresentou efeitos negativos para porcentagem de germinação, índice de velocidade de germinação, comprimento de parte aérea e massa fresca da planta. Com isso conclui-se que a irrigação com águas salinas na cultura de Crambe, provoca alterações no desenvolvimento da planta. Palavras-chave: germinação, crescimento inicial, salinidade. Effect of salinization in crambe culture

606 Abstract: The aim of this study was to verify the effects of salinity on seeds of Crambe. Adopted a completely randomized design with five treatments of salt solutions of sodium chloride (0; 0.5; 0.10 0.15 0.20 mol L -1 ) with six repetitions. 2 seeds were sown by burgeoning cells, where the seeds were irrigated with saline solution every other day during 15 days. The variables analyzed were: length of shoot and root, fresh pasta and dried percentage germination and germination speed index. Salinity did not interfere in the variables of length of root part and plant dry mass. However presented negative effects for germination percentage, germination speed index, length of the shoot and plant fresh mass. With that concluded that irrigation with saline water in Crambe, causes changes in plant development. Key words: germination, growth, salinity. Introdução Crambe abyssinica Hochst é pertencente da família Brassicaceae, uma oleaginosa do Mediterrâneo, de origens quentes e seca. É uma cultura de alta tolerância a secas e frio, sendo principalmente seu cultivo indicado a épocas de outono/inverno (FUNDAÇÃO MS, 2016). Atualmente o México e os Estados Unidos apresentam maior escala de cultivo, sendo produzido para extração de óleo industrial (JASPER et al., 2010). É uma planta anual ao qual seu crescimento e produção apresentando ciclo curto (85 100 dias), com uma alta produção de grãos e teor de óleo (36 38 %). O óleo apresenta ótimas características para produção de biodiesel, sendo também uma cultura que representa uma ótima alternativa na época de safrinha e rotação de cultura (FUNDAÇÃO MS, 2016; VONZ et al, 2014). O Crambe é uma cultura de cobertura e forragem e surgiu como grande potencial para produção de biodiesel. Os grãos são constituídos por até 57% de ácido erúcico, onde alto teor deste ácido confere características desejáveis ao biodiesel, tais como estabilidade do óleo e baixo ponto de entupimento (ROSCOE, 2014; VIANA, 2013). Atualmente se vê a necessidade de um aumento da extensão da produção agrícola, com isso a procura por outras fontes de irrigação aumentarão, como por exemplo, no Nordeste ao qual utilizam águas de baixa qualidade que apresentam teores moderados de sais (CALVACANTI et al., 2005). De acordo com Janegitz et al. (2009), a salinidade dificulta o crescimento de plantas, reduzindo o potencial osmótico e ocasionando um desiquilíbrio nutricional. A acumulo de sais influencia diretamente na germinação das sementes, interferindo na absorção de água, um exemplo é a presença de cloreto de sódio (NaCl), que inibe a emergência das sementes e toxicidade dos tecidos vegetais (CHAVES et al., 2013).

607 De acordo com o nível de salinidade a semente pode perder a água presente em vez de absorver, causando uma maior toxicidade a planta (SALES et al., 2014). A sensibilidade das sementes é maior em relação a salinidade, a diminuição da absorção de água provoca alterações fisiológicas e bioquímicas na semente, resultante do efeito toxico de íons no protoplasma (MENDES et al., 2012). Cada cultura tem uma resposta diferente a presença da salinidade, os primeiros efeitos são demonstrados na fase de germinação, provocando alterações morfológicas e metabólicas desiguais no desenvolvimento da planta (SANTOS et al., 2013). Vasconcenlos et al. (2014), avaliou o efeito de irrigações de água salina na germinação e desenvolvimento de sementes de crambe. Utilizou vários níveis de solução de NaCl, e após 15 dias de teste para germinação avaliou número de plântulas normais, velocidade de emergência de sementes e comprimento de planta e raiz. Para essas variáveis a semente de crambe foi tolerante aos níveis de salinidade, sem apresentar diminuições nas variáveis analisadas. Diante disso se vê necessário e importante os estudos para compreender os aspectos e processos de sementes sobre as relações hídricas. Com isso o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de irrigação com soluções salinas na cultura do crambe. Material e Métodos As sementes utilizadas foram disponibilizadas pela Fundação MS, e dispostas em bandeja de germinação com substrato comercial, semeadas 2 sementes por célula, com 6 repetições. As sementes foram regadas com solução salina a cada dois dias, durante 15 dias. Utilizou-se para o preparo das soluções salinas, água destilada e Cloreto de Sódio (NaCl). Foram realizadas cinco diferentes concentrações de soluções de cloreto de sódio (0; 0,5; 0,10; 0,15 e 0,20 mol L -1 ), constituindo cinco tratamentos. Foram utilizadas sementes de crambe do cultivar Brilhante 2015. As variáveis analisadas foram: Comprimento da parte aérea e radicular, massa fresca e seca, porcentagem de germinação e índice de velocidade de germinação (IVG). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com cinco tratamentos e seis repetições. O comprimento da raiz e da parte aérea foi avaliado após 15 dias da semeadura, onde-se mediu as plântulas normais com o auxílio de um paquímetro (mm), da extremidade da raiz ao coleto para determinar o comprimento radicular e do coleto ao ápice da parte aérea para determinar o comprimento da parte aérea; massa fresca das plântulas foi obtida após 15 dias, na pesagem das plântulas em balança analítica e, os resultados expressos em grama plântula -1 ;

608 massa seca das plântulas as plântulas normais foram acondicionadas em sacos de papel e levadas à estufa a temperatura de 70 º C por 72 horas, posterior as amostras foram pesadas em balança analítica e, os resultados expressos em grama plântula -1. A porcentagem de germinação foi determinada pela quantidade de sementes germinadas em função das sementes semeadas, sendo calculada pela Equação 1. Porcentagem de germinação (%) = nº de sementes germinadas total de sementes semeadas 100 (1) O índice de velocidade de germinação avaliado pela contagem diária de plântulas emergidas durante 15 dias, e calculado pela fórmula de Maguire (1962) (Equação 2). Índice de velocidade de germinação (IVG) = E 1 N 1 + E 2 N 2 + E 3 N 3 + E N N N (2) Onde: E1 até En é o número de plântulas emergidas computadas no primeiro dia até o último dia; N1 até Nn é o número de dias da semeadura à primeira até à última contagem. A análise estatística foi efetuada no modelo de análise de variância com um delineamento experimental inteiramente casualizado, utilizando o programa ASSISTAT 7,7 (SILVA e AZEVEDO, 2016). A comparação entre as médias dos tratamentos foi realizada com a aplicação do teste de Tukey com 5% de significância. Resultados e Discussão Após 15 dias da semeadura foi feita a coleta das plântulas normais, sendo consideradas plântulas normais, as quais desenvolveram estruturas essenciais para a parte aérea e radicular demonstrando potencial de desenvolvimento. Para porcentagem de germinação o tratamento controle obteve 100% de germinação e a menor germinação foi para o tratamento com maior concentração salina (0,20 mol L -1 ) com 33,33%. Na Figura 1 percebe-se que com o aumento da concentração de NaCl nos tratamentos a porcentagem de germinação diminuiu.

Índice de velocidade de germinação (%) Porcentagem de Germinação (%) 609 100 80 60 40 20 0 Figura 1. Porcentagem de germinação (%) da planta. Indicando que a salinidade influencia diretamente na germinação de sementes, conforme detalhado por Sales et al. (2014), ao qual as sementes são mais sensíveis aos níveis de salinidade, provocando uma toxicidade nas sementes, diminuindo a absorção de água. A Figura 2 demostra o gráfico de velocidade de germinação de plantas, onde a velocidade maior de germinação apresentou diminuição de acordo com o aumento da concentração de NaCl nos tratamentos. O tratamento de 0 mol L -1 teve a maior velocidade de germinação e a menor velocidade para o tratamento 0,20 mol L -1. 10 8 6 4 2 0 Figura 2. Índice de velocidade de germinação. No comprimento de parte aérea (Figura 3) o maior valor obtido foi para o tratamento controle (0 mol L -1 ) com 99,61mm e menores valores para o tratamento com maior concentração 0,20 mol L -1 de 53,54mm.

Comprimento de parte aérea (mm) 610 100 80 60 40 20 0 Figura 3. Comprimento da parte aérea. Quando realizado a Análise de Variância (ANOVA) o valor do p-valor foi menos que 0,05 (Tabela 1), identificando que houve diferença estatística entre os tratamentos. Com isso realizou o teste de comparação de média (Tabela 2). Tabela 1. Análise de Variância (ANOVA) para comprimento de parte aérea. Fonte da variação SQ gl MQ F valor-p F crítico Entre grupos 10210,23 4 2552,556 45,67876 0,0000000000385 2,75871 Dentro dos grupos 1397,015 25 55,8806 Total 11607,24 29 Tabela 2. Teste de comparação de médias Tukey a 5% de significância para comprimento de parte aérea. Média dos tratamentos 0 99,6133 A 0,05 93,2016 A 0,10 73,1516 B 0,15 57,6366 C 0,20 53,5383 C No teste de comparação de média os tratamentos 0 e 0,05 mol L -1 são estatisticamente iguais, bem como os tratamentos 0,15 e 0,20 mol L -1. Contudo o tratamento de 0,10 mol L -1 é estatisticamente diferente dos demais tratamentos, assim como os tratamentos 0 e 0,05 mol L -1 são estatisticamente diferentes dos tratamentos 0,15 e 0,20 mol L -1. Na Figura 4 apresenta-se o gráfico do comprimento de parte aérea, onde o maior valor de comprimento foi do tratamento 0,05 mol L -1 com 39,86 mm e o menor valor para do tratamento 0,20 mol L -1 de 29,56 mm.

Massa fresca (g) Comprimento da parte radicular (mm) 611 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Figura 4. Comprimento da parte radicular. Na análise de variância o p-valor apresentou valor menor que 0,05 ao qual demostra que não houve diferença estatística em relação aos diferentes tratamentos. Os dados para o comprimento da parte aérea e radicular são apresentados na Tabela 3. Tabela 3. Análise de Variância (ANOVA) para comprimento de parte radicular. Fonte da variação SQ gl MQ F valor-p F crítico Entre grupos 332,9115 4 83,22788 1,385104 0,267639277 2,75871 Dentro dos grupos 1502,196 25 60,08783 Total 1835,107 29 Para a massa fresca da planta (Figura 5) o tratamento 0,05 mol L -1 teve os maiores pesos em massa de 0,2468 g e o menor valor para o tratamento 0,20 mol L -1 com 0,0993 g. 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 Figura 5. Massa fresca da planta Na análise de Variância (ANOVA) o valor do p-valor foi menos que 0,05 (Tabela 4), identificando que houve diferença estatística entre os tratamentos. Com isso realizou o teste de comparação de média (Tabela 5).

Massa seca (g) 612 Tabela 4. Análise de Variância (ANOVA) para massa fresca da planta. Fonte da variação SQ gl MQ F valor-p F crítico Entre grupos 0,110605 4 0,027651 16,59982 0,000000924627 2,75871 Dentro dos grupos 0,041644 25 0,001666 Total 0,152248 29 Tabela 5. Teste de comparação de médias Tukey a 5% de significância para massa fresca da parte aérea. Média dos tratamentos 0 0,2385 A 0,05 0,2460 A 0,10 0,1836 AB 0,15 0,1160 BC 0,20 0,0992 C No teste de comparação de médias foi possível observar que os tratamentos 0; 0,05 e 0,10 mol L -1 são estatisticamente iguais, bem como 0,10 e 0,15 mol L - 1 e os tratamentos 0,15 e 0,20 mol L -1 são estatisticamente iguais. No entanto o tratamento de 0,20 mol L -1 é diferente estatisticamente dos tratamentos 0; 0,05 e 0,10 mol L -1. Na massa seca da planta (Figura 6) o tratamento de 0,05 mol L -1 teve maiores valores em peso, com 0,0114g e menor valor no tratamento 0,15 mol L -1 de 0,0081g. 0,012 0,010 0,008 0,006 0,004 0,002 0,000 Figura 6. Massa seca da planta. De acordo com a análise de variância (Tabela 6) para massa seca da planta não houve diferença estatística entre os tratamentos, sendo isto comprovado pelo valor de p-valor que foi menos que 0,05.

613 Tabela 6. Análise de Variância (ANOVA) para massa seca da planta. Fonte da variação SQ gl MQ F valor-p F crítico Entre grupos 3,77E-05 4 9,42E-06 1,535078 0,222529944 2,75871 Dentro dos grupos 0,000153 25 6,13E-06 Total 0,000191 29 Conclusões A salinidade apresentou efeito negativo sobre a porcentagem de germinação, índice de velocidade de germinação, comprimento da parte aérea e massa fresca da planta, onde as maiores concentrações salinas (0,20 mol L -1 ) inibiram o crescimento e desenvolvimento da planta. A salinidade não apresentou efeito negativos significativo no comprimento da parte radicular e massa seca da planta. Com isso pode-se concluir que a salinidade em águas de irrigações apresenta efeitos negativos na cultura do Crambe, influenciando diretamente no desenvolvimento e crescimento da planta. Referências CAVALCANTI, M. L. F.; FERNANDES, P. D.; GHEYI, H. R.; JUNIOR, G. B. SOARES, F. A. L.; SIQUEIRA, E. C. Tolerância da mamoneira BRS 149 à salinidade: germinação e características de crescimento. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.9, (Suplemento), p.57-61. Campina Grande PB. 2005. CHAVES, A. P., DE LIMA, J. S., RIBEIRO, M. C., BENEDITO, C. P., & RODRIGUES, G. S. D. O. Efeito da salinidade na emergência e desenvolvimento de plântulas de flamboyant. Agropecuária Científica no Semiárido, 9(3), 119-123. 2013. JANEGITZ, M. C.; SERRANO, F. B.; TURINI, T. A.; HERMANN, E. R. Efeito da germinação de sementes de alface (Lactuca sativa L.) em diferentes níveis de salinidade. Jornal Dia de Campo 2009. Disponível em Acesso em 01 de setembro de 2016. MAGUIRE, J.D. Speed of germination-aid in selection and evaluation for seedlig emergence and vigor. Crop Science, v.2, n.1, p.176-177, 1962. MENDES, R. B.; RIBEIRO, J. L.; SANTOS, G. M.; MENDES, L. F. B.; NOBRE, D. A. C.; JUNIOR, D. S. B. Germinação e vigor de sementes de sorgo forrageiro submetidos a estresse salino. Anais. XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia. 2012. ROSCOE, R. Crambe: alternativa viável de outono/inverno. Maracajú: FUNDAÇÃO MS, 2014.

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