PERDAS DE ÁGUA 2019 (SNIS 2019): DESAFIOS PARA DISPONIBILIDADE HÍDRICA E AVANÇO DA EFICIÊNCIA DO SANEAMENTO BÁSICO Junho 2019
2 Sumário... 1 2 3 4 5 Metodologia Panorama das perdas de água no Brasil e no mundo Avaliação da gestão de perdas de água nas 100 maiores cidades Quantificação dos impactos causados e cenários de redução Agenda para aumento da eficiência do saneamento brasileiro
1. Metodologia 3
4 Perdas podem ser classificas em físicas e comerciais... Perdas Reais Perdas Aparentes Tipo de ocorrência mais comum Vazamento Erro de Medição/Fraudes Custos associados ao volume de água Tarifa Custo de produção perdido Receita Operacional Desperdício do Recurso Hídrico Efeitos no Meio Ambiente Necessidades de ampliações de mananciais - Efeitos na Saúde Pública Risco de contaminação - Empresarial Perda do Produto Perda de receita Consumidor Imagem negativa (ineficiência e desperdício) - Efeitos no Consumidor Repasse para tarifa Desincentivo ao uso racional Repasse para tarifa Incitamento a roubos e fraudes
5 Balanço hídrico... Consumo autorizado faturado Consumo faturado medido (inclui água exportada) Consumo faturado não medido (estimado) Água faturada Água que entra no sistema (inclui água importada) Consumo autorizado Perdas de água Consumo autorizado não faturado Perdas aparentes (comerciais) Consumo não faturado medido (uso próprio, caminhão pipa, entre outros) Consumo não faturado não medido Uso não autorizado (fraudes e falhas de cadastro) Erros de medição (macro e micromedição) Vazamentos e extravasamentos nos reservatórios (de adução e/ou distribuição) Água não faturada Perdas reais (físicas) Vazamentos nas adutoras e/ou redes (de distribuição) Vazamentos nos ramais até o ponto de medição do cliente
6 Indicadores utilizados... Índice de Perdas de Faturamento Total (IPFT) Índice de Perdas de Faturamento Índice de Perdas na Distribuição OBJETIVO VANTAGENS DESVANTAGENS Avaliar, em termos percentuais, o nível da água não faturada do sistema de abastecimento Avaliar, em termos percentuais o nível da água não faturada (sem o volume de serviço) Avaliar, em termos percentuais, o nível de perdas da água efetivamente consumida em um sistema de abastecimento de água potável -Fornece uma visão geral da situação das perdas do sistema levando em consideração o volume de serviços. -Apresenta uma visão sobre o que a empresa está produzindo e não consegue faturar Apresenta uma visão sobre o que a empresa está produzindo e não consegue faturar Fornece uma aproximação útil para a análise do impacto das perdas na distribuição (físicas e aparentes), em relação ao volume produzido - As perdas são calculadas com base no volume faturado. A depender da metodologia utilizada (ex: faturamento pelo consumo estimado), pode não refletir o nível de eficiência da empresa - As empresas definem o volume de serviço de maneira muito diferente, logo, a comparação desse índice para pode trazer distorções. - As perdas são calculadas com base no volume faturado. A depender da metodologia utilizada (ex: faturamento pelo consumo estimado), pode não refletir o nível de eficiência da empresa - As empresas definem o volume de serviço de maneira diferente, logo, a comparação desse índice pode trazer distorções A comparação pode ser prejudicada pelos baixos níveis de macromedição e micromedição de algumas empresas
2. Panorama das perdas de água no Brasil e no mundo 7
Perdas de água em 2017 foram de 6,5 bilhões de m³, equivalentes a 7 vezes a capacidade do Sistema Cantareira... BALANÇO HÍDRICO BRASIL (1.000 M³) Água que entra no sistema (16.631.552) Fonte: Snis (2017). Consumo autorizado faturado (10.110.848) Volume de serviços (621.585) Perdas comerciais (2.359.647) Perdas físicas (3.539.471) Consumo faturado medido (7.947.419) Consumo faturado não medido (2.163.429) Água faturada (10.110.848) Água não faturada (6.520.704) Notas: (1) A divisão entre perdas físicas e comerciais foi estimada pelos autores com a referência do Banco Mundial, que indica que as perdas podem ser divididas em 60% de perdas físicas e 40% de perdas comerciais. (2) O Consumo faturado não medido é a diferença entre o Volume Faturado (AG011) e o Volume Micromedido (AG008) (3) A Água não faturada é a diferença entre a Água que entra no Sistema (AG006 + AG018) e Água Faturada (AG011)
Brasil desperdiçou 38% da água produzida o que significou uma perda financeira acima dos R$ 10 bilhões/ ano... EVOLUÇÃO DE PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL EVOLUÇÃO PERDAS DE FATURAMENTO - BRASIL 38,5 38,0 37,5 37,0 36,5 Perdas são correspondente a 92% de todo o valor investido pelo setor (R$ 11,5 bilhões) 37,0 36,7 36,7 38,1 38,3 40,0 39,0 38,0 37,0 36,0 35,0 34,0 39,1 36,7 38,1 35,7 37,3 34,8 38,5 36,2 39,2 36,9 36,0 33,0 35,5 2013 2014 2015 2016 2017 32,0 2013 2014 2015 2016 2017 IPFT Perdas de Faturamento Fonte: Snis (2017).
Brasil se encontra muito distante dos países mais avançados que possuem níveis de perdas inferiores a 20%... 60 55,1 50 47,5 47,6 49,3 40 30 31,1 33,2 33,5 33,7 35,6 38,0 39,2 41,0 41,3 42,0 20 16,3 20,5 20,6 20,6 21,6 24,1 10 6,9 10,3 12,8 0 Fonte: Snis (2017).
A situação de perdas no Brasil apresenta grande heterogeneidade quando se comparam as diversas regiões e unidades da federação... PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO REGIÕES (2017) PERDAS DE FATURAMENTO REGIÕES (2017) 70 60 59 57 60 55,14 50 50 40 34,14 34,35 36,54 38,29 46,25 40 30 34 32 37 34 38 36 39 37 42 40 30 20 20 10 10 0 CO - Centro- Oeste SE - Sudeste S - Sul Brasil NE - Nordeste N - Norte 0 CO - Centro- Oeste SE - Sudeste S - Sul Brasil NE - Nordeste N - Norte IPFT Perdas de Faturamento Fonte: Snis (2017).
3. Avaliação da gestão de perdas de água nas 100 maiores cidades
O nível de perdas das 100 maiores cidades é superior à média do Brasil para todos os indicadores... 44,0 43,0 42,0 41,0 40,0 39,0 38,0 37,0 36,0 35,0 34,0 33,0 39,2 43,14 39,9 39,5 38,3 36,9 IPFT Perdas de Faturamento Perdas na distribuição Brasil 100 maiores Fonte: Snis (2017).
Perdas de Faturamento Total (IPFT) Fonte: Snis (2017). Estatísticas INDICADOR MÉDIO 43,14 COEF. VAR 0,45 MÁXIMO 73,55 MÉDIA 39,39 MEDIANA 38,23 DESV. PAD. 17,59 MÍNIMO -6,07 Colocação Município UF IPFT 1 Serra ES -6,07 2 Campina Grande PB -2,72 3 Vitória da Conquista BA 3,18 4 Petrópolis RJ 6,42 5 Caruaru PE 6,64 6 Franca SP 9,72 7 Praia Grande SP 10,33 8 Limeira SP 12,92 9 Campinas SP 12,97 10 Santos SP 15,89 11 Uberlândia MG 17,10 Colocação 12 Maringá Município PR UF IPFT 18,12 13 91 Niterói Ribeirão Preto RJ SP 59,83 18,36 14 92 São São José João do de Rio Meriti Preto SP RJ 60,65 18,84 15 93 Suzano Várzea Grande SP MT 61,87 19,25 16 94 Brasília São Luís DF MA 63,54 20,07 17 95 Aracaju Nova Iguaçu SE RJ 65,53 20,93 18 96 Diadema Duque de Caxias SP RJ 68,18 22,99 19 97 Aparecida Belford Roxo de Goiânia GO RJ 68,68 24,58 20 98 Palmas Manaus TO AM 71,97 24,85 99 Boa Vista RR 73,24 100 Porto Velho RO 73,55
Perdas no Faturamento IN013 Estatísticas INDICADOR MÉDIO 39,94 COEF. VAR 0,52 MÁXIMO 73,55 MÉDIA 36,35 MEDIANA 35,62 DESV. PAD. 18,80 MÍNIMO -9,26 Colocação Município UF IPF 1 Serra ES -9,26 2 Campina Grande PB -8,13 3 Caruaru PE -2,01 4 Praia Grande SP 0,67 5 Petrópolis RJ 0,96 6 Vitória da Conquista BA 1,43 7 Blumenau SC 6,68 8 Santos SP 6,92 9 Franca SP 9,49 10 Limeira SP 11,31 Fonte: Snis (2017). Colocação Município UF IPF 91 Rio Branco AC 58,70 92 Ribeirão Preto SP 59,37 93 Várzea Grande MT 60,46 94 São Luís MA 63,53 95 Nova Iguaçu RJ 63,71 96 Manaus AM 66,15 97 Duque de Caxias RJ 66,51 98 Belford Roxo RJ 67,03 99 Boa Vista RR 73,22 100 Porto Velho AC 73,55
Perdas na Distribuição IN049 Estatísticas INDICADOR MÉDIO 39,50 COEF. VAR 0,32 MÁXIMO 77,11 MÉDIA 41,71 MEDIANA 40,07 DESV. PAD. 13,28 MÍNIMO 14,32 Colocação Município UF IPD 1 Santos SP 14,32 2 Limeira SP 18,62 3 Campo Grande MS 19,38 4 Goiânia GO 20,82 5 Campinas SP 20,91 6 Aparecida de Goiânia GO 22,03 7 São José dos Pinhais PR 22,09 8 Maringá PR 22,50 9 Franca SP 23,24 10 Campina Grande PB 23,49 Fonte: Snis (2017). Colocação Município UF IPD 91 Cariacica ES 59,65 92 Recife PE 61,11 93 Macapá AP 62,15 94 Olinda PE 62,66 95 São Luís MA 63,53 95 Cuiabá MT 65,89 97 Paulista PE 67,59 98 Boa Vista RR 69,33 99 Manaus AM 74,62 100 Porto Velho RO 77,11
4. Quantificação dos impactos causados e cenários de redução
Impacto Total Metodologia para cálculo do impacto das perdas de água... Impacto perdas físicas Impacto vol. de serviços Impacto perdas comerciais Vol. perdas físicas CMg produção de água Vol. de serviços CMg produção de água Vol. perdas comercias Tarifa média de água Item Impacto Vol. Serviços Impacto Perdas Comerciais Impacto Perdas Físicas Impacto Total Perdas Valor (R$/mil 2017) 303.919.976 9.344.203.229 1.730.600.193 11.378.723.398
Tomando como parâmetro o Cenário Base é possível constatar que existe um potencial de ganhos brutos com a redução de perdas de R$ 61,3 bilhões até 2033... Cenários Perdas 2017 Perdas 2033 Redução Cenário 1: Otimista Cenário 2: Base Cenário 3: Conservador Ganho Bruto Total Ganho Líquido Total 39% 15% 62% 77.279.159 38.639.580 39% 20% 49% 61.316.893 30.658.447 39% 25% 36% 45.354.627 22.677.314
2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 Bilhões Cenários de redução e ganhos possíveis... 45% 40% CENÁRIOS REDUÇÃO DE PERDAS 8 7 GANHOS BRUTOS DA REDUÇÃO DE PERDAS 35% 6 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 5 4 3 2 1 0 Cenário 1: Otimista Cenário 3: Conservador Cenário 2: Base Cenário 1: Otimista Cenário 3: Conservador Cenário 2: Base
5. Agenda para aumento da eficiência do saneamento brasileiro
AGENDA PARA AUMENTO DA EFICIÊNCIA DO SANEAMENTO BRASILEIRO 1. Criar contratos com incentivos e foco na redução de perdas (contratos de performance, parcerias publica-privadas e parcerias público-público) 2. Direcionar maior financiamento para ações dessa natureza 3. Gerenciamento do controle de perdas 4. Entender as dificuldades para a setorização dos sistemas de abastecimento 5. Planejamento de médio e longo prazo 6. Aumentar o índice de hidrometração 7. Utilizar hidrômetros de maior precisão 8. Melhorar a macromedição nos sistemas de abastecimento 9. Criação e monitoramento de programas de redução de perdas sociais 10. Replicar experiências exitosas
MUITO OBRIGADO!
24 Perdas comerciais... Perdas Aparentes (Comercias) Origens Ligações clandestinas/ irregulares Ligações sem hidrômetros Hidrômetros parados Hidrômetros que subestimam o volume consumido Ligações inativas reabertas Erros de leitura Número de economias errado
25 Perdas físicas... Perdas Reais (Físicas) Processos Adução de Água Bruta Tratamento Reserva Adução de Água Tratada Distribuição Origens Vazamento nas tubulações Limpeza do poço de sucção Vazamentos estruturais Lavagem de filtros Descarga de lodo Vazamentos estruturais Extravasamentos Limpeza* Vazamentos nas tubulações Limpeza do poço de sucção Descargas Vazamentos na rede Vazamentos em ramais Descargas
Para uma análise mais apurada da situação é importante usar mais de um indicador de perdas... Município UF Operador IPD IPFT Delta (absoluto) Serra ES CESAN 32,88-6,07 38,95 Caruaru PE COMPESA 34,79 6,64 28,15 Campina Grande PB CAGEPA 23,49-2,72 26,21 Praia Grande SP SABESP 34,32 10,33 23,99 Vitória da Conquista BA EMBASA 26,59 3,18 23,41 Caucaia CE CAGECE 46,39 27,57 18,82 Uberaba MG CODAU 44,64 26,24 18,40 Petrópolis RJ CAI 24,62 6,42 18,20 Mogi das Cruzes SP SEMAE 46,34 28,49 17,85 Fortaleza CE CAGECE 49,29 33,57 15,72 Diadema SP SABESP 38,39 22,99 15,40 Porto Alegre RS DMAE 28,46 48,25-19,79 Belford Roxo RJ CEDAE 46,33 68,68-22,35 Nova Iguaçu RJ CEDAE 42,66 65,53-22,87 São Gonçalo RJ CEDAE 28,35 51,92-23,57 Duque de Caxias RJ CEDAE 39,78 68,18-28,40 Curitiba PR SANEPAR 26,16 55,70-29,54 Rio de Janeiro RJ CEDAE 24,92 54,68-29,76 São José dos Pinhais PR SANEPAR 22,09 57,47-35,38