O cristão nos negócios Harry Potter: divertimento inocente ou instrumento destrutivo? O cânon bíblico Gênesis e o cosmos Relação entre fé e ciencia



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Transcrição:

E s p a n h o l F r a n c ê s I n g l ê s P o r t u g u ê s O cristão nos negócios Harry Potter: divertimento inocente ou instrumento destrutivo? O cânon bíblico Gênesis e o cosmos Relação entre fé e ciencia 1 Vo l u m e 1 7

REPRESENTANTES REGIONAIS Divisão África ocidental 22 Boite Postale 1764, Abidjan 22, Costa do Marfim Japheth L. Agboka japhethlagboka@compuserve.com Divisão Ásia-pacÍfico norte Koyang IIsan, P.O. Box 43, 783 Janghang-Dong, Ilsan-Gu, Koyang City, Kyonggi-do 411-600, República da Coréia Dong Hee Shin nsdyouth@kornet.net Divisão Ásia-pacÍfico Sul P.O. Box 040, Silang, Cavite, 4118 Filipinas Gladden Flores gflores@ssd.org Divisão centro-l este africana P.O. Box 14756, Nairobi, Quênia Hudson E. Kibuuka 100076.3560@compuserve.com Divisão do Sul do Pacífico Locked Bag 2014, Wahroonga, N.S.W. 2076, Austrália Gilbert Cangy Gilbert_Cangy@SDASPD.adventist.org.au Barry Hill Bhill@adventist.org.au Divisão Euro-Africana P.O. Box 219, 3000 Bern 32, Suiça Roberto Badenas roberto.badenas@euroafrica.org Divisão Euro-Asiática Krasnoyarskaya Street 3, Golianovo, 107589 Moscou, Federação Russa Heriberto Muller hcmuller@esd-sda.ru Divisão Interamericana P.O. Box 140760, Miami, FL 33114-0760, EUA Carlos Archbold 74617.3457@compuserve.com Bernardo Rodríguez Bernardo@interamerica.org Divisão Norte-Americana 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA Martin Feldbush Martin.Feldbush@nad.adventist.org Gerald Kowalski 74617.3555@compuserve.com Divisão Sul-africana e oceano Índico H.G. 100, Highlands, Harare, Zimbábue Tommy Nkungula NkungulaT@sid.adventist.org Divisão Sul-Americana Caixa Postal 02-2600, 70279-970 Brasília, DF, Brasil Roberto de Azevedo Violeta@dsa.org.br Erton Carlos Köhler erton@dsa.org.br Divisão Sul-Asiática P.O. Box 2, HCF Hosur, Tamil Nadu 635110, Índia Gordon Christo gchristo@eth.net Divisão Trans-Européia 119 St. Peter s Street, St. Albans, Herts., AL1 3EY Inglaterra Orville Woolford 71307.1432@compuserve.com 5 9 12 15 3 18 20 22 23 25 26 27 CONTEÚDO artigos O cristão nos negócios: além da honestidade Ser cristão nos negócios equivale a ser um ministro eficaz da graça divina no mundo. Gary Chartier Harry Potter: divertimento inocente ou instrumento destrutivo? Retratando a bruxaria como divertida e emocionante, Harry Potter insensibiliza as crianças para os perigos do oculto. Isso é plano do inimigo. Steve Wohlberg O cânon bíblico: uma breve análise Quarenta escritores, centenas de anos, e mesmo assim um Livro, uma Mensagem e uma Esperança. David Marshall Gênesis e o cosmos: um quadro unificado? Para o cristão, a existência de Deus é um dado, e as leis científicas podem ser vistas como nossa descrição atual sobre como Deus rege a Sua criação. Mart de Groot DEPARTAMENTOS EDITORIAL Quem sou eu? John M. Fowler PerFIS Daisy de Leon Dustin R. Jones Jaime Jorge Nicole Batten Logos Com todo o seu poder Penny Mahon Para sua Informação Explorando a relação entre fé e ciência L. James Gibson Projeto Elias - Você está convidado! Alfredo García-Marenko Em ação NASDAS: Estudantes Adventistas do Nordeste Australiano Jenny Ludwig Nova associação de estudantes de Burkina Faso Ben Issouf Ouédraogo 28 28 29 30 32 34 35 LivroS Reconciliación: Cómo reparar los vínculos dañados (Mario Pereyra) Julian Melgosa Cristãos em Busca do Êxtase (Vanderlei Dorneles) Azenilto G. Brito El proceso pedagógico: Agonía o resurgimiento? (René Rogelio Smith) Fernando Aranda Fraga Primeira pessoa O poder maravilhoso da Palavra de Deus María Emilia Schaller de Ponce fórum aberto Archaeopteryx: um réptil voador? Raúl Esperante vida no campus Você quer um emprego? Humberto M. Rasi Et Cetera A tarefa Autor Desconhecido Inserção - Intercâmbio

EDITORIAL Quem sou eu? Quem sou eu? (II Samuel 7:18, RSV). A auto-reflexão de Davi é um convite para que cada pessoa faça um auto-inventário, parando diante do Todo-Poderoso e enfrentando a relevante questão: quem sou eu? Um mini-deus? Uma fraude? Uma máquina? Muitas respostas têm surgido: algumas muito distantes da verdade; outras, verdadeiras, mas fúteis; apenas uma é perfeitamente satisfatória. Considere as palavras do filósofo. A vida sem questionamentos não merece ser vivida. Assim, a filosofia me desafia a descobrir quem eu sou. De um lado, pela sabedoria filosófica, nasci para ser racional. Conhecimento é poder e é o poder que me edifica ou demole. Necessito aprender a formular corretamente a questão, a provar a situação correta, a buscar a direção correta. A vida me convoca a subir até o topo da montanha ser uma pessoa autêntica. Por outro lado, segundo a vaidade filosófica, sou um pequeno ponto inserido num vasto universo sem significado, isolado, pesquisando e tateando. Ser ou não ser torna-se a paixão dominante de minha vida. Para o Universo não faz a menor diferença se sou ou não sou. Entre a sabedoria e a vaidade, entre a interrogação otimista e a resignação pessimista, estou só desnorteado e sem esperança. Considere o primitivo. A resposta à primeira proposição Quem sou? é a identificação tribal. Encontro minha segurança no grupo. Minha existência e esperança são governadas pelo espírito grupal. Identifico-me rapidamente através de marcas visíveis: raça, cor, casta, status, sexo, nacionalidade e religião. As marcas são não apenas visíveis, mas exclusivas, levando-me a circunscrever-me num mundo particular, a ponto de criar um muro divisório entre meu ego e os outros. Esse afastamento conduz a seus próprios extremos: na história, Auschwitz ou Gulag; na ideologia, o muro de separação; em mim, um retiro para o nada. O problema com esse primitivismo é que nunca vou além da caverna do interesse próprio. Torno-me um anão de minha própria feitura, elevado em estatura, mentalmente curto; vigoroso na carne, fraco no espírito; grande em mesquinharia, mísero em nobreza. Amarrado à sem-importância, jamais me torno uma pessoa plena. Considere o mundano. Se devesse procurar minha identidade na esfera do mundano negócios, política, profissão o poder tornar-se-ia meu foco. Respondo à questão Quem sou? com uma afirmação do ego. Na sentença da vida, o sujeito é eu, o predicado é sou e o objeto é eu. Eu sou eu. Nada mais importa. Os outros são degraus; tudo e todos são ferramentas que uso rumo ao poder. O amor nada significa, misericórdia não tem espaço. O filósofo, o primitivo e o mundano não respondem satisfatoriamente à inquirição Quem sou? Mas eu preciso de uma resposta. A menos que saiba quem sou, não saberei quem você é; não me relacionarei com ninguém e nem atuarei adequadamente. Onde acharei a resposta? Volvo-me à Cruz. Quando contemplo a cruz de Cristo, vejo duas pessoas: o Filho de Deus, que me amou e Se deu a Si mesmo por mim (Gál. 2:20, BLH) e eu. Se não fosse por causa dos meus pecados, Jesus não teria ido para a cruz. Morreu em meu lugar (Rom. 5:18) para que eu vivesse. Assumiu a morte que me pertencia para que eu tivesse a vida a que Ele tinha direito. Sou não apenas um pecador, mas alguém procurado por Deus. Encontro-me num relacionamento com Ele. Sob essa perspectiva, posso afirmar que não represento um Esta revista internacional de fé, pensamento e ação é publicada três vezes por ano em quatro edições paralelas (espanhol, francês, inglês e português) sob o patrocínio da Comissão de Apoio a Universitários e Profissionais Adventistas (CAUPA), organismo da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Volume 17, Número 1. Copyright 2005 pela CAUPA. Todos os direitos reservados. Diálogo afirma as crenças fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia e apóia sua missão. Os pontos de vista publicados na revista, entretanto, representam o pensamento independente dos autores. Equipe Editorial Editor-chefe Humberto M. Rasi Editor John M. Fowler Editores-Associados Martin Feldbush, Alfredo García-Marenko Gerente Editorial Julieta Rasi Secretária Editorial Esther Rodriguez Edições Internacionais Julieta Rasi Secretárias editoriais internacionais Corinne Egasse (Francês) César Luis Pagani (Português) Julieta Rasi (Espanhol) Correspondência Editorial Diálogo 12501 Old Columbia Pike Silver Spring, MD 20904-6600; EUA. Telefone 301 680-5060 Fax 301 622-9627 E-mail 74617.464@compuserve.com ou rasij@gc.adventist.org Comissão (CAUPA) Presidente Gerry Karst Vice-Presidentes C. Garland Dulan, Martin Feldbush, Baraka G. Muganda Secretário Humberto M. Rasi Membros John M. Fowler, Jonathan Gallagher, Alfredo García-Marenko, Clifford Goldstein, Bettina Krause, Kathleen Kuntaraf, Vernon B. Parmenter, Gerhard Pfandl, Gary B. Swanson Correspondência sobre circulação Deve ser dirigida ao Representante Regional da CAUPA na região em que reside o leitor. Os nomes e endereços destes representantes encontram-se na p. 2. Assinaturas US$13.00 por ano (três números, via aérea). Ver cupom na p. 6 para detalhes. Website http://dialogue.adventist.org Diálogo tem recebido correspondência de leitores de 117 países ao redor do mundo. Á Continua na próxima página.

acidente cósmico, tampouco um paradigma de longos processos evolutivos, nem ainda uma engrenagem numa gigantesca máquina, movendo-se no espaço durante infinitos anos num ciclo sem significado. Sou filho de Deus desviado, é verdade, mas persistentemente procurado pelo sempiterno amor do Pai. Nessa busca divina, ao preço da morte do Filho de Deus, encontro meu valor e dignidade. A filosofia pode ensinar-me a ser racional. A sociologia pode dirigir-me para a vida em comunidade. O humanismo convida-me a descobrir a relevância da dinâmica interpessoal. A psicodinâmica me faz examinar o interior buscando a auto-realização. Todos possuem seu lugar e valor, mas no final deixam-me desamparado na encruzilhada. Enfrento a irreconciliável dicotomia: entre o ideal e o real, entre o que sou e o que devo ser. Estou em guerra comigo mesmo; meu clamor atinge o desesperançado nadir: Quem me livrará? (Rom. 7:15-25, BLH). No momento em que me volto ao Calvário, encontro liberdade. Encontro perdão e reconciliação. Encontro paz. Descubro que não sou de mim mesmo. Fui comprado por grande preço (I Cor. 6:19, 20). De fato, junto à cruz, compreendo que o mais importante não é quem sou, e sim de quem sou. Chega-se ao verdadeiro autodescobrimento através desse abandono do eu ao Homem da Cruz. A cruz me ajuda a compreender que, vindo a Cristo em total abandono, passo da morte para a vida, da nulidade para a certeza. Sei de quem sou. Um filho de Deus. Presto contas a Jesus: Ele é minha prioridade, propósito e significado. John M. Fowler Editor Diálogo ajuda a fundar uma igreja Cristão Enquanto eu estava estudando na Adventist University- Cosendai, na República dos Camarões, era leitor regular da Diálogo. Depois de concluir meu bacharelado em Teologia, mudeime para Gana a fim de aprender inglês e fazer pós-graduação, mas Deus tinha outros planos para mim. Em dezembro de 2002, fui chamado para servir como pastor ao norte de Gana. As tentativas baldadas de estabelecer a presença adventista permanente na cidade de Navrongo, próxima à fronteira com Burkina Faso, foram totalmente baldadas. Após estudar a situação, decidi utilizar uma abordagem diferente para alcançar as pessoas. Inicialmente, reproduzi excertos dos artigos mais interessantes publicados na Diálogo. Então solicitei aos jovens adventistas que me ajudassem a distribuir cópias entre seus parentes e amigos. Logo se despertou interesse pelas crenças adventistas e eu imprimi mais artigos da revista para distribuição mais ampla. Estudos bíblicos e conversões se seguiram. Pela graça de Deus, existe agora uma congregação adventista em Navrongo, com 45 membros adultos, 19 desbravadores batizados, 20 aventureiros e oito homens e mulheres que estão se preparando para o batismo. Embora ainda não tenhamos uma igreja formal construída na qual nos reunir, essa congregação está envolvida com a educação; e sou grato pelos artigos publicados na Diálogo e por seu apelo às pessoas de outras confissões e convicções. Por favor, orem para que o Senhor fortaleça Sua obra nesta parte do mundo. Elie Brown Buhire North Ghana Mission, belibr7@yahoo.fr Bolei um plano perfeito para minha vida. E qual é? Quando vivia em minha casa, tive de gastar um terço do tempo agradando meus pais. E se eu quero ir para o Céu, tenho de despender o último terço de minha vida agradando a Deus. Isso significa que posso gastar um terço fazendo o que gosto! Visto que a Bíblia diz que não conhecemos o dia de nossa morte, como você pode estar seguro de não estar vivendo no terço final? Suspiro. Por que todos os grandes planos têm de ter uma falha?

O cristão nos negócios: além da honestidade Gary Chartier Ser cristão nos negócios equivale a ser um ministro eficaz da graça divina no mundo Para muitas pessoas, a ética nos negócios equivale a dizer não à mentira, às trapaças e ao furto. Todos concordamos que o mundo seria um lugar muito melhor se as pessoas tivessem a confiança daqueles com quem negociam, tratam e lhes respeitam os recursos. 1 Todavia, os empresários cristãos podem e devem adotar uma visão mais positiva da relação existente entre sua fé e aquilo que fazem no trabalho. O que os faz praticar o cristianismo não é exclusivamente o fato de que nele não se acham engano, injustiça ou desonestidade, e sim a sua contribuição para que o mundo seja melhor. Nos negócios, os cristãos podem participar do desenvolvimento do mundo, ajudando a criar, distribuir bens e prestar serviços de qualidade. Podem participar da restauração do mundo, ajudando a reduzir a pobreza e a injustiça. Ao mesmo tempo, devem ser sensíveis não apenas quanto ao valor do negócio, dos bens e serviços que compartilham com outros, como também aos seus limites. Várias características distintivas da fé e prática adventistas são especialmente relevantes para homens de negócios que desejem viver de modo responsável diante de Deus e da Criação. O repouso sabático relembra que o trabalho, embora valioso, não é de importância transcendental. E a prática de dizimar pode contribuir para formar hábitos de generosidade e sensibilidade ante as necessidades alheias. Contudo, os princípios que deveriam guiar os empresários adventistas ao pensarem no significado de sua profissão deveriam ser os mesmos que orientam o pensamento cristão quanto aos negócios. Assim, focalizo aqui tarefas e oportunidades que todos os cristãos se deparam no comércio, em vez de os desafios peculiares enfrentados pelos adventistas. Negócios e desenvolvimento da Criação O empresário cristão contribui para o desenvolvimento da vida no mundo. Deus é o Criador e a Criação, em seus aspectos material e cultural, é essencialmente boa. A corrente central da fé cristã afirma que a vida é digna de celebração; que o mundo todo, inclusive seus aspectos materiais e culturais, constituem a Criação divina. Os cristãos também crêem que as criaturas de Deus são subcriadoras : Deus cria através de suas atividades e sua liberdade as capacita a contribuir com a história terrestre. Eis porque faz sentido os cristãos participarem da vida econômica. Criando produtos, processos e serviços de valor, unem-se a Deus no ativo desenvolvimento da Criação. Obviamente existem custos e intercâmbios. Alguns produtos nada valem; simplesmente despendem tempo e recursos das pessoas. Outros são feitos sob formas que causam dano aos seres humanos e outras criaturas. Alguns produtos são inerentemente daninhos como armas químicas e biológicas. Algumas atividades comerciais, à semelhança de outros componentes da cultura humana, refletem as corruptoras influências do pecado. Só porque a atividade econômica é algo bom em si mesmo, isso não quer dizer que todo produto, processo ou serviço criados por alguém sejam inerentemente valiosos. Entretanto, muitas coisas enriquecem realmente a vida, tornando-a mais fácil, plena e agradável. Pessoas que constroem casas e computadores, cultivam alimentos, provêem entretenimento, roupas atrativas e apetitosas refeições, ocupam-se de coisas intrinsecamente úteis e que tornam melhor a vida no mundo. Diferentemente de seus primos judeus, os cristãos muitas vezes têm sido tentados a desviar-se da Criação divina, agindo como se de alguma forma lhes fosse exigido negar o valor das boas coisas feitas por Deus. Agem como se o mundo material, social e cultural fosse criação de uma divindade de segunda categoria, moralmente deficiente, e não do Deus revelado na história de Israel e de Jesus. Alegam que a Criação divina se corrompeu até o cerne, tornando a participação em seu desenvolvimento ativo um profundo risco moral e espiritual. Mas pensar dessa forma quanto aos negócios significa supor que o Espírito de Deus esteja ausente do mundo, e que a subjacente dinâmica da vida criada não reflita o providencial ordenamento divino. O certo é que a existência do mundo organizado depende da contínua presença divina criadora. Juntamente com outros crentes em Deus, os cristãos estão convencidos de que o mundo nunca é nem será um lugar onde não se possa sentir o toque divino. Crêem que a estrutura básica da vida no mundo traz impressa a criadora providência divina. Deus não é um intruso que eventualmente Se aventura no mundo para realizar um ato mágico e depois desaparecer. O mundo é de Deus e sempre o será, mesmo que Suas criaturas falhem em compreender Suas intenções ou frustrem Seu plano criador. Nosso relacionamento com Deus não se constitui em algo separado e independente da ligação com Suas criaturas. Segundo destacam Mateus 25 e outros textos, amamos a Deus amando Sua Criação. Os cristãos tementes têm razão quando destacam a falência moral e espiritual do mundo. Mas equivocam- 5

se quando situam o colapso e corrupção num e noutro ponto, a exemplo dos esportes ou da indústria da construção, e a igreja num lugar supostamente de pureza e segurança. Deus e o mal não podem ser localizados em esferas particulares do esforço humano. O impulso de negar que somos parte da Criação divina, mediante a suposição de que somos divinos ou que nós ou as demais criaturas nada valemos, produz conseqüências destrutivas em cada aspecto da experiência humana. O conflito entre bem e mal se encontra em cada coração e mente, evidenciando-se onde quer que vivamos e trabalhemos. Para os cristãos não pode haver a hierarquia do sagrado e secular, do santo e profano. 2 Certamente são necessárias instituições e práticas religiosas, mas Deus vive no mercado assim como no santuário. Os cristãos realizam a obra divina quando produzem e distribuem coisas excelentes, tanto quanto ao curar, pregar e ensinar. Assine Diálogo Os negócios e a restauração da Criação Os empresários cristãos podem contribuir para a restauração do mundo, utilizando seus recursos e habilidades especiais para reduzir a pobreza e promover a justiça. A tarefa mais básica do cristão no mundo comercial consiste em contribuir para o florescimento e desenvolvimento do mundo. Nada há de excepcionalmente espiritual no simples, monótono e não-excitante. Os empresários cristãos não deveriam aceitar relutantemente o mundo, mas comemorá-lo, contribuindo para sua riqueza, variedade e embelezamento. O desenvolvimento, porém, não é a única tarefa do cristão. Ele reconhece com tristeza que o mundo está cheio de dor e quebrantamento. Assim, o empresário cristão pode e deve contribuir não apenas para o seu desenvolvimento, como também sua restauração. Ele pode adotar uma postura superespiritual e dizer que o sofrimento encontrado no mundo é uma questão de atitudes e valores, de moralidade, de relacionamentos das criaturas com Deus. Mas o sofrimento muitas vezes é físico. Muitas vezes se reflete e reforça nas condições em que as pessoas vivem. Deve pensar na desesperança Você quer ser um pensador e não meramente um refletor do pensamento de outras pessoas? A DIÁLOGO continuará a desafiá-lo a pensar criticamente, como um cristão. Fique em contato com o melhor da ação e do pensamento adventista ao redor do mundo. Entre na DIÁLOGO. Assinatura anual (3 exemplares via aérea): US $13.00 Números atrasados: US $4.00 cada. Gostaria de assinar DIÁLOGO em o Inglês o Francês o Português o Espanhol Edições Iniciem minha assinatura com a próxima edição. Gostaria de receber estes números anteriores: Vol.. No. Pagamento Estou juntando um cheque internacional ou ordem de pagamento. Meu Mastercard ou VISA é Data de validade: Por favor, preencha: Nome Endereço Remeta os dados para: DIALOGUE Subscriptions, Linda Torske 12501 Old Columbia Pike; Silver Spring, MD 20904-6600; EUA. FAX 301 622 9627 E-mail TorskeL@gc.adventist.org e propensão ao crime provocadas pela pobreza. Assim, ser um agente de restauração e da graça de Deus não significa apenas ensinar crenças úteis às pessoas, estimulando nelas atitudes apropriadas, tornando-as conscientes do relacionamento que já possuem com o amorável Criador, ainda que isso tudo seja mui útil. Significa, sim, melhorar-lhes as condições materiais. Como as criaturas de Deus possuem corpos, a mediação da graça divina no mundo deve possuir uma dimensão material. E nisso os empresários cristãos podem ajudar. Restaurando através do empreendimento social. Eles se deparam com a notável oportunidade de ajudar a transformar a vida material das pessoas através do empreendimento social. Podem ajudar a enfrentar os desafios representados pelos desastres e a pobreza endêmica, tomando importantes decisões estratégicas quanto a como e onde preparar produtos e serviços; quem os fará e a maneira como se organizará o negócio. Podem optar por oferecer empregos nas comunidades pobres em nível nacional e internacional. Podem não apenas oferecer trabalho às pessoas, como também lhes promover renovada dignidade, a saber, a recuperação de alcoólicos e viciados, daqueles que necessitam de uma segunda oportunidade. 3 Podem produzir e comercializar produtos a preços acessíveis nas comunidades em desenvolvimento. Quando buscam atingir a vida das pessoas nesse nível societário, cabe-lhes ouvi-las e certificar-se de seu envolvimento na identificação de suas necessidades e de como podem ser atendidas. Os empresários individualmente podem e devem ser empreendedores sociais. Entretanto, podem ainda contribuir com os esforços das comunidades de suas igrejas na promoção da justiça econômica, estimulando as instrumentalidades eclesiásticas preocupadas com o alívio da pobreza, a verem o empreendimento comercial como valiosa estratégia de desenvolvi-

mento econômico. Podem enfatizar a importância de focalizar uma mudança sistemática de longo prazo, utilizando estratégias que incluam não apenas políticas públicas, como também atividades de empreendimento social. Restaurando através de decisões corporativas justas. Como empreendedores, os cristãos podem fazer a real diferença ao enfrentarem o problema da pobreza. Contudo, podem ao mesmo tempo ajudar a enfrentar outros desafios. O executivo cristão precisa estar consciente das implicações produzidas pelas decisões comerciais na saúde pública, por exemplo, atendendo à lei pela recusa de impor sobre os que vivem nas imediações uma fábrica que represente risco à saúde, e ao qual não gostaria de ver expostos os seus próprios seres queridos. O administrador pode ser leal às pessoas que por anos trabalharam para ele, recusando-se a eliminar os respectivos postos de trabalho em troca de algum ganho extra. 4 Um diretor cristão pode negarse a considerar como apropriada uma compensação vultosa para seus altos executivos, ao mesmo tempo em que os salários dos trabalhadores comuns estão em queda, e se vai tornando abissal a diferença de influência e poder entre os do topo e os da base. Um líder corporativo pode honrar a dignidade e a igualdade básica daqueles atingidos pelas decisões da empresa, ao assegurar que operários e membros da comunidade local tenham significativa oportunidade de participar na tomada de decisões do piso da loja até a sala de comando. Restaurar promovendo políticas públicas justas. Os executivos cristãos podem fazer um grande trabalho de restauração do mundo, simplesmente garantindo que suas empresas busquem de forma ativa torná-lo um lugar melhor. Também podem influenciar as políticas públicas que moldam a vida econômica. Ser-lhes-á tentador votar e exercer influência visando a promover seus interesses pessoais e os de sua empresa. Por exemplo, buscando reduzir seus impostos às custas de serviços públicos necessários. Contudo, à vista do amor inclusivo de Deus, podem e devem empreender mais. Podem colocar suas vozes a serviço de esforços que estimulem a justiça econômica. Podem fazer pressão em favor de políticas que permitam o acesso de todos a melhores níveis educacionais, atendimento de saúde, aposentadorias adequadas e auxílio econômico satisfatório a desempregados. Podem apoiar leis fiscais que levem seu país à melhor distribuição da receita fiscal. Podem pressionar as autoridades com vistas a políticas internacionais de desenvolvimento que capacitem e estimulem o crescimento, em vez de fomentar a ineficiência ou promover a compra de equipamentos militares por parte de governos incapazes de fazer investimentos necessários à infra-estrutura básica. Podem posicionar-se em favor de leis que permitam a agricultores e outros produtores de países em desenvolvimento competir em igualdade de condições com os dos países de primeiro mundo (beneficiando assim não apenas os produtores, como também os consumidores das nações menos desenvolvidas). Os limites dos negócios Adotar uma visão positiva da ética nos negócios significa ver o potencial verdadeiro dos empreendedores em tornar melhor o mundo, tanto ao enriquecer a vida humana quanto a reduzir a pobreza e a injustiça. Entretanto, o empreendedor cristão precisa igualmente reconhecer os limites de seus negócios. O valor limitado dos negócios e dos bens materiais. Os bens materiais são excelentes, mas não representam tudo. Homens de negócios tornam melhor o mundo ao proverem bens e serviços; porém esses não dão à vida seu significado principal. Em boa consciência, não podem os empreendedores cristãos anunciar seus produtos de uma forma que fique implícito que eles irão atender às mais profundas necessidades das pessoas, pois não o farão. Esses produtos são desejáveis, valiosos, úteis mas não divinos. Honestidade na propaganda significa promover produtos com base em seu verdadeiro mérito, em vez de pretender que sejam capazes de satisfazer as necessidades existenciais dos consumidores em termos de significado, valor e amor. 5 Escapando da ratoeira do sucesso. Reconhecer os limites dos negócios também significa compreender que os próprios executivos não devem tratar o sucesso material como sendo de suprema importância. Em vez de procurar a permanente maximização de seus rendimentos, deveriam evitar a ratoeira do sucesso, optando por dedicar mais tempo às pessoas que amam, mais tempo para repousar e refletir, mais tempo para ser. Podem explorar formas criativas para a simplificação de seu estilo de vida, de modo a não se sentirem pressionados pela escravatura de seus postos de trabalho, objetivando a manter seus hábitos de consumo. 6 Podem ainda reconhecer que seu trabalho, embora valioso e importante, não determina o significado maior de sua vida, dizendo NÃO às demandas relacionadas à uma atividade que deteriore seu valor como pessoa. Podem promover políticas corporativas que também habilitem outros a evitar serem dominados pelas demandas profissionais. Libertando-se para assumir responsabilidade pessoal por outros. Bens materiais são valiosos e merecem apreço, mas não definem o significado de nossa vida. Ao reconhecerem esse fato, os empresários cristãos podem sentir-se livres para ajudar generosamente a outros. Podem ajudar substancialmente no tratamento dos opressivos problemas do mundo, ao desenvolverem negócios produtivos que fabricam ou distribuem coisas genuinamente valiosas. Também podem contribuir com seus recursos pessoais para tornar este mundo um lugar melhor. Por vezes perceberão ser mais fácil fazê-lo se não sentirem a obsessão de terem de adquirir mais e mais coisas. Não existe fórmula mágica. 7 E, individualmente, 7

o empreendedor não é responsável por atender (ou tentar atender) a todas as necessidades do mundo. 8 Não obstante, sendo dotado de talentos e recursos, possui real responsabilidade quanto a fazer a diferença. 9 O profissional de êxito pode considerar investir 20 ou 30% de sua receita nas ações de uma agência internacional de desenvolvimento, do tipo Heifer Project. 10 Um rico executivo pode utilizar 50 a 60% de suas receitas visando a apoiar um florescente programa de empregos para pessoas destituídas de lar. Pode decidir reduzir suas horas de trabalho e salário de modo a utilizar seus talentos em benefício não de um programa ou agência, e sim de pessoas, famílias ou comunidade particularmente necessitada. Em qualquer caso, precisa reconhecer que as posses materiais são boas, mas não de importância definitiva, e permitem que os empreendedores cristãos se sintam livres para não apenas desfrutar o que possuem, mas também para estender as mãos a outros. 11 Diálogo grátis para você! Se você é um estudante adventista do sétimo dia que freqüenta faculdade ou universidade não-adventista, a Igreja tem um plano que lhe permitirá receber gratuitamente a revista Diálogo enquanto você estiver estudando (aqueles que não são mais estudantes podem assinar Diálogo usando o cupom da página 6). Entre em contato com o diretor do Departamento de Educação ou do Departamento de Jovens de sua União, e peça que seu nome seja colocado na lista de distribuição da revista. Forneça seu nome completo, endereço, faculdade ou universidade onde está estudando, o curso que está fazendo e o nome da igreja onde você é membro. Você pode também escrever para os nossos representantes regionais nos endereços indicados na página 2, anexando uma cópia da carta que enviou aos diretores da União já mencionados. Caso os passos acima não produzirem nenhum resultado, você poderá contatar-nos via e-mail: ssicalo@yahoo.com. Conclusão Um mundo onde os empresários evitam mentir, trapacear e roubar, seria um lugar maravilhoso. Contudo, ser empresário cristão vai além de não causar dano a outros; significa fazer uma diferença positiva. O cristão dedicado aos negócios fará a diferença, em primeiro lugar, simplesmente ao produzir e distribuir bens e serviços de elevada qualidade, que melhorem a vida neste mundo. Ele pode tornar o mundo um lugar melhor ao oferecer beleza, variedade, eficiência, conforto, saúde e quaisquer outros bons elementos. Entretanto, podem realizar mais: podem ajudar a eliminar a pobreza, promover o bem-estar no ambiente de trabalho, estimular as comunidades locais e apoiar políticas públicas que incorporem o amor e a justiça de Deus. Ao mesmo tempo, ao reconhecer que trabalho, dinheiro e posses não são divinos, podem evitar a tirania de sua atividade e estimular outros a fazê-lo. Reconhecendo que as coisas materiais são valiosas, porém não transcendentes, podem sentir-se livres para dar mais aos que necessitam. Avançando além do estreito intento de não prejudicar outros e adotando uma visão positiva dos valores de seu trabalho e do bem que podem praticar, os empresários cristãos podem constituir-se em ministros particularmente eficazes da graça de Deus no mundo. Gary Chartier (Ph.D. pela University of Cambridge; J.D., University of California at Los Angeles) leciona ética e leis em administração na La Sierra University, Califórnia. Ele agradece a Deborah K. Dunn e Roger E. Rustad Jr. por seus comentários críticos, e a John Thomas por criar um ambiente propício à forma de pensar representada por este artigo. Seu endereço eletrônico é: GChartie@LaSierra.Edu. REFERÊNCIAS 1. Ver David Callahan, The Cheating Culture: Why More Americans Are Doing Wrong to Get Ahead (Orlando: Harcourt, 2004). 2. Ver Albert Wolters, Creation Regained: Biblical Basics for a Reformational Worldview (Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1985). 3. Para algumas exceções, ver William H. Shore, Revolution of the Heart: A New Strategy for Creating Wealth and Meaningful Change (New York: Riverhead, 1995); The Cathedral Within: Transforming Your Life by Giving Something Back (New York: Random, 1999). 4. Ver Gary Chartier, Friendship, Identity, and Solidarity: An Approach to Rights in Plant Closing Cases, Ratio Juris 16 (Set. 2003) 3: 324-51. 5. Ver Jean Kilbourne, Can t Buy My Love: How Advertising Changes the Way We Think and Feel (New York: Simon, 1999). 6. Quanto a diferentes abordagens, ver Janet Luhrs, The Simple Living Guide: A Sourcebook for Less Stressful, More Joyful Living (New York: Broadway, 1997); Georgene Lockwood, Complete Idiot s Guide to Simple Living (Indianapolis: Alpha- Macmillan, 2000); Jeff Davidson, The Joy of Simple Living: Over 1,500 Simple Ways to Make Your Life Easy and Content At Home and at Work (New York: Rodale, 1999); Elaine St. James, Living the Simple Life: A Guide to Scaling Down and Enjoying More (New York: Hyperion, 1998); Juliet B. Schor, The Overspent American: Upscaling, Downshifting, and the New Consumer (New York: Basic, 1998); Do Americans Shop Too Much? (Boston: Beacon, 2000). 7. Ver Onora O Neill, Towards Justice and Virtue: A Constructive Account of Practical Reasoning (Cambridge: CUP, 1996), pp. 196-200. 8. John Finnis, Natural Law and Natural Rights (Oxford: Clarendon-OUP, 1981), pp. 176-77, 195; Liam Murphy, Moral Demands in Nonideal Theory (New York: OUP, 2000). 9. T. M. Scanlon, What We Owe to Each Other (Cambridge: Belknap-Harvard UP, 1998), pp. 224. 10. Ver Onora O Neill, Faces of Hunger: An Essay on Poverty, Justice, and Development (London: Allen, 1986), pp. 152-162. 11. Ver a discussão de atos de caridade em Luke T. Johnson, Sharing Possessions: Mandate and Symbol of Faith (Philadelphia: Fortress, 1981), pp. 132-139.

Harry Potter: divertimento inocente ou instrumento destrutivo? Steve Wohlberg Retratando a bruxaria como divertida e emocionante, Harry Potter insensibiliza as crianças para os perigos do oculto. Isso é plano do inimigo. A bruxaria está avançando mundialmente. Crianças, adolescentes e adultos do mundo todo estão fascinados pelas energias misteriosas que fluem das bruxas. Um número cada vez maior de jovens e adultos está acessando sites populares de bruxaria na Internet, comprando livros de magia, unindo-se a pactos, fazendo poções e praticando magia. A Wicca Witchcraft também chamada a Arte parece progredir sem detença. Nos EUA, muitos adolescentes estão assistindo à Wiccan Way, que o programa All Things Considered, da National Public Radio, levou ao ar em maio de 2004 através de uma história chamada Adolescentes e Bruxaria. A matéria chamava a atenção para o crescente número de adolescentes que estavam secretamente montando altares de bruxaria em seus quartos, oferecendo preces à deusa, e invocando a ajuda de espíritos. 1 Fato semelhante está acontecendo no Canadá, Inglaterra, Europa, Austrália, Rússia e outros países. Por que esse enorme interesse especialmente entre adolescentes na bruxaria? Um motivo é claro: tanto crianças como adultos estão expostos a uma ampla variedade de livros e filmes de magia com enredos agradáveis, que retrata a bruxaria como uma religião espiritualmente capacitadora, segura e emocionante especialmente para as mulheres jovens. Alguns dos mais famosos programas da TV, filmes e livros de ficção são: Sabrina, Aprendiz de Feiticeira (série de TV): retrata uma adolescente com poderes sobrenaturais, que aprende a usar suas magias de modo sábio. 2 Buffy, a Caça-Vampiros (série de TV): apresenta uma adolescente loira cuja grande amiga, Willow, apelidada de A Bruxa Willow, tem interesse e envolvimento crescente em bruxarias. 3 Charmed (série de TV): apresenta três atraentes irmãs feiticeiras que usam seus poderes individuais como bruxas boas, para combater as forças do mal. 4 A série The W.I.T.C.H (novela para crianças): uma série mundialmente conhecida que retrata a vida de cinco meninas adolescentes que têm superpoderes sobre os elementos. 5 A série The Daughters of the Moon, de Lynne Ewing (novela para crianças). Alguns de seus títulos: Goddess of the Night, The Sacrifice, e Possession. A série The Sweep, de Cate Tiernan (novela para crianças). Títulos: Blood Witch, Dark Magic, e Spellbound. Aproveitando o grande fascínio pelas produções de ficção, os editores de ocultismo estão também capitalizando os efeitos de filmes e romances através da produção massiva de manuais de iniciação a práticas reais do oculto. O investimento em publicidade gera lucro certo e as vendas estão crescendo. Alguns livros populares são: Teen Witch: Wicca for a New Generation, de Silver Ravenwolf (1997). The Book of Shadows: A Modern Woman s Journey Into the Wisdom of Witchcraft and the Magic of the Goddess, de Phyllis Curott (1998). The Wiccan Mysteries: Ancient Origins and Teachings, de Richard Grimassi (1997). O Livro Completo de Bruxaria de Buckland, de Raymond Buckland (1986). Wicca - Guia Essencial da Bruxa Solitária, de Scott Cunningham (1990). A lista é infindável. Quando você leva as produções de mídia, romances cativantes e livros sobre bruxaria a um público sedento espiritualmente, o resultado é um constante progresso da magia negra. Se duvida, acesse http://www.walmart.com e verifique os livros sobre bruxaria [ Wicca ]. Você ficará chocado. Não se deixe enganar: a bruxaria Real Wicca está crescendo mundialmente. Mas há uma série de romances e filmes que excede a todos em popularidade e controvérsia: Harry Potter. A maioria dos pais vê os livros de Potter (escritos pela britânica Joanne Kathleen Rowling) como entretenimento inofensivo, sem maiores preocupações. Certamente não vêem nenhuma conexão sutil (ou perigosa) entre Harry e a Wicca (bruxaria). Outros sim; de fato, estão seguros de que as forças espirituais ocultas se escondem nessas divertidas páginas de magia. Há uma forte polêmica em torno de Harry Potter, tanto na sociedade secular como entre os cristãos. Estão os romances de Rowling incentivando o interesse dos adolescentes em bruxaria? Não sejam tolos!, exclamam aqueles que apóiam Potter. Abram os olhos!, replicam os críticos de Potter. Quem está certo? A pottermania Desde seu lançamento nos EUA, em 1998, os primeiros cinco romances de Rowling (estão programados sete) Harry Potter e a Pedra Filosofal, Harry Potter e a Câmara Secreta, Harry Potter e o Prisoneiro de Azkaban, Harry Potter e o Cálice de Fogo e Harry Potter e a Ordem da Fêni venderam mais de 250 milhões de exemplares em 200 países e 60 idiomas. Para aumentar o entusiasmo da pottermania, a gigante de Hollywood, Warner Brothers, Inc., comprometeu-se fazer de cada romance de Harry Potter um filme de longa-metragem. Três filmes já foram lançados e quatro estão a caminho.

Conclusão: Harry está no mundo todo. A série de Rowling é composta de romances de ficção repletos de ação com seqüências altamente imaginativas, que narra as aventuras de um menino-feiticeiro órfão chamado Harry Potter que, quando adolescente, freqüenta a Escola Hogwarts de Bruxaria e Magia para melhorar suas habilidades feiticeiras, na preparação de encontros fatais com o maior feiticeiro das trevas de todos os tempos: Lorde Voldemort. 6 Enquanto Harry se prepara para a escola de feiticeiros, ele compra livros-texto de ocultismo, uma varinha mágica, um caldeirão (para misturar poções), um telescópio (para estudar astrologia) e outros materiais básicos de feitiçaria. Algumas matérias obrigatórias na Hogwarts são: História da Magia, Adivinhação, Feitiços, Herbologia, Poções e Transfiguração. Em cada história, Voldemort tenta matar Harry, mas o menino-feiticeiro sempre escapa valendo-se das técnicas aprendidas na Hogwarts, lançando feitiços, contando com a sorte ou ajudado pelos seus falecidos pais. Ao final de cada ano escolar, o jovem feiticeiro retorna tristemente para sua casa a fim de passar os meses de verão com seus parentes, os Dursley, uma entediante família que representa o perfeito enfado. Os Dursley são classificados como Muggles, ou nãofeiticeiros, pessoas sem uma gota de sangue mágico em suas veias. 7 Todos os livros de Potter retratam tipicamente os Muggles como um grupo quieto e entediado (com poucas exceções), enquanto as bruxas e os feiticeiros que têm acesso a poderes sobrenaturais são legais. Inofensivo ou destrutivo? Esse é o ponto principal de Harry Potter pelo menos aparentemente. A grande polêmica é se esses romances e filmes são um entretenimento inofensivo, ou se estão despertando o desejo de crianças e adultos de explorar a verdadeira bruxaria. Pessoalmente acredito no último argumento. Eis a razão: Primeiro, os livros de Harry Potter estão sendo lidos por crianças ao redor do mundo, e a bruxaria está crescendo entre elas. Conquanto isso não seja uma prova de que Harry estimule o interesse em bruxarias, parece-me ingênuo não discernir nenhuma conexão entre ambos. Segundo, embora os livros de Harry Potter estejam repletos de elementos fictícios e apatetados, eles contêm também muitas referências a pessoas reais, lugares reais e práticas reais realizadas por feiticeiros reais em toda a Terra. A própria Rowling admitiu publicamente que um terço de suas publicações está baseado no ocultismo real. 8 Isso é fácil de provar. Além de mencionar lugares reais como Grã-Bretanha, Londres, estação do metrô Kings Cross, Brasil, Egito, França, Albânia, Austrália, Irlanda, Bulgária, Uganda, Escócia, Noruega, Luxemburgo e Estados Unidos, 9 cita ocultistas reais como Nicolas Flamel 10 e Aldabert Waffling, 11 instrumentos reais de ocultismo como vara mágica, caldeirões, bola-de-cristal e folhas para chá, os livros de Harry Potter estão repletos de referências a práticas reais como lançar feitiços, numerologia, ler sorte, adivinhação, astrologia, quiromancia, amuletos, etc. Entretanto, aqui está o engodo: Rowling mescla constantemente essas referências com elementos absurdos e imaginários para criar uma aparência inocente (é assim que os livros passam furtivamente pelos radares). Contudo, um fato claro permanece: todas essas práticas são reais e realizadas por bruxas reais em toda parte. Como prova, simplesmente pesquise a seção de ocultismo de qualquer grande livraria. Terceiro, independentemente do que os defensores de Potter alegam, a verdadeira filosofia da bruxaria está inserida em Harry Potter. Por exemplo, a dicotomia feita por Rowling de mágicos versus Muggles humanos sem poderes mágicos que estabelece a estrutura da série Potter, reflete o que as bruxas verdadeiras crêem. Silver Ravenwolf, autora de best-sellers sobre bruxaria, em seu conhecido livro de não-ficção Teen Witch: Wicca for a New Generation, especifica como crença fundamental da bruxaria: Reconhecemos uma profundeza de poder bem maior que o aparente à pessoa comum... Todos possuem essas capacidades, mas a maioria não as utiliza e alguns as temem. Bruxas e outras almas iluminadas esforçam-se para fortalecer esses dons naturais. 12 Essa doutrina-chave da bruxaria é, essencialmente, o mesmo ensino encontrado no Harry Potter. Reconhecemos uma profundeza de poder, escreve Ravenwolf, bem maior que o aparente à pessoa comum. Rowling transmite esse conceito quando seus escritos qualificam todas as pessoas comuns de Muggles. Ravenwolf afirma: Alguns temem esses poderes. Isso é exatamente o que um dos professores de Harry Potter, de Hogwarts, diz sobre os Muggles. 13 A editora de ocultismo de Ravenwolf é a Publicações Llewellyn, de St. Paul, Minnesota. Curiosamente, no Harry Potter e a Ordem da Fênix, Rowling usou o nome da editora de Ravenwolf Llewellyn como a designação da ala de um hospital! Veja você mesmo: Arthur Weasley?, diz a bruxa, deslizando seu dedo sobre uma longa lista à sua frente. Sim, primeiro andar, segunda porta à direita, ala Llewellyn. 14 Quarto, as evidências demonstram que as crianças ficam interessadas em bruxaria verdadeira como resultado de Harry Potter. Caso relevante: a Federação Pagã é uma bem-organizada promotora inglesa de bruxaria. Logo depois de a série de Rowling ter atingido as Ilhas Britânicas, a federação começou a receber uma enxurrada de consultas solicitando detalhes de sua religião. Eles atribuíram isso ao sucesso dos livros Harry Potter. 15 Uma publicação britânica, This Is London, relatou os fatos num artigo sério intitulado: Os fãs de Potter se volvem à bruxaria. O responsável pela comunicação da federação, Andy Norfolk, testemunha: Em resposta às crescentes indagações dos 10

mais novos, nomeamos um responsável pelos jovens... Isso está, provavelmente, relacionado a coisas como Harry Potter, Sabrina Aprendiz de Feiticeira, e Buffy, a Caça-Vampiros. Cada vez que um artigo de bruxaria aparece, temos um grande aumento de chamadas, principalmente de meninas. 16 Os fãs de Potter se volvem à bruxaria, o sucesso dos livros de Harry Potter, relacionado a coisas como Harry Potter, um grande aumento de chamadas, principalmente de meninas, fornecem evidências convincentes, pelo menos àqueles dispostos a ver sua importância. A Bíblia e a bruxaria Vamos agora para a Palavra de Deus. Existe um diabo de verdade? Os que lidam com bruxarias não acreditam nisso. Silver Ravenwolf e outros autores de bruxaria pensam que Satanás é uma invenção enganosa da imaginação dos cristãos. Entretanto, a Bíblia diz claramente: E foi expulso o grande dragão que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo; sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos (Apocalipse 12:9). Satanás não apenas existe, mas é o sedutor de todo o mundo. Nas Escrituras, a feitiçaria não é algo imaginário. Moisés advertiu: Não se achará entre ti nem adivinhador nem feiticeiro... nem mágico, pois isso é abominação ao Senhor (Deuteronômio 18:10-12). Paulo classifica as feitiçarias como obras da carne (Gálatas 5:19, 20), e João prediz claramente que os feiticeiros terão seu destino final no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte (Apocalipse 21:8). Isso é muito grave. Porque Satanás existe e porque a verdadeira bruxaria e feitiçaria se originam nele, a pergunta-chave é: quão provável é que o próprio Satanás nada tenha a ver com a série mais popular já escrita, que retrata bruxaria, poções e feitiços como brincadeiras legais para as crianças? Paulo escreveu: Não lhe ignoramos os desígnios (II Coríntios 2:11). Não nos deixemos enganar. Ao retratar a bruxaria como algo divertido, Harry Potter insensibiliza os jovens para os perigos do ocultismo. Isso é plano do inimigo. João escreveu: Todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria (Apocalipse 18:23). Esse verso não-fictício alerta que a feitiçaria real procedente de um diabo real vai, de fato, enganar nações reais no final dos tempos. Não deveríamos levar a sério a advertência do Senhor? Não deveríamos fugir de toda a forma de bruxaria, inclusive da versão mais moderna do chamado entretenimento inofensivo? Não deveríamos guiar nossas crianças à verdade que se encontra nas Escrituras? Deuteronômio 18:9 afirma que não deveríamos nem aprender acerca das práticas pecaminosas do ocultismo. Como saudável alternativa, Jesus diz: Aprendei de Mim, porque Sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma (Mateus 11:29). Ele é a alternativa para a bruxaria! Steve Wohlberg é orador e diretor de Endtime Insights Radio and TV Ministry, e pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Templeton Hills, em Templeton, Califórnia. Seu novo livro Hour of the Witch: Harry Potter, Wicca Witchcraft, and the Bible explora amplamente esses temas e pode ser adquirido na Endtime Insights ou Adventist Book Centers. Para contatar o Pastor Wohlberg ou conhecer melhor seu trabalho, visite o site http://www.endtimeinsights.com. REFERÊNCIAS 1. All Things Considered, da National Public Radio, relatado por Barbara Bradley Hagerty: New Religion in America: Alternative Movements Gain Ground With Flexibility, Modernity Part 4: Teens and Wicca. 13 de maio de 2004. Disponível no site http://www.npr.org/templates/story/story. php?storyid=1895496. 2. Ver http://tv.yahoo.com/tvpdb?id=1807777356 &d=tvi&cf=0. 3. Ver http://www.witchcraft.org/video/buffy.htm. 4. Ver http://www.witchcraft.org/video/charmed. htm; http://www.tvtome.com/charmed/ (website oficial). 5. Ver http://disney.go.com/witch/main.html. 6. J. K. Rowling, Harry Potter e a Câmara Secreta, (Scholastic, Inc., 1999), p. 4. 7., Câmara Secreta, p. 3. 8. Entrevista de Rowling no The Diane Rehm Show, WAMU, National Public Radio, 20 de outubro de 1999, disponível no site http:// www.wamu.org. 9. Rowling, Cálice de Fogo, pp. 62-64. 10., Pedra Filosofal, p. 297; Richard Abanes, Harry Potter and the Bible: The Menace Behind the Magick (Camp Hill, Pennsylvania: Horizon Books, 2001), p. 26; Ver também Maurice Magree, Magicians, Seers, and Mystics (Kessinger Publications, 1997), disponível no site http:// www.alchemylab.com. 11., Pedra Filosofal, p. 66; Abanes, p. 28; Leslie A. Shepard, Encyclopedia of Occultism and Parapsychology (Detroit: Gale Research, 1991), pp. 6, 7. 12. Silver Ravenwolf, Teen Witch: Wicca for a New Generation (St. Paul: Minnesota: Llewellyn Publications, 2003), pp. 5, 6. 13. Rowling, Prisioneiro de Azkaban, p. 2. 14., Ordem da Fênix, p. 487 (itálicos acrescentados). 15. Ver o site http://www.paganfed.demon.co.uk; relatado em This is London, artigo intitulado Potter Fans Turning to Witchcraft, 4 de agosto de 2000, disponível no site http://www.thisislondon.co.uk; referência em Abanes, Harry Potter and the Bible, p. 66. 16. Ibidem. Assinatura gratuita para a biblioteca de sua faculdade ou universidade! Deseja ver a Diálogo disponível na biblioteca de sua faculdade ou universidade, de modo que seus amigos não-adventistas possam ter acesso à revista? Procure o bibliotecário e sugira que solicite uma assinatura gratuita, usando papel timbrado da instituição. Cuidaremos do resto! As cartas devem ser endereçadas a: Dialogue Editor-in-Chief; 12501 Old Columbia Pike; Silver Spring, MD 20904-6600; EUA. 11

O cânon bíblico: uma breve análise David Marshall Quarenta escritores, centenas de anos, e mesmo assim um Livro, uma Mensagem e uma Esperança Dentre todos os livros conhecidos na história humana, nenhum é tão peculiar em sua origem, tão extraordinário em suas afirmações, tão dinâmico em suas promessas, tão abarcante em sua mensagem, como a Bíblia. Na verdade, a Bíblia não é um livro apenas, mas uma coleção de livros 39 no Antigo Testamento (AT) e 27 no Novo Testamento (NT). Sua composição demandou séculos e sua autoridade perdura por milênios. O primeiro dos 40 autores inspirados (Moisés) está separado do último autor (João) por aproximadamente 1.600 anos. Os escritores provieram de diferentes contextos sociais, e tiveram diferentes níveis de educação, desde os mais baixos até os mais altos. Eles eram diferentes tanto entre si quanto no que faziam. Alguns eram criadores de gado, pastores de ovelhas, soldados e pescadores, enquanto outros eram reis, legisladores, estadistas, cortesãos, sacerdotes, poetas e médicos. Inevitavelmente seus estilos literários refletiram as diferenças entre eles. Alguns escreveram leis, outros, poesia; e outros, ainda, história; alguns, prosa lírica; outros, poesia lírica e parábolas e alegorias; outros, biografias ou memórias e diários pessoais; alguns profecia e outros, simplesmente, correspondência pessoal. Com toda essa diversidade, como esses 66 livros vieram a ser considerados suficientemente diferentes e santos, e incluídos no que chamamos de cânon das Escrituras? A primeira coisa que precisamos entender é que nenhuma pessoa, ou grupo de pessoas, compilou a Bíblia. A Bíblia simplesmente cresceu. Esse princípio se aplica tanto ao AT quanto ao NT. O princípio unificador que torna a Bíblia santa e diferente, um todo vivente, é Jesus Cristo, o Agente da salvação. Ao considerarmos o processo pelo qual os livros foram escritos e aceitos como inspirados, percebemos que Aquele que foi o princípio unificador, o Agente da salvação, a Fonte de inspiração, também atuou aí de forma marcante. O Cânon do AT Poucos compreendem, escreveu George Smith, que a Igreja de Cristo possui uma garantia maior para o cânon do AT do que para o cânon do NT. 1 Essa garantia maior está no relacionamento que Jesus estabeleceu entre Si e o AT. Ele fez citações freqüentes do AT como a fonte de Sua autoridade. Depois da ressurreição Ele disse aos discípulos que a cruz e tudo o que Lhe tinha acontecido não era senão um cumprimento de profecias do AT. Na verdade, as profecias messiânicas estão espalhadas por todo o AT. É claro que o NT não tinha a mesma autoridade derivada do Senhor, simplesmente porque ainda não fora escrito. A autoridade do AT foi aceita pelas pessoas para quem foi escrito Israel, muito tempo antes da chegada do Messias. Um exemplo é suficiente. Durante a purificação do templo no reinado de Josias, o Livro da Lei, por muito tempo negligenciado, foi encontrado. O livro foi entregue ao rei, que o leu. Josias logo compreendeu que o livro havia-se extraviado por causa da negligência de seus antecessores. Anteriormente, o livro fora mantido no tabernáculo, depois no templo, e os sacerdotes o liam com freqüência. O rei obteve uma segunda cópia. A redescoberta do Livro da Lei foi encarada por Josias e os historiadores posteriores como um evento de grande importância. O monarca leu passagens em voz alta perante o povo. As porções lidas eram de Levítico 26 e Deuteronômio 28 e 29. Por isso pode-se concluir que o Livro da Lei consistia nos cinco primeiros livros da Bíblia ou, pelo menos, parte deles. A redescoberta do livro foi usada como um trampolim para a reforma do reino. Durante os 70 anos do exílio babilônico, as palavras dos profetas então existentes vieram a ser muito valorizadas. Judá, como uma nação, deixara de existir, e com ela sua capital e o templo. Mas, o Livro da Lei e os livros dos profetas continuaram. O Talmude judaico declara que Esdras, quem liderou o povo no retorno do exílio, coligiu e editou a Lei e os Profetas. Também declara que a Grande Sinagoga foi convocada, e durante anos toda a Lei, os Profetas e os Escritos foram discutidos. Além do que foi feito por Esdras, muitos pesquisadores sugerem que durante décadas os membros da Grande Sinagoga continuaram o trabalho de edição. Os livros do AT são geralmente divididos em quatro seções: o Pentateuco (os livros de Moisés), os livros históricos (Josué a Ester), os cinco livros de poesia e ética (Jó a Cantares de Salomão), e os livros dos profetas (Isaías a Malaquias). A tarefa de formar o que hoje chamamos de AT começou, graças a Esdras e à Grande Sinagoga, por volta de 450 a.c. É opinião da maioria dos estudiosos que no tempo de Cristo o AT já existia na forma como indicamos acima. Após a queda de Jerusalém no ano 70 a.d., houve uma grande discussão acerca do cânon bíblico. Um rabino chamado Yochanan ben 12

Zakkai obteve permissão escrita das autoridades romanas para convencer o Concílio de Jamnia a discutir o cânon da Escritura. O debate, porém, se limitou a quatro livros que eram considerados periféricos : Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salomão e Ester. Depois que os prós e os contras desses livros foram discutidos, o concílio decidiu incluí-los no cânon, juntamente com os outros livros que hoje fazem parte do AT. Na verdade, o concílio poderia haver feito algo mais; os livros que eles decidiram reconhecer como canônicos já eram geralmente aceitos, embora houvesse algumas interrogações acerca deles. Os livros que recusaram admitir nunca foram incluídos. Eles não expulsaram do cânon nenhum livro que já houvesse sido previamente admitido. 2 O Concílio de Jamnia não investiu os livros da Bíblia de autoridade ao incluí-los numa espécie de lista sagrada. Eles foram incluídos na lista o cânon porque já eram reconhecidos Espere um minuto! Aquelas leis não passaram pelo comitê! como inspirados por Deus e autoritativos, e isso, na maioria dos casos, já por vários séculos. Um escritor judeu contemporâneo de Cristo, Filo de Alexandria, aceitava o cânon do AT da forma como o fazemos hoje. O mesmo é verdade acerca de Flávio Josefo, outro escritor judeu do primeiro século. A mais antiga lista cristã conhecida dos livros do AT foi feita por Melito, bispo de Sardes, cerca de 170 a.d., e preservada por Eusébio no quarto volume de sua História Eclesiástica. 3 O Cânon do NT O NT tem três categorias de livros: as narrativas (os quatro evangelhos e Atos), as cartas e o Apocalipse. Embora o NT levasse cerca de 50 anos para ser escrito, muito mais tempo foi necessário para que ele assumisse a forma que tem hoje. Não foi senão em 367 a.d. que encontramos os livros do NT listados exatamente como os temos hoje. A lista aparece numa carta do bispo cristão Atanásio alusiva à Páscoa. Nos dois séculos e meio ocorrentes entre a composição do último livro do NT e a carta de Atanásio, houve muita discussão acerca dos livros que deveriam ou não ser incluídos no cânon. O AT era a Escritura dos cristãos primitivos, mas pouco a pouco os escritos cristãos foram sendo colocados em pé de igualdade com o AT, não por qualquer decreto de um concílio... mas por uma concordância mútua entre os crentes; a instituição espiritual da Igreja veio lentamente a decidir quais dentre os seus escritos deveriam ser considerados como canônicos. 4 Os livros descartados do cânon do AT foram chamados Apócrifos. Outro grupo de livros erroneamente atribuídos a certas pessoas chamados de Pseudepígrafos também foi descartado. Os apócrifos continham histórias e declarações de sabedoria. Os pseudepígrafos continham muita mágica e pouca história. Ao examinarmos o descarte dos livros apócrifos do cânon do NT, sentimos a presença de um guia sobrenatural. Os livros incluídos foram aqueles aceitos como inspirados por Deus, que provaram sua utilidade em ajudar homens e mulheres, e tornar Cristo conhecido. Eles foram reconhecidos como tendo sido escritos por homens próximos a Jesus e envolvidos na grande aventura do primeiro século, que levou o evangelho cristão aos limites do mundo conhecido da época. Um escritor grego, contemporâneo de Atanásio, falou do eco de uma grande alma e afirmou ouvir esse eco nos livros canônicos do NT. William Barclay, conhecida autoridade em NT, diz: O som do sublime é encontrado nos livros do NT. Eles levam a grandeza em sua face. Eles são auto-evidentes. Quando o tradutor bíblico J. B. Phillips comparou os livros do NT com aqueles que foram excluídos 13

pelos pais da Igreja, não pôde senão admirar a sabedoria deles. E continuou: É provável que a maioria das pessoas nunca teve a oportunidade de ler os evangelhos e as epístolas apócrifos como os especialistas. Posso apenas dizer que nesses livros vivemos num mundo de mágica e faz-de-conta; de mito e fantasia. Em toda a tarefa de traduzir o NT, nunca, por um único instante, mesmo que provocado e desafiado, senti que estivesse sendo levado para um mundo de fantasmas, bruxarias e poderes mágicos tal como aqueles presentes nos livros rejeitados do NT. Foi aquela fé constante e que toca o coração dos escritores do NT, que me transmitiu o senso inexprimível do genuíno e do autêntico. 5 O ponto auto-evidente aparece de forma mais poderosa quando lemos os livros que acabaram fazendo parte do NT. No segundo século, vários livros chamados evangelhos da infância foram escritos. Os quatro evangelhos canônicos dão poucas informações acerca das três décadas da vida de Jesus antes do início de Seu ministério público. Os evangelhos da infância se destinavam a preencher as lacunas. O chamado evangelho de Tomé contém um suposto registro da infância de Jesus. Enquanto brincava, o menino Jesus é retratado como criando pardais vivos a partir do barro, e fazendo com que um garoto morresse só porque correu e se chocou contra Ele. Jesus, quando ainda aprendiz de carpinteiro, é descrito alongando vigas de madeira como se fossem feitas de material elástico, e exercendo uma variedade de poderes mágicos sem qualquer propósito prático. Ninguém provavelmente aceitaria isso como Escritura. De fato, a Escritura é auto-evidente. Quando você compara os evangelhos com esses livros, não há dúvida quanto às razões pelas quais eles foram excluídos. A linha de separação é clara o bastante. Não há sequer espaço para discussão. Muito cuidado foi tomado para garantir que aqueles que escreveram os livros aceitos no cânon tivessem de fato conhecido a Jesus. O selo de qualidade desses homens consistia na preocupação de demonstrar que os atos de Jesus no passado continuam no presente, por meio do Cristo vivo. No livro de Atos, cada sermão termina com o episódio da ressurreição. Para o NT, Jesus é, acima de tudo, o Cristo vivo. Foi porque os quatro escritores dos evangelhos falaram acerca do Cristo vivo, que eles deram um espaço desproporcional para a última semana da vida de Jesus e Sua ressurreição. O ponto central dos discípulos, do cristianismo, da teologia cristã, é a morte e a ressurreição de Jesus. Os livros em que esse não era o ponto central, foram simplesmente desconsiderados ou deliberadamente excluídos do cânon. Podemos acreditar, declara o Prof. F. F. Bruce, que aqueles cristãos primitivos agiram com uma sabedoria superior à deles mesmos a esse respeito, não apenas com relação àquilo que aceitaram, mas também àquilo que rejeitaram, É particularlemente importante notar que o cânon do NT não foi demarcado por um decreto arbitrário de qualquer concílio eclesiástico. Quando finalmente um concílio eclesiástico o Sínodo de Hipona, em 393 a.d. relacionou os 27 livros do NT, não conferiu a esses livros nenhuma autoridade que já não tivessem, mas simplesmente registrou sua canonicidade, a qual já havia sido previamente estabelecida. 6 Em suma, o processo pelo qual os livros do NT vieram a ser aceitos, foi, em todos os principais aspectos, o mesmo do AT. Assim, esses dois livros a Bíblia dos apóstolos e a Bíblia que os apóstolos escreveram vieram juntos a compor o que os cristãos aceitam como a Palavra escrita de Deus, da qual o princípio unificador é o próprio Cristo, o Agente da salvação. Desse modo, a Palavra inspirada teve sua origem, autoridade e genuinidade em Cristo, a Palavra encarnada. David Marshall (Ph.D., University of Hull) exerceu o magistério por vários anos, antes de se tornar redator e editor de revistas. Ele já publicou 20 livros sobre temas históricos e bíblicos. Atualmente é o editor-chefe da Stanborough Press. Seu endereço: Alma Park; Grantham, Lincs. NG31 9SL; Inglaterra. O presente artigo foi adaptado de seu livro The Battle for the Bible (Autumn House, 2004). Referências 1. G. A. Smith, Modern Criticism and the Preaching of the Old Testament (London: Hodder and Stoughton, 1901), p. 5. 2. F. F. Bruce, The Books and the Parchments (Westwood, N.J.: Revell, 1963), p. 89. 3. Ibid., pp. 89-92. 4. G. W. H. Lampe, ed., The Cambridge History of the Bible (Cambridge University Press, 1963-1969), vol. 2, p. 42. 5. J. B. Phillips, Ring of Truth: A Translator s Testimony (New York: Macmillan, 1967), p. 95. 6. Bruce, pp. 103-104. Atenção, profissionais adventistas! Se você possui e-mail e um título ou diploma pós-secundário em qualquer campo acadêmico ou profissional, nós o convidamos para fazer parte da Rede de Profissionais Adventistas (RPA). Patrocinado pela Igreja Adventista, esse registro global eletrônico assiste instituições e agências participantes a fim de localizar candidatos para posições no ensino, administração, área de saúde e pesquisa, e consultantes especializados e voluntários para tarefas missionárias breves. Coloque gratuitamente sua informação profissional diretamente no website da RPA: http://apn.adventist.org. Anime outros profissionais adventistas a registrar-se! 14

Gênesis e o cosmos: um quadro unificado? Mart de Groot Para o cristão, a existência de Deus é um dado, e as leis científicas podem ser vistas como nossa descrição atual sobre como Deus rege a Sua Criação. De que maneira a Bíblia e as ciências naturais deveriam ser expostas, explicadas ou estudadas? Parecem possíveis, pelo menos, duas posições. De um lado estão aqueles que supõem que o entendimento conservador da Bíblia e as descobertas da ciência não podem ser harmonizados entre si. De outro lado estão os que acreditam que as conclusões obtidas pelos dois campos podem harmonizar-se, encaixando-se numa abrangente visão de mundo. Muitos do segundo grupo baseiam sua crença na convicção de que Deus é o Criador tanto da Bíblia quanto do mundo natural, e que ambos têm um papel a desempenhar em nossa compreensão da Criação de Deus. Este ensaio tenta apresentar um modelo científico e outro bíblico da origem do mundo natural inanimado, e explorar como ambos podem ser harmonizados. O modelo científico A ciência atual alega compreender como o Universo se originou e se desenvolveu. Tal alegação é um dos mais fascinantes capítulos da história da cosmologia moderna a história do Big Bang. 1 De acordo com essa teoria, o Universo originou-se há cerca de 14 bilhões de anos. Um dos aspectos atraentes da Teoria do Big Bang é sua explicação da fonte dos blocos construtivos de todas as coisas, inclusive da vida. Embora os elementos químicos supostamente formados nos primeiros três minutos do Big Bang fossem simples (principalmente hidrogênio e hélio), átomos mais complexos foram produzidos logo depois. Foram sintetizados no interior das estrelas como produto das reações nucleares que as fazem brilhar. Essa teoria, por conseguinte, requer que as estrelas tenham se formado de tal maneira que pudessem produzir elementos químicos básicos a partir dos quais tudo o mais é feito. Para que as estrelas venham à existência e produzam os vários elementos químicos, as condições físicas do Universo e os parâmetros físicos básicos precisam ter valores bastante precisos. Por exemplo, para produzir átomos a partir dos núcleons formados nos exatos primeiros minutos após o Big Bang, o número de prótons e nêutrons deve cair entre limites muito estreitos. Caso isso não tenha sucedido, esses átomos ou não teriam sido formados ou todas as estrelas do Universo teriam entrado em colapso formando estrelas de nêutrons e buracos negros. Além disso, se o número de elétrons no Universo não fosse igual ao número de prótons com uma precisão de uma parte em 10 37, as forças eletromagnéticas teriam vencido as forças gravitacionais, e jamais poderiam ter-se formado galáxias, estrelas e planetas. E, sem as estrelas, não existiriam elementos químicos complexos. Também para a formação de estrelas (e galáxias), o Universo não deveria expandir-se muito rapidamente (pois assim a matéria se rarefaria antes de as estrelas se formarem), nem muito lentamente (visto que ocorreria o colapso do Universo antes que as estrelas tivessem tempo de produzir os elementos químicos mais complexos). Para isso acontecer, a expansão cósmica precisa estar ajustada com a precisão de uma parte em 10 60, realmente uma altíssima precisão! De fato, o número e a precisão dos ajustes finos 2 dos vários parâmetros físicos e cósmicos são tão incríveis que nos exigem considerar que nosso Universo foi feito com o propósito expresso de permitir a vida humana. Encontramos aqui evidências em favor não só de planejamento, mas também de um Planejador. Esse é o argumento do desígnio em prol da existência e atuação de Deus. Ele Se revela não somente em Sua mensagem de amor à humanidade a Bíblia mas também nas obras de Suas mãos na natureza (Salmo 19:1, Isaías 40:26). A Teoria do Big Bang oferece também explicação para processos que teriam ocorrido após o Universo completar mais de 300.000 anos. Os melhores modelos do que aconteceu em tempos anteriores também parecem explicar o Universo como o conhecemos hoje. Entretanto, como nenhum daqueles processos pode ser verificado mediante observação, eles permanecem na área especulativa da construção de modelos. A dificuldade mais fundamental com modelos puramente científicos é que a ciência declara que todos os fenômenos somente podem possuir causas naturais. Assim, Deus, o Sustentador de Sua Criação, é descartado como agente ativo na história do Universo. Para o cristão que crê na Bíblia, portanto, existem muitos fenômenos para os quais a ciência ainda não tem explicação. Considere-se, por exemplo, machados flutuando, mais de 5.000 pessoas sendo alimentadas com cinco pães e dois peixinhos, mortos ressuscitando, uma virgem dando à luz (II Reis 6:1-7; João 6:1-13; 11:38-44; Lucas 1:26-38). Poderemos, realmente, esperar que a ciência algum dia seja capaz de explicar exatamente como essas coisas aconteceram? A resposta a essa pergunta é importante. A existência de Deus é um dado, e as leis científicas podem ser vistas como nossa descrição atual sobre como Deus rege a Sua Criação. O modelo bíblico O primeiro capítulo da Bíblia provê o relato da origem do Universo. Embora a curiosidade humana não possa ser satis- 15

feita plenamente, o primeiro verso da Escritura apresenta a resposta a quatro das cinco indagações básicas. Quando? é respondida com criou. O que? é respondida com os céus e a terra. O por quê? é respondido no restante do livro. Precisamos falar um pouco mais sobre essas palavras. Os céus e a terra. Essa frase é chamada merisma 3, isto é, um termo que inclui tudo entre os dois extremos, dos céus e da Terra. Ela pode ser compreendida como indicando a totalidade de toda a matéria criada. No princípio. No hebraico, uma explicação dessa frase é que ela pode designar um período de tempo anterior ao que vem em seguida, isto é, um período anterior à semana da Criação. No princípio nos dá algum e talvez considerável tempo antes do início da semana da Criação. Criou. O verbo hebraico bara ( criou em Gênesis 1:1) tem sempre Deus como sujeito; verdadeiramente, só Ele pode criar. O verbo hebraico asah usualmente é traduzido como fazer em Gênesis 1 e em mais de 70 outras passagens da Bíblia. Deus é o único que pode criar (bara); os seres humanos podem fazer (asah). Em Gênesis 1, a palavra bara é usada no primeiro verso quando Deus cria toda a matéria a partir do nada; no verso 21, quando Ele cria os peixes e aves dando-lhes o fôlego de vida que somente Ele pode dar; e nos versos 36 e 37 na criação de Adão e Eva, ao fazê-los à Sua imagem. 4 Nos outros dias da semana da Criação dependendo da versão bíblica consultada Deus separa, produz, faz surgir, ou faz. Em todas essas ocasiões, Deus modela novas formas a partir de matéria previamente criada. Quando bara é utilizado, há usualmente um elemento a partir do nada, algo inteiramente novo que não existia antes em qualquer forma. Assim, no princípio criou Deus os céus e a Terra significa que Ele criou a partir do nada toda a matéria no Universo, antes de proceder à Sua obra criadora citada a partir de Gênesis 1:3. Em Sua Criação de toda a matéria, Deus proporcionou a Si mesmo os materiais necessários às obras construtivas posteriores. Essa maneira de proceder é semelhante à Sua utilização da terra seca para produzir a vegetação (v. 11), os animais (v. 24), e Adão (2:7). Sabemos, de fato, que houve alguma atividade criadora antes da semana da Criação. Anjos, e muito provavelmente outros mundos (habitados), foram criados antes da semana da Criação (Jó 38:7). Outra maneira de mostrar que a Terra já existia antes da semana da Criação foi sugerida por Gordon Gray 5. Ele a denomina de método da subtração. Partindo do fim do capítulo 1 de Gênesis e caminhando no sentido do início, eliminando-se as coisas que haviam sido criadas, chega-se ao que já existia no início do primeiro dia. Assim, partindo-se da tarde do sexto dia, eliminam-se primeiramente Eva, que surge em último lugar, depois Adão, e assim sucessivamente. Procedendo dessa maneira, o que encontramos na véspera do primeiro dia? Nessa caminhada regressiva nada lemos sobre a criação do planeta Terra ou da água. A Terra, então, deve ter sido feita antes da semana da Criação, estando em trevas, totalmente sem vida e imersa na água. Essa é exatamente a descrição da Terra em Gênesis 1:2. Parece que a Terra sem forma e vazia havia sido criada antes do primeiro dia, e que um relato muito breve dessa criação e da condição então existente, foi dado nos versos 1 e 2. É interessante que quando Deus revela Seu poder criador a Jó, Ele se refere à Terra como envolta em trevas devido às grossas nuvens (Jó 38:9). Esse versículo oferece a possibilidade de dizer algo mais definido sobre a criação do Sol, da Lua e das estrelas. Em Gênesis 1:16 ( O luzeiro menor para governar a noite. Ele também fez as estrelas ) o verbo fazer não se encontra no texto hebraico. De fato, essa passagem pode também ser assim traduzida: O luzeiro menor para governar a noite, juntamente com as estrelas. O relato do quarto dia simplesmente diz que as estrelas eram para governar a noite juntamente com a Lua. Essa leitura elimina o argumento em favor da crença de que as estrelas foram criadas no quarto dia, e também contorna o problema da luz proveniente de estrelas distantes atingir a Terra dentro do tempo de existência do Universo. Dessa forma, não há necessidade de recorrer ao argumento artificial que nos induz a crer que as estrelas foram criadas já com sua luz preenchendo todo o Universo. Para explicar como a Terra estava na escuridão enquanto já existia o Sol, é suficiente ler mais uma vez Jó 38:9. A cobertura de nuvens antes do primeiro dia era tão espessa que havia escuridão na superfície da Terra. Então, no primeiro dia, Deus disse: Haja luz. A espessa cobertura de nuvens dissipou-se o suficiente para deixar incidir luz sobre a superfície da Terra. Ao mesmo tempo, ela permaneceu espessa o bastante para manter o Sol escondido da vista, da mesma forma que hoje não vemos o Sol num dia com densas nuvens, sem termos dúvidas sobre se é dia ou noite. Então, no quarto dia, as nuvens se dissiparam mais ainda e os luminares se apresentaram com toda a sua glória. Cada dia Deus diminui um pouco da água, e assim há lugar para brincar na praia. Reimpreso com a permissão de Bil Keane. 16

No que diz respeito à obra criadora dos seis dias, creio que ela foi completada em seis dias literais e consecutivos de 24 horas. Tem sido apresentada ampla evidência de que a maneira pela qual, em hebraico, são numerados os dias no capítulo 1 de Gênesis, somente pode ser entendida como marcando períodos de 24 horas cada. 6 Com relação ao tempo precedente à semana da Criação o intervalo entre no princípio e o dia primeiro a Bíblia não apresenta qualquer resposta efetiva. Entretanto, esse é um campo no qual a ciência pode ter algo a dizer. A Teoria do Big Bang, por exemplo, coloca a origem do Universo cerca de 14 bilhões de anos atrás. A Bíblia posiciona a semana da Criação há cerca de 6.000 anos. 7 Afinal de contas, mesmo que tenhamos reservas sobre vários aspectos da Teoria do Big Bang, poderia ter havido bastante tempo antes da semana da Criação para que Deus pudesse trabalhar Sua matéria criada, para fazer muitas galáxias, estrelas, planetas girando em torno de seus sóis (alguns habitados), e até o Sol, a Terra e a Lua. Síntese Estamos agora em condições de juntar o que dissemos anteriormente, para formar uma descrição abrangente de como poderia ter-se desenvolvido o processo criador, levando em consideração alguns aspectos da Teoria do Big Bang. Em algum instante não especificado, no princípio, Deus criou toda a matéria pré-existente e Sua palavra foi suficiente para trazer tudo à existência num instante (Salmo 33:6, 9; 148:5; Hebreus 11:3). Deus trabalhou a matéria primordial para formar primeiramente as partículas elementares, e depois os átomos simples, principalmente hidrogênio e hélio, nos primeiro três minutos. Conforme a Teoria do Big Bang, quando o Universo atingiu a idade de 300.000 anos, formaram-se as galáxias e nelas as estrelas. No Universo, Deus aparentemente designou um papel especial para as estrelas desempenharem. Elas foram as autoclaves em que Ele preparou a maioria dos elementos químicos, que depois Ele usou para a formação da Terra. Juntamente com as estrelas, formou os planetas. Novamente, conforme a Teoria do Big Bang, há cerca de 4,5 bilhões de anos, isso levou à formação do Sol e seus planetas. O planeta Terra foi composto principalmente de elementos químicos mais complexos, importantes para a vida. A Terra, portanto, estava sem forma e vazia, coberta por água, e envolta em densas nuvens. Então, há aproximadamente 6.000 anos, Deus visitou a Terra para executar Seu plano em relação a este planeta e seus habitantes, e levou seis dias literais para formá-lo como habitat para a vida que criou. O firmamento, a vegetação, os peixes, as aves, os animais terrestres e nossos primeiros pais foram trazidos à existência. Alguns seres vieram à existência a partir da matéria que existia na própria Terra; outros de maneira especial, sendo revestidos de características especiais. Essa diferença reflete-se no uso das palavras hebraicas, bara e asah. Na realidade, o cenário exposto é somente uma possibilidade, não sendo nem completo e nem definitivo. Há muitas perguntas sem respostas simplesmente porque não estivemos presentes para testemunhar o que aconteceu. Esse panorama é o melhor que posso divisar para harmonizar nosso conhecimento atual da ciência com a fé bíblica ambos contribuindo para formar um quadro unificado. Fica claro em tudo isso a enorme importância de um paradigma correto. As conclusões a que os cientistas chegam a partir de suas observações da natureza alteram-se radicalmente quando se usa um paradigma diferente. Deus faz a diferença no Universo! Isso não é surpresa, porque Ele não é só o Criador, mas também o Mantenedor. Deus não somente faz a diferença no que se refere ao Universo material, mas é nosso privilégio que também Ele nos peça para fazer a diferença em nossas vidas. Ao compararmos o futuro eterno na presença de Deus, com a limitada idade do Universo, não nos será difícil aceitar prazerosamente o Seu pedido! Mart de Groot (Doutor em Ciência pela Universidade de Utrecht) passou a maior parte de sua vida como pesquisador na área da Astronomia, tendo ultimamente servido como ministro adventista na Irlanda do Norte. Recentemente jubilado, continua a pesquisar, publicar e divulgar. Seu endereço é mdgr@arm.ar.uk REFERÊNCIAS 1. Mart de Groot, O modelo do Big Bang: uma avaliação, Diálogo 10:1 (1998), pp. 9-12. 2. Hugh Ross em The Creator and the Cosmos (Colorado Springs, Colorado: NavPress, 2001) lista 35 evidências para os ajustes finos do Universo (p. 154) e outras 66 para os ajustes finos do sistema Galáxia-Sol-Terra-Luna (p. 188). 3. Gordon Gray, The Age of the Universe (Washougal, Washington: Morning Star Publ., 2000), p. 172. 4. Estou em dívida com o Dr. Carlos Steger por sua sugestão inicial sobre o uso de bara e asah em Gênesis 1. 5. Gray, pp. 28, 30. 6. Richard M. Davidson, No princípio: como interpretar Gênesis 1, Diálogo 6:3 (1994):9-12; Gerhard F. Hasel, The Days of Creation in Genesis: Literal Days or Figurative Periods/Epochs of Time? em John Templeton Baldwin, ed., Creation, Catastrophe, and Calvary (Hagerstown, Maryland: Review and Herald Publ. Assn., 2000), pp. 40 ff. 7. L. T Geraty, The Genesis Genealogies as an Index of Time, Spectrum, 6 (1984):5-18. 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Perfil Daisy de Leon Diálogo com uma professora e pesquisadora adventista Sentado com Daisy de Leon em seu escritório, a primeira coisa que se observa é a quantidade de fotos de sua família decorando a mesa e a parede. Ao mencionar como as crianças das fotos são bonitas, a Dra. De Leon revela seu lado jovial. Avó recente, exibe orgulhosamente fotos da neta Vivianna, e logo anuncia que outro neto está a caminho. A família, evidentemente, é algo muito importante para a Dra. de Leon e seu esposo Marino, que possuem três filhos. Nascida no Bronx, Nova Iorque, a Dra. De Leon cresceu em Porto Rico. Desde sua infância seus pais insistiram em que a boa educação era uma das coisas mais importantes que alguém poderia conseguir na vida. Em 1977, Daisy formou-se em Biologia pela Universidade de Porto Rico, San Juan. Três anos depois, concluiu o mestrado em biologia molecular na mesma universidade. E em 1987, a Dra. de Leon concluiu seu doutorado em endocrinologia na Universidade da Califórnia, Davis. A Dra. de Leon sempre foi fascinada por pesquisa e medicina. Na escola, seu modelo era Albert Schweitzer, o brilhante músico e erudito teólogo que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1952, por seu compassivo trabalho médico-missionário entre os leprosos africanos. Atualmente, a Dra. de Leon trabalha como professora-associada de fisiologia e farmacologia, e como assistente do diretor de diversidade étnica na Escola de Medicina da Universidade de Loma Linda. Além disso, ela está envolvida em pesquisas sobre o câncer de mama. A Dra. De Leon trabalha em Loma Linda desde 1993. n Falemos primeiramente de sua pesquisa atual. Um estudo recente concluiu que a incidência de câncer de mama nas mulheres francesas foi significativamente menor do que nas americanas. O estudo destacou que o vinho era o fator que ajudava a diminuir a incidência do câncer. Pesquisas anteriores mostraram que o uso do álcool aumenta a incidência do câncer de mama, mas, agora, os pesquisadores parecem indicar que o efeito protetor do vinho foi produzido por um elemento químico encontrado nas uvas. Bem, posso dizer Beba mais vinho? Não! Há algum tempo têm sido realizados estudos para ver se as uvas contêm um possível fator químico preventivo. As lojas de alimentos saudáveis vendem pílulas que contêm extrato de casca de uvas. Esses extratos combinam diversas partes da uva e suas sementes, as quais contêm potentes antioxidantes que parecem ajudar na prevenção do câncer de mama. Os cientistas descobriram também alguns elementos químicos no brócolis, que inibem o câncer de mama e de próstata. Além disso, as pesquisas indicam que o consumo de verduras verdes tem efeito protetor. Portanto, sua pergunta realmente tem a ver com dieta e nutrição. Quando os cientistas estavam procurando o gene que tinha influência sobre o câncer de mama, descobriram que apenas cinco por cento de todos os cânceres de mama eram hereditários. Ainda que você tenha o gene danoso que pode aumentar sua suscetibilidade ao câncer de mama, é encorajador saber que a boa dieta e a nutrição adequada têm efeitos preventivos. n Além das mudanças dietéticas, existem outras medidas que as mulheres poderiam tomar para diminuir o risco de câncer de mama? É importante que as mulheres entendam seu corpo e as mudanças que ocorrem em seus seios. Se elas têm entre 25 e 40 anos, deveriam fazer o chamado teste básico. Após os 40 anos, é necessário fazer uma mamografia anual. A instrução é fundamental para as mulheres compreenderem os riscos, mas não há nenhuma pílula mágica em se tratando de cân- 18

cer de mama. Não há nenhuma fórmula elementar para preveni-lo. n Sendo adventista do sétimo dia, como a senhora relaciona sua religião ao trabalho? Primeiro, eu experimento um senso de admiração. Como cientista, fico impressionada com as maravilhas que descubro diariamente sobre o corpo humano. Seria possível que corpo e mente e todos esses sistemas complexos que operam em nós fossem produto do acaso e da evolução aleatória? Quanto mais observo o corpo humano e seu funcionamento, mais compelida me sinto a exclamar com o salmista: Por modo assombrosamente maravilhoso me formaste. Segundo, experimento um senso de humildade. Diante dessa maravilha e da compreensão singular que Deus me concedeu para entender o funcionamento extraordinário de nosso corpo, sinto-me humilde. É uma experiência espiritual profunda, e fico mais determinada a servir a Deus, estudar Sua criação e servir ao meu próximo. A religião me ajuda a permanecer perto de Deus e de Sua criação. Cada vez que aprendo algo novo em minha área, aproximo-me mais de Deus, porque me conscientizo de que não existiríamos se não fosse por um Ser tão poderoso que nos criou de maneira tão assombrosa. n A senhora acha que é possível compartilhar a fé em sua profissão? Ser cientista e cristão parece ser incompatível para muitas pessoas. Esse não tem sido o meu caso, e certamente não é o de muitos colegas meus. Vemos que a oportunidade de apreender a complexidade da Criação de Deus é uma maneira maravilhosa de entender mais a Seu respeito. Sempre me senti muito confortável com meus valores; foi muito bom para mim ter sido capaz de investigar e tornar-me cristã por mim mesma. Contudo, é diferente para meus filhos, pois sinto que ser adventista é o melhor que posso lhes oferecer. Assim, suas escolhas quanto a esse ponto são reduzidas de modo significativo. Tive meus desafios como mãe tentando dar-lhes a liberdade de escolha, e trabalhando para que essa liberdade os conduzisse a fazer o que eu acreditava ser a melhor escolha. n Como a senhora consegue ser esposa, mãe, avó, professora e pesquisadora? Vivendo um dia de cada vez. Tenho a felicidade de compartilhar com meu esposo a mesma convicção religiosa e os mesmos valores fundamentais, o que nos permite ter um relacionamento feliz. Valorizamos nosso relacionamento com Deus, e isso é essencial para a relação entre nós. Valorizamos um ao outro como pessoa e respeitamos nossas diferenças. Também acreditamos que a família é essencial. n Que conselho a senhora daria aos leitores que estão interessados em pesquisa e queiram exercê-la como profissão? A pesquisa é uma aventura fantástica e existem agora muitos programas que permitem aos estudantes envolverem-se em pesquisas. Muitas universidades têm programas de pesquisas. Atualmente há muitas maneiras de se envolver em pesquisas, principalmente na Igreja Adventista. Visto valorizarmos nosso corpo e estarmos comprometidos em promover a boa saúde, a pesquisa é, certamente, um elementochave para o avanço da medicina e o cuidado do corpo. Há mais de 100 anos, Ellen White, uma das pioneiras da Igreja Adventista do Sétimo Dia, escreveu conselhos sobre saúde que eram muito avançados para sua época. Por exemplo, ela declarou que o açúcar, em grande quantidade, era nocivo para o nosso corpo. Quando jovem, eu me perguntava: como podia isso ser verdade? Eu gosto de açúcar, chocolate e doces em geral; mas sabemos atualmente através da química e das pesquisas, por que o açúcar é nocivo ao corpo. Sabemos também que seus alertas quanto ao perigo do consumo de tabaco estavam certos. Não é fascinante vermos uma mulher com uma educação formal limitada possuir uma sabedoria não proveniente dela própria, que foi guiada para prover-nos tal conhecimento sobre saúde? Pesquisar é fundamental, e estou muito feliz porque a Universidade de Loma Linda tem investido muito esforço e recursos a fim de promover pesquisas em várias áreas da saúde. Isso nos permite ter alguém como o Dr. Leonard Bailey que, com sua equipe, realiza excepcionais transplantes de coração. Nossa universidade está continuamente progredindo e provendo um ambiente onde você se sente bem sendo cristão, mantendo seus valores e, ao mesmo tempo, sendo um cientista que aprecia pesquisar. n O que mais lhe dá satisfação no trabalho? Muitas coisas como completar um projeto que me permite avançar no conhecimento científico. A oportunidade de trabalhar com colegas e saber que nossas interações trazem benefícios para todos. É recompensadora, também, a oportunidade de auxiliar estudantes em algo que promova diferença em sua vida. Estar no local certo e na hora certa para contribuir com isso, para mim, é gratificante. Entrevista concedida a Dustin R. Jones Dustin R. Jones é editor de projetos especiais no Departamento de Relações Públicas da Universidade de Loma Linda. Seu e-mail é: djones@univ.llu.edu. A Dra. Daisy de Leon pode ser contatada na Escola de Medicina, Universidade de Loma Linda, Loma Linda, Califórnia 92350, EUA. 19

Perfil Jaime Jorge Diálogo com um violinista adventista de renome internacional A entusiástica mestria do violino de Jaime Jorge já deleitou muitas audiências ao redor do mundo. Cristão comprometido, Jaime dedicou seu talento especial ao compartilhamento do amor de Deus através de concertos clássicos. Nascido em Cuba, em 1970, Jaime começou tocar violino quando tinha cinco anos. Aos 10, sua família mudouse de Cuba para os Estados Unidos, onde o jovem Jaime começou estu- dar com o célebre violinista Cyrus Forough, um aluno do notável David Oistrakh. Através dos anos, Jaime tem tocado em lugares e ambientes variados, desde auditórios de colégios a igrejas e até no famoso Carnegie Hall. Ele já se apresentou perante chefes de Estado e outras autoridades governamentais ao redor do mundo, incluindo as Américas, Europa, Ásia, Austrália e Rússia. Ele faz, em média, mais de 75 concertos anualmente, apresentandose para cerca de meio milhão de pessoas algumas vezes chegando a 44 mil numa uma única apresentação. Jorge obteve prêmios por cinco de seus álbuns, dois dos quais foram gravados na Europa com a Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional Tchecoslovaca, em Bratislava. Seu álbum natalino, Christmas in the Aire, foi gravado juntamente com os 75 membros da Orquestra Filarmônica Nacional da Hungria. Jorge graduou-se na Universidade Loyola de Chicago. Após estudar Medicina por um breve período na Universidade de Illinois, ele deixou o curso de Medicina para servir integralmente a Deus com seu talento musical. Jaime casou-se com Emily, uma talentosa cantora, em agosto de 1997. Além de atender à sua repleta agenda de concertos, Jorge é professor-associado de música na Universidade Gardner- Webb, na Carolina do Norte. n Seu pai era pastor em Cuba. Foi difícil para você, como cristão, crescer num país comunista? Todos os jovens cristãos cubanos sofriam algum tipo de importunação e alienação. Na escola, os alunos e os professores riam de nós. Freqüentemente éramos interrogados sobre nossas crenças e desprezados por não sermos comunistas. Mesmo em nossa vizinhança, algumas crianças não nos deixavam brincar com elas devido às nossas convicções religiosas. Nunca sabíamos se nos deixariam brincar, se nos excluiriam ou se ririam de nós. n A música sempre foi importante para sua família. Sua mãe era uma talentosa musicista. Mas, por que o violino o atraiu? O que o motivou a trabalhar tão arduamente para aprendê-lo? Inicialmente, o que me atraiu no violino foi sua grande capacidade de comunicação: pode-se transmitir uma paixão profunda, ânimo e também ternura e afeição. Porém, o que me motivou a trabalhar de modo persistente foi o empenho de minha mãe em desenvolver o talento que Deus me havia concedido. Eu gostava de apresentações musicais, mas odiava ficar treinando. Ela me compeliu a praticar. Aprendi música com facilidade. Não me lembro de ter dificuldades como alguns ao meu redor. Mas, conforme fui crescendo, desenvolvi um desejo de me esmerar em tudo o que tocava e interpretava. n Quem mais o influenciou em sua espiritualidade? Meu pai. Ele sempre teve um profundo comprometimento com o Senhor e em compartilhar o evangelho (ele trabalhou como pastor até sua aposentadoria, alguns anos atrás). Sempre pude constatar que ele vivia aquilo em que acreditava e pregava. 20