AGUDEZA: PROCEDIMENTO DE ORNAMENTAÇÃO DA ELOCUÇÃO EM POEMAS DE FRANCISCO MANUEL DE MELO 119

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Transcrição:

Página 609 de 658 AGUDEZA: PROCEDIMENTO DE ORNAMENTAÇÃO DA ELOCUÇÃO EM POEMAS DE FRANCISCO MANUEL DE MELO 119 Lêda Sousa Bastos 120 (UESB) Marcello Moreira 121 (UESB) RESUMO As pesquisas concernentes à poesia de agudeza em Portugal e na América portuguesa procuram investigar a definição histórica do que seria a agudeza e de como são empregadas em poesias. Sabe-se que a agudeza está fundamentada no uso da metáfora e, por isso, apresentar-se-á como a agudeza é uma relação analógica entre dois cognoscíveis extremos que, entretanto, necessariamente apresentam uma predicação em comum. Assim sendo, o presente trabalho propõe apresentar a ocorrência desse procedimento em alguns poemas de Dom Francisco Manuel de Melo, poeta do século XVII, a fim de observar como ocorre esse procedimento na ornamentação do discurso participante da elocução. PALAVRAS-CHAVE: Agudeza; Francisco Manuel de Melo; Ornamentação. INTRODUÇÃO O estudo sobre a retórica desde o seu surgimento é de grande relevância para que seja possível compreender a dos séculos XVI e XVII, 119 Trabalho vinculado ao projeto Estudos Filológicos e Textuais de Práticas Letradas Coloniais, financiado pelo CNPq. 120 Discente do Curso de Letras Vernáculas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB, Departamento de Estudos Linguísticos e Literários - DELL e bolsista de Iniciação Científica vinculada ao projeto Estudos Filológicos e Textuais de Práticas Letradas Coloniais. E-mail: leda_bastos@yahoo.com.br 121 Professor Titular de Letras Luso-Brasileiras (Séculos XVI, XVII e XVIII) e de Historiografia e História Literária do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia DELL, UESB -, Estrada do Bem Querer, Km 4, Vitória da Conquista, Bahia, CEP: 45083-900. E- mail: moreira.marcello@gmail.com

Página 610 de 658 cuja derivação refere àquela dita grega e latina. Além disso, para poder compreender a relação da retórica epidítica com a poética e a poesia de agudeza. O gênero epidítico tem a finalidade de louvar ou censurar. Portanto, o louvor acontece quando se celebra uma pessoa por algo feito por ela que seja digno de elogio, portanto belo e bom. No século XVII, a poesia era entendida como ars e tinha como base da composição poética a imitação. Nesse período, a cultura letrada procurava estabelecer a total harmonia entre as coisas e sua representação através da linguagem. Assim sendo, utilizavam-se as metáforas criadas pela faculdade intelectual do engenho, as quais deveriam ser agudas como o belo eficaz, ou efeito inesperado, produzindo um sentido que maravilhava. A agudeza, no século XVII consiste numa figura do discurso que estabelece uma relação de proximidade entre cognoscíveis extremos através de um campo de congruência entre ambos. MATERIAL E MÉTODOS Para a realização deste trabalho utilizamos textos de autores, sobretudo João Adolfo Hansen e Maria do Socorro Fernandes de Carvalho, os quais retomam afirmações de estudiosos como Aristóteles, Tesauro, Peregrini e Baltasar Gracián, que tratam das preceptivas retóricas e poéticas dos séculos XVI, XVII e XVIII. Nesses pressupostos teóricos, focalizamos os tratados que discutem a agudeza. Utilizamos também obras, tais como a Retórica e a Poética aristotélica, a fim de embasarmos a construção do trabalho. Além disso, utilizamos como corpus a obra A Tuba de Calíope do autor Francisco Manuel de Melo, o qual possui obras publicadas na Fênix Renascida, obra que reúne poemas de autores do século XVII, já que a pesquisa necessariamente deve estar vinculada à pesquisa do orientador. Selecionamos poemas do livro mencionado para estudar como a elocução de tipo agudo correlaciona analogicamente dois cognoscíveis extremos, como

Página 611 de 658 ambição e freixo, ou ambição e pavão, podendo, por fim, relacionar inclusive freixo e pavão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao analisarmos os poemas, evidenciamos algumas agudezas, cujo efeito torna-se inesperado, já que aproxima cognoscíveis extremos através de um campo de congruência comum. Em um dos sonetos, a ambição, por exemplo, foi metaforizada como alto freixo, sendo o campo de congruência a grande altura da árvore e seu porte altaneiro, análogos da altitude social do ambicioso. A ambição também é metaforizada como pavão, pois o pavo, ave real, o é por apresentar a plumagem mais galharda, galhardia e beleza essas análogas da vaidade, presunção e arrivismo dos ambiciosos. Nessa análise evidenciamos que o freixo e o pavão se consideram belos devido a sua folhagem e a sua plumagem respectivamente, sendo, portanto, considerados como ambiciosos, pois quem o é se caracteriza por mostrar excessivo orgulho por si próprio, se sentindo superior perante os demais. Assim sendo, o freixo e o pavão são considerados como ambiciosos, visto que apresentam essas características. Logo, verificamos que as características se aproximam entre os termos distantes. Ao realizarmos as leituras referentes às preceptivas retóricas e poéticas dos séculos XVI a XVIII e aplicarmos os procedimentos na análise dos sonetos foi possível percebermos que, conforme as afirmações dos autores que serviram para a fundamentação deste trabalho, a agudeza é um procedimento que está presente no discurso poético do século XVII e, neste caso na obra analisada já mencionada no tópico anterior, participando da ornamentação da elocução, de modo que implique um efeito inesperado.

Página 612 de 658 CONCLUSÕES Observamos a partir da análise dos sonetos de Dom Francisco Manuel de Melo presentes na obra A Tuba de Calíope que a ocorrência da agudeza é comum em seus poemas, cuja base se encontra na metáfora. Portanto, verificamos que esse procedimento produz um aprendizado rápido e resulta num efeito inesperado, causando surpresa ao leitor, pois pelas imagens metafóricas os ouvintes ou leitores visualizam a "ambição", representada pelo freixo e pelo pavão, conceito esse bastante abstrato quando não metaforizado. REFERÊNCIAS ANÔNIMO. Retórica a Herênio. Tradução e introdução por Ana Paula Celestino Faria e Adriana Seabra. São Paulo: Hedra, 2005. ARISTÓTELES. Arte Poética. In:. Textos selecionados. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1987. (Coleção Os Pensadores).ARISTÓTELES. Poética de Aristóteles. Ed. Trilíngue por Valentín Garcia Yebra. Madrid: Gredos, 1974. ARISTÓTELES. Retórica. Int., trad. y notas por Quintín Racionero. Madrid: Gredos, 1990. BARILLI, Renato. Retórica. Lisboa: Presença, 1985. CARVALHO, Maria do Socorro Fernandes de. Metáfora: lugar de elegância e adequação do discurso. In: Poesia de Agudeza. São Paulo: Edusp/Fapesp, 2007, pp. 43-91. GINZBURG, Carlo. Relações de força: história, retórica e prova. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. HANSEN, João Adolfo. Agudezas Seiscentistas. In: Floema Especial - Ano II, n. 2 A, UESB, 2006, p. 85-109.

Página 613 de 658 HANSEN, João Adolfo. Retórica da Agudeza. In: Letras Clássicas. São Paulo: Humanitas, 1997. LAUSBERG, Heinrich. Elementos de Retórica Literária. Trad., pref., e aditamentos de R. M. Rosado Fernandes. 4 ed., Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. MOREIRA, Marcello. Exempla (I): Pesquisa sobre o emprego de exemplos no corpus camoniano. In: Estudios Portugueses. Salamanca, 2006, pp. 105-126.