Um Poder entre Poderes Nos 900 Anos da Restauração da Diocese do Porto e da Construção do Cabido Portucalense

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Transcrição:

L u í s Carl o s Amaral ( co o r d e n aç ão) Um Poder entre Poderes Nos 900 Anos da Restauração da Diocese do Porto e da Construção do Cabido Portucalense P o r t o 2 0 1 7

PREFÁCIO 900 anos da Restauração da Diocese do Porto Celebrámos em 2014 uma data significativa da vida da Igreja do Porto, ao evocar um dos momentos mais estruturantes da sua história. A nomeação de D. Hugo, Cónego da Sé Compostelense, como Bispo do Porto, através de um processo que se prolongou entre 1112 e 1114, constituiu uma decisão determinante, após um longo tempo de indefinição da vida eclesial na região abrangida, ao tempo, pela Diocese Portucalense. Primeiramente foi necessário ao bispo nomeado escolher a nova sede da diocese, aí construir a catedral e edificar a casa do seu bispo. E tudo isso, ficamos a dever para sempre a D. Hugo. Mas era bem maior o sonho e mais ampla a missão de D. Hugo. Ao mesmo tempo que a catedral se construía e a casa episcopal se edificava, D. Hugo ia delineando o Burgo Portucalense. A nova cidade nasceu à volta da Sé e partiu daí, descendo primeiramente até ao Douro. Ampliou-se, depois, pelas colinas sobranceiras ao rio, em torno da Catedral através de ruas ladeadas por casas aconchegadas umas às outras. À medida que a cidade se construía e a fé se afirmava, consolidava-se a vida cristã e moldava-se a alma sólida e solidária da cidade. Foi necessário, depois, decidir fronteiras, vencer antigas resistências e ultrapassar desnecessários conflitos: a norte com o Arcebispo de Braga e a sul com o Bispo de Coimbra, cuja área diocesana chegava ao Douro. Nada foi alheio a D. Hugo, o bispo restaurador, desde a definição da área eclesiástica, à construção da rede paroquial, ao empenhamento e senhorio na organização e defesa do território, sobretudo na orla litoral, às relações com o poder real e com a Santa Sé, ao cumprimento próprio do seu múnus episcopal e ao exercício específico do seu ministério como pastor desta Grei que Deus o chamou a servir. 7

UM PODER ENTRE PODERES. NOS 900 ANOS DA RESTAURAÇÃO DA DIOCESE DO PORTO Se cada bispo deve ser pastor segundo o coração de Cristo, o Bom Pastor, compreende-se que a cada um se pede, também, a lúcida perceção do sentido do tempo em que é chamado a exercer o seu ministério episcopal. Aos Bispos do Porto deste arco do tempo histórico de 900 anos pertence muito do que hoje somos como Igreja Portucalense. Somos, graças a eles, uma diocese com uma área geográfica consolidada, com uma identidade eclesial assumida e com um dinamismo pastoral reconhecido. Devemos muito a D. Hugo pela sua lucidez, clarividência e determinação ao decidir a sede da diocese e traçar o rumo do caminho que sonhou para a diocese que lhe foi confiada. É, por isso, imperioso regressar continuamente a ele, porque lhe coube definir a organização e antecipar os horizontes do futuro da Igreja, que hoje somos. O Colóquio Internacional Um poder entre poderes, que o Cabido Portucalense, conjuntamente com a Diocese, com o Centro de Estudos de História Religiosa Porto/ Gabinete D. Armindo Lopes Coelho, da Universidade Católica Portuguesa, e com o Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição do Porto, organizou e promoveu teve esse mérito e cumpriu esse desígnio, ao dar-nos elementos, cientificamente consolidados, para melhor conhecermos o contexto e o horizonte da restauração da Diocese e da construção do Cabido Portucalense. Permitiu-nos este Colóquio Internacional, realizado nos dias 17 e 18 de outubro de 2014, um olhar mais amplo e uma compreensão mais abrangente sobre a vida da nossa Diocese nessa época de restauração e de organização. O livro do colóquio, que agora damos a público, traz-nos os textos das conferências e dos vários contributos que constituíram elementos essenciais desta relevante iniciativa académica, científica e eclesial. Celebrar a história é um dever imperativo de todos nós. Sabemos que vimos de longe, no tempo. Conhecemos todos, por experiência, que o tempo é sempre maior do que o espaço que habitamos. Os passos que hoje damos e os caminhos que agora percorremos foram precedidos por tantos outros antecessores nossos, cujos nomes guardamos na memória agradecida do coração. Deles recebemos em herança sagrada o bem que nos legaram e os imperativos de missão que nos transmitiram. Uma celebração jubilar como esta, ao evocarmos 900 anos da nossa história como diocese restaurada, não é apenas memória do passado. Constitui um marco abençoado no tempo presente e uma escola de renovação pastoral para o futuro. Daqui queremos partir, iniciando um caminho sinodal que concretize em cada momento que passa, em cada objetivo que nos propomos, em cada 8

apresentação atividade que realizamos, em cada meta que perseguimos o sonho de Deus para a Igreja do Porto. É meu dever e minha missão acolher, em nome da Igreja do Porto, com os bispos, presbíteros, diáconos, consagrados(as) e leigos(as), com as paróquias, comunidades, instituições, serviços, secretariados, movimentos apostólicos, associações e obras este legado abençoado da história e abrir, a partir dele, com tenacidade e ousadia pastoral, as portas ao futuro. Sabemos todos quanto importa tornar este legado que a história transporta melhor conhecido e mais amado. É necessário, por isso, escrever a história para que esta mesma herança tornada lição de experiência e tributo de sabedoria se transforme em impulso para sonhar em comum os tempos novos para a Igreja e para o Mundo, que agora se avizinham. Esta é a hora de darmos passos decisivos para cumprir este sonho há muito embalado pelos meus antecessores: escrever em Livro a História da Diocese do Porto, a História da Igreja Portucalense. O colóquio de que agora se publica o respetivo livro veio avivar este desejo e abrir caminho para a sua inadiável concretização. Impõe-se, por fim, que nesta palavra de introdução em jeito de pórtico e como prefácio ao texto do livro do colóquio, expresse, em meu nome e em nome da Igreja do Porto, uma palavra de gratidão ao Cónego Professor Doutor Arnaldo Cardoso de Pinho e ao Cabido Portucalense, de que era presidente, ao tempo, a quem se deve esta clarividente iniciativa e a sua competente organização. Agradeço, por igual, ao Professor Doutor Luís Carlos Correia Ferreira do Amaral, docente do Departamento de História e de Estudos Políticos e Internacionais da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que presidiu à Comissão Científica. A um e outro e aos seus colaboradores, às instituições que integraram a realização deste colóquio, aos prestigiados conferencistas e aos interventivos participantes se deve o seu êxito e o bem que todos aí encontramos. Agradeço finalmente aos muitos e interessados participantes neste Colóquio Internacional a certeza deles recebida de que iniciativas como esta se contextualizam na vanguarda do diálogo da fé com a cultura do nosso tempo, abrem espaço à investigação científica e vão ao encontro daqueles que buscam no saber aprofundado da história a compreensão para melhor conhecer a alma da Cidade e a missão da Igreja. Este regresso ao início da restauração da Diocese e à génese da construção do Cabido Portucalenses ajuda-nos a compreender o percurso da Igreja do Porto ao longo dos séculos e a perceber os valores da matriz cristã da Cidade. Aqui, no regresso às nossas raízes e no conhecimento das decisões determinan 9

tes dos nossos bispos ao longo do caminho percorrido, se configura muito do que somos no Porto e nas Terras que vão do Antuã ao Ave e do Mar ao Marão. E se daqui, do Burgo Portucalense, Portugal recebe nome, também aqui encontra alma, fé e cultura que nos definem como País e nos engrandecem como Povo: sólido nas suas convicções, acolhedor na sua abertura ao mundo, solidário na sua atenção aos outros e ousado nos seus sonhos de anúncio feliz da alegria do Evangelho. Porto, 21 de fevereiro de 2017 D. António Francisco dos Santos Bispo do Porto