Palavras-chaves: Estratégia de Operações, Educação, Pós-Graduação



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Transcrição:

XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. PROJETO DE UM PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO NA UFRJ: UMA ANÁLISE DAS FRONTEIRAS A PARTIR DO APARATO NORMATIVO E DAS CONSISTÊNCIAS À LUZ DA ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES Thaís Spiegel (UFRJ) thaisspiegel@gmail.com Édison Renato Pereira da Silva (UFRJ) edisonrenato@gmail.com Heitor Mansur Caulliraux (UFRJ) heitor@gpi.ufrj.br Este artigo apresenta uma discussão dos limites encontrados ao projetar um programa de pós-graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) seguindo as resoluções do Conselho de Ensino para Graduados (CEPG). O trabalho é orientadoo por duas questões de pesquisa: (1) quais são as fronteiras definidas pelas resoluções do CEPG para o projeto de um programa de pós-graduação, e (2) que inconsistências podem ser geradas em função das normas analisadas. Através da realização de uma análise cruzada da regulamentação normativa de criação de programas de pós-graduação vis-a-vis os elementos de estratégia de operações, elencam-se pontos bem ajustados, pontos onde a regulamentação é omissa e outros onde é insuficiente, discutindo assim não só a criação de um programa de pós graduação na Universidade mas também o aparato normativo para tal. Palavras-chaves: Estratégia de Operações, Educação, Pós-Graduação

1.1. 2. Introdução Este artigo apresenta uma discussão dos limites encontrados ao projetar um programa de pósgraduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) seguindo as resoluções do Conselho de Ensino para Graduados (CEPG). O trabalho é orientado por duas questões de pesquisa: (1) quais são as fronteiras definidas pelas resoluções do CEPG para o projeto de um programa de pós-graduação, e (2) que inconsistências podem ser geradas em função das normas analisadas. Inicialmente, no presente capítulo, apresenta-se o enquadramento metodológico e o método utilizada para alcançar as questões de pesquisa. Em seguida, os programas de pós-graduação são contextualizados. O capítulo 3 traz uma visão geral dos conceitos sobre Estratégia de Operações. No capítulo 4, central para o trabalho, descrevem-se os elementos da Estratégia de Operações a partir do aparato normativo do CEPG. O capítulo seguinte discute as inconsistências com base na análise cruzada dos elementos, apresentando pontos ajustados, frouxos e omissos. Por fim, o capítulo 6 contém algumas discussões das conclusões gerais. De acordo com SILVA & MENEZES (2001), a presente pesquisa pode ser classificada como de abordagem qualitativa do problema. Quanto aos objetivos, de acordo com GIL (1999), a pesquisa é de caráter exploratório, na medida em que visa proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo explícito. Cabe ressaltar que não é objetivo trazer soluções para o projeto de um programa de pós-graduação, mas puramente avaliar a adequação do aparato normativo à luz dos elementos da estratégia de Operações e identificar as possíveis inconsistências de projeto. As etapas do método utilizado são sintetizadas na figura abaixo. Figura 1- método de análise das normas do CEPG à luz da Estratégia de Operações 3. Contextualização: Programa de Pós-graduação Segundo o Plano Nacional de Pós-Graduação, cabe à pós-graduação a tarefa de produzir os profissionais aptos a atuar nos diferentes setores da sociedade e capazes de contribuir, a partir da formação recebida, para o processo de modernização do país. Os dados disponíveis 2

demonstram, sobremaneira, que é no interior do Sistema Nacional de Pós-Graduação que, basicamente, ocorre a atividade da pesquisa científica e tecnológica brasileira. O programa de pós-graduação é a forma institucional permanente que assegura, para docentes e discentes, a associação regular e sistemática entre atividades de ensino de pós-graduação e atividades de pesquisa. No âmbito da UFRJ as questões relacionadas aos programas de pós-graduação estão subordinadas ao Conselho de Ensino para Graduados. O CEPG é o órgão deliberativo da estrutura superior da Universidade responsável pelas diretrizes didáticas e pedagógicas dos cursos de pós-graduação. É composto por membros eleitos em cada um dos Centros Universitários e presidido pelo Pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa. Os membros do Conselho integram Câmaras Permanentes, abaixo relacionadas com as suas atribuições: Câmara de Legislação e Normas (CLN) dar suporte ao Conselho de Ensino para Graduados nos assuntos concernentes à legislação educacional. Câmara de Acompanhamento e Avaliação de Cursos de Pós-graduação (CAAC) responsável pela análise e homologação de processos. Câmara de Fomento à Pesquisa (CFP) responsável pela análise do mérito do projeto de pesquisa. Câmara de Corpo Docente (CCD) - responsável pela análise de processos de contratação de professor visitante e sua renovação e demais processos relativos ao corpo docente. Câmara Mista CEG/CEPG responsável pela normatização de diretrizes que envolvem a graduação e a pós-graduação. 4. Referencial Teórico: A Estratégia de Operações Definidas as fronteiras, ou seja, os limites de atuação possíveis de um negócio, torna-se necessária a discussão sobre estratégia de operações e as decisões a ela relacionadas. O conceito de Estratégia de Operações é definido por HAYES et al (2008) como: um conjunto de metas, políticas e restrições que juntos descrevem como a organização se propõe a desenvolver os recursos investidos nas operações para entrega dos bens e serviços, de forma a melhor atingir (e redefinir) sua missão. Cabe à Estratégia de Operações traduzir as prioridades estratégicas das organizações em um conjunto de decisões e políticas de suporte. Segundo HAYES et al (2008), as principais decisões da firma referentes às suas operações podem ser divididas nas seguintes categorias: Decisões estruturais: Capacidade Terceirização e integração vertical Instalações Tecnologia de informação e processos Decisões infra-estruturais: Orçamentação e alocação de recursos Recursos humanos Qualidade Sistemas de indicadores e recompensas Sistemas de desenvolvimento de produtos e processos Organização 3

A questão central que se deve destacar aqui é o desenvolvimento da idéia de que o conceito de Estratégia de Operações não trata apenas de tomadas de decisões consistentes entre as distintas áreas de um sistema de produção, mas de que o conjunto destas decisões conforma um conjunto de capacitações específicas capazes de sustentar uma posição estratégica ao longo do tempo (SOARES, 2005). Desta forma, são analisadas as conformações dadas ao objeto, programa de pós-graduação, a partir do aparato normativo do CEPG. Não são analisadas as consistências entre decisões tomadas em um programa de pós-graduação, mas o espaço dado pela norma para que consistências e inconsistências ocorram nos programas projetados com base nas resoluções. 5. Elementos da Estratégia de Operações à luz das resoluções do CPEG Abaixo são apresentadas as orientações colocadas por resoluções do CEPG nos elementos da Estratégia de Operações. 5.1. Decisões infra-estruturais Neste tópico serão apresentados os elementos Organização, Orçamentação e alocação de recursos, Recursos Humanos, Qualidade e Sistemas de desenvolvimento de produtos e processos. Dentre os elementos infra-estruturais do framework de HAYES et al (2005), apenas o Sistemas de indicadores e recompensas não é abordado no âmbito das resoluções do CEPG. A política de promoção dos docentes não é tratada nas normas, sendo o vínculo com a UFRJ um dado externo ao programa. 5.1.1. Organização Buscou-se neste elemento as orientações do CEPG em relação as atribuições do programa de pós-graduação e a relação com outras instâncias da UFRJ. A pós-graduação stricto sensu da UFRJ é promovida por programas de pós-graduação, instituídos no âmbito de Unidades Acadêmicas (Unidades Universitárias, de Órgãos Suplementares e do Museu Nacional), conforme o art. 3º da resolução 01/06. No art. 5º da resolução 01/06 fica estabelecido que todo programa de pós-graduação é regido por regulamento próprio, aprovado por sua comissão deliberativa, pela comissão de pósgraduação e pesquisa a que está vinculado, se for o caso, pela congregação ou colegiado equivalente de cada Unidade Acadêmica envolvida e homologado pelo CEPG. O regulamento do programa de pós-graduação deve estabelecer: a organização administrativa; os critérios de composição do corpo docente e de permanência de seus membros no programa de pós-graduação; os critérios de seleção e de avaliação do corpo discente; a composição da comissão deliberativa, sua competência e a forma de escolha de seus membros; a forma de escolha, as atribuições e responsabilidades do coordenador do programa de pósgraduação e de seu substituto eventual; o regime acadêmico dos cursos oferecidos; o título que cada curso do programa de pós-graduação outorgará; a periodicidade das reuniões ordinárias de sua comissão deliberativa e seu registro em ata. 4

Conforme estabelecido nos art. 7º da resolução 01/06 e 3º da resolução 02/06, a comissão deliberativa do programa de pós-graduação é a instância decisória no âmbito do programa de pós-graduação stricto sensu da UFRJ. A comissão deliberativa do programa será presidida pelo coordenador do mesmo e terá representação discente. Esta, conforme o art. 6º da resolução 02/06 serão constituídas por no mínimo dois programas. No art. 8º define-se que dois ou mais programas de pós-graduação poderão constituir uma comissão de pós-graduação e pesquisa, com a finalidade de agilizar a tomada de decisões no tocante ao funcionamento dos programas de pós-graduação. A comissão de pós-graduação e pesquisa é a instância que, por delegação do CEPG, está autorizada a exercer parte das atribuições daquele Conselho. Caberá à comissão de pós-graduação e pesquisa: zelar pelo cumprimento desta Regulamentação e do regulamento de cada um dos programas de pós-graduação que a constituem; pronunciar-se sobre os processos acadêmicos referentes aos programas de pós-graduação representados na referida comissão; constituir-se em instância de recurso para os processos tratados em primeira instância na comissão deliberativa dos programas de pós-graduação. Os programas de pós-graduação que não constituam parte de uma comissão de pós-graduação e pesquisa ficarão submetidos diretamente ao CEPG. 5.1.2. Orçamentação e alocação de recursos Os métodos de alocação de recursos que esperava-se encontrar neste elemento não estão explícitos nas resoluções do CEPG. Havendo apenas a referência abaixo registrada da delegação da gestão de alguns recursos a Unidade. Através da resolução CEPG 03/95 é definido que a apreciação do mérito das solicitações para utilização dos recursos destinados a diárias, ajudas de custo e passagens nacionais para professores, técnicos de nível superior e alunos da UFRJ relacionadas a atividades de pesquisa científica, ou de pró-labores e hospedagem para professores externos à UFRJ convidados para todos os fins, será realizada por cada Unidade. O CPEG acompanhará a aplicação destes recursos através da apreciação dos relatórios semestrais de cada Unidade, verificando o atendimento às suas Resoluções. Quanto aos recursos destinados a apoio de atividades curriculares e de pesquisa que envolvam atividades externas de alunos de pós-graduação, funcionários e professores, a resolução CEPG 04/95 estabelece que serão administrados pelas Unidades dentro dos limites da cota aprovada pelo CEPG. 5.1.3. Recursos humanos Como recursos humanos, temos os docentes, centrais em um programa de pós-graduação. O art. 9º da resolução 01/06 atribui ao corpo docente de cada programa de pós-graduação: a realização das atividades de ensino, orientação, pesquisa, extensão e direção acadêmica do programa de pós-graduação; a formulação da política acadêmica do programa de pós-graduação, de modo a assegurar a execução de sua proposta; a responsabilidade institucional pelas atividades acadêmicas do programa de pósgraduação. 5

De acordo com o mesmo artigo, um docente poderá integrar até dois programas de pósgraduação, sejam ambos da UFRJ, seja um da UFRJ e outro vinculado a outra Instituição, se a dupla participação for autorizada por cada programa de pós-graduação da UFRJ envolvido e pela Unidade Acadêmica onde está localizado o docente. No caso de mestrados profissionais, até 20% do quadro docente poderá ser constituído por docentes sem o título de Doutor, portadores do título de Mestre, com qualificação e experiência na área de conhecimento do curso, submetido cada um dos nomes à aprovação prévia da comissão de pós-graduação e pesquisa ou, na falta desta, do CEPG. O art. 10º da resolução 01/06 orienta que o corpo docente seja constituído majoritariamente por integrantes do quadro ativo da carreira de magistério superior em regime de trabalho de dedicação exclusiva ou de 40 horas semanais na UFRJ. Sobre a qualificação do corpo docente, o mesmo artigo determina que sejam portadores de título de Doutor. Só poderá suprir a exigência o notório saber e a livre docência nos casos reconhecidos pela instituição. Segundo o art. 6º da resolução 01/06, o coordenador do programa de pós-graduação e seu substituto eventual devem ser professores em regime de trabalho de Dedicação Exclusiva ou 40 horas, submetidos os casos excepcionais à aprovação do CEPG. O coordenador do programa de pós-graduação tem mandato de dois anos, permitidas duas reconduções. Desde que autorizados pela comissão deliberativa e sem que isso venha a estabelecer vínculo funcional com a UFRJ ou a alterar o vínculo funcional previamente existente, poderão compor o corpo docente de um programa de pós-graduação portadores do título de doutor ou equivalente nas seguintes condições: Professor Visitante, professor que tenha vínculo funcional com outra instituição de ensino superior ou de pesquisa, cuja atuação na UFRJ seja permitida por cessão ou convênio; professor em regime de dedicação parcial à UFRJ, com percentual de carga horária dedicada ao programa de pós-graduação compatível com as necessidades de atuação no ensino, na orientação e na pesquisa; professor aposentado da UFRJ, em conformidade com regulamentação específica do Conselho Universitário; funcionário técnico-administrativo da UFRJ com título de Doutor e competência reconhecida pelo programa de pós-graduação; bolsista de agência de fomento na modalidade fixação de docente ou pesquisador ou equivalente; profissional que tenha vínculo funcional com outra instituição de ensino superior ou de pesquisa, cujas atividades de ensino e orientação serão obrigatoriamente exercidas em conjunto com professor da UFRJ integrante do programa de pós-graduação. 5.1.4. Qualidade O elemento qualidade traz consigo questões como a prevenção de defeitos, o monitoramento e mecanismos de intervenção. Nas resoluções há a identificação da câmara responsável pelo monitoramento e a autoridade do CEPG para intervir nos programas. O art. 15º da 01/06 estabelece que o CEPG deverá fazer o acompanhamento dos programas de pós-graduação stricto sensu da UFRJ. Cabe essa tarefa, em primeira instância, à Câmara de 6

Acompanhamento e Avaliação de Cursos (CAAC/ CEPG), que, para cumpri-la, poderá promover reuniões ou visitas a programas de pós-graduação e encaminhar recomendações ao CEPG, sob a forma de parecer. Pelo disposto no art. 16º da resolução 01/06, o CEPG poderá suspender temporariamente ou desativar curso ou programa de pós-graduação em função de insuficiência de desempenho acadêmico. Caso o CPEG decida desativar o programa de pós-graduação ou um dos seus cursos, de acordo com o art. 19º da resolução 01/06, a coordenação do programa deverá apresentar um Plano de Desativação dentro do prazo estipulado pelo CEPG. Através do art. 21º fica definido que todas as decisões do CEPG referentes à desativação de curso ou programa de pósgraduação deverão ser aprovadas por pelo menos 2/3 (dois terços) dos membros do CEPG com direito a voto. 5.1.5. Sistemas de desenvolvimento de produtos e processos O presente elemento aborda o desenvolvimento dos programas, cursos e disciplinas. Define-se no art. 12º da resolução 01/06 que a autorização para instituir um novo programa de pós-graduação ou um novo curso no âmbito de programa de pós-graduação já existente deverá ser solicitada ao CEPG pela Unidade Acadêmica responsável, após aprovação pela comissão de pós-graduação e pesquisa, se houver, pela congregação da Unidade Acadêmica ou colegiado equivalente e pelo conselho de coordenação do Centro Universitário. O pedido de autorização para a instituição de programa de pós-graduação, assim como para a criação de novo curso no âmbito de programa de pós-graduação já existente, deverá incluir obrigatoriamente os seguintes elementos estabelecidos no art. 13º da resolução 01/06: a comprovação da prévia existência de grupos de pesquisa com produção intelectual na área de conhecimento do curso ou programa de pós-graduação a ser criado; o comprometimento institucional com a iniciativa; o objetivo do curso ou programa de pós-graduação a ser criado, a justificativa para a sua criação e o perfil do profissional a ser formado; o título que o curso outorgará; a proposta do curso ou programa de pós-graduação, com o detalhamento das áreas de concentração, das linhas e projetos de pesquisa, da estrutura curricular, das disciplinas, com indicação do(s) professor(es) responsável(eis), ementa, bibliografia, pré-requisitos e carga horária; a composição do corpo docente, apresentada em conformidade com o previsto no art. 10º. a indicação dos convênios e acordos de cooperação e intercâmbio acadêmico-científico existentes, em âmbito nacional e internacional; número previsto de alunos; descrição da infra-estrutura disponível para o funcionamento do curso ou programa de pósgraduação; indicação dos recursos orçamentários e não-orçamentários e eventuais obrigações ou contrapartidas comprometidas; o regulamento do programa de pós-graduação. 7

A solicitação de abertura dos novos programas e cursos de pós-graduação, seguindo o estabelecido no art. 14º da resolução 01/06, será encaminhada ao órgão competente do Ministério da Educação após a autorização de sua instituição pelo CEPG e homologação pelo Conselho Universitário da UFRJ. Os novos programas e cursos de pós-graduação somente poderão entrar em funcionamento após autorização expedida pelo CEPG e recomendação pelo órgão competente do Ministério da Educação. 5.2. Decisões estruturais Neste tópico serão apresentados os elementos Capacidade, Fornecedores e Integração vertical. Questões afetas a Instalações (política de alocação de salas, mecanismos de negociação da infra-estrutura etc.) e a Tecnologia de Informação (arquitetura de sistemas necessária para suportar os programas) não são abordadas no âmbito das resoluções, configurando-se como lacunas. Estas serão discutidas no próximo capítulo. 5.2.1. Capacidade O elemento capacidade aborda os tipos de cursos oferecidos por um programa stricto sensu e a duração prevista, além de alguns condicionantes da demanda. De acordo com o art. 2º da resolução 01/06, a pós-graduação stricto sensu da UFRJ, deve ser de oferta necessariamente regular, contínua e gratuita, compreendendo o mestrado e o doutorado, níveis independentes e terminais de ensino, qualificação e titulação. Em relação ao mestrado, podem ser assumidos os formatos acadêmicos e profissionais. O primeiro é voltado à formação para a pesquisa e a o aprofundamento da formação científica, cultural, artística e profissional. Enquanto o segundo, ao aprofundamento da formação científica, cultural e artística, com ênfase na ampliação da experiência prática de profissionais, capacitando-os a elaborar novas técnicas e processos e a aplicar conhecimentos, tecnologias e resultados científicos à solução de problemas em seu ambiente de atuação profissional. O doutorado constitui-se no mais alto nível da educação superior e visa à formação científica, cultural ou artística ampla e aprofundada e à capacitação para a docência na graduação e na pós-graduação stricto sensu e lato sensu. No art. 28º da resolução 01/06 é estabelecido que a matrícula nos cursos será válida por prazo previsto no regulamento do programa de pós-graduação. O regulamento não poderá prever prazos de integralização superiores a 36 meses para mestrado e a 60 meses para doutorado. A matrícula será automaticamente cancelada ao final de 36 meses no mestrado e ao final de 60 meses no doutorado. Para a prorrogação de tais prazos, o art. 31º da mesma resolução dispõe que o período total de prorrogação não poderá ultrapassar 6 meses para cursos de mestrado e 12 meses para cursos de doutorado, consecutivos ou não. Determina ainda que a prorrogação deverá ser aprovada pela comissão deliberativa do programa de pós-graduação. Segundo o previsto no art. 40º da resolução 01/06, o regulamento do programa de pósgraduação deverá fixar a carga de atividade pedagógica necessária à obtenção dos títulos atendendo as seguintes definições: no mestrado, a carga horária de atividade pedagógica não poderá ser inferior a 360h e o curso não poderá ter duração inferior a um ano letivo; no doutorado, a carga horária de atividade pedagógica não poderá ser inferior a 450h e o curso não poderá ter duração inferior a dois anos letivos. 8

5.2.2. Terceirização e integração vertical Neste elemento busca-se o posicionamento das normas quanto ao estabelecimento de programas que envolvam outras instituições. O art. 9º da resolução 01/06 determina que no caso dos programas de pós-graduação multiinstitucionais, os docentes das diferentes instituições associadas compartilharão das responsabilidades estabelecidas. No art. 1º da resolução 04/02 determina que haja um convênio entre a UFRJ e instituições externas que estabeleça o compromisso e o objeto da cooperação. O art. 4º da mesma resolução estabelece ainda que pelo menos 50% do corpo docente devem pertencer ao quadro ativo da UFRJ. Sendo que destes, 75% devem ser professores em regime de dedicação exclusiva (DE) ou 40 horas. Em relação a coordenação do Programa, o art.5º define que será exercida por um professor do quadro ativo da UFRJ, em regime de dedicação exclusiva (DE), ou excepcionalmente em regime de 40 horas. 6. Análise cruzada dos elementos da Estratégia de Operações Na figura abaixo são sintetizadas as conclusões acerca da consistência dos elementos tratados no âmbito das resoluções do CEPG. Em verde são assinalados os elementos que encontram-se bem ajustados a partir das orientações do CEPG. Nestes, ainda que possam haver questionamentos quanto ao rigor das normas, o espaço de decisões fica bem delimitado. Na cor vermelha, estão ressaltados os elementos que em função das orientações amplas, podem encontrar problemas na materialização do programa de pós-graduação. Por último, em amarelo são destacados os elementos que não foram abordados no âmbito do aparato normativo. 9

Organização Orçamentação e alocação de recursos Recursos humanos Qualidade Sistemas de desenvolvimento de produtos e processos Capacidade Terceirização e integração vertical Instalações Tecnologia de informação e processos Sistemas de indicadores e recompensas Organização Orçamentação e alocação de recursos Recursos humanos Qualidade Sistemas de desenvolvimento de produtos e processos Capacidade Terceirização e integração vertical Instalações Tecnologia de informação e processos Sistemas de indicadores e recompensas recursos são geridos os critérios para A Câmara de O processo de Ainda que os program assim como o orçment Os recursos alocados A descriçã o dos é estabele cido que A qualifica ção dos A composi ção do o número de o não há O % de convênio referênci docentes estabele a aos e o tipo os mecanis mos de a arquitet ura de TI Não são tratados no As políticas de Nos element os O número restrito o incentiv o a Os convênio s e A descriçã o da As políticas de A capacida de dos Figura 2 - Análise cruzada dos elementos da Estratégia de Operações 6.1. Pontos ajustados Os docentes alocados nos programas de pós-graduação são recursos das Unidades. Emerge, portanto, questões de coordenação encontradas tradicionalmente em organizações matriciais. Apesar destas, os critérios para composição do corpo docente são previstos no âmbito do regulamento definido por cada programa, tornado o efetivo um dado externo. Na norma ficam explícitas e bem definidas questões relacionadas a avaliação da qualidade. A Câmara de Acompanhamento e Avaliação de Cursos (CAAC/ CEPG) pode desativar os suspender cursos com base no desempenho acadêmico. O processo de aprovação de um novo programa ou criação de curso em programas já existentes é bem definido nas normas, tendo os responsáveis e atribuições explicitados. No que tange ao documento a ser submetido a avaliação, a descrição dos elementos orçamentários, a infra-estrutura disponível e os convênios e acordos de cooperação são considerados. Há coerência também na composição do corpo docente a ser apresentado na proposta ao CEPG prevista no art.13 o, alinhado com o estabelecido no art.10 o. Para os membros do corpo docente lotados na UFRJ, o pedido de criação do novo curso ou programa de pós-graduação deverá ser acompanhado de manifestação do acordo da Unidade Acadêmica de origem e da instância de localização do servidor quanto à sua participação. O percentual de docentes e os tipos de vínculos encontram-se estabelecidos nas resoluções para os casos de estabelecimento de convênios. O convênio estabelecido deve estar alinhado com as atribuições e mecanismos de coordenação previamente estabelecidos. 10

Este ajuste desdobra-se de forma alinhada com a qualidade. Afinal, a qualificação dos docentes lotados nos programas impacta o resultado do desempenho acadêmico. Ao restringir o percentual do corpo docente que deve compor o programa com base na titulação, a resolução favorece a percepção de qualidade do curso. Assim como o incentivo a programas multi-institucionais é fator positivo sob a ótica do desempenho acadêmico. Ainda que os programas sejam independentes, ao restringir a uma matrícula por aluno na UFRJ, a resolução ameniza possíveis problemas de capacidade, mas por outro lado cria necessidades do ponto de vista da infra-estrutura de TI. Uma vez que será necessário identificar em que cursos os alunos estão inscritos. 6.2. Pontos frouxos Os recursos são geridos pelas Unidades e não pelos programas, ou suas respectivas comissões deliberativas. Através das normas do CEPG não fica estabelecido qualquer mecanismo de negociação entre as partes, seja para a gestão de recursos materiais ou financeiros. Assim como o orçamento, os docentes são lotados nas Unidades, cabendo a elas a decisão de alocação de recursos. Os docentes são vistos pelas normas do CEPG como recursos dados, não cabendo ao programa a expansão ou contração do efetivo. Políticas de premiação e recompensas, também não são tratadas no âmbito das resoluções. Soma-se a esse problema o fato dos docentes serem compartilhados com os cursos de graduação. A alocação dos recursos nos programas de pós-graduação pode ter impacto significativo no desempenho acadêmico a ser alcançado, viabilizando pesquisas, por exemplo. No entanto, não são abordados no aparato normativo. Convênios com outras instituições podem representar folga de capacidade, ao gerar uma nova forma de receita ou ao prover docentes e pesquisadores. Porém, como não há referência aos mecanismos de gestão orçamentária nas resoluções que estabelecem os convênios, a presença de mais um ator para compartilhar os recursos da UFRJ traz uma complexidade adicional. No que tange a capacidade dos programas, uma das orientações do CEPG é que a oferta dos cursos seja gratuita. Ao não ter receita, a dependência das outras Unidades aumenta, uma vez que os programas não possuem gerência dos recursos necessários a sua operacionalização. A admissão de um candidato num curso de pós-graduação ou a sua permanência nele não poderá estar condicionada à existência de vínculo com determinada empresa ou instituição, nem poderá estar garantida por esse vínculo. Porém este cenário não impede que sejam geradas receitas através de doações e editais, não abordados no aparato normativo. Ao tornar obrigatória a orientação docente individualizada, o número de alunos que os programas são capazes de atender está condicionado ao quadro de docentes lotados nos cursos. Sendo que estes, conforme visto anteriormente, são recursos das Unidades e compartilhados com outras atividades. O desempenho acadêmico dos cursos ofertados pelos programas está relacionado diretamente com o conteúdo que alcança os alunos. Mecanismos de seleção mais criteriosos, restrições a entrada do corpo discente e a exigência de docentes com as titulações definidas, contribuem para que a avaliação da qualidade seja positiva. 6.3. Pontos omissos Os elementos instalações, Tecnologia da Informação e Sistemas de indicadores e recompensas não são tratados nas resoluções do CEPG. Em relação ao primeiro, a discussão relevante para 11

um programa de pós-graduação é o mecanismo de alocação, de concessão de salas de aula dentre os diversos programas da UFRJ. A única referência feita a este elemento no âmbito das resoluções encontra-se no art. 13º ao explicitar a necessidade de contemplar a infra-estrutura necessária no momento em que se elabora um pleito para a autorização de um novo programa ou curso. A Tecnologia da Informação não é diferencial competitivo para o objeto tratado neste trabalho, mas é necessário que o programa conte com uma arquitetura básica que o suporte. Caso sejam estabelecidos os mecanismos de negociação para gestão de recursos, torna-se necessário uma arquitetura de TI consistente, capaz de prover as informações necessárias. O sistema deveria prover informações sobre os cursos ministrados por cada docente, por exemplo. As políticas de promoções também não são abordadas no âmbito das resoluções do CEPG. O programa de pós-graduação trabalha com os recursos lotados nas Unidades Acadêmicas e com os tipos de vínculos como um dado externo ao programa. 7. Conclusão Tendo em vista a análise do aparato normativo do CEPG à luz do framework de HAYES et al (2008), algumas inferências podem ser feitas. A oferta dos cursos de mestrado acadêmico, mestrado profissional e doutorado pode ser feita no âmbito do mesmo programa de pós-graduação. Com base nas resoluções do CEPG não há qualquer impeditivo para que eles sejam conflitantes. O modelo de pós-graduação definido no aparato normativo do CEPG mostra-se consistente do ponto de vista dos elementos da Estratégia de Operações. Poderia argumentar-se que o modelo ainda que avançado, é muito frouxo do ponto de vista dos elementos. No entanto, Tal constatação só poderia ser feita para um exemplo, com base em um programa de pós-graduação projetado a partir das resoluções. A flexibilidade dada na norma, fazendo referência constantemente ao regulamento próprio a ser estabelecido pelo programa de pós-graduação pode ser vista como um facilitador intencional. A percepção é de que orientações vagas em alguns elementos não geraram futuros empecilhos no processo de aprovação ao longo dos conselhos e instancias da UFRJ. Por fim, acredita-se que as normas cumprem o papel de garantir que o objeto seja preservado, apesar dos processos de adequação locais. 8. Bibliografia GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: ed. Atlas, 1999. HAYES, R.; PISANO, G.; UPTON, D.; WHEELWRIGHT, S. Produção, Estratégia e Tecnologia: Em Busca da Vantagem Competitiva. Porto Alegre: ed. Bookman, 2008. CAPES. Plano Nacional de Pós-Graduação: PNPG 2005/2010, disponível em www.capes.gov.br/. CEPG. Resolução 01/06, disponível em www.pr2.ufrj.br/. CEPG. Resolução 02/06, disponível em www.pr2.ufrj.br/. 12

CEPG. Resolução 03/95, disponível em www.pr2.ufrj.br/. CEPG. Resolução 04/95, disponível em www.pr2.ufrj.br/. SILVA, E.L. & MENEZES, E.M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. Florianópolis: ed. Universidade Federal de Santa Catarina, 2001. SOARES, P. F. Estratégia de Operações de Serviços e o escm-sp. Projeto de Fim de Curso, Escola Politécnica - UFRJ, Rio de Janeiro, 2005. 13