UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS BOTUCATU

Documentos relacionados
Híbridos de trifoliata como porta-enxertos para cultivo de laranja doce no estado de São Paulo. André Luiz Fadel. Introdução

Vantagens e limitações na combinação de laranjeira Pera enxertada em híbridos de trifoliata

Programa de melhoramento de citros do CCSM/IAC Melhoramento de Porta-enxertos

Adensamento de plantio na citricultura

PORTA-ENXERTOS PARA CITRICULTURA IRRIGADA

PORTA-ENXERTOS E MUDAS PARA POMARES DE CITROS

INCOMPATIBILIDADE DE COMBINAÇÕES COPA E PORTA-ENXERTO DE CITROS

40ª Semana da Citricultura, 44ª Expocitros e 49º Dia do Citricultor 4 a 7 de junho de 2018 Alteração no mapa de porta-enxertos nos anos recentes

PORTA-ENXERTOS. Eng. Agr. Dr. Jorgino Pompeu Junior IAC - Centro APTA Citros Sylvio Moreira

Porta-enxertos Produção de mudas de citros

QUALIDADE DE FRUTOS DE LIMEIRA ÁCIDA TAHITI EM COMBINAÇÃO COM DIFERENTES PORTA-ENXERTOS

SILVIA BLUMER. CITRANDARINS E OUTROS HÍBRIDOS DE TRIFOLIATA COMO PORTA- ENXERTOS NANICANTES PARA A LARANJEIRA VALÊNCIA (Citrus sinensis L.

FRUTICULTURA TROPICAL

22/08/2017. Variedades porta-enxerto Limão cravo Tangerinas. Variedade copa Laranjas (90%) Citrumelo swingle Poncirus trifoliata Limão Volkameriano

INFLUÊNCIA DE SUBSTRATOS COMERCIAIS NO CRESCIMENTO DE SEIS PORTA-ENXERTOS CÍTRICOS INTRODUÇÃO

BROTAÇÃO DO ENXERTO DE VARIEDADES COPA DE CITROS EM COMBINAÇÃO COM DIFERENTES PORTA-ENXERTOS MATERIAL E MÉTODOS

ISBN: Citricultura. do Rio Grande do Sul. Indicações técnicas. Caio F. S. Efrom Paulo V. D. de Souza Organizadores

EFICIÊNCIA PRODUTIVA, ALTERNÂNCIA DE PRODUÇÃO E QUALIDADE DE FRUTOS DA TANGERINEIRA ONECO SOBRE SEIS PORTA-ENXERTOS.

Introdução. Material e Métodos

LARANJEIRAS VALÊNCIA ENXERTADAS EM HÍBRIDOS DE TRIFOLIATA

PORTA-ENXERTOS CÍTRICOS

Porta-enxertos para a citricultura: novos cenários. Eduardo Girardi Embrapa Mandioca e Fruticultura

ANÁLISE DE CRESCIMENTO DE VARIEDADES DE LARANJA SOB SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICO PARA A CIDADE DE LONTRAS/SC

TANGERINEIRAS COMO PORTA-ENXERTOS PARA LARANJEIRA PÊRA

COPAS E PORTA-ENXERTOS NOS VIVEIROS DE MUDAS CÍTRICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

6º Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica - CIIC a 15 de agosto de 2012 Jaguariúna, SP

CRESCIMENTO VEGETATIVO DA TANGERINA PONKAN SOBRE DOIS PORTA-ENXERTOS NO SUL DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Pesquisa Agropecuária Tropical ISSN: Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos. Brasil

secundários e as raízes e radicelas definham e apodrecem. Com o sistema radicular menor, não há absorção de nutrientes e água na copa da planta.

DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DE VARIEDADES DE PORTA-ENXERTOS CÍTRICOS CULTIVADAS EM DOIS SUBSTRATOS COMERCIAIS

RESUMO - O objetivo deste trabalho foi avaliar 65 híbridos de porta-enxertos, obtidos por

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE LARANJA SANGUÍNEA

PORTA-ENXERTOS PARA O TANGOREIRO HADA NO RIO GRANDE DO SUL

PORTA-ENXERTOS PARA A LIMA-ÁCIDA- TAHITI NA REGIÃO DE BEBEDOURO, SP. 1

Avaliação Produtiva e Qualitativa de Diferentes Cultivares de Citros em Combinação Com Limoeiro Cravo em Sistema de Cultivo Solteiro

Cultura dos citros. Utilização das frutas cítricas. Valor nutricional das frutas cítricas. Dispersão das plantas cítricas

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS DE BOTUCATU

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Muzambinho.Muzambinho/MG,

Híbridos de trifoliata como porta enxertos para a laranjeira 'Valência'

COMPORTAMENTO DO POMELEIRO FLAME (Citrus paradisi Macfad.) SOBRE DIFERENTES PORTA-ENXERTOS NO SEMIÁRIDO NORDESTINO

ISBN: Citricultura. do Rio Grande do Sul. Indicações técnicas. Caio F. S. Efrom Paulo V. D. de Souza Organizadores

Caracterização física e química da lima ácida Tahiti 2000 sobre o porta-enxerto Índio em Petrolina, PE

BOLETIM CITRÍCOLA Junho n o 1/1997 UNESP/FUNEP/EECB

PRODUTIVIDADE E TAMANHO DAS PLANTAS DO CLONE CNPMF-01, PREMUNIZADO CONTRA A TRISTEZA DOS CITROS, DA LIMEIRA-ÁCIDA TAHITI EM BEBEDOURO (SP)

Desempenho inicial de mudas de Limão Siciliano, sobre diferentes porta-enxertos

ZONEAMENTO AGROCLIMÁTICO PARA AS CULTURAS DA LARANJA E DA TANGERINA NO RIO GRANDE DO SUL

ATRIBUTOS FÍSICOS DE VARIEDADES DE LARANJA DA MICRORREGIÃO DA BORBOREMA

Potencial do citrumelo como porta-enxerto na citricultura

RENDIMENTO DE SUCO E TEOR DE SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS EM GENÓTIPOS DE MARACUJAZEIRO AMARELO

EFICIÊNCIA PRODUTIVA E PORTE DE CULTIVARES DE CITROS ENXERTADAS SOBRE OS PORTA-ENXERTOS LIMOEIRO CRAVO E FLYING DRAGON, EM CULTIVO IRRIGADO

AVALIAÇÃO DA LIMA ÁCIDA TAHITI EM DIFERENTES PORTA-ENXERTOS NA REGIÃO DO SUBMÉDIO SÃO FRACISCO

CARACTERÍSTICAS DOS FRUTOS DAS LARANJEIRAS GARDNER, MIDSWEET E SUNSTAR

Boletim de Pesquisa 80 e Desenvolvimento

Conseqüências fisiológicas do manejo inadequado da irrigação em citros: fotossíntese, crescimento e florescimento

PROGRESSO DA SEVERIDADE DOS SINTOMAS DE HLB EM LARANJEIRAS ADULTAS E IMPACTO NA PRODUÇÃO. Renato B. Bassanezi

Engenheiro-agrônomo, mestre em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE 2

Comportamento produtivo de cultivares de uva para suco em diferentes porta-enxertos

POTENTIAL OF OBTAINING NEW ROOTSTOCKS IN CROSSES AMONG RANGPUR LIME, SOUR ORANGE, SUNKI MANDARIN AND Poncirus trifoliata

¹ Engenheiro-agrônomo, mestre em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE 2

MELHORAMENTO DO LIMOEIRO-TAITI POR SELEÇÃO DE CLONES ( 1 )

Cultivares copa de citros

PORTA-ENXERTOS UTILIZADOS NA CITRICULTURA - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA -

Porta-enxertos para a tangerineira Michal no Rio Grande do Sul

VIABILIDADE DO TRIGO CULTIVADO NO VERÃO DO BRASIL CENTRAL

Citricultura brasileira em busca de novos rumos

Comunicado134 Técnico

PORTA-ENXERTOS PARA LARANJEIRAS-DOCES (CITRUS SINENSIS (L.) OSB.), EM RIO BRANCO, ACRE 1

PORTA-ENXERTOS PARA LIMA ÁCIDA TAHITI EM DUAS REGIÕES DO ESTADO DE SÃO PAULO

Análise de crescimento de variedades de laranja sob sistema de produção orgânico para cidade de Lontras/SC

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1573

Morte súbita dos citros

CRESCIMENTO DE FRUTOS DE LIMOEIRO SOB USO DO MOLHAMENTO PARCIAL DO SISTEMA RADICULAR EM CONDIÇÕES SEMI-ÁRIDAS DO NORTE DE MINAS

do com diversos órgãos de pesquisa, nos permite empregar a mais avançada tecnologia na produção de mudas cítricas de Excelência.

ASPECTOS AGRONÔMICOS E DA QUALIDADE DOS FRUTOS DE GENÓTIPOS DE TANGERINEIRAS E POMELEIROS CULTIVADOS NO AGRESTE MERIDIONAL DE PERNAMBUCO

Comunicado 205 Técnico

AÇÃO DA DESINFESTAÇÃO DE SUBSTRATOS COMERCIAIS SOBRE A EMERGÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DE PORTA-ENXERTOS CÍTRICOS INTRODUÇÃO

Influência da enxertia em características morfológicas de híbridos de pimentão

CARACTERIZAÇÃO DE FRUTOS DE LARANJEIRAS, CULTIVADOS NO AGRESTE MERIDIONAL DE PERNAMBUCO. Apresentação: Pôster

Uso de reguladores vegetais na germinação das sementes de citrumelo Swingle

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM FITOTECNIA

O Clima e o desenvolvimento dos citros

Desempenho agronômico da lima ácida Tahiti (Citrus latifolia Tanaka), sobre diferentes porta-enxertos

CONPLANT Consultoria, Treinamento, Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola Ltda.

PODA VERDE COMO ALTERNATIVA PARA AUMENTO DA FRUTIFICAÇÃO EM PEREIRA

Ciclo de Produção da Laranjeira Pera D9 no Submédio do Vale do São Francisco, Município de Petrolina, PE

CRESCIMENTO DA CULTURA DO PINHÃO MANSO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTAS.

Agiberela, conhecida também por fusariose, é uma

VIGOR, PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE FRUTOS DE QUATRO TANGERINEIRAS E HÍBRIDOS SOBRE QUATRO PORTA-ENXERTOS 1

CRESCIMENTO E PRODUÇÃO INICIAL DE CULTIVARES DE CITROS DE MESA ENXERTADAS SOBRE OS PORTA-ENXERTOS FLYING DRAGON E LIMOEIRO CRAVO

Bolsista CNPq: Graduação em Engenharia Agronômica, UFSCar, Araras-SP,

AVALIAÇÃO DO Poncirus trifoliata (L.) Raf. COMO PORTA-ENXERTO PARA LARANJEIRA LIMA

AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO DE SUCO E DA QUANTIFICAÇÃO DE SEMENTES DE 19 CLONES DE TANGERINA FREEMONT

Comunicado Técnico. Engenheiro-agrônomo, D. Sc. em Ciências, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS

DETERMINAÇÃO DA ÉPOCA DE COLHEITA DA LARANJA VARIEDADE PIRALIMA (Citrus sinensis L. Osbeck) NA REGIÃO DE PELOTAS - RS RESUMO

Ciclo de Produção da Tangerineira Page no Submédio Vale do São Francisco

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG *

DANOS NA PRODUÇÃO E NA QUALIDADE. Renato Beozzo Bassanezi

ENXERTIA DE PLANTAS FRUTÍFERAS

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DOS FRUTOS NOS DIFERENTES QUADRANTES DA PLANTA E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DO PORTAENXERTO CÍTRICO TANGERINEIRA SUNKI

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) EM CRUZ DAS ALMAS, BAHIA

Transcrição:

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS BOTUCATU CARACTERÍSTICAS DE COMBINAÇÕES DE CULTIVARES COPA E PORTA-ENXERTOS CÍTRICOS, NA REGIÃO DE BAURU/SP Engº Agrº JULIANO PIOVEZAN PEREIRA Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP Campus de Botucatu, para obtenção do Título de Mestre em Agronomia - Horticultura. BOTUCATU - SP Novembro 2005

II UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS BOTUCATU CARACTERÍSTICAS DE COMBINAÇÕES DE CULTIVARES COPA E PORTA-ENXERTOS CÍTRICOS, NA REGIÃO DE BAURU/SP Engº Agrº JULIANO PIOVEZAN PEREIRA Orientador: Profª. Dra. Sarita Leonel Co-Orientador: Prof. Dr. Aloísio Costa Sampaio Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP Campus de Botucatu, para obtenção do Título de Mestre em Agronomia - Horticultura. BOTUCATU SP NOVEMBRO 2005

III DEDICATÓRIA À minha querida esposa, Sílvia, pela sua presença agradável e feliz em todos os momentos.

IV AGRADECIMENTO A UNESP pela oportunidade de aprendizado e crescimento profissional. A Fundação Coordenação de apoio de pessoal de nível superior (CAPES) pela bolsa concedida. A Fazenda Shangri-Lá pela fineza de permitir e apoiar a realização deste trabalho em suas dependências. Aos Professores do Programa de Pós-Graduação de Agronomia Horticultura, pela constante busca do saber e pela disponibilidade de ensinar. A Professora Sarita Leonel, minha Orientadora, pela amizade, estímulo e apoio nesta jornada. Ao Professor Aloísio Costa Sampaio, meu Co-Orientador, pelo companheirismo e contribuições. Aos funcionários da FCA, em especial aos do DPV-Horticultura pela agradável convivência. Aos funcionários da Fazenda Shangri-Lá, em especial ao gerente geral, Senhor Lima pela presteza e ao estagiário Marcus Vinicius pelo apoio na coleta na coleta de dados.

V Aos colegas do PPGA-Horticultura, em especial para o Ernesto, Leonardo, Gislaine, Priscila, pelas horas compartilhadas, de estudo, trabalhos e debates estimulantes sobre ciências. A todos que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização deste trabalho.

VI SUMÁRIO LISTA DE QUADROS... VII LISTA DE FIGURAS... VIII RESUMO... ABSTRACT... 1.INTRODUÇÃO... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA... 4 2.1. IMPORTÂNCIA DA CITRICULTURA BRASILEIRA... 4 2.2. PORTA-ENXERTOS PARA CITROS: CARACTERÍSTICAS E INFLUÊNCIAS SOBRE A VARIEDADE COPA... 5 2.3. CARACTERÍSTICAS DOS PORTA-ENXERTOS ESTUDADOS NESTA PESQUISA... 8 2.4. INCOMPATIBILIDADE EM CITROS... 10 2.5. PESQUISAS EM MELHORAMENTO DE PORTA-ENXERTOS... 12 3. MATERIAL E MÉTODOS... 18 3.1. ÁREA EXPERIMENTAL... 18 3.2. COMBINAÇÕES COPA/PORTA-ENXERTOS AVALIADOS... 19 3.3. AVALIAÇÕES... 20 3.4. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL... 20 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 21 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 27 6. CONCLUSÕES... 28 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 29 IX X

VII LISTA DE TABELAS QUADRO 1. RESULTADOS DAS ANÁLISES QUÍMICAS DO SOLO EM 2003 E 2004, BAURU/SP 19 QUADRO 2. COMBINAÇÕES DE COPA/PORTA-ENXERTOS CÍTRICOS AVALIADOS NO EXPERIMENTO... 19 QUADRO 3. ANÁLISES DE VARIÂNCIA DA ALTURA DA PLANTA E PERÍMETRO DA COPA PARA AS COMBINAÇÕES DE COPA/PORTA-ENXERTO EM 2003 E 2004 E DIÂMETRO DO CAULE NA ALTURA DA ENXERTIA EM 2004, BAURU/SP... 21 QUADRO 4. MÉDIAS DA ALTURA DA PLANTA E PERÍMETRO DA COPA EM 2003 E 2004 E DIÂMETRO DO CAULE NA ALTURA DA ENXERTIA EM 2004, BAURU/SP... 22 QUADRO 5. ANÁLISES DE VARIÂNCIA PARA O TOTAL DE SÓLIDOS SOLÚVEIS (SST), ACIDEZ TITULÁVEL TOTAL (ATT) EM 2004, BAURU/SP... 25 QUADRO 6. MÉDIAS DO TOTAL DE SÓLIDOS SOLÚVEIS (SST), ACIDEZ TITULÁVEL TOTAL (ATT) E RATIO EM 2004... 25

VIII LISTA DE FIGURAS Figura 1. Médias da altura da planta em 2003 e 2004, Bauru/SP... 23 Figura 2. Médias do perímetro da copa em 2003 e 2004, Bauru/SP... 24 Figura 3. Médias do diâmetro do caule na altura da enxertia em 2004, Bauru/SP... 24 Figura 4. Médias total de sólidos solúveis (SST), acidez titulável total (ATT) e Ratio em 2004... 26

IX RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido no pomar comercial da Fazenda Shangri-lá, localizada na Rodovia Bauru Marília Km 380 e nos laboratórios do Departamento de Produção Vegetal, setor de Horticultura da FCA/UNESP, campus de Botucatu. Foram utilizados oito combinações de cultivares copa e porta-enxertos de citros, sendo avaliadas características de crescimento e desenvolvimento das plantas no período de 2003 e 2004, bem como características de qualidade dos frutos produzidos no ano de 2004. O delineamento experimental adotado foi em blocos ao acaso, com 8 tratamentos, 4 repetições e 4 plantas úteis por parcela experimental. Através dos resultados obtidos foi possível concluir que a combinação da cultivar copa laranjeira João Nunes sobre o porta-enxerto de limoeiro Cravo apresentou a maior altura de plantas, perímetro e diâmetro do caule, diferindo estatisticamente das outras combinações estudadas e igualando-se à combinação laranjeira Folha Murcha sobre o porta-enxerto de citrumeleiro Swingle, na altura e perímetro das plantas. O maior teor de sólidos solúveis e acidez titulável foi observado na laranjeira Pêra Natal, independentemente do porta-enxerto (9,46 º Brix e 1,25%), enquanto as laranjeiras João Nunes, Folha Murcha e IAC2000 tinham os teores variáveis de acordo com o portaenxerto usado. Nas condições experimentais, o porta-enxerto limoeiro Cravo foi superior ao citrumeleiro Swingle e a tangerineira Sunki, nesses aspectos.

X CITRUS ROOTSTOCKS/CANOPY CHARACTERISTICS AT BAURU/SP REGION. Botucatu, 2005. 35p. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Horticultura). Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Author: Juliano Piovezan Pereira Adviser: Sarita Leonel ABSTRACT The research was made at Shangri-lá Farm orchard, located at Bauru- Marília Km 380 road and at Vegetal Production/Horticulture Department of FCA/UNESP/Botucatu. It were used eight combinations of canopy and citrus rootstocks, being evaluated growth, development and fruits quality characteristics. The experimental design was at randomized blocks with 8 treatments (canopy/rootstocks combinations), 4 replications and 4plants per parcels. The results showed that the combination with orange João Nunes over Rangpur lime rootstock enhanced the growth of plants showed the best results. The higher soluble solid and acid titulável content (9,46º Brix and 1,25%) was observed at orange Pêra Natal independent at rootstocks, while at orange João Nunes, Folha Murcha and IAC2000 has content variable conformable at rootstocks. That experiment at Rangpur lime rootstocks showed the best results at sunki mandarin and swingle citrumel.

1 1. INTRODUÇÃO O Brasil é atualmente o maior exportador mundial de suco de laranja concentrado e congelado com 74,6% das vendas no comércio internacional. Também é o maior produtor mundial deste com 49,3% do total, seguido pelos Estados Unidos da América, com 37,6%. Embora a cultura se encontre disseminada por todo o território nacional, com grande importância econômica e social para diversos estados. São Paulo é responsável por 97% das exportações brasileiras, sendo detentor da maior área citrícola do mundo, com 652,6 mil hectares de laranja (www.apta. sp.gov.br/htm/mortesubita). Observa-se, contudo, que essa importante atividade econômica, considerando-se as características horticulturais das plantas cítricas, se encontra alicerçada sobre poucos porta-enxertos ou quase exclusivamente num único porta-enxerto, o limoeiro Cravo (Citrus limonia, Osbeck). Experiências desastrosas do passado com a doença Tristeza dos citros indicam hoje o perigo que essa situação representa. A introdução do vírus da tristeza dos citros no Estado de São Paulo, por volta de 1937 (BITANCOURT, 1940), e a sua disseminação pelo pulgão-preto (Toxoptera citricidus Kirk) e por borbulha (MENEGHINI, 1946) causou a morte das plantas enxertadas em laranjeira Azeda e limeira da Pérsia. Os experimentos que vinham sendo desenvolvidos pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, desde 1925 (VASCONCELLOS,

2 1939), e pelo Instituto Agronômico, desde 1933 (MOREIRA, 1946), bem como as observações em pomares comerciais revelaram que as plantas enxertadas em limoeiro Cravo, tangerineira Cleópatra (C. reshni hort. ex Tan.), tangerineira Sunki [C. sunki (Hayata) hort. ex Tan.], laranjeira Caipira e limoeiro Rugoso não manifestavam os sintomas da doença. Esses porta-enxertos foram considerados tolerantes à tristeza e utilizados na reconstrução da citricultura. Alguns porta-enxertos, entre eles o limoeiro Cravo, manifestaram outras doenças, como a exocorte e a xiloporose (MOREIRA, 1954, 1955). O controle dessas viroses, desprovidas de vetores, passou a ser feito com a utilização de borbulhas retiradas de plantas matrizes de clones nucelares derivados dos cultivares infectados (MOREIRA, 1962; MOREIRA & SALIBE, 1965). O uso dos clones nucelares associado às excepcionais características do limoeiro Cravo - facilidade na obtenção das sementes e formação das mudas, compatibilidade com praticamente todos os cultivares copa, bom pegamento das mudas no plantio, rápido crescimento, produção precoce, alta produção de frutos, boa resistência à seca, boa adaptação aos solos arenosos e ácidos tornaram-no, a partir de 1960, o principal portaenxerto da citricultura paulista. Mesmo com o declínio dos citros, nos anos 70 (RODRIGUEZ et al., 1979), e comprovada sua suscetibilidade a tal anomalia, o limoeiro Cravo continuou nos novos plantios. O declínio promoveu pequena diversificação dos porta-enxertos, liderada pelas tangerineiras Cleópatra e Sunki, e, a partir do início da década de 1990, pelo citrumelo Swingle [ C. paradisi Macfad. x Poncirus trifoliata (L.) Raf.] (POMPEU JÚNIOR, 2000). Desde 1999, uma nova doença, detectada no Sudoeste de Minas Gerais e no Norte do Estado de São Paulo e denominada de morte súbita dos citros (MSC), vem afetando laranjeiras e tangerineiras enxertadas em limoeiro Cravo (GIMENES- FERNANDES & BASSANEZI, 2001) e em limoeiro Volkameriano (C. volkameriana V. Ten. & Pasq.) (BASSANEZI et al., 2002). As plantas enxertadas sobre as tangerineiras Cleópatra e Sunki, citrumelo Swingle e Poncirus trifoliata [P. trifoliata (L.) Raf.] não mostram sintomas. O porta-enxerto possui na citricultura papel dos mais relevantes, visto que uma série de características apresentadas pela copa podem ser por ele modificadas, tais

3 como vigor, produtividade, precocidade de produção, qualidade dos frutos, conservação da fruta pós-colheita, composição orgânica e inorgânica das folhas e frutos, capacidade de absorção e utilização de nutrientes, tolerância à salinidade, resistência à seca, geada, doenças e pragas, dentre outras. Tais características são determinadas por interações específicas entre a copa e o porta-enxerto, manifestando-se por alterações anatômicas, morfológicas e metabólicas. O presente trabalho teve como objetivos relacionar alternativas viáveis de combinações copa e porta enxertos de citros a serem introduzidas na região de Bauru-SP, tendo em vista o potencial que a região possui em relação à localização, tipo de solo e clima, favoráveis ao desenvolvimento da citricultura. Os resultados obtidos com o experimento poderão nortear os produtores da regional de Bauru, na utilização de combinações copa/portaenxerto de citros a serem implantadas nas propriedades.

4 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Importância da Citricultura Brasileira O Brasil é o maior produtor mundial de frutas cítricas, com uma produção de 20,251 milhões de toneladas, correspondentes a 19,38% da produção mundial, registrada em 2002 (FAO, 2003). No comércio internacional de suco concentrado de laranja, principal produto da citricultura, o país responde por cerca de 80% (ESTANISLAU et al., 2001), tendo o setor citrícola, em 2000, participado com 2% do total das exportações brasileiras e com 6%, entre os produtos do agronegócio. Neves et al. (2001), analisando dados estatísticos consolidados de 1996 a 2000, revelam a importância da cadeia agroindustrial citrícola no Brasil, mediante a movimentação de recursos alocativos e distributivos, considerando a geração de empregos, a formação de capital e renda, a agregação de valor regional, a ativação do setor terciário (serviço, transporte, comércio, etc) e a interiorização do desenvolvimento, principalmente no Estado de São Paulo, onde a citricultura tem expressivo impacto na economia e na balança comercial. Informam os autores que, por produto exportado, verifica-se que o suco concentrado tem posicionado-se entre os principais produtos de exportação em divisas geradas e, embora pouco conhecido, por diversos anos, posicionou-se em primeiro lugar nas exportações paulistas, perdendo apenas (anos de 1999 e 2000) esta posição para a indústria aeronáutica.

5 2.2. Porta-enxertos para citros: características e influências sobre a variedade copa A bibliografia disponível a respeito do estudo e emprego dos portaenxertos na citricultura é extensa e, em alguns casos, os resultados são conflitantes, refletindo a grande plasticidade genética dos citros em diversidade de climas e solos a que estão submetidos, assim como os grandes problemas da citricultura, principalmente anormalidades de causas conhecidas ou não. A citricultura sem o porta-enxerto não tem sustentação, por isso consideramos a planta cítrica comercial um conjunto completo cuja combinação deve ser a mais harmônica possível, para que a resposta aos outros fatores produtivos seja compensadora. Sob a ótica do complexo dessa combinação, assim como das distorções (incompatibilidade, doenças, fatores edáfícos, etc.) ocorridas, além das tentativas de melhoramento e produção de novos porta-enxertos. Sabe-se que o porta-enxerto, o qual podemos caracterizar como sendo a raiz da planta cítrica comercial, influencia na variedade copa numa série de características que determinarão sua maior ou menor capacidade produtiva. Note-se que, como sendo a raiz da planta cítrica, uma influência direta seria sua capacidade de absorver água e nutrientes, porém a capacidade de resistência de um porta-enxerto à seca, pode não estar relacionada com o vigor de seu sistema radicular. Por outro lado, pelo conjunto harmônico que formam a copa e o porta-enxerto, anatômica e fisiologicamente, busca-se como resultados finais a maior produtividade do conjunto, quantitativa e qualitativamente. Salibe (1974), abordando a relação do porta-enxerto com a variedadecopa comentou: As plantas cítricas cultivadas comercialmente são compostas de dois indivíduos distintos, o enxerto e o porta-enxerto, crescendo intimamente unidos, como uma só entidade, em um estreito relacionamento simbiótico. Eles são interdependentes, cada um deles afetando em maior ou menor extensão o comportamento do outro. Wutscher (1991) relacionou cinco razões principais para o uso das plantas cítricas enxertadas: frutificação precoce e supressão de problemas de juvenilidade, plantas de tamanho uniforme, controle da produção e qualidade dos frutos, tolerância a fatores

6 desfavoráveis no solo (salinidade, alto ph, má drenagem), tolerância a Phytophthora, viroses e nematóides parasitas. Castle (1987), relatou que aproximadamente vinte características das plantas cítricas são afetadas pelo porta-enxerto, e agrupa em três as principais características dos porta-enxertos: Embrionia nucelar e propagação o grau de embrionia nucelar varia entre os porta-enxertos, desde 100% a menos de 50%, características horticulturais influências sobre as copas: vigor, tamanho, produção e tamanho dos frutos, qualidade do suco, tolerância ao frio e à seca, características patológicas; problemas relacionados aos porta-enxertos: tolerância a Phytophthora, ao burrowing nematode, ao nematóide dos citros, a viroses e virus-like e ao Declínio-Blight. Com relação à importância da poliembrionia, Moreira (1946) assinalou que os estudos sobre a poliembrionia em citros podem ter aplicação prática, tanto na obtenção de novas variedades por cruzamento, como no estabelecimento de clones para porta-enxertos. Estudando espécies e variedades comumente usadas como portaenxertos, Webber (1952) apud Cameron & Frost (1968), observou que a porcentagem de embriões apogâmicos em laranjeira doce foi de 40 a 95%; em laranjeira azeda, de 75 a 85%; em pomeleiro, de 60 a 95%; em mandarineira, de 10 a 100%; em limoeiro cravo, de 10 a 96%; em cidreira, de 40 a 50%; e em trifoliata, de 72%. Foram também obtidas altas percentagens de apogamia para os citranges Rusk, Morton e Colemon e tangelo Sampson, os quais apresentaram plantas jovens 100% apogâmicas. Salibe (1972), utilizando o método da contagem direta dos embriões nas sementes, retiradas de amostras de frutas de limoeiros Cravo e Volkameriano, coletados na Estação Experimental de Limeira, determinou a taxa média de poliembrionia para os dois porta-enxertos: limoeiro Cravo, 49% e 1,7 embriões por semente e, Volkameriano com 50% e 1,6 embriões por semente. Salibe (1978), Wutscher (1979, 1991) e Pompeu Júnior (1980 e 1991) relatam que, entre as diversas características da planta cítrica influenciadas ou modificadas pelo porta-enxerto, incluem-se: - Vigor da copa - Precocidade de produção

7 - Produtividade - Qualidade da fruta - Época de maturação e peso do fruto - Conservação da fruta pós-colheita - Transpiração das folhas - Composição química das folhas e frutos - Fertilidade do pólen - Capacidade de absorção e síntese de nutrientes - Tolerância à salinidade, alcalinidade e má drenagem - Resistência à seca e ao frio - Resistência e tolerância a moléstias e pragas Sendo o porta-enxerto a raiz da planta cítrica, torna-se de grande importância o conhecimento do sistema radicular dos porta-enxertos, cujo formato e vigor parecem ser dependentes de fatores genéticos inerentes a cada espécie/variedade, mas podem ser modificado pelas condições do ambiente (solo, doenças e pragas) e mesmo pela variedadecopa. Uma das características dos porta-enxertos relacionadas com o sistema radicular dessas plantas diz respeito a sua tolerância a seca, o que para as condições da citricultura brasileira é um fato de enorme relevância, que a torna competitiva no mercado internacional. As causas reais dessa resistência ainda não foram bem esclarecidas. Sobre esse aspecto, Rodriguez (1972) cita que existe um gradiente de resistência a seca dos porta-enxertos : limão cravo (maior), laranja azeda (grande), citrange troyer (regular); cleópatra, trifoliata e lima da pérsia (baixa) e laranja caipira (menor). Hume (1952) e Montenegro (1960) analisaram os porta-enxertos em relação as características do solo: laranja azeda adapta-se a solos aluviais; laranja caipira, solos médios e de boa drenagem natural, limão rugoso, solos arenosos, bem drenados e até pobres; P. trifoliata, solos úmidos e de textura franca; pomeleiros, solos argilosos e ricos em húmus.

8 2.3. Características dos porta-enxertos estudados nesta pesquisa São escassas as informações referentes à produção, características dos frutos, tamanho de plantas e tolerância a doenças e pragas envolvendo citrandarins (híbridos de trifoliata com microtangerinas) e outros híbridos de trifoliata, por constituírem uma nova geração de porta-enxertos. Os principais porta-enxertos utilizados na citricultura brasileira são: limoeiro Cravo, limoeiro Rugoso, limoeiro Volkameriano, laranjeira Caipira, tangerineira Sunki, Poncirus Trifoliata, citrumeleiro Swingle e tangelo Orlando (CARVALHO, 2001). Já as variedades de copa mais importantes para a industrialização de suco concentrado de laranja são (ESTANISLAU et al., 2001): Pêra, Valência, Natal e Hamlin. Limão Cravo (Citrus limonia, Osb.) O limoeiro Cravo, destacado dentre os demais porta-enxertos pelo alto vigor e tolerância à seca (CARVALHO, 2001), é o principal porta-enxerto brasileiro, mas evidências têm sugerido seu relacionamento com a morte súbita dos citros, sendo divulgado que a convivência com mais esta doença pode depender da substituição desse porta-enxerto por outros não afetados. (MULLER et al., 2002). É tolerante ao vírus da tristeza ( GRANT et al., 1961), mas mostra caneluras quando infectado por raças severas do vírus, como a variante Capão Bonito (MULLER et al., 1968). É suscetível aos viróides da xiloporose e exocorte (MOREIRA, 1956), ao declínio dos citros (BERETTA et al., 1986) e à MSC (BASSANEZI et al., 2002). Induz produção precoce, alta produção de frutos de regular qualidade, compatibilidade com os cultivares copa, média resistência ao frio, boa resistência à seca. Tem melhor comportamento quando plantado em solos arenosos e profundos. Nos argilosos, sua produtividade pode ser inferior à das tangerinas Cleópatra e Sunki. Os frutos do limão Cravo possuem, em média, 12 sementes e amadurecem de março a maio (TEÓFILO SOBRINHO, 1991).

9 Tangerina Sunki (Citrus sunki Hort. ex. Tanaka) A tangerina Sunki tem sido indicada como opção de diversificação de porta-enxertos cítricos, por ser recomendada para laranjeiras, tangerineiras e pomeleiros, possuir tolerância ao declíneo dos citros e à morte súbita, média resistência à gomose e induzir uma boa qualidade aos frutos (POMPEU JÚNIOR, 1991). Os frutos da tangerineira Sunki apresentam em média 3 sementes por fruto e amadurecem de maio a julho (TEÓFILO SOBRINHO, 1991). Plantas enxertadas sob tangerineira Cleópatra, citrumeleiro Swingle e tangerineira Sunki não parecem ser afetadas pela morte súbita dos citros (MULLER et al., 2002), anormalidade que vem preocupando os citricultores, sendo estes porta-enxertos bastante indicados para substituição do limoeiro Cravo, especialmente para pomares livres de estresse hídrico prolongado. Uma importante restrição para o uso do Swingle é sua incompatibilidade com a Pêra, principal variedade copa de laranjeira no Brasil. Já a Cleópatra tem como desvantagem proporcionar o início da produção muito tardiamente. A tangerineira Sunki, por sua vez possui pequeno número de sementes por fruto, além do início de produção tardio, como a Cleópatra. Citrumelo Swingle (Citrus paradisi x Poncirus trifoliata) O Citrumelo Swingle é um dos porta-enxertos mais utilizados no mundo. No Brasil, sua utilização vem crescendo anualmente, porém, ainda não se consolidou, em virtude de sua incompatibilidade com a laranjeira Pêra (Citrus sinensis, Osbeck), o principal cultivar copa empregado na citricultura brasileira, além da incompatibilidade com o limoeiro Siciliano (Citrus limon, Hort. Ex Tanaka). Este porta-enxerto possui alta resistência à gomose, tolerância ao declíneo e morte súbita dos citros. O vigor no viveiro é médio, bem como o início de produção dos frutos. Também induz uma boa qualidade aos frutos produzidos (POMPEU JÙNIOR, 1991). Possui um número médio de 20 sementes por fruto e sua maturação vai de maio a julho (CARVALHO, 2001)

10 2.4. Incompatibilidade em Citros Algumas variedades cítricas, quando enxertadas em determinados porta-enxertos apresentam na região de enxertia, externamente, uma linha de depressão na casca acompanhada por uma anormal brotação do enxerto. Internamente forma-se uma linha de goma de coloração pardo-amarelada, com projeções na face interna da casca e correspondentes orifícios no lenho. Ao anelamento formado dá-se o nome de bud-unioncrease e as plantas que o apresentam mostram deficiências nutricionais, lento crescimento, baixas produções, podendo morrer. (POMPEU JÚNIOR, 1980 e 1991). Muitos trabalhos foram realizados para tentar esclarecer as causas da incompatibilidade existente entre alguns citros, podendo ser esta de natureza fisiológica. Salibe (1968a, 1968b, 1968c) desenvolveu estudos sobre a natureza da incompatibilidade em enxertias de citros, realizando vários testes com variedades incompatíveis com o P.Trifoliata, usando também inóculos da exocorte, sorose e xiloporose. Constatou que o problema não é transmissível pela enxertia e nem está ligado à presença de viroses, mas sim de uma incompatibilidade fisiológica entre a variedade-copa e o portaenxerto de P.Trifoliata (confirmado por meio de enxertias recíprocas entre P.Trifoliata e limão Eureca ). Goldschmidt-Blumental (1956) realizou estudos morfológicoanatômicos de laranjeira Shamouti enxertada em nove porta-enxertos, no que se refere a natureza da união entre os tecidos dessas plantas. Na linha de união entre as partes, ocorreram alterações na largura e número de vasos e na capacidade de conduzir água. No caso de incompatibilidade de tecidos, ocorreu uma forte acumulação de amido no tecido da copa, o que resultou na formação de uma área escura acima do ponto de união. Salibe (1968a) relata que foram avaliadas quarenta variedades cítricas de clones nucleares sobre P.Trifoliata, tendo relacionado que as seguintes variedades apresentaram sintomas de incompatibilidade: laranjeira Pêra, Seleta de Itaboraí, Limoeiros Eureka, Armstrong s, Harris, Genova, Deodoro e Siciliano ; Limeiras Selvagem e Seda ; cidreira Etrog, Doce e Citremon of commerce, Limeira Francana e de Umbigo.

11 Pompeu Júnior (1980 e 1991) cita que os principais tipos de incompatibilidade entre copas e porta-enxertos ocorridos no Brasil são laranjeira Pêra e Seleta de Itaboraí sobre Trifoliata ou limoeiro Rugoso-da-Flórida ; Eureka e Siciliano sobre Trifoliata e citranges; limoeiro Siciliano e laranjeira Pêra sobre Citrumelo Swingle, e laranjeira Pêra sobre limoeiro Volkameriano. A enxertia possibilita o contato dos vegetais geneticamente diferentes com sistemas fisiológicos, bioquímicos e anatômicos distintos permitindo assim tanto interações favoráveis como desfavoráveis. Dentre estas, destaca-se a ocorrência de pouca afinidade e até incompatibilidade entre copas e porta-enxertos. Até o momento não são conhecidas as causas da incompatibilidade que ocorre nas plantas. Uma das hipóteses afirma que ela está associada a diferenças no vigor e no início e término do ciclo vegetativo do porta-enxerto e do enxerto. Outras atribuem-na a diferenças fisiológicas e bioquímicas, em decorrência de substâncias preexistentes ou formadas na região da enxertia. Alguns autores associam-na a fatores, provavelmente vírus, transmissíveis por borbulhas (BRIDGES & YOUTSEY, 1968; MCCLEAN, 1974). Os fatores ambientais exercem influência na expressão ou não da anomalia, o que poderia explicar a não visualização dos sintomas em determinadas situações. A incompatibilidade pode ser definida como um fenômeno de senescência prematura causada por processos fisiológicos e bioquímicos e que pode ser intensificado sob condições de estresse (FEUCHT, 1988). Nas plantas cítricas os sintomas de incompatibilidade são caracterizados por deficiências nutricionais, queda das folhas, seca de ponteiros, brotação exagerada do porta-enxerto e produções não econômicas de frutos, as plantas podem vir a morrer. Retirada a casca da região da enxertia, observa-se penetração da casca do lenho em parte ou em toda a circunferência do tronco quase sempre acompanhada pela formação da goma tanto na casca quanto no lenho (NAURIYAL et al.,1958; POMPEU JÙNIOR et al., 1972). No Brasil, as incompatibilidades mais importantes são as da laranja Pêra e Seleta de Itaboraí enxertadas em limão Rugoso da Flórida (C.jambhiri Lush.) e trifoliata Limeira (POMPEU JÚNIOR et al., 1972). Mais recentemente foi constatada incompatibilidade da laranja Pêra com o limão Rugoso da África (C.jambhiri Lush.)

12 (POMPEU JÚNIOR, 1996) e com o citrumelo Swingle (POMPEU JÚNIOR, 1991), e dos clones Pêra premunizada e Pêra Bianchi com o citrumelo Swingle e da Pêra premunizada com os citrumelos F80-3 e F80-5 (POMPEU JÚNIOR, 2000; POMPEU JÚNIOR & BLUMER, 2002). Laranjeiras Valência, com 14 anos de idade, passaram a apresentar sintomas de incompatibilidade quando enxertadas no limoeiro Cravo e em citrange Carrizo (POMPEU JUNIOR & BLUMER, 2002). Estudos conduzidos com o limão Eureka enxertado em seleções de trifoliata mostraram que as seleções consideradas nanicantes não apresentam os sintomas de incompatibilidade constatados nos limoeiros formados sobre as seleções mais vigorosas (NAURIYAL et al., 1958). Cabe ressaltar que o maior diâmetro do tronco do porta-enxerto em relação ao da copa ou vice-versa nem sempre é indicativo de incompatibilidade. Diversos cultivares de citros enxertados sobre trifoliadas e seus híbridos mostram maior diâmetro do caule do porta-enxerto em relação ao da copa, porém as plantas não apresentam anel de goma e são produtivas longevas. Nas plantas cítricas as incompatibilidades podem ser superadas pelo uso de interenxertos, compatíveis com copa e porta-enxerto, inseridos por ocasião da formação da muda. Porém tal processo aumenta o custo final da muda. 2.5. Pesquisa em Melhoramento de Porta-Enxertos Embora a enxertia dos citros já fosse conhecida desde o século V, considera-se que o principal indutor da transição da citricultura de pés francos para a de plantas enxertadas foi o da doença gomose de Phytophthora na Ilha dos Açores, em 1842, e seu controle mediante porta-enxertos resistentes, entre os quais a laranja Azeda (CHAPOT, 1975). Posteriormente, por volta de 1890, foi observado, na África do Sul e na Austrália, o declínio de laranjeiras e tangerineiras enxertadas em laranja Azeda, o que levou a sua substituição pelo limão Rugoso. A princípio, considerado como uma forma de incompatibilidade entre copas e porta-enxertos, teve a sua origem virótica, transmissão por borbulha e pelo pulgão-preto, demonstrada no Brasil em 1946 (MENEGHINI, 1946). A

13 inviabilidade do controle do vetor obrigou a substituição da laranja Azeda por porta-enxertos tolerantes a essa virose, denominada de tristeza por Moreira (1942). Esses dois eventos são considerados os principais impulsionadores do melhoramento de porta-enxertos em todo o mundo. Nesse tipo de melhoramento busca-se a obtenção de variedades que sejam tolerantes/resistentes a fatores bióticos (doenças e pragas) e abióticos (adversidades). Dentre os fatores bióticos destacamos a tristeza, o declínio, à gomose, à morte súbita e os nematóides. Já em relação aos fatores abióticos, os porta-enxertos devem possuir boa tolerância aos altos teores de alumínio, à salinidade, ao frio, ao encharcamento e à seca. Além disso, é desejável que o porta-enxerto induza boa produção e qualidade de fruto, possua facilidade de propagação, seja compatível com as principais variedades copa e contribua para a maior longevidade das plantas. Os primeiros programas de melhoramento de porta-enxertos basearamse em métodos tradicionais de seleção de variedades e clones e também em hibridações controladas. Após as devastadoras geadas ocorridas na Flórida em 1894-1895, Webber e Swingle iniciaram, em 1897, o primeiro programa de melhoramento por hibridação realizado pelo United States Departament of Agriculture, Flórida, EUA, o qual visava à transferência da resistência ao frio apresentada pelo trifoliata aos principais cultivares copas. Desse trabalho, surgiram dezenas de híbridos citranges, citrumelos, citrandarins, citradinas, citremons e citrumquats alguns dos quais vieram a se tornar porta-enxertos comerciais em diversos países, inclusive no Brasil. Naquela época, não havia nenhum problema sério relacionado com porta-enxertos, porque a quase totalidade dos pomares era formada por plantas originadas de sementes. Um programa de melhoramento também foi implementado na Califórnia, no início do século XX e desenvolvido por várias décadas dando origem, entre outros, aos citranges C-32 e C-35, ambos híbridos de trifoliata Webber-Fawcett, com laranja Ruby (ROOSE, 1990). Na ilha de Java, por volta de 1920, trabalhos conduzidos H. J. Toxopeus resultaram na seleção de porta-enxertos resistentes à gomose de Phytophthora (CAMERON & FROST, 1968).

14 Ao longo do século passado, diversos países, com destaque para os Estados Unidos e a Espanha, iniciaram programas de melhoramento de porta-enxertos utilizando hibridação controlada e, mais recentemente, a fusão de protoplastos e a transgenia (GROSSER & CHANDLER, 2002; FORNER et al., 2002, 2003). Nos Estados Unidos já estão em uso comercial os citrumelos F80-5, F80-3 e os citrandarins Changsha x English Large (US-815), bem como Sunki x Benecke (US- 812). Na Espanha, quatro híbridos já foram liberados para uso: citrandarins Cleópatra x Trifoliata (F&A-5) e (F&A-13), King x Trifoliata (F&A-517) e o híbrido citrange Troyer x Tangerina comum (F&A-418). No Brasil, os estudos visando ao melhoramento de porta-enxertos foram iniciados por volta de 1920 e até a década passada baseados essencialmente na seleção varietal ou clonal de variedades importadas. Um deles, iniciado em 1948, permitiu determinar a tolerância à tristeza de 400 citros e afins, introduzidos na quase totalidade dos Estados Unidos (GRANT et al., 1961), e incorporados ao banco de Germoplasma de Citros do Instituto Agronômico. Posteriormente, quase três centenas de outras introduções, do Brasil e do exterior, foram incluídas nesse acervo. Esse germoplasma vem sendo utilizado em São Paulo e em outros estados e países para estudos concernentes a porta-enxertos, tendo gerado a publicação de dezenas de artigos. Ao que parece, foi Dornelles o pioneiro na produção de híbridos, quando na Estação Experimental de Taquari, RS, criou dezenas de citranges pela polinização de laranjeiras [C. sinensis (L.) Osb.] Pêra ou Valência. Dentre eles destacam-se o C-13 e o C-37, descendentes da laranja Pêra, tolerantes à tristeza e resistentes à gomose de Phytophthora (PORTO & SOUZA, 1984 apud SALIBE, 1968). Em 1974, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias-UNESP, foram produzidos híbridos de tangerina Satsuma (C. unshiu Marcow.), a princípio visando à obtenção de variedades produtoras de frutos de maturação precoce e resistentes ao cancro cítrico, os quais também vem sendo avaliados como porta-enxertos (DONADIO et al., 2001). A partir de 1990 diversas entidades iniciaram a produção de portaenxertos. Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - USP, foram realizadas fusões de protoplastos, almejando a obtenção de híbridos de limão Cravo e de limão Volkameriano resistentes ao declínio e à MSC (MOURÃO FILHO & MENDES, 2002).

15 No Centro de Energia Nuclear na Agricultura-USP, foram criados, também por fusão de protoplastos, híbridos de tangerina Cleópatra com limão Cravo ou laranja Caipira (LATADO et al., 2002). No Instituto Agronômico, a polinização controlada produziu híbridos entre limão Cravo, laranja Azeda, tangerina Sunki e Trifoliata. Estes enxertados com laranja Valência, 396 mostraram-se tolerantes à tristeza, 100 induziram maior produção de frutos que a tangerina Sunki, e 47, mais que o limão Cravo (SALIBE et al., 1969) Na Embrapa Mandioca e Fruticultura produziram-se porta-enxertos por hibridação e fusão de protoplastos a partir dos limões Cravo e Volkameriano, laranja doce, laranja Azeda, tangerinas Cleópatra e Sunki e trifoliata (SOARES FILHO et al., 2002). No Centro APTA Citros Sylvio Moreira, mediante polinização controlada, foram produzidos híbridos entre limão Cravo, laranja Caipira, laranja Azeda, tangerina Sunki e trifoliata Rubidoux (CRISTOFANI, 1997). A Agrocitros Citrolima Ltda, em Santa Cruz das Palmeira (SP), criou híbridos a partir dos limões Cravo e Volkameriano, laranjas Valência e Azeda, trifoliata Flying Dragon [P. trifoliata (L.) Raf. var. monstrosa], citrange Carrizo, citrumelo Swingle, tangerina Sunki e tangelo Orlando (C. reticulata Blanco x C. paradisi Macf.). A maior parte desse germoplasma está em fase inicial de avaliação de seu comportamento na presença dos agentes limitantes às plantas cítricas. Esses trabalhos permitirão reduzir a indesejável dependência da introdução de germoplasma do exterior, quase sempre sujeita à boa vontade de pesquisadores e instituições e potencialmente introdutora de novas pragas e doenças. Foram realizados inúmeros trabalhos de melhoramento genético e horticultural de porta-enxertos cítricos no Brasil e nos outros países produtores, envolvendo as várias áreas científicas do universo citrícola, indo desde a caracterização de espécies, passando pelos testes de variedades resistentes a moléstias e pragas, até os modernos métodos de melhoramento in vitro, via cultura de tecidos, fusão de protoplastos para obtenção de variedades e híbridos superiores. Os citros oferecem grandes dificuldades quanto aos processos de melhoramento, citando-se entre eles: o longo tempo (6 a 10 anos) para a planta originada de

16 sementes alcançar a fase reprodutiva, alta poliembrionia em algumas variedades/espécies; alta taxa de heterozigose resultando na produção de grande número de descendentes diferentes dos progenitores; e alta juvenilidade. Segundo Pompeu Júnior (1991), o estudo de porta-enxertos foi iniciado no Brasil em 1925, na ESALQ Piracicaba, onde foram postos em competição cinco porta-enxertos para laranjeira Bahia, portadora de sorose. Visando eliminar o efeito depressivo de doenças viróticas nas plantas, que podem mascarar os resultados da interação copa-porta enxerto, Moreira (1956) postulou o seguinte: Para se obter a reação real de uma variedade copa em um determinado porta-enxerto, os ensaios de porta-enxertos devem ser estabelecidos somente de pés francos, enxertados com copas de clones nucleares. Observe-se que não é fácil a obtenção de um porta-enxerto que consiga reunir em seu mapa genético tantas características desejáveis e possa atender as exigências da variedade copa, citricultor e alternativas de mercado. Talvez, por essa razão, o limoeiro Cravo no Brasil tenha alcançado tanta popularidade ainda que não seja insubstituível, na medida que surgem (caso da MSC) ou que possam surgir limitações para seu uso. Sobre essa vulnerabilidade a que as variedades estão sujeitas com o passar do tempo, é que a pesquisa deve atuar para oferecer, no momento oportuno e estratégico, outras alternativas para maior segurança da citricultura. Uma das espécies mais importantes utilizadas para obtenção de híbridos de citros é o Poncirus trifoliata. O Trifoliata e alguns de seus híbridos comportam-se como variedades porta-enxertos de valor, sendo os frutos de alguns dos híbridos mais ou menos comestíveis (tangelos). O gênero Poncirus foi estabelecido em 1815 por Rafinesque, e segundo Hodgson (1967) em decorrência de sua tolerância ao frio, o Poncirus trifoliata foi desde o início usado no programa de melhoramento de citros do USDA. Iniciados na Flórida em 1897 e depois por várias décadas, muitos cruzamentos foram feitos entre Trifoliata e espécies de Citrus e outros gêneros. Destes trabalhos, surgiu uma série de híbridos bigenéricos os Citranges, Citrumelos, Citrandarins, Citremons, Citradias e Citrangequats, alguns deles de importância horticultural.

17 Entre os citranges podem-se destacar o Morton, Coleman, Savage, Carrizo, Rusk, Troyer, Rustic, Uvalde e Benton. Com relação aos Citrumelos, uma série deles foi produzida na Flórida por volta de 1900, por WALTER SWINGLE e H. G. WEBBER. O mais importante foi o Citrumelo Swingle, liberado em 1974 pelo USDA, da Flórida, sob o código CPB 4475 (CASTLE, 1986). É hoje, um porta-enxerto usado em vários países, e, só no ano agrícola 91/92, a metade das plantas em viveiros da Flórida foi produzida sobre citrumelo Swingle. No Brasil, o porta-enxerto mais importante é o limoeiro Cravo. Salibe (1969) cita que a planta é originária das florestas de Rungpore, na Índia, tendo sido introduzida no Brasil pelos portugueses no período de colonização. Pompeu Júnior (1991) informa que o Instituto Agronômico de Campinas, desde 1899, se dedica ao estudo dos citros e, no caso dos porta-enxertos, de um modo geral, o limoeiro Cravo está sempre entre os mais produtivos. Outros porta-enxertos selecionados nos experimentos foram o limoeiro Volkameriano, tangerineiras Oneco, Batangas, Swatow, Cleópatra e Sunki, tângelo Orlando e as laranjeiras doces DAC, Hamlin A e Orvalho de Mel. Observa ainda que o citrumelo Swingle foi pouco estudado no Brasil. Salibe (1969) realizou caracterização horticultural do limoeiro Volkameriano. (Citrus volkamerina Pasquale), o qual foi introduzido no Brasil em 1959, por esse pesquisador, a partir da Itália. As quatro seleções, denominadas Palermo, Catania, Acireale 1 e Acireale 2, apresentaram as seguintes características como porta-enxerto: vigor, tolerância a tristeza e resistência a gomose de Phytophthora.

18 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Área experimental O experimento foi conduzido dentro de pomar comercial com idade de um ano e meio, implementado com espaçamento de 7 metros entrelinhas e 4 metros entre plantas, localizado na Fazenda Shangri-lá, no município de Bauru, SP, no Km 380 da Rodovia Bauru/Marília, com as seguintes coordenadas geográficas: 22 o -21 latitude sul, 49 o 01 longitude oeste e altitude de 630 metros. O município de Bauru/SP, segundo dados da Coordenadoria de Assistência Integral - CATI (2003), apresenta clima temperado quente (mesotérmico) com chuvas no verão e seca no inverno e temperatura média mais quente superior a 26 o C. As características químicas do solo foram analisadas de acordo com a metodologia descrita pelo Boletim Técnico nº 100 (IAC, 1997).

19 Quadro 1. Resultados das análises químicas do solo em 2003 e 2004, Bauru-SP. Ano Prof. Amostra P-resina Μg.cm -3 K Ca Mmol c.dm -3 Mg V % M.O. cm 2003 0-20 34 1,4 21 8 60,5 1,3 2004 0-20 35 1,6 23 12 68,7 1,1 3.2. Combinações copa/porta enxertos avaliados Foram avaliadas oito combinações de porta-enxertos/copa cítricos, visando obter boas opções de cultivo para a região de Bauru/SP, sendo que eles encontramse descritos no Quadro 2. Quadro 2. Combinações de copa/porta-enxertos cítricos avaliados no experimento. Bauru/SP/2003 e 2004. 1 Laranjeira- IAC-2000 / Limoeiro Cravo 2 Laranjeira- Folha Murcha / Citumeleiro Swingle 3 Laranjeira- IAC-2000 / Tangerineira Sunki 4 Laranjeira- Folha Murcha / Limoeiro Cravo 5 Laranjeira- Pêra Natal / Citrumeleiro Swingle 6 Laranjeira- Pêra Natal / Limoeiro Cravo 7 Laranjeira João Nunes / Limoeiro Cravo 8 Laranjeira João Nunes / Tangerineira Sunki

20 3.3. Avaliações As plantas foram avaliadas nos anos de 2003 e 2004 no período da safra principal, correspondente ao período de maio a agosto. Foram avaliados a altura das plantas (m), o perímetro da copa (m), o diâmetro do caule na altura da enxertia (mm), o teor de sólidos solúveis (SST) expresso em graus Brix e a acidez titulável (ATT) expressa em g de ácido cítrico/100g de polpa,, apenas no ano de 2004, quando iniciou-se a produção dos frutos. As mensurações foram realizadas com o auxílio de régua graduada em metros, as dimensões foram tomadas do solo até o ápice da planta para a altura e paralela a linha do plantio, na altura da cintura do observador (obtenção do diâmetro da copa) para o perímetro da copa, paquímetro digital em mm medido na altura da enxertia para o diâmetro do caule. No ano de 2004, quando se iniciou a produção de frutos, foram coletadas amostras de dez frutos dos quatro blocos e em seguida, foi determinado o teor de sólidos solúveis (SST), característica de grande interesse comercial. A medida dos sólidos solúveis totais foi feita por meio derefratômetro digital B&S mod. RFM 330, corrigido pela temperatura e pela acidez, expresso em graus Brix ( o Brix) e a acidez titulável (ATT - % de ácido cítrico), conforme metodologia preconizada pelo Instituto Adolfo Lutz (1985). 3.4. Delineamento Experimental O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso. Foram utilizadas 128 plantas, as quais estavam divididas em 8 tratamentos correspondentes as combinações copa-porta enxertos cítricos, 4 repetições e 4 plantas úteis por parcela experimental. As plantas escolhidas estavam concentradas no interior dos talhões preservando a bordadura deles. Os resultados obtidos foram submetidos à analise de variância e teste de comparação de médias, segundo Banzatto & Kronka (1992).

21 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos no presente trabalho encontram-se nos quadros 3 a 6 e figuras 1 a 4. A análise de variância da altura da planta e do perímetro da copa em 2003 e 2004 e o diâmetro do caule na altura da enxertia em 2004 são apresentados no Quadro 3. Quadro 3. Análise de variância da altura da planta e perímetro da copa para as combinações de copa/porta-enxerto (2003 e 2004) e o diâmetro do caule na altura da enxertia (2004). Bauru/SP. Fonte de variação G. L. Quadrado médio ----------------------------------------------------------------------- Alt./03 cm Alt./04 cm Per./03 m Per./04 m Dia./04 mm Combinações 7 18,28** 17,82** 19,44** 9,81** 52,88** Blocos 3 3,58 2,06 0,62 0,94 5,58** CV (%) 4,3 5,3 9,7 15,68 15,79 ** significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F Os dados da altura da planta e do perímetro da copa em 2003 e 2004 e do diâmetro do caule na altura da enxertia, em 2004, são apresentados no Quadro 4 e tiveram suas médias comparadas pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

22 A análise dos dados mostra certa proporcionalidade entre a altura e o diâmetro das copas. As combinações de copa/porta-enxerto que induziram as maiores alturas, geralmente, também proporcionaram os maiores perímetros. Tal fato é interessante, tendo em vista que a altura da planta e o perímetro da copa estão entre os fatores que determinam o espaçamento mais adequado para uma determinada combinação copa/porta-enxerto. O porta-enxerto que induziu maior altura às plantas, foi o limoeiro Cravo, com a copa de laranjeira João Nunes. No entanto quando combinado com as laranjeiras Pêra Natal e IAC 2000, seu desempenho foi intermediário, os porta-enxertos citrumeleiro Swingle e tangerineira Sunki apresentaram consistentemente as menores alturas. As copas que apresentaram os maiores perímetros foram as das laranjeiras Folha Murcha sobre citrumelo Swingle, Pêra Natal sobre limoeiro Cravo e João Nunes sobre limoeiro Cravo em 2004, com pequenas diferenças entre si e quando combinadas com diferentes porta-enxertos, apresentaram diferenças. A laranjeira IAC 2000 /tangerineira Sunki, apresentou o menor perímetro, permitindo assim, um adensamento maior de plantas por área. Quadro 4. Médias da altura de plantas e perímetro da copa em 2003 e 2004 e diâmetro do caule na altura da enxertia em 2004. Bauru/SP. Copa/porta-enxerto Alt/2003 (cm) Alt/2004 (m) Per/2003 (m 2 ) Per/2004 (m 2 ) Diam/2004 (mm) IAC2000/L.Cravo 2,18BC 2,41B 5,36BC 7,32B 25B Folha murcha/c. 2,21BC 2,33B 5,72AB 8,46A 23,88BC Swingle IAC2000/T. Sunki 1,89D 2,01C 3,57E 4,99C 15,38D Folha murcha/l. 2,38AB 2,53AB 4,89CD 7,38B 23,31BC Cravo Pêra Natal/C. 2CD 2,31B 4,81CD 7,35B 21,94C Swingle Pêra Natal/L. Cravo 2,21BC 2,33B 6,59A 8,25A 25B João Nunes/L. 2,49A 2,78A 5,94AB 8,99A 29,56A Cravo João Nunes/T. 2,04CD 2,47B 4,28DE 7,37B 24,63B Sunki * médias seguidas pela mesma letra, na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey à 1% de probabilidade

23 Tendo em vista que o espaçamento utilizado no experimento foi de 7 m x 4 m e que, em 2004, apenas a combinação laranjeira IAC 2000 sobre tangerineira Sunki apresentou perímetro de copa inferior a 7 m, é razoável supor que as plantas poderão crescer livremente e que as dimensões alcançadas aos 4 anos são reais. As Figuras 1, 2 e 3 mostram a variação da altura da planta e do perímetro da copa em 2003 e 2004 bem como diâmetro do caule na altura da enxertia em 2003, para as combinações estudadas, respectivamente. J Nunes/T Sunk i J Nunes/L Cravo P Natal/L Cravo P Natal/C Swingle F Murcha/L Cravo Altura 2004 Altura2003 IAC2000/T Sunki F Murcha/C Swingle IAC2000/L Cravo 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 Metros Figura 1. Altura da planta (cm) em 2003 e 2004. Bauru/SP.

24 J Nunes/T Sunki J Nunes/L Cravo P Natal/L Cravo P Natal/C Swingle F Murcha/C Swingle Perímetro 2004 Perímetro 2003 IAC2000/L Cravo F Murcha/C Swingle IAC2000/L Cravo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Metros Figura 2. Perímetro da copa (m 2 ) em 2003 e 2004. Bauru/SP. Diâmetro 2004 J Nunes/T Sunki J Nunes/L Cravo P Natal/L Cravo P Natal/C Swingle F Murcha/L Cravo IAC2000/T Sunki F Murcha/C Swingle IAC2000/L Cravo 0 5 10 15 20 25 30 35 Milimetros Figura 3. Diâmetro do caule na altura da enxertia (mm) em 2003. Bauru/SP.

25 A análise de variância para o teor de sólidos solúveis totais (SST) e acidez total titulável (ATT) em 2004, mostrou diferenças significativas, pelo teste F para as combinações estudadas (Quadros 5 e 6). De modo geral, os frutos cítricos são comercializados para consumo ao natural ou para processamento industrial atendendo as conveniências do produtor. Assim é desejável a seleção de copas/porta-enxertos que induzam às plantas teores adequados de sólidos solúveis. Os dados do Quadro 6 revelaram que a laranjeira Pêra Natal apresentou, independentemente do porta-enxerto, alto teor de sólidos solúveis totais e acidez total titulável, enquanto as laranjeiras João Nunes, Folha Murcha e IAC 2000 tinham os teores variáveis de acordo com o porta-enxerto usado. Nas condições experimentais, o portaenxerto limoeiro Cravo foi superior ao citrumeleiro Swingle e a tangerineira Sunki, nesses aspectos. Quadro 5. Análise de variância para o teor de sólidos solúveis totais (SST) e acidez total titulável (ATT) em 2004. Bauru/SP. Fonte de variação G. L. F (SST) F (ATT) Combinações 7 24,56** 22,88** Blocos 3 5,34** 7,25** CV (%) 13,7 10,15 ** significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F. Quadro 6. Médias do teor de sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT) e ratio em 2004. Bauru/SP. Copa/porta-enxerto SST (º Brix) ATT (%) Ratio IAC2000/L. Cravo 7,75B 0,99AB 7,83AB Folha murcha/c. 8AB 0,86B 9,3ª Swingle IAC2000/T. Sunki 6,96BC 1,02AB 6,82B Folha murcha/l. 7,49B 1,63A 4,59C Cravo Pêra Natal/C. 9,55A 1,25A 7,64AB Swingle Pêra Natal/L. Cravo 9,46A 1,25A 7,57AB João Nunes/L. Cravo 7,36B 0,93AB 7,91AB João Nunes/T. Sunki 6,44C 0,57C 11,3ª * médias seguidas pela mesma letra, na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey à 1% de probabilidade

26 12 10 8 6 SST (ºbrix) ATT (%) RATIO 4 2 0 IAC2000/L Cravo F Murcha/C Swingle IAC2000/T Sunki F Murcha/L Cravo P Natal/C Swingle P Natal/L Cravo J Nunes/L Cravo J Nunes/T Sunki Figura 4. Teor de sólidos solúveis (SST), acidez titulável total (ATT) e Ratio em 2004. Bauru/SP.